com ela praticar ato libidinoso; II - pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. Embora o artigo mencione qualquer meio de comunicação, o tipo penal volta-se, primordialmente, ao agente que se comunica pela internet com crianças (sites, mensagens eletrônicas, e-mail, redes sociais, salas de bate-papo), buscando atraí-las para relacionamento de cunho sexual. Não se exige o efetivo envolvimento sexual (o que configura o estupro de vulnerável - art. 217-A do CP). O adolescente não está incluído no dispositivo legal. Corrupção de menores Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. Alexandre Salim 116 § 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1 0 da Lei 8072, de 25 de julho de 1990. Corromper: perverter, estragar. Facilitar a corrupção: tornar mais fácil a perversão. Tipo misto alternativo. Inserção no mundo do crime: prática conjunta de infração penal ou indução à prática da infração penal (em que o menor atua por conta própria). Súmula 500 do STJ: A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. Não se pune a forma culposa. A tentativa é admissível, embora seja de difícil verificação. Alexandre Salim 117 CAPÍTULO 13 — LEI 13.260/16 – TERRORISMO Art. 1º Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 50 da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista. 1. MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO São matérias elencadas pela CF e em relação às quais é obrigatória a atuação do legislador ordinário. Necessidade premente de proteção a determinados bens jurídicos, muito valiosos ao convívio social pacífico. Necessidade de observância ao princípio da proporcionalidade como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente. O Constituinte elegeu a proteção antiterrorista como primordial. O legislador ordinário obrigatoriamente deveria atuar disciplinando, conceituando e tipificando condutas. O último mandado de criminalização a ser concretizado pelo legislador ordinário foi atinente ao crime de terrorismo, com a entrada em vigor da Lei 13.260/16 (Lei Antiterrorismo). 2. RAZÕES Dificuldade em se conceituar terrorismo, pela complexidade do fenômeno e inexistência de registros inequívocos de atentados terroristas no Brasil até o momento. A lei foi editada na iminência dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016. Terrorismo é crime equiparado a hediondo. O tratamento dispensado é idêntico. Porém, em relação aos demais crimes hediondos, a lei ordinária poderá definir e indicar quais são. Quanto aos equiparados a hediondos, o constituinte não deixou qualquer margem ao legislador ordinário. A própria CF já impõe tratamento mais severo à tortura, ao tráfico de drogas e ao terrorismo ("três Ts"). Quais crimes da Lei 13.260/16 podem ser rotulados como terrorismo e, portanto, serem equiparados a hediondos? Há duas correntes: Ampliativa: todos os crimes (arts. 2º, 3º, 5º e 6º). A expressão terrorismo está impregnada em todos esses dispositivos. Imperativo de tutela derivado do mandado de criminalização. Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública. § 1º São atos de terrorismo: I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa; II – (VETADO); Alexandre Salim 118 III - (VETADO); IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento; V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa: Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência. § 2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei. Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista: Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa. Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito: Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade. § 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo: I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade. § 2º Nas hipóteses do § 1o, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado, diminuída de metade a dois terços. Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos nesta Lei: Pena - reclusão, de quinze a trinta anos. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou Alexandre Salim 119 parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes previstos nesta Restritiva: somente o crime constante do art. 2º da Lei 13.260/16.