está relacionada à depleção dos estoques de glicogênio muscular. Assim, nos momentos finais do exercício de longa duração, os BCAA contribuem com cerca de 5 a 15% da energia total do exercício. Os BCAA também contribuem para a manutenção da glicemia - produção de glutamina e alanina - conversão em glicose no fígado. A oxidação dos BCAA plasmáticos favorece a entrada de triptofano no cérebro e consequentemente, aumenta a produção de serotonina - possivelmente relacionada à sensação de cansaço e redução da potência muscular - hipótese da fadiga central. A suplementação de BCAA tem sido sugerida como forma de evitar/diminuir os efeitos negativos da fadiga central. Atualmente existem três manobras nutricionais propostas para evitar a fadiga central: - A suplementação de CHO durante o exercício reduz a utilização dos BCAA como fonte energética; 125 - Suplementação com BCAA, o que mantém estável sua concentração; - Ingestão de uma mistura balanceada de CHO e BCAA. Doses recomendadas: 6 a 20g de BCAA ou 60-310mg/Kg/peso (doses maiores podem afetar negativamente a performance do exercício - reduz absorção de água, provoca distúrbios GI e aumenta a produção de amônia). Acredita-se que a suplementação com BCAA previna a depleção dos níveis de glutamina, atuando indiretamente como efeito protetor/preventivo no aparecimento de infecções, principalmente do trato respiratório superior - questão ainda em estudo. c) LIP e Exercícios de Endurance: - Recomendação - 25% LIP. O consumo de TCM (ácidos graxos com 6 a 12 carbonos) pode exercer efeito poupador dos CHO, pois sofrem ação da lipase no duodeno, liberando glicerol e ácidos graxos de cadeia média. Os ácidos graxos de cadeia média apresentam absorção mais rápida; pois seguem “direto” para o fígado sem a necessidade de entrar na circulação linfática, como os ácidos graxos de cadeia longa. Entretanto, a suplementação com TCM ainda necessita de estudos - doses acima de 90g podem causar distúrbios GI. Durante os anos 70 vários estudos utilizaram dietas hiperlipídicas associadas à ativação da lipase lipoproteica (administração de heparina - considerada doping) ou 126 administração de heparina + infusão intravenosa de Intralip (85% de ácidos graxos de cadeia longa) - técnicas invasivas, realizadas em laboratório. Dietas hiperlipídicas - vêm sendo testadas, porém a evidências sugerem que o consumo de CHO ainda é a estratégia mais efetiva para promover o atraso no surgimento de fadiga durante exercícios prolongados. d) Água e Endurance: O objetivo desta recomendação é iniciar a atividade em estado de hiper-hidratação (ingestão de água pura, bebidas esportivas e ingestão de glicerol - 1g/Kg + 1,5l água – cautela). O ideal é que o indivíduo tenha ingerido quantidades suficientes de água nas 24h anteriores. Recomenda-se: Ingestão de 500 ml de água ou bebidas esportivas (4-8% de CHO); 2h antes do exercício; Ingestão de 400-600 ml, 5-10 min antes de iniciar o exercício; Ingestão de 150-250 ml a cada 15-20 min.; Evitar água pura quando o exercício durar mais de 30 min. Obs.: as bebidas contendo sódio são muito importantes em atividades de ultraendurance prolongadas - triatlo, ultramaratona - prevenção de hiponatremia (redução da concentração de sódio no plasma). Observações: Refrigerantes são contraindicados - causam mal-estar, cãibras abdominais, náusea e diarreia - 10-12% de CHO - esvaziamento gástrico lento; 127 Sucos de fruta - concentração de CHO é o dobro das bebidas esportivas e a concentração de sódio é menor; Evitar também leite e bebidas alcóolicas. Sinais de desidratação: Perda de energia/performance; Cãibras; Dor de cabeça leve / pele úmida e fria; Náuseas / dores de cabeça mais fortes; Pele seca / temperatura corporal elevada; Confusão mental / inconsciência; Urina em pequena quantidade e muito concentrada. Obs.: uma das maneiras mais simples de se prevenir a desidratação é observar constantemente a própria urina. 128 13 ATLETISMO Sua história remonta desde a pré-história, passando por vários povos da Antiguidade, como chineses, hindus, japoneses, egípcios, assírios, caldeus, medos, persas, fenícios, até chegar aos gregos e romanos, esses dois últimos associando também hábitos de higiene, práticas alimentares, noções terapêuticas, pedagógicas e morais.Os gregos foram os criadores dos jogos olímpicos, celebrados a cada quatro anos, sendo o atletismo o ponto de atração dos jogos.A nutrição aplicada ao atletismo tem papel importante para se atingir resultados, pois o atletismo é um esporte que envolve várias provas de características diferentes, de acordo com a duração e com a intensidade, que exigem a motivação de sistemas energéticos diferentes. As provas de potência explosiva (parte da corrida dos 100m rasos, arremessos, lançamentos e saltos de impulsão, vertical ou horizontal). Contam quase exclusivamente com a energia “imediata” gerada pelo desdobramento dos fosfatos intracelulares (ATP, ADP, creatina fosfato), que serão utilizados para a ressíntese de ATP - treinamento deve ser orientado de modo a aperfeiçoar este sistema energético. 129 Uma vez que o exercício máximo progride até 60s, a maior parte da energia é gerada pelas vias anaeróbicas - via glicolítica anaeróbia com formação de ácido lático. Na medida em que a intensidade do exercício diminui, e a duração se prolonga por mais de 2 min., a dependência em relação à energia proveniente das reservas de fosfato e da glicólise anaeróbia diminui, enquanto a produção aeróbia de ATP passa ser cada vez mais importante. Esse processo se inicia em provas com duração igual ou maior a 3 min., que vão de 1500m à maratona - degradação de glicogênio, LIP ou PTN a CO2 e água. Os CHO são a principal fonte de energia para a ressíntese de ATP durante o estágio inicial (primeiros 2 min.) do treino ou competição, sendo o principal substrato em corridas de 200 até 800m. À medida que o evento continua, dependendo da intensidade, serão consumidos ácidos graxos junto com os CHO para satisfazer as necessidades energéticas. Durante treinamentos ou provas longas, como a maratona, a contribuição das PTNs corresponde a uma pequena % (menos de 10%) do substrato utilizado para energia. a) CHO: 55 a 70% do VET ou até 10g de CHO/Kg/dia; Supercompensação de CHO - testar o procedimento em treinos que simulem a competição. - CHO antes da atividade: Alimentos de baixo índice glicêmico são mais favoráveis ao desempenho – estimulam a síntese de glicogênio hepático e muscular, devendo ser ingeridos 1-2h antes da prova ou treinos para evitar hipoglicemia. - CHO durante a atividade: 130 Podem ser consumidas bebidas esportivas contendo CHO ou CHO em gel, durante treinos e competições com duração maior que 90 min - testar sempre em treinamentos. 120-150 ml de bebida com 6 a 8 % de concentração de CHO mistos, a cada 15-20 min. de evento e de 1 sachê a cada 30 min - nas provas e treinos de rua, alguns atletas preferem consumir apenas gel e água, pela dificuldade de carregar a bebida hidreletrolítica. Atletas de velocidade, saltos, arremessos e lançamentos, só consomem bebidas esportivas durante treinos, se esses durarem mais de 90 min. - CHO depois da atividade: Nas primeiras 2 horas após o exercício a síntese de glicogênio alcança sua maior velocidade. O consumo de 600g de CHO durante 24h após o evento resulta em níveis normalizados de glicogênio. O fornecimento de 0,7g de glicose/Kg a cada 2h por até 6h após o exercício exaustivo, maximizará a ressíntese de glicogênio. Consumir CHO de alto índice glicêmico - bebidas energéticas específicas (ou até mesmo guaraná natural, pelo baixo custo, bananadas,