higiênicas prejudiquem a preparação e/ou consumo de alimentos; e) É necessária a recuperação rápida e o indivíduo apresenta anorexia pós-esforço (falta de apetite após o treino); 83 f) Há necessidade de obtenção de nutrientes por parte de indivíduos submetidos a períodos de restrição calórica, evitando, assim, o surgimento de carências nutricionais. 9.3 EFICÁCIA E SEGURANÇA DOS SUPLEMENTOS: Várias questões, como as listadas abaixo, dificultam uma análise mais detalhada a respeito da eficácia pretendida pelos “suplementos”: a) Grande quantidade de novos produtos lançados no mercado; b) Falta de controle sobre a propaganda; c) Desconhecimento científico do público em geral; d) As pesquisas utilizando os “suplementos” são conduzidas pelos próprios fabricantes e publicadas em seu próprio jornal, aumentando o risco de manipulação do estudo, em favor do fabricante; e) Os resultados das pesquisas foram obtidos em outro contexto, e não aquele em que se propõe utilizar o “suplemento”; f) A eficácia do suplemento normalmente é confirmada por depoimentos pagos de estrelas do esporte ou técnicos famosos. Entretanto, vale lembrar que um fator determinante na questão da eficácia dos “suplementos” esportivos é a pesquisa científica de alto nível, pois neste tipo de pesquisa, diferentes fatores devem ser controlados a fim de garantir a idoneidade dos resultados obtidos. E por questões de ordem ética, a maioria das pesquisas é realizada em animais, e nem sempre os resultados são aplicáveis a seres humanos. 84 E quanto à segurança na utilização dos “suplementos”? Os “suplementos” não serão seguros se: Qualquer um de seus ingredientes apresentarem risco de provocar lesões ou doença, sob suas condições padrão de uso; Qualquer um de seus ingredientes apresentarem risco de provocar lesões ou doença, no que se refere ao uso esporádico, quando nada a respeito está indicado no rótulo; Produto contém algum novo ingrediente para o qual não há informação suficiente, garantindo que é seguro; Os órgãos reguladores do governo (ex.: ANVISA) decidem que o produto representa um risco para a saúde pública. Classificação dos Recursos Ergogênicos: Os “suplementos” ou recursos ergogênicos classificam-se em cinco categorias de “ajuda”: Nutricional - servem principalmente para aumentar o tecido muscular, a oferta de energia para o músculo e a taxa de produção de energia no músculo; Farmacológica; Fisiológica; Psicológica; Biomecânica e mecânica. Estudaremos os recursos ergogênicos nutricionais e mais adiante falaremos um pouco dos recursos farmacológicos. 85 9.4 SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS BCAA (Aminoácidos de Cadeia Ramificada ou Branched Chain AAs) São eles: Leucina, Isoleucina, Valina - aas essenciais. Fontes alimentares - alimentos proteicos de origem animal. A absorção ocorre no intestino delgado, por transporte ativo sódio-dependente. Os BCAA são transportados até o fígado, pela circulação portal. No fígado são utilizados como substrato para síntese proteica. Constituem uma importante fonte energética para o musculoesquelético, durante períodos de estresse metabólico - promovem síntese proteica, evitam catabolismo e servem de substrato para a gliconeogênese. São catabolizados no musculoesquelético, onde estimulam produção de glutamina e alanina. Seus principais efeitos ergogênicos são: Auxiliam na hipertrofia muscular; Possuem ação anticatabólica; Retardam a fadiga central; Melhoram a performance - estudos não são conclusivos; Poupam os estoques de glicogênio muscular; Aumentam os níveis plasmáticos de glutamina, após exercício intenso, podendo fortalecer o sistema imunológico. Observações: 86 Doses estudadas: 77 a 100mg/Kg; Apresentação: cápsulas, comprimidos e pó; Efeitos adversos: doses > 20g/dia - transtornos GI (diarreia, e comprometimento da absorção de outros AAs); Seu uso é considerado ético. 87 Creatina: Acredita-se que a suplementação com creatina aumenta a força e a velocidade em esportes nos quais a fonte predominante de energia é proveniente do sistema energético - ATP- CP. Parte da creatina pode ser obtida pela alimentação, mas dificilmente consegue-se uma ingestão maior que 3-4g/dia. Dose de carga recomendada - 20 a 30g/dia de creatina mono-hidratada. As doses são fracionadas em 4-6 doses de 5g, pois doses maiores podem ocasionar náuseas, diarreia e fadiga. Alguns autores acreditam que a dose de carga é necessária por apenas cinco a sete dias, para elevar ao máximo os estoques de creatina nos músculos - depois de completos os estoques, o excedente é excretado na urina. Dose de manutenção - 2 a 5g/dia Hultman recomenda dose de carga de 0,3g/kg durante cinco dias + seguidos de 0,03g/kg/dia (manutenção) por 28 dias. Após os 28 dias, faz-se uma parada de três meses, antes de iniciar nova dose de carga. Estudos demonstram que a combinação de creatina com CHO simples (glicose), ocorre aumento no armazenamento de creatina no músculo em até 60% quando comparado ao uso de creatina isolada. Para cada 5g de creatina, são associados 35 a 90g de CHO. A cafeína parece exercer efeito contrário ao do CHO, no armazenamento de creatina no músculo. Efeitos Ergogênicos: Aumento da massa corporal magra; Aumento da força; Recuperação entre esforços repetidos de alta intensidade. Obs.: Especula-se que em esportes que requerem sucessivos movimentos de alta intensidade e curta duração (futebol, basquete, hóquei, tênis), a suplementação de creatina pode 88 exercer um efeito ergogênico, caso a disponibilidade de creatina fosfato nos músculos esteja limitada. Há controvérsias de a creatina promove somente ganho de massa muscular ou se o aumento da massa também se deva à retenção hídrica. Apresentação: líquida, comprimido, pó. Efeitos Adversos: Aumento da massa corporal total; Diarreia; Possível estresse renal e danos ao fígado; Retenção de líquidos pode promover alteração no perfil eletrolítico - desidratação e/ou alterações na temperatura corporal; Maior incidência de lesões musculares após a suplementação, mas ainda faltam dados científicos para confirmar a teoria. Obs.: até hoje não aparece na lista de substâncias banidas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), possivelmente pela dificuldade de se detectar o que é ingerido pela alimentação e a suplementação, mas sua comercialização foi proibida pela ANVISA. 89 L-Carnitina (ác. Butirico β-hidroxi-γ-trimetil-amina): Muito utilizado para reduzir o percentual de gordura corporal, com o mínimo de esforços e sem restrições alimentares. No passado era considerado um aminoácido, por ser sintetizada nos rins e no cérebro a partir da lisina e da metionina. Atualmente é considerada uma substância vitamin-like, pois apresenta estrutura química semelhante à das vitaminas do complexo B. São necessárias 30g de PTN para a síntese de 1g de carnitina. Cerca de 10 a 25% das necessidades diárias são supridas pela síntese orgânica, sendo o restante fornecido pela alimentação (carnes e produtos de origem animal). Indivíduos onívoros apresentam ingestão de 50 mg carnitina/dia, o que não ocorre com os veganos e indivíduos em dietas de restrição calórica. Alguns autores recomendam ingestão de 150 a 250mg/dia para suprir as demandas. Outros recomendam 250 a 500mg/dia. Depois de ingerida, a carnitina é absorvida pelo intestino delgado, por processo ativo sódio dependente e também por transporte passivo. Fontes alimentares: Carneiro - 210 mg/Kg; Cordeiro - 80 mg/Kg; Boi - 60 mg/Kg/; Porco - 60 mg/kg; Coelho - 20 mg/Kg; Frango - 7,5mg/Kg. 90 Efeitos Ergogênicos: Aumento da oxidação de ácidos graxos;