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Material de Apoio_Direito Penal_VI_2012-2

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“Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, (...) de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos.”
A.M.D.G.
Convenção Americana De Direitos Humanos de1969
(Pacto De San José Da Costa Rica)
CRIMES HEDIONDOS
LEI 8.072 DE 1990
MÓDULO A - 
Crimes Hediondos
 Mandado Constitucional
	A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Crimes Hediondos
CONTEXTUALIZAÇÃO FÁTICA 
ABILIO DINIZ
O drama do empresário durou seis dias e terminou com a prisão dos seqüestradores
ROBERTO MEDINA
Medina é solto depois de 16 dias e sequestadores levam US$ 2,5 milhões
LEI Nº 8.072
Dispõe sobre os crimes hediondos, publicada em 25 de julho de 1990 por
FERNANDO COLLOR
Crimes Hediondos
Alterações Legislativas
(HOMICÍDIO quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
Guilherme de Pádua
Ator da Rede Globo
Daniella Perez
Atriz da Rede Globo
Atriz é morta aos 22 anos num matagal no Rio com quatro perfurações no pescoço, oito no peito e mais seis que atingiram pulmões e outras regiões.
Glória Perez 
 colheu1.300.000 assinaturas: 300 mil a mais do que, então, nos exigia a constituição para incluir o homicídio qualificado na lista dos crimes considerados hediondos
Crimes Hediondos
Alterações Legislativas
A LEI Nº 9.677, DE 2 DE JULHO DE 1998 incluiu na classificação dos delitos considerados hediondos os crimes contra a saúde pública.
Crimes Hediondos
Alterações Legislativas
LEI Nº 11.464 DE 28 DE MARÇO DE 2007 dá nova redação ao art. 2o da Lei 8.072 que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal, permitindo a liberdade provisória e a progressão de regime.
Art. 2o ......
II - fiança. 
§ 1o  A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. 
§ 2o  A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. 
Rol de Crimes Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes:
I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121 §2°);
II - latrocínio (Art. 157, § 3º, in fine);
III - extorsão qualificada pela morte (Art. 158, § 2º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 3º);
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);  (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º).
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, "caput" e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, CP)
Parágrafo único - Genocídio - Arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889/56)
Crimes Equiparados a Hediondos
Tortura (Lei 9455)
Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (Lei 11343)
Terrorismo
Conceito de Crimes Hediondos
Ao contrário do que costuma se pensar no senso comum, juridicamente, crime hedidondo não é o crime praticado com extrema violência ou crueldade, mas sim um dos crimes que no Brasil se encontram expressamente previstos na Lei nº 8.072/90. Portanto, são crimes que o legislador entendeu merecerem maior reprovação por parte do Estado.
Os crimes hediondos, do ponto de vista da criminologia sociológica, são os crimes que estão no topo da pirâmide de desvaloração axiológica criminal, devendo, portanto, ser entendidos como crimes mais graves, mais revoltantes, que causam maior aversão à coletividade. 
Segundo Fátima Aparecida de Souza Borges:
	“Crime hediondo diz respeito ao delito cuja lesividade é acentuadamente expressiva, ou seja, crime de extremo potencial ofensivo, ao qual denominamos crime “de gravidade acentuada”. 
Efeitos da Lei dos Crimes Hediondos
Vedação da concessão de:
1. Anistia
2. Graça 
3. Indulto
4. Fiança 
5. Liberdade Provisória (revogado pela Lei 11.464)
6. Progressão de Regime(alterado pela Lei 11.464)
Progressão de Regime
Vedação da concessão de progressão
REDAÇÃO ANTERIOR:
§ 1º- A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado.
Súmula nº 698 – STF:
Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura.
 Inconstitucionalidade declarada no HC 82.959 - STF - 23-02-2006.
Progressão de Regime
Vedação da concessão de progressão
NOVA REDAÇÃO:
	Art. 2o  (com a nova redação da Lei 11.464/2007):
 § 1o  A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. 
 § 2o  A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente. 
7. Apelação em liberdade
§ 3º - Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
8. Prisão Temporária
§ 4º - A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960/89, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Efeitos da Lei dos Crimes Hediondos
9. Presídios Federais
	Art. 3º - A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
10. Livramento Condicional
	V - cumprido mais de 2/3 da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza."
Efeitos da Lei dos Crimes Hediondos
11. Aumento de Penas
 	Art. 6° Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput, todos do Código Penal tiveram aumento de pena.
	Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
Efeitos da Lei dos Crimes Hediondos
12. Delação Premiada
 	Art. 7º - Ao Art. 159 do CP fica acrescido o seguinte parágrafo:
 § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
	Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
        Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
Efeitos da Lei dos Crimes Hediondos
LEI DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
LEI 11.340 DE 2006
MÓDULO B - 
Música: “Maria da Penha”
Alcione
	Comigo não, violão Na cara que mamãe beijou Zé Ruela nenhum bota a mão Se tentar me bater Vai se arrepender Eu tenho cabelo na venta E o que venta lá, venta cá Sou brasileira, guerreira Não tô de bobeira Não pague pra ver Porque vai ficar quente a chapa Você não vai ter sossego na vida, seu moço Se me der um tapa Da dona "Maria da Penha" Você não escapa 
	O bicho pegou, não tem mais a banca De dar cesta básica, amor Vacilou, tá na tranca Se der mais um passo Eu te passo a "Maria da Penha" Você quer voltar pro meu mundo Mas eu já troquei minha senha Dá linha, malandro Que eu te mando a "Maria da Penha" Não quer se dar mal, se contenha Sou fogo onde você é lenha Não manda o seu casco Que eu te tasco a "Maria da Penha" Se quer um conselho, não venha Com essa arrogância ferrenha Vai dar com a cara Bem na mão da "Maria da Penha" 
Lei “Maria da Penha”
Por que esse nome?
Em 1983 a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes foi vítima de uma tentativa de homicídio: o marido disparou contra ela durante o sono. Ele encobriu a verdade afirmando que houve uma tentativa de roubo. Maria da Penha ficou paraplégica. Duas semanas depois de regressar do hospital, ela sofreu o segundo atentado contra sua vida. O marido tentou eletrocutá-la enquanto ela se banhava. Entre a prática dessa dupla tentativa de homicídio e a prisão do criminoso transcorreram 19 anos e 6 meses. 
Lei “Maria da Penha”
	Diante da morosidade da Justiça Brasileira houve uma intervenção internacional da Comissão Interamericana de Direitos Humanos - Relatório nº 54 em 2001 - que responsabilizou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica. 
	Em 2003, o ex-marido de Penha foi preso e ficou apenas dois anos na cadeia. Assim, cresceu o movimento de diversos seguimentos da sociedade para que a lei fosse feita. 
Lei Maria da Penha
	“Uma em cada três brasileiras é espancada dentro de casa, seja por companheiros ou por parentes próximos” derivando de uma “cultura machista, onde a mulher é vista como patrimônio”.
	Ministra Nilcéa Freire, 
da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres
DADOS
 6,8 milhões, já foram espancadas ao menos uma vez
 2,1 milhões/ano 
 175 mil/mês 
 5,8 mil/dia 
 243/hora
 4/minuto
 uma a cada 15 segundos
 
Lei Maria da Penha
	OMS (2005): 27% das mulheres na Grande SP relatam ter sofrido violência em algum momento de sua vida, envolvendo “ homens de todas as classes e escolaridade”
Lei Maria da Penha
	O governo federal liberou R$ 1,5 milhão destinados à construção de casas-abrigo para as vítimas e de centros de reabilitação para os agressores.
Lei Maria da Penha
  
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.
FINALIDADE 
 coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
 criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar 
 estabelecer medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar
Estrutura da Lei
46 artigos, distribuídos ao longo de 7 títulos:
Título I - Disposições Preliminares; 
Título II - Da Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher; 
Título III - Da Assistência à Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar; 
Título IV - Dos Procedimentos; 
Título V - Da Equipe de 
Atendimento Multidisciplinar; 
Título VI - Disposições Transitórias; e 
Título VII - Disposições Finais.
Seria a Lei inconstitucional?
Certo que: CF equipara homens/mulheres em direitos/obrigações
Sistema geral de proteção – direcionado a todos
Sistema especial de proteção – lei infraconstitucional
Determinados sujeitos/lesões
Necessidade de resposta diferenciada
Respeito à diversidade – diante do caso concreto
Analogia – crimes de trânsito
Análise da Lei
Art. 3o – repete a CF – garantindo direito à vida, saúde, segurança, ...
INTERESSANTE! Direito das mulheres = Direitos Humanos da Mulheres
Art. 4o – chamamento ao aplicador da Lei
Despido de preconceito
Considerar a situação de cada mulher
Situações de Violência
1) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Âmbito doméstico = convivência
Relação familiar
“esporadicamente agregado” - alcança empregado doméstico
2) VIOLÊNCIA FAMILIAR
Membros da mesma família
Laços naturais, por afinidade, por vontade expressa
Situações de Violência
3) VIOLÊNCIA RELAÇÃO AFETIVA/ÍNTIMA
PRESENTE/PASSADA
Qualquer relação
IMPORTANTE! Inclui o ex-parceiro
PERGUNTA-SE: namorados/noivos?
interpretação literal = sim
foge do espírito da lei = violência DOMÉSTICA/FAMILIAR
INOVAÇÃO IMPORTANTE
“As relações deste artigo INDEPENDEM 
de ORIENTAÇÃO SEXUAL”
Primeira vez
Relação homoafetiva = família
Reconhecida em lei federal
Tipos de Violência
1) FÍSICA = fere saúde/integridade física
2) PSICOLÓGICA = dano emocional/auto-estima
3) SEXUAL = presenciar/manter;participar de relação sexual
forçar a matrimônio/gravidez/aborto/prostituição
4) PATRIMONIAL = retenção/subtração/destruição de bens
 IMPORTANTE! Escusas absolutórias (CP) para crimes sem violência/ameaça
Medidas de Prevenção
Responsabilidade diluída = Poder Judiciário/ MP/ Defensoria Pública
Capacitação de ógãos de atendimento
Programas educacionais
Consciência preventiva mídia
Destruição de esteriótipos
Promoção de valores
Literatura infantil
IMPORTANTE! 
Remoção da servidora pública
Estabilidade de 6 meses para empregada afastada
Procedimentos
Autoridade Policial:
garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao MP/Poder Judiciário; 
encaminhar a ofendida ao hospital
fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes; 
INTERESSANTE! acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences 
informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. 
INTERESSANTE! Medidas que coíbem a falta de denúncia por medo/ vergonha
 É fundamental que a vítima denuncie e vá até o fim – para isso precisa de proteção
Procedimentos
Autoridade Policial:
remeter expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida (ELA TEM QUE QUERER), para concessão de MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA (Podem ser concedidas inaudita altera parte)
suspensão da posse/porte de armas
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
proibição aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, 
encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa de proteção
determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos. 
determinar a separação de corpos. 
restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
INTERESSANTE! proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
Procedimentos
Judiciais:
IMPORTANTE! Ináplicável a Lei 9009 (para CRIMES)
Haverá BO – Haverá Inquérito – Pode haver Prisão em Flagrante
IMPORTANTE! Inovação - art. 17 - proíbe penas pecuniárias, (ex. cestas básicas), veda a aplicação de multa em substituição à pena privativa de liberdade.
			 Criação dos JUIZADOS DE VIOLÊNCIA 			DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
Rito depende do crime
Santa Catarina, Mato Grosso e SP (capital) foram pioneiros
Onde não tiver – Varas Criminais acumulam função
Direito à preferência de julgamento
	Art. 15. Define a competência por opção da ofendida, assim sendo: 
	I - o Juizado do seu domicílio ou de sua residência;
	II - o Juizado do lugar do fato em que se baseou a demanda;
	III - o Juizado do
domicílio do agressor.
	Art. 16. Exige que , nas ações penais públicas condicionadas à representação, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o MP. 
Procedimentos
Procedimentos
IMPORTANTE! Decretação da Prisão Preventiva
 decretada de ofício/ representação do MP ou da autoridade policial. 
 alargou as hipóteses de preventiva do art. 313 CPP – necessidade de preencher os requisitos
 CUIDADO! “prisão para garantir medidas protetivas”
 Medida Civil = prisão descabida e inconstitucional (prisão civil = alimentos/depositário infiel)
 vítima deverá ser notificada de todos os atos processuais relativos ao agressor. Em especial sobre revogação da prisão preventiva.     
Procedimentos
INTERESSANTE!  
"A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor." 
Para as delegacias de polícia, em que se constatou ser comum a vítima, após registro da ocorrência, ser encarregada de entregar ao agressor a notificação para comparecimento perante a autoridade policial o que provocava novas agressões à mulher.
PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA DO MP – civil/criminalmente
MULHER OBRIGATORIAMENTE ACOMPANHADA DE ADVOGADO – exceto = concessão das medidas protetivas
CRIAÇÃO DE EQUIPE MULTIDISCIPLINAR – social, jurídica de de saúde
ALTERAÇÕES NA LEI
ART. 313 CPP – ampliou as possibilidades de prisão preventiva
ART. 61 CP - agravantes genéricas do crime (art. 61)
 ANTES = crime praticado com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade
 ACRESECENTOU = "com violência contra a mulher na forma da lei específica"
ART. 129 CP - pena de 3 meses a 3 anos
ANTES = 6 meses a 1 ano
crime contra portador de deficiência física, a pena será aumentada em 1/3. 
Lei Maria da Penha deixa primeiro agressor preso em Jaru
	No final da noite de sexta-feira, 22, primeiro dia da Lei Maria da Penha, PMs da 1ª Cia de Jaru, prenderam Walerson Alves, 21 anos, pelo crime de lesão corporal praticado contra sua ex- namorada, Eroilsa Macedo de Jesus, 31 anos. A guarnição da PM compareceu na Rua Padre Chiquinho, nº 3811em Jaru, onde encontrou a vítima que relatou aos PM que o infrator, que é seu ex-namorado, entrou na sua casa, arrancou um cabo de um aparelho de DVD e passou a agredi-la, causando lesão no seu braço esquerdo. Os policiais militares deram voz de prisão ao agressor, que foi apresentado na Delegacia de Polícia Civil de Jaru, juntamente com os fios utilizados no crime. Em virtude da vigência da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) - que prevê prisão para agressores de mulheres e não apenas pagamento de multas ou cestas básicas – o infrator foi autuado em flagrante, sendo depois recolhido a Casa de Detenção de Jaru, onde aguardará o julgamento da Justiça. Segundo a vítima, o infrator já havia lhe agredido outras vezes, com várias ocorrências registradas na Delegacia de Jaru.
CONCLUSÃO
Como se pode observar, a Lei Maria da Penha é uma proposta inovadora e polêmica em diversos pontos. 
Alguns segmentos da sociedade criticaram muitos dos dispositivos hoje sancionados. Há quem alegue que a Lei será inexeqüível. 
Entretanto, somente o tempo poderá nos mostrar o que foi acertado e onde se errou.
Certo é que essa lei é fruto do processo democrático suprapartidário. O que se viu foi a transformação do clamor social em norma jurídica, em um belíssimo processo legislativo.
Representou, sem dúvida, a união dos Poderes, trabalhando lado a lado e na mesma direção em prol de uma solução conjunta a esse problema social grave.
A mobilização social traz resultados.
 Assim como o Direito não socorre a quem dorme, o Legislativo não ouve quem se cala.
LEI DE DROGAS
LEI 11343 DE 2006
MÓDULO C - 
 Lei 6368/76 – Trazia a parte material  definia crimes
 Em 2002 = Lei 10.409
	- veto na parte dos crimes
	- procedimento relativo aos processos "por crimes definidos nesta Lei" 
 Lei 11.343/06 REVOGOU expressamente as duas leis anteriores (art. 75)
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006.
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.
 UMA LEI CHEIA DE IMPROPRIEDADES... 
 Uso de DROGA x DROGAS 
 Art. 27 - utiliza as expressões penas/ medidas/ medidas educativas, tudo como sinônimo; 
 Art. 30 menciona o art. 107, CP, quanto à interrupção de prazo prescricional, sendo que na realidade deveria ser art. 117, CP 
Art. 33, § 4º determina que é vedada a conversão em penas restritivas de direitos, mas o correto é substituição por penas restritivas de direito.
 
 O QUE A NORMA QUER PROTEGER 
(OBJETIVIDADE JURÍDICA)? 
A SAÚDE PÚBLICA. 
QUEM PODE COMETER O CRIME 
(SUJEITO ATIVO)? 
QUALQUER PESSOA. SE FOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO PREVALECENDO-SE DE SUAS FUNÇÕES OU NA FUNÇÃO DE EDUCAÇÃO, PODER FAMILIAR, GUARDA OU VIGILÂNCIA, A PENA SERÁ AUMENTADA DE 1/6 A 2/3 (ART. 40, II). 
 QUEM É O PREJUDICADO 
(SUJEITO PASSIVO)?
 A COLETIVIDADE
Art. 2o  Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
Parágrafo único.  Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas.
 Quem adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, qualquer tipo de droga proibida (art. 28)
 Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá:
* à natureza e à quantidade da substância apreendida, 
	* ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, 
	* às circunstâncias sociais e pessoais, 
	* à conduta e aos antecedentes do agente (artigo 28, § 2º)
 Houve DESCRIMINALIZAÇÃO?
 Houve DEPENALIZAÇÃO?
 USUÁRIO 
O art. 16 da Lei 6.368/76 = art. 28 da Lei 11.343/06:
 mudança da expressão do art. 16, que era "para uso próprio", e, no atual art. 28, temos "para consumo pessoal", 
 introdução de mais um núcleo no tipo, que diz: "tiver em depósito", aqui uma mudança significativa, pois, no passado, essa conduta de ter em depósito era exclusiva da conduta de tráfico, e não de usuário. 
 outra alteração foi a introdução de mais um verbo no tipo do art. 28, qual seja, "transportar", que não existia no art. 16 da antiga lei. O verbo transportar também era exclusivo da conduta de traficantes.
 introdução do parágrafo 1° - o legislador criou mais um tipo, que é "semeia", "cultiva" e "colhe" plantas destinadas a produção de drogas, porém como uma ressalva: "de pequena quantidade de substância". Não havia razão de se imputar uma conduta de traficante a quem só possuía um pequeno vaso com plantas em casa.
 USUÁRIO 
 Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de
causar dependência física ou psíquica. 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II – multa.
Na lei de drogas não se admite a possibilidade da pena de prisão para o usuário.
O infrator da lei será enviado diretamente aos juizados criminais, salvo onde inexistem tais juizados de plantão (artigo 48, § 2º). 
Não há que se falar, de outro lado, em inquérito policial, sim em termo circunstanciado. 
Não é possível a prisão em flagrante (artigo 48, § 2º). 
A competência para aplicação de todas as medidas alternativas é dos juizados criminais.
Na audiência preliminar, é possível a transação penal, aplicando-se as penas alternativas do artigo 28. 
Não aceita (pelo agente) a transação penal, segue-se o rito sumaríssimo da Lei 9.099/95. 
Mas no final de modo algum será imposta pena de prisão, sim, somente as medidas alternativas do artigo 28. 
 USUÁRIO 
USUÁRIO
Delegacia
TCO
- não flagrante
- não inquérito
JECRIM
transação penal
aceita
não aceita
- admoestação verbal; 
- multa.
Não cumpre
penas do art. 28
processo
penas do art. 28
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 Com o aumento de pena (era de reclusão de 3 a 15 anos e pagamento de 50 a 360 dias-multa) fica impossível a conversão da pena privativa de liberdade para a pena restritiva de direitos. 
TRÁFICO 
O QUE É TRÁFICO DE DROGAS?
 Como a lei precisa de um complemento para nos dizer que droga é ilegal, chamamos essa norma de NORMA PENAL EM BRANCO. Assim, se eu não tiver a edição deste complemento não se pode punir ninguém por tráfico, pois não poderei afirmar que determinada substância é ilegal. Lembre-se! Para ser crime, sempre deveremos observar a expressão; “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.”
 São dezoito condutas possíveis, porém basta a verificação de qualquer uma para a caracterização do crime. 
 O legislador fez assim para abranger ao máximo possível as atitudes que possam estar relacionadas ao tráfico de drogas. Assim, se não se consigue caracterizar uma modalidade, por exemplo, VENDER, certamente será possível a caracterização de outra: TRAZER CONSIGO. 
 CRIME DE AÇÃO MÚLTIPLA OU CONTEÚDO VARIADO, ou ainda, TIPO MISTO ALTERNATIVO 
CONDUTAS TRÁFICO 
FIGURAS EQUIPARADAS 
AO TRÁFICO
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
Art. 33, § 1º, III.
Nas mesmas penas incorre quem "utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de droga".
No sistema normativo anterior o crime em questão era regulado no art. 12, § 2º, II, da Lei n. 6.368/76, e punia a utilização de local..., para o uso indevido ou tráfico de entorpecente.
Houve, portanto, abolitio criminis em relação à conduta consistente na utilização de local para uso indevido, do que decorrem repercussões na execução das penas impostas por força da figura penal revogada.
TRÁFICO 
Art. 33, § 2º.
 Na vigência da Lei 6.368/76, dispunha seu art. 12, § 2º, I, que incidia nas mesmas penas previstas para o crime de tráfico aquele que induzia, instigava ou auxiliava alguém a usar entorpecente ou substância capaz de determinar dependência física ou psíquica.
 O mesmo crime agora está previsto no § 2º do art. 33 da Lei 11.343/2006, e houve considerável abrandamento no rigor punitivo.
 A pena que antes era de reclusão, de 3 a 15 anos, e multa, de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, agora é de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) 300 (trezentos) dias-multa.
 É de se considerar, novamente, a retroatividade benéfica em relação aos casos passados, definitivamente julgados ou não, devendo em relação àqueles buscar proceder aos ajustes necessários no campo da execução penal.
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU 
AUXÍLIO AO USO DE DROGAS 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU 
AUXÍLIO AO USO DE DROGAS 
§ 2o  Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. 
 Induzir significa dar a idéia e convencer alguém a fazer uso. Na instigação a pessoa já estava pensando em fazer uso da droga, e o agente reforça esta idéia. No auxílio, o agente colabora materialmente, por exemplo, fornecendo cachimbo para outrem fumar crack.
 A pena neste crime é mais branda, admitindo-se inclusive o sursis e a substituição da pena por pena restritivas de direitos.
 Trata-se de crime afiançável e que admite livramento condicional com os requisitos genéricos do art. 83 do CP, ou seja, com cumprimento de 1/3 da pena se for primário, ou de metade, se for reincidente.
 Para a consumação, faz-se necessário o uso da droga pela pessoa auxiliada, instigada ou induzida. 
Art. 33, § 3º.
Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
 Constitui uma das mais importantes modificações que resolve antiga polêmica relacionada com o tratamento normativo antes dispensado aos casos de uso compartilhado de droga.
 Antes da regulamentação atual, o simples fornecimento pelo agente, ainda que gratuito e realizado eventualmente, e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem, quase sempre ensejava condenação por crime tráfico na forma fundamental. 
 Disso decorre a certeza de que muitas condenações foram impostas e estão sob execução, cumprindo se proceda aos ajustes de pena em razão da nova regulamentação mais branda.
TRÁFICO - FIGURA PRIVILEGIADA
 
 Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, o qual possibilitará todos os benefícios da Lei 9099/95. 
 A pena será aplicada cumulativamente com as do art. 28 que trata do usuário ( advertência, prestação de serviços a comunidade e frequência a cursos educativos).
 Para a caracterização do crime são necessários os seguintes requisitos: 
a) que a oferta da droga seja eventual, 
b) que seja gratuita,
c) que o destinatário seja pessoa de relacionamento de quem fornece e 
d) que a droga seja para consumo conjunto.
TRÁFICO - FIGURA PRIVILEGIADA 
MÁQUINÁRIO E OBJETOS 
DESTINADOS AO TRÁFICO
Art. 34.  Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda
que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
 Tudo o que foi falado para o art. 33 caput, vale aqui, porém, trata-se especificamente de maquinário e objetos destinados ao tráfico 
Art. 35.  Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único.  Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
 Este dispositivo é como se fosse o crime de quadrilha ou bando do art. 288 do CP, porém com finalidade específica de praticar o tráfico de drogas (art. 33 caput e § 1º, e art. 34) e financiar ou custear o tráfico (art. 36).
 Diferença substancial quanto ao crime do CP (art.288) é quanto ao número de pessoas necessárias para configurar o crime, já que na Lei de Drogas, exige-se duas ou mais pessoas, enquanto no CP são necessárias mais de três.
ASSOCIAÇÃO para o TRÁFICO 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, e 34 desta lei:
Pena - Reclusão de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
 A configuração do delito autônomo pressupõe que o agente atue como financiador contumaz, ou seja, que se dedique a tal atividade de forma reiterada. 
 Essa é a conclusão inevitável, já que aquele que financia o tráfico de forma isolada (ocasional), está reservada a causa de aumento do art. 40, VII, combinado com o art. 33, caput da lei. 
 Se associação reiterada, de duas ou mais pessoas, para o financiamento ou custeio do tráfico, estará caracterizado o crime previsto no art. 35, parágrafo único, em concurso material com o crime do art. 36, e aí somam-se as penas.
FINACIAMENTO TRÁFICO 
 O legislador não tomou o devido cuidado na dosimetria da pena aplicada ao tipo, uma vez que, ao deixar levar-se por uma resposta à sociedade, acabou por atingir o princípio da proporcionalidade das penas, ou seja, a proporcionalidade das penas em relação às suas respectivas condutas, princípio da pena justa. 
 Núcleos do tipo "financiar" e "custear" são condutas nítidas de partícipes, o que já bastaria para que a pena do art. 36 devesse ser a mesma do art. 33. 
 Existe uma quebra na proporcionalidade das penas e suas respectivas condutas, uma vez que o legislador, no art. 33, majorou a pena para de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos para o traficante.
FINACIAMENTO TRÁFICO 
Art. 37.  Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
 O informante não integra efetivamente o grupo e não toma parte no tráfico, mas passa informações a seus integrantes.
INFORMANTE
 A Lei Nova Lei de Drogas inovou uma vez mais ao excepcionar a teoria monística (art. 29 do CP) e tipificar a conduta do colaborador-informante, distinguindo sua atuação no complexo organizacional do crime.
 Antes da nova tipificação o informante, como colaborador de organizações criminosas, grupos ou associações destinados à prática dos crimes a que se refere no art. 37, respondia como co-autor do crime para o qual "colaborava", ficando sujeito, em caso de colaboração para o crime de tráfico, à pena de reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e multa, de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
 A pena cominada para o colaborador-informante, agora, é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
INFORMANTE
Art. 38.  Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único.  O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
 O crime em comento, na modalidade prescrever, somente poderá ser praticado por médico ou dentista, vez que só estes profissionais podem prescrever. 
 Referente a ministrar, qualquer pessoa pode.
 Em ambas as modalidades, somente caracterizará o crime quando o paciente não necessite da droga e houve um erro de avaliação do médico ou dentista, ou quando por erro for ministrada dose excessiva.
Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, que se sujeitará à Lei 9099/95.
CRIME CULPOSO
CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE APÓS O CONSUMO DE DROGAS
Art. 39.  Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único.  As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. 
 A importância aqui é saber que só vale para aeronave e embarcação, pois, se for veículo automotor, caracterizará o crime previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro, cujas penas são semelhantes.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Art. 40.  As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Artigo 41 - O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
DELAÇÃO PREMIADA
CRIME DE TRÁFICO É ASSEMELHADO OU EQUIPARADO AOS HEDIONDOS
Art. 44.  Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único.
Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. 
INIMPUTABILIDADE
Art. 45.  É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único.  Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
CRIMES DE TRÂNSITO
LEI 9.503 DE 1997
MÓDULO D 
Definições Especiais
Veículo automotor
Definições Especiais
Vias terrestres (ou vias públicas)
PROCEDIMENTO ESPECIAL
 ART. 291 
	“Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do CP e do CPP, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei no 9.099/05, no que couber.
 Par. único. Aplicam-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa, de embriaguez ao volante, e de participação em competição não autorizada o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099/95.”
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Possibilidade de cumulação de penas (art. 292)
Reincidência no crime de trânsito
	Além de serem observadas as regras relativas do CP, o juiz pode aplicar a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
Multa reparatória
	Consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou de seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1o do art. 49 do CP, sempre que houver prejuízo material resultante do crime. A multa reparatória tem como teto o valor do prejuízo demonstrado no processo
MULTA REPARATÓRIA
	Medida polêmica e de pouca aplicação prática a multa reparatória não poderia ser aplicada pelo juiz em virtude da ausência de dispositivo genérico de cominação. O instituto seria uma pena sem crime, violando o princípio da reserva da lei (art. 1.º do Código Penal).
	Há autores que consideram a multa reparatória como indenização de cunho civil. 
	Entretanto, há posições da jurisprudência no sentido de que a imposição dessa multa reparatória diretamente pelo juiz criminal violaria princípios constitucionais explícitos, como o do contraditório e da ampla defesa. Tal entendimento parece correto. Melhor seria o legislador pátrio melhorar a sistemática do processo civil brasileiro e o garantir o acesso à justiça para todos.
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES
	A doutrina tradicional classifica os crimes de trânsito em crimes de dano (homicídio culposo e lesão corporal culposa) e de perigo (abstrato ou presumido e concreto). Entretanto, ZAFFARONI e PIERANGELI advertem que os tipos de perigo têm acarretado sérios problemas interpretativos (Manual de Direito Penal Brasileiro, parte geral, SP, RT, 1997, p. 563, n. 311). É por isso que a moderna doutrina penal conclui pela inconstitucionalidade dos delitos de perigo abstrato em nossa legislação. Essa interpretação se deve à reforma penal de 1984 que baseou nosso direito penal na culpabilidade e também aos princípios estabelecidos pela Constituição de 1988.
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES
	Fugindo desse conceito, a doutrina de DAMÁSIO defende que os crimes de trânsito são de lesão e de mera conduta, demonstrando ser inadequada a classificação tradicional (Crimes de Trânsito, SP, Editora Saraiva, 2002, p. 18). Conforme leciona o autor, a partir do momento em que alguém pratica um crime de trânsito irá reduzir substancialmente o nível de segurança desejado pelo interesse coletivo. Assim, "a essência dos delitos automobilísticos está na lesão ao interesse jurídico da coletividade, que se consubstancia na segurança do tráfego de veículos automotores“. Nessa definição, os crimes de trânsito são ainda classificados como crimes de mera conduta porque basta o comportamento perigoso ou imprudente do agente, sem necessidade de prova de que o risco atingiu determinada pessoa, uma vez que o sujeito passivo é a coletividade. 
Crítica: Essa definição, em tese, ela não diferencia as infrações administrativas dos delitos. 
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES
	Para LUIZ FLÁVIO GOMES os crimes de trânsito devem ser classificados de acordo com a doutrina tradicional, mas são de perigo concreto. Ao se presumir, prévia e abstratamente, o perigo, resulta que, em última análise, perigo não existe, de modo que acaba por se criminalizar simples atividades, ferindo de morte modernos princípios de direito penal. LUIZ FLÁVIO GOMES arremata que "o conceito de perigo é sempre relacional, isto é, o perigo sempre se refere a algo ou a alguém (perigo para o quê? perigo para quem?)" 
	É justamente por isso que o legislador diferenciou as infrações administrativas dos delitos. Para as primeiras basta o perigo abstrato, enquanto que nos crimes é imprescindível a demonstração de que a conduta seja potencialmente lesiva para a coletividade.
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
 ART. 298 
I – dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
II – utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
III – sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
IV – com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
V – quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
VI – utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;
VII – sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.
NÃO-IMPOSIÇÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE
 ART. 301 
	O condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não poderá ser preso em flagrante delito, e dele não será exigida fiança, desde que o agente, voluntariamente, tenha prestado pronto e integral socorro àquela.
Homicídio culposo - art. 302 
	Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
	Penas – detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Homicídio culposo - art. 302 
Difícil é diferenciar a situação de homicídio culposo de trânsito e de homicídio doloso do Código Penal quando da ocorrência de dolo eventual e culpa consciente. 
Cabe dizer que o homicídio culposo absorve todos os demais delitos de trânsito, em face do princípio da consunção. 
Havendo duas ou mais vítimas, aplica-se a regra do concurso formal de crimes (art. 70, CP). 
Por fim, a questão da co-autoria nos crimes de trânsito é deveras tormentosa, especialmente em matéria de homicídio culposo. 
Causas de Aumento de Pena
	No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um 1/3 a 1/2, se o agente:
I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.”
Lesão Corporal Culposa - art. 303 
	Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
 Penas – detenção, de 6 meses a 2 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Lesão Corporal Culposa - art. 303 
	Aspecto criticado e polêmico da incriminação da
lesão corporal culposa de trânsito é acerca da dosimetria de sua pena in abstracto porque ela acaba ultrapassando a pena da lesão corporal simples praticada com dolo prevista no Código Penal. 
	Logo, poderíamos ter a incongruência de que o condutor afirme ter praticado a lesão "dolosamente" apenas para submeter a uma pena mais branda. 
Omissão de Socorro - art. 304
	Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
	Penas – detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Omissão de Socorro - art. 304
	De pouquíssima aplicação prática, este artigo acabou caindo em desuso. Isso porque seu enunciado típico agrava a pena de homicídio culposo bem como da lesão corporal culposa, não se podendo imaginar nenhuma possibilidade de bis in idem. 
	A única hipótese possível de aplicação desse crime autônomo é a de um motorista – sem qualquer culpa – atropelar alguém e omitir-se a prestar socorro. 
	Mas ainda assim não haveria diferença entre a omissão de socorro comum do Código Penal (art. 135).
Omissão de socorro por equiparação
	Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Jurisprudência
	“A prestação de socorro é dever do causador do atropelamento, e a causa especial de aumento da pena só é afastada em situação que impossibilite fazê-la, tal como a que comporte risco de vida ao autor ou que caracterize que ele estava fisicamente incapacitado de prestar o socorro. A alegação de que houve a morte imediata da vítima também não exclui aquele aumento, visto que ao causador não cabe, no momento do acidente, presumir as condições físicas da vítima ou medir a gravidade das lesões; isso é responsabilidade do especialista médico. Com esse entendimento, a Turma, por maioria, negou provimento ao recurso. (REsp 277.403-MG, Rel. Min. Gilson Dipp - 2002).” 
Afastamento do Local do Acidente - art. 305 
	Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
	Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
 Ao tentar punir criminalmente alguém somente pelo fato de não fazer prova contra si mesmo, o artigo 305 é de flagrante inconstitucionalidade. 
	O dispositivo também viola frontalmente o art. 8.º, II, g, do Pacto de São José: ninguém tem o dever de auto-incriminar-se. 
Embriaguez - art. 306 
(incluído pela Lei 11705/08)
	Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de  álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:         
	Penas - detenção, de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
	Analisando o tipo penal do art. 306, percebemos que ainda restam dúvidas por parte dos operadores do direito quanto à ocorrência do delito em questão pois não há mais a necessidade de se provar o perigo para caracterizar crime.
	Em primeiro lugar, é preciso fixar que a punição criminal independe da multa de trânsito que será emitida nos termos do art. 165 do CTB. 
	A prova da influência do álcool poderá ser feita por qualquer meio válido em direito. Assim está escrito na Exposição de Motivos do atual CPP: "...nem é prefixada uma hierarquia de provas: na livre apreciação destas, o juiz formará, honesta e lealmente, a sua convicção".
Embriaguez - art. 306 
Qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 deste Código.          
Par. único.  Órgão do Poder Executivo federal disciplinará as margens de tolerância para casos específicos. 
      
Embriaguez - art. 276 
(alterado pela Lei 11705/08) 
	Todo condutor de veículo automotor, envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou outro exame que, por meios técnicos ou científicos, em aparelhos homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu estado.     
Embriaguez - art. 277 
(alterado pela Lei 11705/08) 
§ 1o Medida correspondente aplica-se no caso de suspeita de uso de substância entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos.           
§ 2o  A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor.         
§ 3o  Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. 
Embriaguez - art. 277 
(alterado pela Lei 11705/08) 
Jurisprudência
RÉU EMBRIAGADO. DELITO DE TRÂNSITO. HOMICÍDIO DOLOSO. Proveu-se o recurso, cassando o recurso que desclassificou crime de trânsito de doloso para culposo. Restabeleceu-se a sentença de 1º grau, determinando o julgamento do réu pelo Júri por dirigir embriagado e em alta velocidade, causando 3 mortos no interior do carro, como provado na denúncia. Dada a cruel gravidade da conduta do réu de assumir o risco de dirigir em alta velocidade após ingestão excessiva de álcool, tem-se comprovado o dolo eventual, eis que presentes as elementares factuais. REsp 225.438-CE, Rel. Min. José Arnaldo - 2000, Inf. 59 do STJ.
Violação de Suspensão ou de Proibição art. 307 
	Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:
	Penas – detenção, de 6 meses a 1 ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
	Par. único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1o do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Violação de Suspensão ou de Proibição art. 307 
	O comportamento do agente consiste em violar, isto é, transgredir, infringir a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, imposta como reprimenda penal ou administrativa. 
	O delito é consumado com o motorista colocando o veículo em movimento, estando impedido de dirigi-lo por penalidade anteriormente imposta. 
	A hipótese do caput, e também do parágrafo único, não passa de uma nova modalidade do crime de desobediência (art. 330, CP). 
	
Participação em corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada art. 308 
 Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada:
	Penas - detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
Participação em corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada art. 308 
	Trata-se de crime de perigo concreto, uma vez que exige para sua configuração "dano potencial à incolumidade pública ou privada". 
	Observação interessante é que o crime exige concurso de dois ou mais motoristas, já que o "racha" não pode ser cometido por uma só pessoa. 
	Na hipótese de ocorrer homicídio culposo ou lesão corporal culposa, o crime do art. 308 é subsidiário. 
	E na eventual hipótese da competição ser autorizada, o fato será atípico.
 
Jurisprudência
 HABEAS CORPUS. JÚRI. QUESITOS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INOCORRÊNCIA. “RACHA” AUTOMOBILÍSTICO. VÍTIMAS
FATAIS. HOMICÍDIO DOLOSO. RECONHECIMENTO DE DOLO EVENTUAL. A conduta social desajustada daquele que, agindo com intensa reprovabilidade ético-jurídica, participa, com o seu veículo, de inaceitável disputa automobilística realizada em plena via pública, nesta desenvolvendo velocidade exagerada – além de ensejar a possibilidade de reconhecimento do dolo eventual inerente a esse comportamento do agente –, justifica a especial exasperação da pena, motivada pela necessidade de o Estado responder, grave e energicamente, à atitude de quem, em assim agindo, comete os delitos de homicídio doloso e de lesões corporais. (H C 71800-1/RS, STF, Rel. Min. Celso de Mello – 1995)
Dirigir sem Habilitação - art. 309
	Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
	Pena – detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa.
	Da mesma forma que o crime anterior, a direção sem habilitação é crime de perigo concreto, exigindo que haja "perigo de dano" para potencial configuração do tipo penal. A conduta transforma-se em crime somente quando o motorista dirige de forma anormal, rebaixando o nível de segurança viária. Inexistindo perigo real, o fato é penalmente atípico, havendo somente ilícito administrativo (art. 162, I a V, do CT: infração gravíssima; multa; recolhimento da CNH e retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado). 
	Dessa forma, conclui-se que o art. 32 da LCP foi derrogado por esse dispositivo. 
Dirigir sem Habilitação - art. 309
Jurisprudência
	Informativo STF, 12-16 fev. 2001, p. 1. 
	A jurisprudência decidiu que no caso do sujeito surpreendido na direção de veículo depois de aprovado no exame de habilitação, porém antes da expedição do documento, inexiste crime e sim mero ilícito administrativo (TACRIMSP, ACrim 107.034, JTACRIMSP 68/117). 
	Da mesma forma, o condutor habilitado que esquece o documento ou não o portava por qualquer motivo no momento da abordagem, responde somente pela infração administrativa (TACRIMSP, ACrim 722.639, 7ª. Câm., j. 27-8-1992). 
	Em todo caso, compete ao réu provar ser habilitado e não à Justiça comprovar que ele não o é.
Entrega de Veículo a Pessoa não Habilitada
art. 310 
	Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
	Pena – detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa.
Entrega de Veículo a Pessoa não Habilitada
art. 310 
	 A natureza jurídica do crime do art. 310 é discutível. Segundo a maioria da doutrina, o crime é de perigo abstrato e deve ser considerado inconstitucional pela presunção do perigo, o que já não existe mais em nossa legislação. Entretanto, outro entendimento é possível, uma vez que considerando o crime como de lesão e de mera conduta, o comportamento do agente rebaixa o nível de segurança no tráfego. Daí punir quem entrega, permite ou confia a alguém nas condições mencionadas a direção indevida. Importante acrescentar que admitindo o tipo como válido, este não prevê forma culposa. Significa dizer que não há crime na falta de cautela na guarda da chave do veículo, por exemplo. 
Trafegar em velocidade incompatível com a segurança em determinados lugares 
art. 311
	Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
	Penas – detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa.
Trafegar em velocidade incompatível com a segurança em determinados lugares 
art. 311
	O artigo trata de hipóteses de direção perigosa com excesso de velocidade em determinados locais.
	 O tipo penal é de perigo concreto ao afirmar que o motorista deve gerar perigo de dano à incolumidade pública. Não é preciso, entretanto, prova de perigo real a determinada pessoa, bastando demonstrar que o condutor efetuou manobra perigosa. 
	Interessante é que se o condutor trafegar com velocidade incompatível fora dos locais previstos no art. 311, não está configurado o crime. Da mesma forma se efetuou manobras perigosas em velocidade compatível e de acordo com a sinalização. 
Inovação Artificiosa - art. 312 
	Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
 Penas – detenção, de 6 meses a um ano, ou multa.
 
Inovação Artificiosa - art. 312 
	O crime visa proteger a administração da justiça, tal como o art. 347 do Código Penal. 
	É importante salientar que o dispositivo não exige procedimento criminal em andamento, bastando inovar em boletim de ocorrência, levantamento de local, preparatório, etc. Assim, pode a conduta ser praticada até mesmo antes da chegada dos peritos ao loca. 
	Aliás, esse é o momento em que normalmente ocorrem as fraudes.
 
CRIME ORGANIZADO
LEI 9034 DE 1995
MÓDULO E - 
Conceito de crime organizado
	Art. 1º Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo.
Conceito de crime organizado
A redação primitiva do art. 1º referia-se apenas a “ações praticadas por quadrilha ou bando”, gerando confusão doutrinária e jurisprudencial acerca dos efetivos contornos da expressão “crime organizado”.
Isto porque equiparava o bando ou quadrilha ao crime organizado, fazendo crer a muitos doutrinadores que, necessariamente, o conceito de crime organizado deveria conter os elementos daquele delito.
Foi somente com a edição da Lei n. 10.217, de 11-4-2001, que a noção de crime organizado foi alargada, passando a abranger não apenas os ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando, mas também aqueles envolvendo as “organizações ou associações criminosas de qualquer tipo”.
Organizações criminosas
Mesmo com a nova redação dada ao art. 1º da Lei n. 9.034/95 pela Lei n. 10.217/2001, o problema da conceituação de crime organizado não estava solucionado, uma vez que surgiram mais dúvidas ainda sobre a eventual equiparação de bando ou quadrilha a organização criminosa, e mesmo sobre a distinção entre organização criminosa e associação criminosa.
Diante da omissão conceitual da legislação, passaram os estudio­sos a considerar que, ao invés de conceituar o crime organizado, suportando o risco de ver o conceito desatualizado com o passar dos anos e com o incremento da tecnologia criminosa, melhor seria identificar os elementos constitutivos básicos do crime organizado, de maneira a identificá-lo e assim rotulá-lo à vista da análise da situação concreta apresentada.
Conceito de crime organizado
	Nesse sentido, a política criminal aponta como integrante do conceito de crime organizado a atividade grupal, mais ou menos estável, ordenada para a prática de delitos considerados graves. 
Organizações criminosas
O Conselho da União Européia, em 1998, descreveu a organização criminosa como uma associação estruturada de mais de duas pessoas, com estabilidade temporal, que atua de maneira concertada com a finalidade de cometer delitos que contemplem uma pena privativa de liberdade pessoal ou medida de segurança de igual característica, não inferior a quatro anos, ou com pena mais grave, delitos que tenham como finalidade em si mesma ou sejam meio de obter um benefício material, ou para influir indevidamente na atividade da autoridade pública.
Convenção de Palermo
A Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional, de 15 de dezembro de 2000, com sede em Palermo, no art. 2º, definiu organização criminosa como “grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o fim de cometer infrações graves, com a intenção de obter benefício econômico ou moral”. 
Essa Convenção foi ratificada, no Brasil, pelo Decreto Legislativo n. 231/2003, integrando o ordenamento jurídico nacional com a promulgação do Decreto n. 5.015, de 12-3-2004.
Organização criminosa - elementos
Assim, para a existência de uma organização criminosa, são necessários os seguintes elementos:
	a) atuação conjunta de, no mínimo, três pessoas;
	b) estrutura organizacional;
	c) estabilidade temporal;
	d) atuação concertada;
	e) finalidade de cometer infrações graves;
	f) intenção de obter benefício econômico ou moral.
Questionamento
 A expressão “crime organizado” poderia englobar a prática de contravenção penal? 
Crime organizado e contravenção 
Como a Lei n. 9.034/95, em seu art. 1º, não fala mais em “crime” e sim em “ilícitos”, sustenta Fernando Capez (Curso de Direito Penal — legislação penal especial, São Paulo: Saraiva, 2006, v. 4, p. 234) que “ficam alcançadas todas as contravenções penais”, ressaltando, ainda, que, “embora somente exista quadrilha ou bando para a prática de crimes, conforme redação expressa do art. 288 do CP, nada impede que tal agrupamento, formado para a prática de crimes, também resolva se dedicar ao cometimento de contravenções”.
Crime organizado e contravenção
Nossa posição, entretanto, é em sentido contrário, não podendo a Lei do Crime Organizado alcançar as contravenções penais.
E isso porque, inicialmente, o crime de bando ou quadrilha se refere apenas à prática de “crimes”, excluindo de seu âmbito de atuação as contravenções penais, uma vez que vedada, em Direito Penal, a analogia in mallam partem.
Crime organizado e contravenção
Além disso, ao ratificar a Convenção de Palermo pelo Decreto n. 5.015, de 12-3-2004, o ordenamento jurídico pátrio reconheceu que a organização criminosa deve agir com o fim de cometer “infração grave” (art. 2º da Convenção), assim definida como “ato que constitua infração punível com uma pena privativa de liberdade, cujo máximo não seja inferior a quatro anos ou com pena superior”, explicitando a expressão “ilícitos” do art. 1º da Lei n. 9.034/95 e excluindo, portanto, de seu âmbito de abrangência, as contravenções penais, consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei n. 9.099/95).
Crime organizado por natureza
Crime organizado por natureza significa a própria formação da organização ou associação criminosa e do bando ou quadrilha. 
Crime organizado por extensão
Crime organizado por extensão significa os crimes praticados pela organização ou associação criminosa ou pelo bando ou quadrilha. 
Procedimentos de investigação
	Art. 2º Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas:
Permitiu o dispositivo os procedimentos de investigação e formação de provas em qualquer fase da persecução criminal, seja na fase de inquérito policial, seja na fase judicial, sob o crivo da ampla defesa e do contraditório.
Infiltração sem autorização judicial
	Art. 2º (...)
	I — (vetado);
O dispositivo vetado pelo Presidente da República referia-se à “infiltração de agentes da polícia especializada em quadrilhas ou bandos, vedada qualquer co-participação delituosa, exceção feita ao disposto no art. 288 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal, de cuja ação se pré-exclui, no caso, a antijuridicidade”.
Infiltração sem autorização judicial
Nas razões do veto, o Presidente da República reportou-se à manifestação do Ministério da Justiça, sustentando que o dispositivo, nos termos em que tinha sido aprovado, contrariava o interesse público, uma vez que permitia que o agente policial, independentemente de autorização do Poder Judiciário, se infiltrasse em quadrilhas ou bandos para a investigação de crime organizado.
Posteriormente, a infiltração foi acrescentada ao art. 2º da Lei n. 9.034/95 pela Lei n. 10.217/2001, “mediante circunstanciada autorização judicial”, conforme veremos a seguir.
Ação controlada
	Art. 2º (...)
	II — a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações;
Ação controlada
Dentre os meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, a Lei n. 9.034/95 cuida da “ação controlada”, instrumento de larga utilização no combate ao crime organizado, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações.
A característica principal da ação controlada é justamente o retardamento da intervenção policial, apesar de o fato criminoso já se encontrar numa situação de flagrância, permitindo a efetivação do chamado “flagrante prorrogado ou diferido”.
Entrega vigiada
A entrega vigiada é um procedimento previsto e recomendado pelas Nações Unidas, na Convenção de Viena de 1988 (Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas), aprovada pelo Decreto Legislativo n. 162, de 14-9-1991, e incorporada ao nosso ordenamento jurídico pelo Decreto n. 154, de 26-6-1991.
Entrega vigiada
	“Artigo 1º (...)
	l) Por ‘entrega vigiada’ se entende a técnica de deixar que remessas ilícitas ou suspeitas de entorpecentes, substâncias psicotrópicas, substâncias que figuram no Quadro I e no Quadro II anexos nesta Convenção, ou substâncias que tenham substituído as anteriormente mencionadas, saiam do território de um ou mais países, que o atravessem ou que nele ingressem, com o conhecimento e sob a supervisão de suas autoridades competentes, com o fim de identificar as pessoas envolvidas em praticar delitos especificados no § 1º do artigo 3º desta Convenção.
Entrega vigiada na Lei de Drogas
Atualmente, a Lei n. 11.343/2006, nova Lei de Drogas, traz disposição semelhante no art. 53, II, dispondo sobre “a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível”.
Entrega vigiada
O objetivo dessa forma de investigação é permitir que todos os integrantes da rede de narcotraficantes sejam identificados e presos, além de garantir maior eficiência na investigação, uma vez que, se a remessa da droga é interceptada antes de chegar ao seu destino, será ignorado o destinatário ou, se conhecido, não se poderá incriminá-lo.
Por razões de política criminal, considera-se mais conveniente não interceptar imediatamente o carregamento de droga, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, para conseguir um resultado mais positivo, qual seja, o desbaratamento de toda a organização criminosa.
Acesso a dados, documentos e informações
	Art. 2º (...)
	III — o acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais;
Fala-se, pois, na quebra de sigilo de tais dados, que deve dar-se, sempre, mediante prévia e fundamentada autorização judicial.
O sigilo bancário vem tratado na Lei n. 4.595/64, com as alterações impostas pela Lei Complementar n. 105/2001 e pelo Decreto Regulamentar n. 3.724/2001.
Sigilo bancário
Assim, o sigilo bancário somente pode ser quebrado:
	a) pelo Poder Judiciário (art. 93, IX, da CF);
	b) por autoridades administrativas do Banco Central, no desempenho de suas atividades de fiscalização e apuração de irregularidades, independentemente de autorização judicial;
	c) por agentes e fiscais tributários da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, mediante a existência de processo administrativo ou fiscal em curso, desde que considerado indispensável pela autoridade administrativa, independentemente de autorização judicial.
Jurisprudência 
	“Sigilo — Bancário e telefônico — Quebra — Admissibilidade — Relevante suspeita do envolvimento da impetrante com o tráfico de drogas — Investigação relativa ao crime organizado e à lavagem de dinheiro — Art. 1º, § 4º, II, da Lei Complementar Federal n. 105/01 — Justa causa para a adoção da medida impugnada — Segurança denegada” (MS n. 409.115-3/8-SP, 6ª Câm. Crim., Rel. Ribeiro dos Santos, 13-3-2003, v. u.).
Jurisprudência
“Quebra de sigilo fiscal e bancário. A orientação jurisprudencial desta Corte firmou-se no sentido de que demonstradas as razões para eventual quebra de sigilo fiscal e bancário, necessárias ao pleno esclarecimento dos fatos delituosos, não constitui constrangimento ilegal o seu deferimento pela autoridade judicial. Ordem denegada” (HC 13.006/MA, STJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 5ª T., DJU 10-6-2002, p. 227).
Diligência realizada pelo juiz
	Art. 3º Nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a diligência será realizada pessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justiça.
	Art. 2º (...)
	IV — a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial.
Esta medida foi novidade trazida em nosso sistema jurídico pela Lei n. 10.217/2001, que apenas conhecia, até então, a interceptação e a escuta telefônicas, disciplinadas pela Lei n. 9.296/96.
Captação e interceptação ambiental
Captação e interceptação ambiental
Interceptação ambiental pode ser definida como a captação de uma conversa alheia (não telefônica), feita por terceiro, valendo-se de qualquer meio de gravação. 
Se nenhum dos interlocutores sabe da captação, fala-se em interceptação ambiental em sentido estrito; se um deles tem conhecimento, fala-se em captação ambiental.
ATENÇÃO! Tanto a captação quanto a interceptação ambiental, para serem válidas como meio de prova no combate ao crime organizado, devem ser precedidas de circunstanciada autorização judicial.
Jurisprudência
“Interceptação telefônica — Autorização dada por autoridade judiciária — Renovação — Admissibilidade — Necessidade do prosseguimento das investigações” (TRF, 4ª Reg., RT 809/710).
Infiltração com autorização
	Art. 2º (...)
	V — infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial.
	Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente sigilosa e permanecerá nesta condição enquanto perdurar a infiltração.
Infiltração com autorização
No caso, o agente de polícia ou de inteligência atuará com a identidade encoberta, tentando granjear a confiança dos criminosos. 
Entretanto, diferentemente do agente provocador, estará autorizado pelo juiz a participar da organização, ouvido, previamente, o Ministério Público.
Assim, o controle judicial da providência investigatória retira da autoridade policial o pleno poder discricionário de investigar, minimizando eventual hipótese de arbitrariedade.
Certamente que a infiltração de agentes não os autoriza, por si só, à prática delituosa, o que tem gerado interessante celeuma na doutrina e jurisprudência pátrias
Questionamento
Poderia o agente infiltrado, para granjear a confiança dos demais integrantes da organização criminosa e não levantar suspeitas acerca de sua real situação, participar de crimes? 
Nesse caso, seria responsabilizado penalmente pelos crimes que praticou?
Infiltração com autorização
Parcela da doutrina pátria sustenta que a resposta a essas indagações está no Princípio da Proporcionalidade Constitucional, segundo o qual, numa situação real de conflito entre dois princípios constitucionais, deve-se decidir por aquele de maior peso. Assim, entre dois princípios constitucionais aparentemente de igual peso, prevalecerá aquele de maior valor. 
Nesse sentido, não se justificaria o sacrifício de uma vida em favor da infiltração do agente.
Infiltração com autorização
	Mas, para que efetivamente ocorra a isenção de responsabilidade penal do agente infiltrado, devem concorrer algumas exigências:
a atuação do agente infiltrado precisa ser judicialmente autorizada;
a atuação do agente infiltrado que comete a infração penal deve ser conseqüência necessária e indispensável para o desenvolvimento da investigação, além de ser proporcional à finalidade perseguida, de modo a evitar ou coibir abusos ou excessos;
o agente infiltrado não pode induzir ou instigar os membros da organização criminosa a cometer o crime.
Diligência pessoal pelo juiz
	Art. 3º Nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a diligência será realizada pessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justiça.
	§ 1º Para realizar a diligência, o juiz poderá requisitar o auxílio de pessoas que, pela natureza da função ou profissão, tenham ou possam ter acesso aos objetos do sigilo.
Diligência pessoal pelo juiz
	§ 2º O juiz, pessoalmente, fará lavrar auto circunstanciado da diligência, relatando as informações colhidas oralmente e anexando cópias autênticas dos documentos que tiverem relevância probatória, podendo, para esse efeito, designar uma das pessoas referidas no parágrafo anterior como escrivão ad hoc.
Diligência pessoal pelo juiz
	§ 3º O auto de diligência será conservado fora dos autos do processo, em lugar seguro, sem intervenção de cartório ou servidor, somente podendo a ele ter acesso, na presença do juiz, as partes legítimas na causa, que não poderão dele servir-se para fins estranhos à mesma, e estão sujeitas às sanções previstas pelo Código Penal em caso de divulgação.
	§ 4º Os argumentos de acusação e defesa que versarem sobre a diligência serão apresentados em separado para serem anexados ao auto da diligência, que poderá servir como elemento na formação da convicção final do juiz.
Diligência pessoal pelo juiz
	§ 5º Em caso de recurso, o auto da diligência será fechado, lacrado e endereçado em separado ao juízo competente para revisão, que dele tomará conhecimento sem intervenção das secretarias e gabinetes, devendo o relator dar vistas ao Ministério Público e ao defensor em recinto isolado, para o efeito de que a discussão e o julgamento sejam mantidos em absoluto segredo de justiça.
Diligência pessoal pelo juiz
A fim de preservar o sigilo constitucional dos dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais, a Lei n. 9.034/95, no dispositivo em comento, previu a hipótese de o juiz, pessoalmente, realizar a diligência, ressuscitando a figura do juiz inquisidor, que deita raízes no Direito Romano.
Questionamento
Não tendo sido adotado no Brasil o modelo inquisitivo, a Constituição Federal vedou ao juiz a prática de atos típicos das partes, com o propósito de preservar-lhe a imparcialidade, reguardando o princípio do due process of law.
	Seria, então, esse dispositivo inconstitucional?
Diligência pessoal pelo juiz
O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.570-2, de 12-2-2004, por maioria, julgou procedente, em parte, a ação para declarar a inconstitucionalidade do citado art. 3º, no que se refere

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