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Direito Ambiental

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1
DIREITO AMBIENTAL 
 
I – NOÇÕES PRELIMINARES1 
 
Por duas vezes na história as Nações Unidas mobilizou-
se para tratar das questões globais, com o escopo de encontrar soluções para os 
problemas de ordem ambiental que afetam o planeta, sendo a primeira vez em 
Estocolmo, em 1972, e a segunda, no Rio de Janeiro, em 1992. 
Os sérios problemas ambientais que afetavam o mundo 
foram a causa da convocação pela Assembléia Geral da Organização das Nações 
Unidas (ONU), em 1968, da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, que veio a se realizar em junho de 1972 em Estocolmo. 
Essa Conferência chamou a atenção das nações para o 
fato de que a ação humana estava causando séria degradação da natureza e 
criando severos riscos para o bem estar e para a própria sobrevivência da 
humanidade. Foi marcada por uma visão antropocêntrica de mundo, em que o 
homem era tido como o centro de toda a atividade realizada no planeta, 
desconsiderando o fato de a espécie humana ser parte da grande cadeia ecológica 
que rege a vida na Terra. 
A Conferência contou com representantes de 113 países, 
250 organizações-não-governamentais e dos organismos da ONU. A Conferência 
produziu a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de 
princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões 
concernentes a questões ambientais. Outro resultado formal foi um Plano de Ação 
que convocava todos os países, os organismos das Nações Unidas, bem como 
todas as organizações internacionais a cooperarem na busca de soluções para uma 
série de problemas ambientais. 
Em 1988 a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou 
uma Resolução determinando à realização, até 1992, de uma Conferência sobre o 
meio ambiente e desenvolvimento que pudesse avaliar como os países haviam 
promovido a Proteção ambiental desde a Conferência de Estocolmo de 1972. Na 
sessão que aprovou essa resolução o Brasil ofereceu-se para sediar o encontro em 
1992. 
 
1 Disponível em: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca. Acessado em 25/07/2010. 
 
 2
Em 1989 a Assembléia Geral da ONU convocou a 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(CNUMAD), que ficou conhecida como "Cúpula da Terra", e marcou sua realização 
para o mês de junho de 1992, de maneira a coincidir com o Dia do Meio Ambiente. 
Dentre os objetivos principais dessa conferência, 
destacaram-se os seguintes: 
 
a) examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e 
suas relações com o estilo de desenvolvimento 
vigente; 
b) estabelecer mecanismos de transferência de 
tecnologias não-poluentes aos países 
subdesenvolvidos; 
c) examinar estratégias nacionais e internacionais para 
incorporação de critérios ambientais ao processo de 
desenvolvimento; 
d) estabelecer um sistema de cooperação internacional 
para prever ameaças ambientais e prestar socorro em 
casos emergenciais; 
e) reavaliar o sistema de organismos da ONU, 
eventualmente criando novas instituições para 
implementar as decisões da conferência. 
 
 
Como produto dessa Conferência foram assinados 05 
documentos. São eles: 
 
a) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento 
b) Agenda 21 
c) Princípios para a Administração Sustentável das 
Florestas 
d) Convenção da Biodiversidade 
e) Convenção sobre Mudança do Clima 
 
 
As novas constituições que entraram em vigor, revelaram 
sempre a preocupação com uma legislação ambiental moderna, e particularmente 
 
 3
no Brasil, não poderia ser diferente, a Constituição Federal de 1.988, avançou de 
forma significativa no sentido de dar proteção ao meio ambiente. Pela primeira vez 
na história brasileira o texto constitucional elevou a tutela ambiental á categoria de 
direito fundamental de todo cidadão, dedicando-lhe ainda uma epígrafe própria, 
dentro do título da ordem social. 
A matéria que anteriormente era objeto de normas 
infraconstitucionais passou a ser disciplinada de forma precisa e atualizada em seu 
artigo 225, o qual disciplinou o assunto, consignando que todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum do povo e essencial á sadia 
qualidade de vida. 
A Lei Maior ainda traçou as regras a serem obedecidas 
pelo Poder Público, no § 1º do citado artigo 225, a fim de assegurar a efetividade de 
tais direitos, e deixou expresso no § 3º, que os infratores das normas de proteção ao 
meio ambiente, sejam pessoas físicas ou jurídicas, estarão sujeitas ás sanções 
penais, civis e administrativas. 
 
II – DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO 
 
 
Tradicionalmente a doutrina classifica os direitos 
fundamentais em primeira, segunda e terceira geração. 
Inicialmente as Constituições tinham como objetivo 
assegurar a liberdade dos cidadãos (primeira geração), sendo que num segundo 
momento tal preocupação evoluiu para assegurar a igualdade, garantindo-se os 
direitos econômicos, sociais e culturais (segunda geração). 
Finalmente, a evolução social exigiu uma garantia não 
meramente individualista, mas sim a tutela de interesses pertencentes a uma 
coletividade de indivíduos, cujo fundamento é o princípio da solidariedade ou 
fraternidade. 
Nessa esteira de raciocínio o direito ambiental é pode ser 
classificado como um direito transindividual, ou seja, é um direito fundamental e 
difuso, nos termos do art. 5º, caput e 225 da CF/88. 
 
 
 
 4
III – CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 
 
A expressão meio ambiente é redundante, pois meio e 
ambiente são sinônimos e designam o âmbito que nos cerca, nosso entorno, onde 
estamos inseridos e vivemos. 
A lei 6938/81 assim conceitua: 
 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas; (grifamos). 
 
 
Logo, verifica-se que o conceito não abrange apenas o 
meio ambiente natural, pois compreende outras perspectivas em que esteja inserida 
à vida. 
Doutrinariamente pode-se fracionar o meio ambiente em 
meio ambiente natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio 
ambiente do trabalho. 
 
a) Meio ambiente natural ou físico - pode ser considerado como “constituído 
pelo solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela fauna e pela flora”2, ou seja, 
pelos elementos físicos, químicos e biológicos que compõem a natureza e os 
seres vivos (art. 225, caput, §1º, I, II, III, IV e VII da CF/88). 
 
b) Meio ambiente artificial que este se refere ao espaço físico transformado 
pelo intelecto humano para se adequar as suas necessidades. Compreende 
edificações, ruas, avenidas, praças etc. 3 (arts. 5º, XXIII e 170, III da CF/88); 
 
c) Meio ambiente cultural é aquele composto por bens e valores aos quais a 
comunidade atribui relevância em função de sua identidade e formação4; (art. 
216, CF/88); 
 
2 ROCHA, Julio César de Sá da. Direito ambiental e meio ambiente do trabalho. São Paulo: LTr, 
1997. p. 25. 
3 ROCHA, Júlio César de Sá da. Op. Cit., p. 26-27. 
4 Idem. 
 
 5
 
d) O meio ambiente do trabalho pode ser visto como aquele que faz a relação 
entre as patologias apresentadas pelos trabalhadores e sua relação com as 
atividades por eles desenvolvidas5; (art. 200, VIII, CF/88); 
 
IV – CONCEITO E OBJETIVO DO DIREITO AMBIENTAL 
 
"O direito ambiental consiste no conjunto de princípios e 
normas jurídicas que buscam regular os efeitos diretos e indiretos da ação humana 
no meio, no intuito de garantir à humanidade, presente e futura,o direito 
fundamental ao um ambiente sadio. Por conseguinte tem por objetivo o 
desenvolvimento sustentável”.6 
 
V - PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 
 
5.1 – Ubiqüidade – "Este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio 
ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em 
consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, 
atividade, obra etc. tiver que ser criada e desenvolvida. Isso porque, na medida em 
que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a qualidade de vida, 
tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar por uma 
consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a possibilidade de que o meio 
ambiente seja degradado”;7 
 
5.2 – Desenvolvimento sustentável – esculpido no Princípio 4 da ECO/92 o 
desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias 
necessidades. Prevê o uso razoável dos recursos da terra e preservando as 
espécies e os habitats naturais. 
 
 
5 SÉGUIN, Elida. Direito ambiental: nossa casa planetária. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p.19-20. 
6 BELTRÃO. Antonio F.G. Direito ambiental. São Paulo : Método, 2009, pg.25. 
7 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 7ª edição. São Paulo: 
Saraiva, 2006, p. 45. 
 
 6
5.3 – Direito à sadia qualidade de vida – a sadia qualidade de vida é direito 
fundamental, previsto no art. 5º, caput, CF/88, sendo inconcebível sua existência 
sem um meio ambiente equilibrado, haja vista que o homem está inserido no meio 
ambiente. Logo o ambiente desequilibrado inviabiliza a sadia qualidade de vida. 
 
5.4 - Participação: Princípio 10 (Eco 92): A melhor maneira de tratar questões 
ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos 
interessados. (audiência pública, acesso à informação etc.). Previsto no art. Art. 3º, I 
e 225, caput da CF/88. Possui dois vetores fundamentais: 
 
9 Informação ambiental – art. 225, §1º, CF/898 
 
9 Educação ambiental – Lei 9795/99 - Art. 1o Entendem-se por educação 
ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade 
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e 
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso 
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
 
5.5 - Função sócio-ambiental da propriedade – o direito de propriedade evoluiu do 
individual ao ambiental, ou seja, de direito de primeira geração passou a ter que se 
compatibilizar com os direito de 2ª e 3ª geração, portanto não é direito absoluto, pois 
deve atender sua função social e ambiental (arts. 5º, caput, 170, III e VI e 225, 
CF/88). 
 
5.6 – Poluidor-pagador - Princípio 16 da Eco/92, que impõe ao poluidor o dever de 
arcar com o custo ambiental de sua atividade. Encontra fundamento também nos 
artigos 225 e 170 da Constituição. Significa que todas as externalidades negativas 
decorrentes dos processos produtivos ou de outros comportamentos humanos 
devem ser devidamente internalizados nos custos e devidamente 
reparados/compensados (art. 4º, VII da lei 6938/81, art. 225, caput, §3º, CF/88. 
 
5.7 – Usuário-pagador – consiste na cobrança de um valor econômico pela 
utilização de um bem ambiental. Difere do poluidor-pagador que tem natureza 
 
 7
reparatória e punitiva, pois tem natureza remuneratória pela outorga de um recurso 
natural. Não há ilicitude. (art. 4º, VII da lei 6938/81, art. 225, caput, §3º, CF/88. 
 
5.8 Prevenção – basilar do direito ambienta, tem por objetivo evitar a ocorrência de 
danos que provavelmente serão causados ao ambiente por uma ação humana. 
Deve atuar de forma preventiva. (art. 225, caput, CF/88). 
 
5.9 Precaução: Princípio 15 (Eco-92). Dada a imprevisibilidade decorrente de 
incerteza científica quanto aos efeitos de determinada obra ou atividade no 
ambiente, deve-se optar pro não implementa-la. (art. 225, caput, CF/88). 
 
5.10 – Princípio do Direito Humano Fundamental: Princípio 1 (Eco-92): Os seres 
humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. 
Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. 
 
5.11 – Desenvolvimento sustentável: Princípio 4 (Eco-92): Para alcançar o 
desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante 
do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste. A 
Declaração de Joanesburgo foi celebrada exatamente tendo como pauta a questão 
relacionada ao desenvolvimento sustentável. 
 
5.12 – Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal: Nos termos do artigo 
225 da Constituição é dever fundamental do poder público intervir para, no exercício 
do poder de polícia ambiental, prevenir e danos ao meio ambiente, bem como exigir 
a devida restauração do equilíbrio ecológico. 
 
5.13 – Princípio da cooperação: Todos os estados e os indivíduos devem cooperar 
na redução das desigualdades sociais, na erradicação da pobreza e num espírito de 
parceria global contribuição para a conservação, proteção e restauração da saúde e 
da integridade do ecossistema terrestre. 
 
 
 
 
 
 8
VI – COMPETÊNCIA 
 
A questão fundamental do federalismo é a repartição de 
competências entre o governo central e os Estados-Membros. 
Competência é a esfera delimitada de atribuições de uma 
entidade federativa. Em uma Federação, a repartição de competência é feita pelas 
atribuições dadas pela Constituição a cada uma das entidades federativas. 
O princípio geral da repartição de competências é o da 
predominância de interesses. Onde prevalecer o interesse geral e nacional a 
competencia sera atribuída à União; onde preponderar o interesse regional a 
competência será concedida aos Estados; onde predominar o interesse local a 
competência será dada aos Municípios. 
Dois são os critérios adotados pela Constituição Federal 
na repartição de competências: horizontal e vertical. Pelo critério horizontal são 
atribuídas competências exclusivas ou privativas para cada entidade federativa. Pelo 
critério vertical certas competências são dadas para diversas entidades federativas, 
estabelecendo-se regras para seu exercício simultâneo. 
 
6.1 – Classificação da competência quanto a natureza 
 
Competência material ou administrativa - é a prática de 
atos de gestão. As competências materiais da União estão previstas no art. 21, 
enquanto as dos Municípios, no art. 30, III a LX, ambos da Constituição Federal. 
Certas competências materiais são comuns a todas as entidades federativas (CF, 
art. 23). 
Competência legislativa – é a faculdade para a elabora-
ção de leis sobre determinados assuntos. A União foi atribuída uma ampla 
competência legislativa (CF, arts. 22 e 24). Os Municípios ficaram com competência 
para legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e 
estadual no que couber. Aos Estados foi reservada competência legislativa 
remanescente (CF, art. 25, § lº). 
 
 
 
 
 9
6.2 – Classificação da competência quanto à extensão 
 
As competências materiais e legislativas quanto à extensão subdividem-se 
em outras espécies. 
 
a) Competências exclusivas - Competências atribuídas a uma única entidade 
federativa, sem a possibilidade de delegação e competência suplementar (CF, 
arts. 21 e 30, 1). 
 
b) Competências privativas - Competências atribuídas a uma única entidade 
federativa, mas com a possibilidade de delegação em questões específicas (CF, 
art. 22 e pu) e competência suplementar (CF,art. 24 e seus parágrafos). É 
justamente a possibilidade de delegação e competência suplementar que 
distingue as competências privativas das exclusivas. 
 
c) Competência comum, cumulativa ou paralela - Competências atrihuídas a todas 
as entidades federativas sobre determinadas matérias, estando as entidades no 
mesmo nível hierárquico (CF, art. 23). 
 
d) Competências concorrentes - São as atribuídas à União para estabelecer 
normas gerais sobre determinados assunto, podendo os Estados e o Distrito 
Federal desdobrar esses princípios gerais. Muito embora o art. 24 não 
estabeleça a possibilidade de os Municípios legislarem concorrentemente sobre 
determinadas matérias, essa faculdade é prevista de forma ampla e genérica no 
art. 30, II. AMBIENTAL – art. 24, I, VI, VII e VIII, CF/88. 
 
e) Competências suplementares - Competências atribuídas aos Estados para 
desdobrarem as normas gerais estabelecidas pela União, dentro da 
competência legislativa concorrente, de acordo com as suas peculiaridades (CF, 
art. 24, § 2º). 
 
f) Competência supletivo. lnexistindo legislação federal sobre normas gerais em 
matéria de competência concorrente, os Estados possuem a faculdade de 
exercer competência legislativa plena para atender as suas peculiaridades (CF, 
 
 10
art. 24, § 3º). Nessa hipótese, a superveniência da legislação federal suspende 
a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário. 
 
6.3 – Competência em matéria ambiental 
 
 Material /administrativa – comum - art. 23, VI e VII da CF/88. 
Competência 
 Legislativa – concorrente - art. 24, I, VI, VII e VIII, CF/88. 
 
 
VII – POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
A Política Nacional do Meio Ambiente foi estabelecida em 
pela Lei 6.938/81, que criou o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). 
Seu objetivo é o estabelecimento de padrões que tornem 
possível o desenvolvimento sustentável, através de mecanismos e instrumentos 
capazes de conferir ao meio ambiente uma maior proteção. 
As diretrizes desta política são elaboradas através de 
normas e planos destinados a orientar os entes públicos da federação, em 
conformidade com os princípios elencados no Art. 2º da Lei 6.938/81. 
Já os instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente, distintos dos instrumentos materiais noticiados pela Constituição, dos 
instrumentos processuais, legislativos e administrativos são apresentados pelo Art. 
9º da Lei 6.938/81. 
 
7.1 - Objetivos da PNMA 
 
Objetivos gerais art. 2º, caput da lei 6938/81 
 
9 preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida 
9 assegurar condições ao desenvolvimento sócio-econômico, 
9 promover os interesses da segurança nacional; 
9 proteger a dignidade da vida humana 
 
 
 11
 
Objetivos específicos art. 4º, I a VII da lei 6938/81 
 
 
9 Desenvolvimento sustentável; 
 
9 Definição de áreas prioritárias de ação governamental; 
 
9 Estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental; 
 
9 Desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacional; 
 
9 Difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente; 
 
9 Divulgação de dados e informações ambientais; 
 
9 Formação de uma consciência pública para a preservação da qualidade 
ambiental; 
 
9 Preservação e restauração dos recursos ambientais; 
 
9 Imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou 
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de 
recursos ambientais com fins econômicos; 
 
 
Princípios – art. 2º, I a X da lei 6938/81 
 
9 I - meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente 
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; 
9 II - racionalização do uso dos recursos naturais; 
9 Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; 
9 IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; 
9 V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente 
poluidoras; 
9 VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso 
racional e a proteção dos recursos ambientais; 
9 VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; 
9 VIII - recuperação de áreas degradadas; 
9 IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; 
9 X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da 
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio 
ambiente. 
 
 
 12
Instrumentos da PNMA – art. 9º, I a XII da lei 6938/81 e art. 37 da lei 10257/01 
 
9 I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
9 II - o zoneamento ambiental; (Regulamento) 
9 III - a avaliação de impactos ambientais; 
9 IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras; 
9 V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
9 VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder 
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, 
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
9 VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
9 VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental; 
9 IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. 
9 X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado 
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA; 
9 XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; 
9 XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou 
utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) 
9 XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, 
seguro ambiental e outros. 
9 Lei 10257/01 - Art. 36. Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV). 
 
 
7.1 - SISNAMA 
O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA foi 
instituído pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto 
99.274, de 06 de junho de 1990, sendo constituído pelos órgãos e entidades da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações 
instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade 
ambiental, e tem a seguinte estrutura: 
 
9 Órgão Superior: O Conselho de Governo 
 
 13
9 Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente - 
CONAMA 
9 Órgão Central: O Ministério do Meio Ambientel - MMA 
9 Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis - IBAMA 
9 Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela 
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades 
capazes de provocar a degradação ambiental; 
9 Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo 
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; 
 
A atuação do SISNAMA se dará mediante articulação 
coordenada dos Órgãos e entidades que o constituem, observado o acesso da 
opinião pública às informações relativas as agressões ao meio ambiente e às ações 
de proteção ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA. 
Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a 
regionalização das medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões 
supletivos e complementares. 
Os Órgãos Seccionais prestarão informações sobre os 
seus planos de ação e programas em execução, consubstanciadasem relatórios 
anuais, que serão consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente, em um relatório 
anual sobre a situação do meio ambiente no País, a ser publicado e submetido à 
consideração do CONAMA, em sua segunda reunião do ano subsequente. 
 
7.2 - CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 
 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o 
órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi 
instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, 
regulamentada pelo Decreto 99.274/90. 
O CONAMA é composto por Plenário, CIPAM, Grupos 
Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo 
Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-
Executivo do MMA. 
 
 14
o O Conselho é um colegiado representativo de cinco 
setores, a saber: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e 
sociedade civil. 
É da competência do CONAMA entre outras: 
 
9 estabelecer, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva 
ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, pelos Estados, 
pelo Distrito Federal e Municípios e supervisionado pelo referido Instituto; 
 
9 determinar, a realização de estudos das alternativas e das possíveis 
conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando 
informações indispensáveis à apreciação de Estudos Prévios de Impacto 
Ambiental e respectivos Relatórios; 
 
São atos do CONAMA entre outros: 
 
9 Resoluções, quando se tratar de deliberação vinculada a diretrizes e normas 
técnicas, critérios e padrões relativos à proteção ambiental e ao uso 
sustentável dos recursos ambientais; 
 
 
VIII – LICECIAMENTO AMBIENTAL 
 
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à 
instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou 
degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas 
características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização 
de Audiências Públicas como parte do processo. 
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais 
de Meio Ambiente e pelo Ibama, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema 
Nacional de Meio Ambiente). O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de 
grandes projetos de infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um estado e 
nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental. 
 
 15
As principais diretrizes para a execução do licenciamento 
ambiental estão expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e 
nº 237/97. Além dessas, o Ministério do Meio Ambiente emitiu recentemente o 
Parecer nº 312, que discorre sobre a competência estadual e federal para o 
licenciamento, tendo como fundamento a abrangência do impacto. 
 
8.1 – Natureza jurídica e Conceitos 
 
A lei 6938/91 em seu art. 9º, IV dispõe que o 
licenciamento ambiental é instrumento preventivo de tutela ao meio ambiente, 
inserido na tutela administrativa do meio ambiente. 
O art. 1º da Resolução 237/97 adotada as seguintes 
definições: 
 
I - Licenciamento Ambiental: procedimento 
administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, 
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de 
recursos ambientais , consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou 
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, 
considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas 
aplicáveis ao caso. 
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o 
órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de 
controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física 
ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades 
utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente 
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental. 
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos 
relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e 
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a 
análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de 
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de 
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. 
 
 16
IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer 
impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no 
todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. 
 
8.2 – Fases do licenciamento 
 
Nos termos do art. 10 da Resolução Conama 237/97, 
processo de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas: 
 
9 I - Definição dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao 
início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; 
9 II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor; 
9 III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA; 
9 IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental 
competente, integrante do SISNAMA; 
9 V - Audiência pública, quando couber; 
9 VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental 
competente, decorrentes de audiências públicas; 
9 VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; 
9 VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença. 
 
8.2 – Espécies de licenças ambientais 
 
• Licença Prévia (LP) - Deve ser solicitada ao órgão competente na fase de 
planejamento da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. 
Essa licença não autoriza a instalação do projeto, e sim aprova a viabilidade 
ambiental do projeto e autoriza sua localização e concepção tecnológica. 
Além disso, estabelece as condições a serem consideradas no 
desenvolvimento do projeto executivo. 
 
• Licença de Instalação (LI) - Autoriza o início da obra ou instalação do 
empreendimento. O prazo de validade dessa licença é estabelecido pelo 
cronograma de instalação do projeto ou atividade, não podendo ser superior a 
 
 17
6 (seis) anos. Empreendimentos que impliquem desmatamento depende, 
também, de "Autorização de Supressão de Vegetação". 
 
• Licença de Operação (LO) - Deve ser solicitada antes de o empreendimento 
entrar em operação, pois é essa licença que autoriza o início do 
funcionamento da obra/empreendimento. Sua concessão está condicionada à 
vistoria a fim de verificar se todas as exigências e detalhes técnicos descritos 
no projeto aprovado foram desenvolvidos e atendidos ao longo de sua 
instalação e se estão de acordo com o previsto nas LP e LI. O prazo de 
validade é estabelecido, não podendo ser inferior a 4 (quatro) anos e superior 
a 10 (dez) anos. 
 
No processo de licenciamento os estudos ambientais são 
elaborados pelo empreendedor e entregues ao órgão competente para análise e 
deferimento. Para cada etapa do licenciamento há estudos específicos a serem 
elaborados. 
Para subsidiar a etapa de LP, sendo o empreendimento 
de significativo impacto ambiental, o empreendedor encaminha ao órgão competente 
o EIA/RIMA. Para os demais empreendimentos estudos mais simplificados são 
requeridos. 
O EIA é um documento técnico-científico compostos por: 
Diagnóstico ambiental dos meios físico, biótico e socioeconômico; Análise dos 
impactos ambientais do projeto e de suas alternativas; Definição das medidas 
mitigadoras dos impactos negativos e elaboração de medidas mitigadoras dos 
impactos negativos; e Programasde Acompanhamento e Monitoramento. 
O RIMA é o documento público que reflete as informações 
e conclusões do EIA e é apresentado de forma objetiva e adequada a compreensão 
de toda a população. Nessa etapa são realizadas Audiências Públicas para que a 
comunidade interessada e/ou afetada pelo empreendimento seja consultada. 
Para subsidiar a etapa de LI o empreendedor elabora o 
Plano Básico Ambiental e se a obra implicar em desmatamento é também elaborado 
o Inventário Florestal, para apoiar a decisão sobre o deferimento da Autorização de 
Supressão de Vegetação. 
 
 18
Para subsidiar a etapa de LO o empreendedor elabora um 
conjunto de relatórios descrevendo a implantação dos programas ambientais e 
medidas mitigadoras previstas nas etapas de LP e LI. 
 
IX – ZONEAMENTO AMBIENTAL* 
 
O zoneamento ambiental, instrumento da Política 
Nacional do Meio Ambiente8, consiste em procedimento de divisão de determinado 
território em áreas onde “se autorizam determinadas atividades ou interdita-se, de 
modo absoluto ou relativo, o exercício de outras”9 em razão das características 
ambientais e sócio-econômicas do local. 
Pelo zoneamento ambiental são instituídos diferentes 
tipos de zonas nas quais o Poder Público estabelece regimes especiais de uso, gozo 
e fruição da propriedade na busca da melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental e do bem-estar da população. Suas normas, que deverão 
obrigatoriamente respeitar o disposto em legislaçao ambiental, vinculam todas as 
atividades exercidas na região de sua incidência, o que implica na inadmissibilidade 
de ali serem exercidas atividades contrárias a elas. 
 A regulamentação desse instrumento se deu pelo 
Decreto 4297 de 10 de julho de 2002 que estabelece os critérios para o zoneamento 
ecológico-econômico – ZEE do Brasil, ou seja, um zoneamento de abrangência 
nacional, bem como, no art. 9º, II, da lei 6938/81, art. 4º, III, “c” da lei 10256/01, art. 
182, CF/88. 
 
A definição legal do zoneamento ambiental encontra-
se no art. 2º do referido decreto que o descreve como sendo “instrumento de 
organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, 
obras e atividades públicas e privadas” estabelecendo “medidas e padrões de 
proteção ambiental” com vistas à “assegurar a qualidade ambiental, dos recursos 
 
* Elaborado por Marcelo Nogueira Camargos, mestrando em Direito Ambiental pela Universidade 
Católica de Santos – Unisantos e bolsista da Capes. Disponível em: http://www.ibap.org/10cbap/teses 
/marcelocamargo_tese.doc. 
8 Art. 9º, II da Lei 6938/1981. 
9 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 11ª ed. São Paulo: Malheiros, 2003. 
p. 177. 
 
 19
hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento 
sustentável e a melhoria das condições de vida da população”. 
Apesar de o decreto que regulamentou o zoneamento 
ambiental ter versado sobre um zoneamento de abrangência nacional, é importante 
frisar que esse instrumento tem enorme importância e aplicabilidade ainda maior nas 
esferas locais e regionais, tanto que também foi previsto como instrumento de 
política urbana no Estatuto da Cidade10. 
 
X – TOMBAMENTO 
Tombamento é a modalidade de intervenção na 
propriedade por meio da qual o Poder Público tem a intenção de proteger o 
patrimônio cultural brasileiro. 
Desta forma, o Estado intervém na propriedade privada 
para proteger a memória nacional, bem como a sua história, arte, arqueologia, 
cultura e ciência, preservando a memória de bens de valores arquitetônicos e 
históricos. 
 
10.1 – Base legal 
 
CF/88 – art. 225, 215 e 216. 
Decreto-Lei 25/37 (organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional). 
 
10.2 – Conceito e natureza jurídica 
 
O manual do Departamento do Patrimônio Histórico do 
município de São Paulo diz que "tombamento é um ato administrativo realizado pelo 
poder público com o objetivo de preservar, através da aplicação de legislação 
específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de 
valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou 
descaracterizados". 
Conceitualmente pode ser definido como instituto pelo 
qual o poder público declara ou reconhece o valor cultural de bens de valor histórico, 
 
10 Art. 4º, III, c da Lei n. 10257/2001. 
 
 20
paisagístico, estético, arqueológico, arquitetônico e ambiental, os quais passar a ser 
preservados no interesse da coletividade. 
Como natureza jurídica constitui-se em uma das formas 
de tutela administrativa do meio ambiente e considerado, nos termos do art. 9º, II da 
lei 6938/81, como instrumento da política nacional do meio ambiente, bem como, 
instrumento da política urbana nos termos do art. 4º, III, “c” da lei 10257/01. 
 
10.3 - Efeitos 
 
Os principais efeitos do tombamento são: 
 
9 Averbação no registro público; 
9 Vedação ao proprietário do bem em destruir, demolir ou mutilar o bem 
tombado; 
9 Proibição de reforma ou pintura do imóvel, exceto após autorização judicial; 
9 O proprietário deverá manter e conservar o bem tombado dentro de suas 
características culturais e, caso não tenha recursos para tanto, deverá 
comunicar ao órgão que decretou o tombamento, a fim de que obtenha ajuda 
ou seja substituído por esse na realização das obras necessárias; 
9 Conceder o direito de preferência ao Poder Público em caso de alienação do 
bem tombado, devendo o proprietário notificar o Estado para que exerça esse 
direito. 
 
XI – INFRANÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
11.1 - Infração Administrativa Ambiental 
 
Considera-se infração administrativa ambiental toda ação 
ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e 
recuperação do meio ambiente, sendo punida com as sanções previstas na 
legislação. 
Vale ressaltar que qualquer pessoa, ao tomar 
conhecimento de alguma infração ambiental, poderá apresentar representação à 
autoridades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). 
 
 21
Além disso, a autoridade ambiental, ao contrario, deverá 
promover imediatamente a apuração da infração ambiental sob pena de co-
responsabilidade. 
A Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, disciplinou as 
infrações administrativas no Capítulo VI, em seus arts.70 a 76, tendo sido 
regulamentada pelo Decreto 6514/08. Trata-se de lei federal que poderá ser 
suplementada pelos Estados (art.24, § 2º, da constituição federal de 1998) e pelos 
Municípios (art. 30, II, da constituição federal de 1998). 
 
11.2 – Sanções administrativas 
 
Nos termos do art. 72 da lei 9605/98 e art. 3º do decreto 
6514/08, as infrações administrativas serão punidas com as seguintes sanções: 
 
9 I – advertência - 
9 II - multa simples; 
9 III - multa diária; 
9 IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da biodiversidade, 
inclusive fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de 
qualquer natureza utilizados na infração; 
9 IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais 
produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, 
equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; 
9 V - destruição ou inutilização do produto; 
9 VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
9 VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; 
9 VIII - demolição de obra; 
9 IX - suspensão parcial ou total das atividades; e 
9 X - restritiva de direitos. 
 
Advertência 
Para as infrações de menor lesividade, assim 
consideradas as que não ultrapassemR$1.000,00. 
 
 
 22
Multa simples 
Será de no mínimo R$50,00 e máximo de 
R$50.000.000,00, podendo ser convertida em serviços de preservação, melhoria e 
recuperação do meio ambiente. 
 
Multa diária 
Será aplicada sempre que o cometimento da infração se 
prolongar no tempo, até a sua efetiva cessação ou regularização da situação 
mediante a celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de reparação do 
dano. 
 
Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, 
instrumentos, petrechos, e equipamentos ou veículos de qualquer natureza 
utilizados na infração 
Os animais serão devolvidos ao seu habitat, os produtos, 
subprodutos e veículos serão avaliados e doados à entidade de caridade, às 
instituições científicas ou hospitalares e os petrechos e equipamentos serão 
vendidos com a garantia de sua descaracterização. Serão aplicadas nos termos dos 
arts. 102 a 107 do decreto 6514/78. 
 
Destruição ou inutilização do produto 
 
O produto da flora e da fauna será destruído ou inutilizado 
ou, excepcionalmente, doado a instituições científicas, culturais ou educacionais. 
 
Suspensão de venda e fabricação do produto 
 
Trata-se de uma sanção não prevista em legislação 
anterior, cuja eficácia será importante para obstar a continuidade da venda e do 
fabrico de produtos nocivos à saúde, a segurança e ao bem-estar da população. 
 
Embargo de Obra ou atividade 
 
 
 23
O órgão fiscalizador poderá embargar a obra ou a própria 
atividade causadora da degradação ambiental. 
 
Demolição de obra 
O órgão fiscalizador poderá ainda determinar a demolição 
da obra construída irregularmente. 
 
Suspensão parcial ou total das atividades 
 
O órgão fiscalizador poderá determinar a suspensão total 
ou parcial das atividades, caso constate alguma irregularidade ou o descumprimento 
de normas ambientais relevantes. 
 
Restritiva de direitos 
 
Abrangem a suspensão de registro como a licença, 
permissão ou autorização; cancelamento de registro, licença, permissão ou 
autorização; perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; perda ou 
suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais 
de crédito; e proibição de contratar com a administração pública, pelo período de até 
três anos. 
 
11.3 – Processo administrativo e prescrição 
 
O processo administrativo será regulado pelos arts. 94 e 
seguintes do decreto 6514/08 e lei 9784/99. 
 
Art. 96. auto de infração; 
 
§ 1o O autuado será intimado da lavratura do auto de infração; 
Art. 113. Defesa do autuado no prazo de vinte dias; 
 
Art. 119. A autoridade julgadora poderá requisitar a produção de provas necessárias 
à sua convicção, bem como parecer técnico ou contradita do agente autuante, 
especificando o objeto a ser esclarecido. 
 
 
 24
§ 1o O parecer técnico deverá ser elaborado no prazo máximo de dez dias, 
ressalvadas as situações devidamente justificadas. 
 
§ 2o A contradita deverá ser elaborada pelo agente autuante no prazo de cinco dias, 
contados a partir do recebimento do processo. 
 
§ 3o Entende-se por contradita, para efeito deste Decreto, as informações e 
esclarecimentos prestados pelo agente autuante necessários à elucidação dos fatos 
que originaram o auto de infração, ou das razões alegadas pelo autuado, facultado 
ao agente, nesta fase, opinar pelo acolhimento parcial ou total da defesa. 
 
Art. 122. Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de manifestar-se em 
alegações finais, no prazo máximo de dez dias. 
 
Art. 124. Oferecida ou não a defesa, a autoridade julgadora, no prazo de trinta dias, 
julgará o auto de infração, decidindo sobre a aplicação das penalidades. 
 
Art. 126. Julgado o auto de infração, o autuado será notificado por via postal com 
aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência 
para pagar a multa no prazo de cinco dias, a partir do recebimento da notificação, ou 
para apresentar recurso. 
 
Art. 127. Da decisão proferida pela autoridade julgadora caberá recurso no prazo de 
vinte dias. 
 
§ 1o O recurso hierárquico de que trata este artigo será dirigido à autoridade 
administrativa julgadora que proferiu a decisão na defesa, a qual, se não a 
reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. 
 
§ 2o O órgão ou entidade ambiental competente indicará, em ato próprio, a 
autoridade superior que será responsável pelo julgamento do recurso mencionado 
no caput. 
 
Art. 127-A. A autoridade que proferiu a decisão na defesa recorrerá de ofício à 
autoridade superior nas hipóteses a serem definidas pelo órgão ou entidade 
ambiental. 
 
Art. 128. O recurso interposto na forma prevista no art. 127 não terá efeito 
suspensivo. 
 
§ 1o Na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, a 
autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido do 
recorrente, conceder efeito suspensivo ao recurso. 
 
§ 2o Quando se tratar de penalidade de multa, o recurso de que trata o art. 127 terá 
efeito suspensivo quanto a esta penalidade. 
 
Art. 130. Da decisão proferida pela autoridade superior caberá recurso ao 
CONAMA, no prazo de vinte dias. 
 
 
 25
Art. 142. O autuado poderá requerer a conversão de multa de que trata esta Seção 
por ocasião da apresentação da defesa. 
 
Art. 143. O valor dos custos dos serviços de preservação, melhoria e recuperação 
da qualidade do meio ambiente não poderá ser inferior ao valor da multa convertida. 
 
Art. 146. Havendo decisão favorável ao pedido de conversão de multa, as partes 
celebrarão termo de compromisso, que deverá conter as seguintes cláusulas 
obrigatórias: 
 
Art. 148. A conversão da multa não poderá ser concedida novamente ao mesmo 
infrator durante o período de cinco anos, contados da data da assinatura do termo 
de compromisso . 
 
11.3 .1 - Processo administrativo em São Paulo – Dec. 846876 
 
Art. 92 - Constatada a infração, será lavrado o respectivo auto, em três vias, no 
mínimo, destinando-se a primeira ao autuado e as demais à formalização do 
processo administrativo, devendo conter: 
 
Parágrafo Único - O autuado tomará ciência do auto de infração, bem como do auto 
de inspeção de que trata o inciso III do artigo 78 deste Regulamento, 
alternativamente da seguinte forma: 
 
 1 - pessoalmente ou por seu representante legal ou preposto; 
 2 - por carta registrada ou com "Aviso de Recebimento" (AR); 
 3 - por publicação no Diário Oficial do Estado; 
 4 - por notificação extrajudicial. 
 
 
Art. 93 - A penalidade de advertência será aplicada por agente credenciado da 
CETESB. 
 
 
Art. 94 - A penalidade de multa será aplicada pelo gerente da área competente da 
mesma entidade. 
 
 
 Art. 95 - As penalidades previstas nos incisos III a VII do artigo 81 deste 
Regulamento serão aplicadas da seguinte forma: 
 
I - pelo Secretário do Meio Ambiente, por proposta da CETESB, quando se tratar de 
interdição temporária ou definitiva, embargo, demolição ou suspensão de 
financiamento e benefícios fiscais; 
 
II - pelo Diretor-Presidente da CETESB, por proposta da área competente, quando 
se tratar de apreensão ou recolhimento temporário ou definitivo. 
 
Art. 97 - As multas previstas neste Regulamento deverão ser recolhidas pelo infrator 
 
 26
dentro de 20 (vinte) dias, contados da ciência da Notificação para Recolhimento da 
Multa, sob pena de inscrição como dívida ativa. 
 
Art. 101 - O infrator no prazo de 20 (vinte) dias, contados da ciência da infração, 
poderá interpor recurso, que deverá conter medidas específicas para fazer cessar e 
corrigir a degradação. 
 
§ 1º - O recurso terá efeito suspensivo se as medidas propostas forem aceitas pela 
CETESBe quando: 
 
Art. 102 - Os recursos, instruídos com todos os elementos necessários ao seu 
exame, deverão ser dirigidos: 
 
I - ao Gerente da área competente da CETESB, quando se tratar de aplicação das 
penalidades de advertência e multa; 
 
II - ao Secretário do Meio Ambiente, quando da aplicação da penalidade de 
apreensão ou recolhimento; 
 
III - ao Governador do Estado, quando se tratar das demais. 
 
Art. 103 - Não serão conhecidos os recursos que deixarem de vir acompanhados de 
cópia autenticada da Guia de Recolhimento da multa. 
 
Nota: artigo sem efeito por violação constitucional. 
 
 
XII – ESPAÇOS TERRITORIALMENTE PROTEGIDOS 
12.1 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC 
 
O SNUC constitui-se do conjunto das unidades de 
conservação federais, estaduais e municipais. 
A lei não faz menção ao Distrito Federal, que tem status 
constitucional. É uma falha irreparável, pois o Brasil é uma República Federativa 
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Este 
não se confunde com nenhuma das entidades político-constitucionais, já que goza 
de autonomia política e administrativa, nos termos da Constituição. 
A unidade de conservação é o espaço territorial e seus 
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais 
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação 
e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção. 
 
 27
 
Instituído pela lei 9985/00, está subdividido em dois 
grupos de unidade de conservação: 
 
9 Proteção integral – tem por objetivo preservar a natureza, sendo admitido 
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais (art. 8º). Compreende cinco 
categorias: 
ƒ Estação ecológica; 
ƒ Reserva biológica; 
ƒ Parque nacional; 
ƒ Monumento natural; 
ƒ Refúgio da vida silvestre; 
 
9 Uso sustentável – visa compatibilizar a conservação da natureza como o uso 
sustentável de parcela dos recursos naturais (art. 14). Compreende sete 
categorias: 
ƒ Área de proteção ambiental; 
ƒ Área de relevante interesse ecológico; 
ƒ Floresta Nacional; 
ƒ Reserva extrativista; 
ƒ Reserva de fauna; 
ƒ Reserva de desenvolvimento sustentável; 
ƒ Reserva particular do patrimônio natural; 
 
12.2 – Áreas de preservação permanente - APP 
 
Correspondem as áreas protegidas nos termos dos arts. 
2º e 3º do código florestal e resolução conoma 303/02. 
O art. 2º do código florestal estabelece as APPs a partir 
de um critério meramente geográfico, decorrendo sua criação diretamente da lei. 
 
12.3 – Reserva Legal 
 
 
 28
Reserva Legal é a área localizada no interior de uma 
propriedade ou posse rural, que não seja a de preservação permanente (APP). O 
Objetivo do decreto da Reserva Legal é a conservação e a reabilitação dos 
processos ecológicos, conservação da biodiversidade e o abrigo e proteção de 
fauna e flora nativas. Ela varia de acordo com o bioma e o tamanho da propriedade 
e pode ser: 
 
I – 80% da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; 
II – 35% da propriedade rural localizada no bioma cerrado dentro dos estados que 
compõem a Amazônia Legal; 
III- 20% nas propriedades rurais localizadas nas demais regiões do país. 
 
O conceito de Reserva Legal é dado pelo Código 
Florestal, em seu art. 1°, §2°, III, inserido pela MP n°. 2.166-67, de 24.08.2001, 
sendo: "área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a 
de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à 
conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da 
biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas." 
 
12.4 – Bioma mata atlântica 
 
Este bioma ocupa uma área de 86.289 
Km², corresponde 53% do território nacional e que é constituída principalmente por 
mata ao longo da costa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do 
Sul. A Mata Atlântica passa pelos territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de 
Janeiro e Santa Catarina, e parte do território do estado de Alagoas, Bahia, Goiás, 
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do 
Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. 
A Mata Atlântica apresenta uma variedade de formações, 
engloba um diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estrutura e 
composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características 
climáticas da região onde ocorre. 
A lei 11428/06 possui um capítulo específico sobre a 
proteção nas áreas urbanas e regiões metropolitanas. Tal diploma legal não impõe 
 
 29
uma vedação geral para a supressão de mata atlântica, mas fixa diversas condições 
de maior ou menor rigor para sua exploração. Em todos os caso é necessário 
autorização prévia do poder público. 
 
12.5 – Reserva da biosfera 
 
Reserva da Biosfera são áreas de ecossistemas terrestres 
e costeiro-marinhos, ou sua combinação, que são internacionalmente reconhecidas 
no quadro do Programa Homem e a Biosfera da UNESCO (Man and the Biosphere - 
MAB). Elas formam uma rede mundial, que serve de instrumento para a 
conservação da diversidade biológica e o uso sustentado dos seus componentes –
sempre mantendo a soberania dos Estados sobre essas áreas e contando com a 
participação das comunidades locais. 
As reservas da biosfera devem ser locais de excelência 
para experimentação e demonstração de enfoques para conservação e 
desenvolvimento sustentado na escala regional, cumprindo e combinando três 
funções: a) contribuir para a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies e 
variações genéricas; b) fomentar o desenvolvimento econômico e humano que seja 
sociocultural e ecologicamente sustentado; e c) apoiar projetos demonstrativos, 
educação ambiental e capacitação, pesquisa e monitoramento relacionados com os 
temas locais, regionais, nacionais e globais da conservação e do desenvolvimento 
sustentado. 
Integrou-se ao ordenamento jurídico pátrio por meio do 
art. 41 da lei 9985/00 e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica, o 
desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação 
ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das 
populações. 
 
XIII – TUTELA CIVIL DO MEIO AMBIENTE 
 
A destruição do ambiente constitui, sem nenhuma dúvida, 
um dos maiores problemas com que a humanidade se deparou na segunda metade 
do século XX e contínua deparando neste início do século XXI, cuja gravidade é de 
 
 30
todos conhecida, pelo que representa para a vida e para a própria sobrevivência do 
homem. 
Durante séculos, percebeu-se, no âmbito jurídico, total 
desprezo com relação às questões que abordassem o meio ambiente, tendo-se este 
como coisa nula, cujo aproveitamento coletivo poderia se dar indefinidamente, sem 
vislumbrar-se a possibilidade de seu esgotamento. 
No entanto, principalmente a partir da metade do século 
XX, passou-se a valorizar intensamente os recursos ambientais, diante da 
constatação de que tais recursos são finitos e que seu esgotamento encontrava-se 
bem mais próximo do 
O fundamento da introdução da responsabilidade objetiva 
pelo dano ambiental no Brasil é a teoria do risco integral, que é um corolário do 
princípio do poluidor-pagador, consagrado internacionalmente como um dos 
princípios básicos do Direito Ambiental. 
Em matéria de proteção ambiental, a lei nº 6.938/81, 
instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação, artigos. 9º a 21. 
Destaca-se que o art. 14, § 1º, estabelece que o poluidor 
éobrigado a reparar o dano ambiental causado, independentemente da existência 
de culpa, adotando-se, assim, a responsabilização objetiva do agente poluidor. 
Introduziu-se, assim, a responsabilidade civil objetiva e 
solidária, que se baseia na idéia de que a pessoa que cria o risco deve reparar os 
danos advindos de seu empreendimento. 
 
Fundamento – art. 225, §3º, CF/88 e art. 14, §1º da lei 6938/81. 
 
Natureza objetiva e solidária – nos termos dos art. 225, §3º, CF/88 e art. 14, §1º 
da lei 6938/81, todos que concorreram para o dano devem ser responsabilizados 
solidariamente. 
 
13.1 – Características da responsabilização civil 
 
9 Reparação específica – a reparação deve restabelecer o status quo ante, 
sem prejuízo dos danos materiais e morais. 
 
 31
 
9 Desconsideração da PJ – tem previsão no art. 4º da lei 9605/98 levando a 
cabo sempre que sua existência for obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos 
ambientais. 
9 Imprescritibilidade – a doutrina e a jurisprudência majoritária entendem que a 
matéria não prescreve, haja vista que o meio ambiente é indisponível e 
irrenunciável. 
9 Responsabilidade objetiva integral – não admite as excludentes de 
responsabilidade. 
 
 
XIV – TUTELA PRÉ-PROCESSUAL 
14.1 – Inquérito civil 
 
Surgiu com a lei 7347/85 que disciplinou a ação civil 
publica (art. 8º, §1º), atualmente presente nas leis 7853/89, 7913/89, 8069/90, 
8078/90, lei 8625/93 e LC 75/93. 
O Inquérito Civil Público é um procedimento 
administrativo, inquisitivo e privativo do Ministério Público. Ele tem o escopo de 
produzir de um conjunto probatório da efetiva lesão a interesses metaindividuais. 
Este procedimento é prévio ao ajuizamento da Ação Civil Pública, prevista na Lei nº 
7.347, de 1985. 
Natureza jurídica – procedimento administrativo e 
inquisitivo que tem por finalidade a apuração de fatos. Ele integra o rol das funções 
institucionais privativas do Ministério Público (art. 129 da Constituição Federal). Nele 
não há contraditório, nem acusação, tampouco aplicação de sanção. Ele não cria, 
não modifica e nem extingue direitos. Há somente controle de legalidade pelo Poder 
Judiciário. Ele é uma medida prévia ao ajuizamento da Ação Civil Pública, prevista 
na Lei nº 7.347, de 1985, mas não é obrigatório, pois esta ação pode ser instaurada 
independentemente dele. 
 
14.1.1 – Fases 
a) Instauração 
 
 32
Ele é instaurado por portaria a amparar requerimento ou 
por despacho ministerial a amparar representação, sob pena de mera irregularidade. 
Nesse sentido o Ministério Público pode instaurá-lo a pedido, o que não afasta o 
procedimento de ofício. 
b) Instrução 
A partir da instauração do inquérito civil pode haver a sua 
publicidade, os atos executórios podem ser praticados e a decadência do direito de 
reclamação do consumidor fica obstaculizada (art. 26 do Código de Defesa do 
Consumidor). Ele deve ser encerrado, embora a legislação seja silente sobre o 
prazo. Depois de instaurado, o crime de falso testemunho pode ficar caracterizado, 
conforme entendimento majoritário. 
A instrução do inquérito civil é a produção de todas as 
provas em direito admitidas pela notificação para oitiva de testemunhas ou pela 
requisição de documentos, sob pena de caracterizar crime de desobediência. 
Entende-se majoritariamente que o Ministério Público não pode quebrar o sigilo 
bancário, exceto no caso de investigação de dano ao patrimônio público, mas pode 
quebrar o sigilo fiscal. 
 
c) Conclusão 
No curso do inquérito civil pode ser formalizado o 
Compromisso de Ajustamento e Conduta entre o Ministério Público e o investigado 
com o por escopo de adequar a conduta lesiva às normas pertinentes, uma vez que 
o agente a reconhece e compromete-se a adaptá-la à lei. Este compromisso 
depende de homologação do Conselho Superior do Ministério Público, caso em que 
o inquérito civil é arquivado. 
O encerramento do inquérito civil é formalizado por 
relatório final concluindo pelo seu arquivamento ou pela propositura da Ação Civil 
Pública. 
O Ministério Público ordena o arquivamento do inquérito 
civil nos casos de cumprimento do Compromisso de Ajustamento e Conduta e de 
inexistência de justa causa para propositura da Ação Civil Pública. Esta providência 
depende de homologação do Conselho Superior do Ministério Público, que pode 
 
 33
converter o julgamento em diligência ou ordenar a propositura da Ação Civil Pública. 
Prazo de remessa 03 dias. 
 
 
14.2 – Termo de ajustamento de conduta11 
 
a) Introdução 
 
O §4º do art. 5º da LACP foi introduzido pelo art. 113, 
CDC, constituindo-se em importante mecanismo de efetivação do acesso a justiça. 
Legitimidade – os legitimados estão estabelecidos no art. 
5º, §6º da LACP: 
 
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a 
ação cautelar: 
I - o Ministério Público; 
II - a Defensoria Pública; 
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios; 
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade 
de economia mista; 
V - a associação que, concomitantemente: 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos 
termos da lei civil; 
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção 
ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à 
livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico. 
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos 
interessados compromisso de ajustamento de sua 
conduta às exigências legais, mediante cominações, que 
terá eficácia de título executivo extrajudicial. 
 
 
Logo, todos os entes legitimados para propor a ação civil 
pública tem legitimidade para propor o termo de ajustamento de conduta, salvo as 
associações que não são órgãos públicos. 
No Brasil, já na década de setenta, encontramos 
precedentes ao Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta previstos na 
Legislação de Controle da Poluição dos estados. Um bom exemplo é o art. 96 do 
 
11 Elaborado por: Antonio Fernando Pinheiro Pedro. Disponível em: http://www.pinheiropedro.com.br/ 
biblioteca/artigos_publicacoes. Acesso em 25/07/2010. 
 
 34
Regulamento da Lei º da lei nº 997, de 31 de maio de 1976, que permitia à 
autoridade conceder prazos para adequação da fonte poluidora à legislação. 
A figura do Termo de Compromisso de Ajustamento de 
Conduta como é hoje definida, foi inicialmente prevista no Estatuto da Criança e do 
Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1989, o qual reza, que: “os órgãos 
públicos legitimados poderão tomar dos interessados, compromisso de ajustamento 
de sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo 
extrajudicial” (art. 211). 
A seguir, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 
8.078, de 11.09.1990), alterou a Lei da Ação Civil Pública, ao admitir que, em defesa 
de quaisquer interesses metaindividuais, e não apenas dos consumidores, os órgãos 
públicos legitimados à Ação Civil Pública possam tomar dos interessados, 
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante 
comunicações, tendo esse compromisso eficácia de título extrajudicial (art. 113, § 
6º). 
Assim, o Código de Defesa do Consumidor adicionou os 
parágrafos 4º, 5º e 6º ao art. 5º da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347, de 24 de 
julho de 1985), os quais serão adiante analisados. 
Por outro lado, a Lei de Crimes Ambientais acaba também 
por estimular a solução transacional do próprio ilícito civil, uma vez que é condição 
para a proposta de transação penal a prévia composição do dano na esfera cível, 
salvo em caso de comprovada impossibilidade, conforme se infere do art. 27da Lei 
nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Vale mencionar que a transação penal a que 
se refere o referido artigo está prevista no art. 74 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro 
de 1995. 
Ainda no âmbito penal, o Termo de Compromisso de 
Ajustamento de Conduta foi inserido pela Medida Provisória nº 1.710, que adicionou 
o art. 79-A na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), 
autorizando os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA a celebrar, com força de 
título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas 
responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de 
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais considerados 
efetiva ou potencialmente poluidores. 
 
 35
No Estado de São Paulo, a Resolução nº 05, de 07.01.97 
da Secretaria do Meio Ambiente instituiu o Compromisso de Ajustamento de 
Conduta Ambiental, com força de título executivo extrajudicial, no âmbito da SMA, 
da CETESB e da Fundação Florestal, cujo anexo possui modelo de conteúdo do 
instrumento. No dia 18.08.1998, esta mesma secretaria do Estado de São Paulo, 
regulamentou a celebração dos Termos de Compromisso previstos no art. 79-A da 
Lei de Crimes Ambientais, através da Resolução SMA 66/98. 
 
b) Definição e Objetivos 
 
Em tese, Termo de Compromisso de Ajustamento de 
Conduta é o ato jurídico pelo qual a pessoa, reconhecendo implicitamente que sua 
conduta ofende ou pode ofender interesse difuso ou coletivo, assume o 
compromisso de eliminar a ofensa ou o risco através da adequação de seu 
comportamento às exigências legais, mediante a formalização de termo com força 
de título executivo extrajudicial. 
 
c) Da atuação do Ministério Público 
 
Se o compromisso for judicial, a presença do Ministério 
Público é obrigatória, seja quando for o autor da Ação Civil Pública, seja quando 
atuar como fiscal da lei. Tudo em respeito ao disposto no art. 127 da Constituição 
Federal, onde é conferida ao Ministério Público a defesa dos interesses difusos e 
coletivos cc. Lei 7.347/85. 
Já quando o instrumento for extrajudicial, o que, 
mormente ocorre, entendemos que a presença do Ministério Público é optativa e não 
obrigatória, haja vista a autonomia do Órgão Público legitimado para celebrar o 
aludido Compromisso. 
 
d) Natureza Jurídica 
 
De início, entendiam alguns que, a natureza jurídica do 
Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta era de ato jurídico unilateral 
quanto à manifestação volitiva, na medida em que o compromitente reconhecia, 
 
 36
implicitamente, a ilegalidade da conduta e assumia o compromisso de se adequar à 
lei. Isso é válido para a grande maioria dos casos em que caracterizada está a 
infração e a possibilidade de adequação do infrator às exigências legais. 
No entanto, há casos em que a realidade não se 
enquadra na forma da lei, sendo verdadeira leviandade pretender que a matéria seja 
moldada pelo papel. Isso é fenômeno corrente em países como o Brasil onde há 
sensível disparidade tecnológica e funcional, não exercendo o Poder Público o 
devido controle sobre as atividades exercidas em seu território. 
Nesse sentido, moderna corrente utiliza o Termo de 
Compromisso como instrumento de mediação e solução de conflitos de interesses 
de natureza difusa, em especial os de caráter ambiental, compreendendo que a 
dinâmica econômica e social, muitas vezes, não é acompanhada pela estrutura 
administrativa posta pelo Poder Público, havendo demanda excedente que nem 
sempre se resolve com a aplicação fria do texto da lei. 
O Termo de Compromisso passa a ser, portanto, de 
natureza contratual e bilateral, sendo verdadeira hipocrisia considerá-lo mero 
sucedâneo do termo de confissão com efeitos civis. 
É certo que a Administração Pública não pode transigir 
com seu dever-poder, posto que só lhe é permitido agir quando expressamente 
autorizado pela lei, dentro de seus limites (princípio da reserva legal). No entanto, o 
dever de agir nos termos da lei, na busca da adequação de atividades de interesse 
econômico e social leva a autoridade a se esforçar para aplicar a lei exegeticamente, 
atendendo ao disposto no art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, visando 
atender aos fins sociais a que se destina e às exigências do bem comum. 
A intransigibilidade para com o meio ambiente, posto 
tratar-se de bem comunal, constitucionalmente tutelado, não há de ser confundida 
com a rigidez, quase cadavérica, na aplicação fria da lei, praticada por alguns 
operadores do direito, em especial determinadas correntes hoje incrustadas na 
Administração Pública. De fato, não se admite que determinados administradores, 
ou mesmo membros do Ministério Público, apeguem-se a preciosismos legais para 
nada decidir, em prejuízo do próprio meio ambiente. 
Nesse sentido, a legislação em vigor ao instituir o Termo 
de Compromisso, reconhece, expressamente, a necessidade de flexibilização na 
 
 37
aplicação de parâmetros legais quando a matéria diz respeito a interesses difusos, 
com destaque para o meio ambiente e as relações de consumo. 
 
e) Do objeto do Termo de Compromisso 
 
O objeto do Termo de Compromisso não é, como muitos 
pensam, o meio ambiente propriamente dito, mas sim o ajuste de determinada 
conduta às exigências legais, dentro de condições de modo, tempo e lugar do 
cumprimento de obrigação de mitigar os efeitos danosos causados ao meio 
ambiente. Tais condições devem ser possíveis de fato, jurídica e economicamente, 
além de lícitas, de modo a possibilitar sua mensuração econômica, e dotadas de 
liquidez, ou seja, certas quanto à sua existência e determinadas quanto ao seu 
objeto (Código Civil, art. 1.533). (2) 
 
f) O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta e a Transação 
 
O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta 
Ambiental é revestido, basicamente, do compromisso de fazer e/ou não fazer, uma 
vez que seu objetivo principal é ajustar sua conduta às exigências legais ou dirimir 
conflitos dentro dessas exigências. 
Já no caso da impossibilidade de reparação dos danos 
causados, o interessado no Termo de Compromisso buscará adotar medidas 
compensatórias, que não se confundem com mera indenização. Assim, o 
compromisso de adequação à lei supera as raias da confissão de dívida, mesmo 
que contenha cláusula de indenização. 
O Termo de Compromisso, por outro lado, não se 
confunde com Transação, na acepção civil deste instituto. Segundo dispõe o Código 
Civil, é lícito aos interessados prevenirem, ou terminarem o litígio mediante 
concessões mútuas (art. 1.025), sendo que somente quanto a direitos patrimoniais 
de caráter privado se permite a transação (art. 1.035). 
Verifica-se, portanto, ser necessária a presença do litígio 
na transação, sendo que as concessões nela previstas são recíprocas, com vistas à 
sua extinção. O Termo de Compromisso, por outro lado, versa sobre interesse 
difuso, indivisível, e quando de natureza ambiental, relacionado à bem de uso 
 
 38
comum do povo (art. 225, Constituição Federal), sendo, portanto, direito 
indisponível, defeso sobre ele transigir. 
Como muito bem salientado pelo Ilustre jurista Dr. José 
Rubens Morato Leite, “trata-se, na verdade, de um instrumento de tutela de 
interesses metaindividuais preventivo e inibitório, em concepção diversa dos 
institutos do direito civil existentes e objetivando regular uma ordem social e jurídica 
diferenciada”. (4) 
 
g) Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado antes de proposta a 
Ação Civil Pública 
Quando o Termo de Compromisso de Ajustamento de 
Conduta for firmado anteriormente à Ação Civil Pública, desaparece o interessede 
agir das partes compromissadas, necessário à propositura da referida ação. 
Se o Termo de Compromisso for formalizado no curso de 
Inquérito Civil -procedimento judicialiforme presidido pelo Ministério Público, não 
haverá mais ensejo para ajuizamento da Ação Civil Pública, quer para o Ministério 
Público, quer para qualquer outro legitimado, a menos que o autor da Ação 
comprove cabalmente a existência de resíduo jurídico-material não abrangido ou 
atingido pelo Termo. Assim, desde que o compromisso abranja todos os pontos 
objetivados no inquérito, o Ministério Público promoverá o arquivamento dos autos, 
ato a ser revisto pelo Conselho Superior do Ministério Público. (5) 
 
h) Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado no curso de 
Ação Civil Pública 
O TAC efetuado no bojo do processo, para ter validade, 
depende de homologação judicial, portanto, não é mais um Termo de Compromisso 
nos moldes do estabelecido pelo art. 5º da Lei da Ação Civil Pública, uma vez que se 
trata de título executivo judicial. 
Não se trata também de reconhecimento da procedência 
do pedido, posto que possível, no bojo do ajuste, a adoção de medidas não só 
reparatórias, como mitigadoras e compensatórias, instrumentos reconhecidos pela 
Política Nacional do Meio Ambiente e aplicáveis exegeticamente à Ação Civil 
Pública, no atendimento das demandas caracterizadoras da tutela dos interesses 
difusos: autonomia e qualidade de vida. 
 
 39
Assim, Termo de Compromisso não significa 
reconhecimento da procedência do pedido, posto ser efetuado no interesse da 
adequação da atividade questionada no processo aos parâmetros de 
compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação 
ambiental, visando à preservação e restauração de recursos ambientais, com vistas 
a sua utilização racional e disponibilidade permanente (incisos I e VI, do art. 4º, da 
Lei 6.938/81). 
Desta forma, se o réu da Ação Civil Pública firmar Termo 
de Ajustamento de Conduta perante o órgão jurisdicional, sobrevindo sua 
homologação judicial, o processo será extinto com julgamento do mérito, com base 
no disposto no art. 269, III, do Código de Processo Civil. O Termo de Compromisso 
constitui-se, portanto, em transação, cujo objeto, saliente-se, não é o meio ambiente 
propriamente dito, e sim as condições de modo, tempo e lugar de cumprimento das 
obrigações de recuperar o meio ambiente. 
O Termo de Compromisso, a teor do art. 5º da Lei da 
Ação Civil Pública, não carece de homologação judicial para que surta efeitos, no 
entanto, ressalte-se mais uma vez, firmado em juízo, a sentença que o homologar 
constituirá título executivo judicial. 
Existe, no entanto, uma outra situação em que o 
compromisso é firmado no curso de Ação Civil Pública, porém fora do processo, 
perante o autor da ação ou o Ministério Público (caso seja este apenas 
interveniente). Neste caso, abrangendo o Termo de Compromisso todo o objeto da 
ação, esta perde seu objeto. 
Da mesma forma, ocorrendo Termo de Compromisso 
perante o órgão fiscalizador competente para atuar na tutela do objeto em causa, e 
não sendo este o autor da ação, pode ocorrer a perda do interesse de agir pelo autor 
do pedido, principalmente se este for associação civil ou órgão não diretamente 
responsável pela tutela do bem em testilha. Sendo assim, deve o juiz decretar o 
processo extinto sem julgamento do mérito, na forma do que dispõe o art. 267, VI, 
do Código de Processo Civil, inteiramente aplicável à espécie. 
 
i) Do prazo do compromisso 
 
 
 40
A determinação do prazo conferido ao compromitente 
para adequar seu empreendimento às normas ambientais é condição “sine qua non” 
para a validade do Termo de Compromisso. O estabelecimento de cronograma da 
execução também é bastante recomendável, na medida em que facilita 
sobremaneira a fiscalização do cumprimento das obrigações por parte do Órgão 
Público. 
A Medida Provisória que inseriu o art. 79-A à Lei de 
Crimes Ambientais, reza que o prazo de adequação às normas estabelecido no 
Termo de Compromisso não poderá ser superior a três anos, sendo prorrogável por 
mais três, caso necessário. Entendemos, aliás, que o limite legal imposto pela MP 
fere o princípio da proporcionalidade, pois o prazo estabelecido, atinente somente 
aos casos ali elencados (atividades anteriores à edição da Lei 9.605/98) pode ser 
suficiente em muitas hipóteses mas ínfimo para outras. 
 
j) Da execução Termo de Compromisso 
 
O Termo de Compromisso, como reza o § 6o. do art. 5o. 
da Lei 7.347/85, forma título executivo extra-judicial, e o nele contido gera presunção 
iuris tantum. Isso significa que o título executivo que o representa pode ser 
imediatamente objeto de ação de execução no caso de descumprimento por parte 
do compromitente das obrigações que nele assumiu. 
Tratando o Compromisso de obrigação de fazer, incidirão 
as normas dos arts. 632 a 641 do Código de Processo Civil. Assim, proposta a 
execução, o juiz fixará prazo para que a obrigação seja cumprida; não o fazendo, 
pode o Órgão Público compromissário requerer ao juiz que a obrigação seja 
cumprida por terceiro à custa do devedor, em consonância ao dispositivo legal 
supramencionado, independente da multa fixada. 
Se o Compromisso for de obrigação de não fazer, 
incidirão as normas dos arts. 642 e 643 do Código de Processo Civil. 
 
k) Do aditamento, retificação ou rescisão do compromisso 
 
O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta 
pode ser retificado, aditado ou mesmo rescindido como os atos jurídicos em geral, 
 
 41
ou seja, de maneira voluntária, pelo mesmo procedimento pelo qual foi feito, sendo 
tais atos justificados técnica e legalmente. 
Admite-se, da mesma forma, rescisão contenciosa, por 
meio de ação anulatória. 
 
XV – DA AÇAO CIVIL PÚBLICA12 
15.1 – Conceito 
 
É instrumento processual destinado à proteção de 
interesses difusos da sociedade e, excepcionalmente, para a proteção de interesses 
coletivos e/ou individuais homogêneos. 
 Não serve, pois, para amparar direitos meramente 
individuais (há exceções, como as previsões do ECA). 
 Trata-se de instrumento criado com a finalidade de 
efetivar a responsabilização por danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
 A CF/88 alargou o alcance desse instrumento, 
estendendo-o à proteção do patrimônio público em geral, conferindo-lhe âmbito 
análogo ao da ação popular. Tornou, ainda, exemplificativa, uma enumeração que 
era taxativa, ao referir-se a “outros interesses difusos e coletivos”. 
 
15.2 – Legislação aplicável 
 
Na CF: aparece referida entre as atribuições do MP (art. 
129, inc. III). 
 Legislação reguladora: lei 7.347/85 
 Também há previsão do uso da ACP em outras 
legislações específicas: 
 
9 Lei 7.853/89 – dispõe sobre o paio às pessoas portadoras de deficiência. 
9 Lei 7.913/89 – dispõe sobre a ACP de responsabilidade por danos causados aos 
investidores no mercado de valores imobiliários 
 
12 Elaborado por Raul de Mello Franco Jr. Disponível em: http://www.raul.pro.br/didatic/acp.htm. 
Acesso em 25/07/2010. 
 
 42
9 Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente 
9 Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor 
 
15.3 – Interesses difusos, coletivos e individuais homogênios 
 
A partir de 1.974, os trabalhos de Mauro Cappelletti 
provocaram uma crítica à tradicional consideração dos interesses apenas como 
públicos (o indivíduo em relação ao Estado) e privados (os indivíduos inter-
relacionando-se). Demonstrou-se a existência de uma categoria

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