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Metodologia Científica3

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25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 1/26
METODOLOGIA CIENTÍFICA
CAPÍTULO 3 - É NECESSÁRIO
SUBMETER TODA PESQUISA À
TÉCNICAS E NORMAS?
Ana Celeste da Cruz David
INICIAR
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 2/26
Introdução
Quando pensamos no conhecimento científico, questionamentos de toda ordem
podem surgir. Já quando o tema é pesquisa, as dúvidas são recorrentes: será que
toda pesquisa produz conhecimento científico? O que torna uma pesquisa um
trabalho de natureza científica? Qual é o papel da divulgação científica para a
contribuição do conhecimento?
A história social do conhecimento revela que existem diferentes tipos de
conhecimento: implícito, explícito, puro, aplicado, concreto, abstrato, local, mítico
e religioso. O conhecimento científico, assim, é uma forma de conhecimento. Ele
tem se transformado em decorrência de condicionantes históricos e sociais. Dessa
forma, o que é considerado um conhecimento validado varia conforme lugar e
época.
Essa história social do conhecimento acompanha diferentes movimentos e
concepções teóricas e filosóficas explicativas de como se processa o próprio
conhecimento. Podemos citar como exemplos o positivismo, a fenomenologia, o
estruturalismo e a dialética. Nesse contexto, é possível articular aos estudos do
conhecimento a história da ciência e do conhecimento científico.
Em cada uma das correntes filosóficas contemporâneas é possível encontrar seu
correspondente argumento explicativo e orientador dos pressupostos científicos a
respeito dos fenômenos da natureza, principalmente no que diz respeito aos
fenômenos sociais e à validade de suas aplicações e generalizações. Estas, por sua
vez, será que dizem respeito apenas aos pressupostos epistemológicos?
Os diferentes movimentos e concepções teóricas e filosóficas explicativas de como
se processa o conhecimento também orientam pressupostos metodológicos
diferenciados na pesquisa científica, que, a seu modo, orientam procedimentos e
técnicas de pesquisa.
Dessa forma, ao longo deste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer
diferentes procedimentos e técnicas de pesquisa e as particularidades da pesquisa
qualitativa, bem como refletir sobre a importância das normas de apresentação de
trabalhos acadêmicos. Você verá, também, normas e técnicas exigidas na
elaboração de referências e citações de trabalhos acadêmicos. Assim, poderá
conhecer os principais gêneros textuais científicos e a composição dos elementos
pré-textuais e pós-textuais desses gêneros.
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 3/26
Vamos aos estudos!
3.1 Procedimentos e técnicas de
pesquisa
Em ciências, encontramos estudiosos e pesquisadores interessados no campo da
metodologia de pesquisa como campo específico de conhecimento. Os estudos
produzidos no campo da metodologia científica a compreendem como uma
disciplina de natureza instrumental para o cientista que visa à discussão
problematizadora do problema de pesquisa, mediante o uso de métodos e
técnicas. Os estudos distinguem, então, métodos de abordagem e métodos de
procedimentos.
Consideradas as bases lógicas da investigação científica, Gil (2011) identifica os
métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
Lakatos e Marconi (2017) classificam os métodos por sua inspiração filosófica e
elevado grau de abstração. Além disso, apresentam como métodos de abordagem:
método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo e método
dialético.
A classificação distintiva se refere aos denominados métodos de procedimentos
vistos por Lakatos e Marconi (2017, p. 106) como “[...] etapas mais concretas da
investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos
fenômenos e menos abstratas”. Para essas autoras, os métodos de procedimentos
podem ser considerados históricos, comparativos, monográficos, estatísticos,
tipológicos e estruturalistas. 
Eva Maria Lakatos era brasileira, filha de Imre Lakatos, renomado cientista húngaro e teórico da
Filosofia da Matemática. Pós-Graduada em Ciências Sociais, Doutora em Filosofia, docente da Escola
de Sociologia e Política de São Paulo, Lakatos é uma renomada autora na área de Metodologia
Científica, com reconhecida contribuição de conhecimento nesse campo de saber.
VOCÊ O CONHECE?
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 4/26
Nas palavras de Gil (2011), os métodos de procedimento podem ser entendidos
como comparativos, monográficos, estatísticos, clínicos, experimentais e
observacionais. O consenso entre os estudiosos da metodologia científica é que,
em geral, a combinação de dois ou mais métodos se faz necessária no
direcionamento da investigação científica.
E você, sabe o que caracteriza cada um desses procedimentos de pesquisa?
O método comparativo, de consolidada utilização nas ciências sociais, permite o
estudo comparativo de comunidades, grupos sociais, sociedades e povos em
diferentes espaço e tempo, com o intuito de investigar divergências e
similaridades. O método comparativo pode ser empregado em pesquisa
qualitativa e quantitativa, bem como em pesquisas descritivas e exploratórias.
Segundo Gil (2011, p. 17), “[...] podem ser realizados estudos comparando
diferentes culturas ou sistemas políticos [...] pesquisas envolvendo padrões de
comportamento familiar ou religioso de épocas diferentes”.
O método experimental é usado com propriedade nas ciências naturais e visto
com reservas nas ciências sociais. Ele se caracteriza pelo estudo do objeto em
determinadas condições, controladas por meio de variáveis, visando observar
alterações produzidas no objeto.
O método monográfico, por sua vez, caracteriza-se pelo estudo em profundidade
de indivíduos, profissões, categorias de trabalhadores, condições (juventude,
infância e dependentes químicos), instituições, grupos ou comunidades; com a
intenção de formular generalizações representativas de outros casos ou, até
mesmo, de todos os casos semelhantes.
Em “Educar pela Pesquisa”, Pedro Demo destaca a relevância da pesquisa para a formação do
estudante nas educações básica e superior. Ele considera o ensino uma fonte de inspiração pela
curiosidade em conhecer, saber, questionar o estabelecido com qualidade formal e política. Você pode
VOCÊ QUER LER?
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 5/26
ler o livro em: <https://www.scribd.com/document/325046958/DEMO-Pedro-Educar-pela-Pesquisa-pdf
(https://www.scribd.com/document/325046958/DEMO-Pedro-Educar-pela-Pesquisa-pdf)>.
Em contrapartida, o método estatístico é característico do uso de processos
estatísticos para a comprovação da relação dos fenômenos entre si, com a
finalidade de obter generalizações quanto a natureza, frequência ou significado.
Para Lakatos e Marconi (2017, p. 108), “[...] a estatística pode ser considerada mais
do que apenas um meio de descrição racional; é também um método de
experimentação e prova, pois é método de análise”. Sua aplicação, portanto, é útil
em pesquisas de abordagem quantitativa e qualitativa.
O método clínico é característico das pesquisas na área da Psicologia e
Psicanálise, uma vez que trata de casos individuais e experiências subjetivas, sem
expectativa de fazer generalizações totalizantes. Trabalhos como os de Freud, na
Psicanálise; e de Piaget, na Epistemologia Genética, são exemplos clássicos de
aplicação do método clínico.
Temos, também o método funcionalista, que, conforme Lakatos e Marconi (2017,
p. 110), concebe a sociedade, de um lado, como uma “[...] estruturacomplexa de
grupos ou indivíduos, reunidos numa trama de ações e reações sociais; de outro,
como um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas
em relação às outras”. Com base nos pressupostos do método funcionalista, o
antropólogo Malinowski (1884-1942) desenvolveu o método etnográfico,
consolidado no campo da pesquisa qualitativa. 
Desde a década de 1970, tomou impulso a prática de pesquisa qualitativa de
natureza fenomenológica, por parte de antropólogos, sociólogos e pesquisadores
na área da educação. A etnografia tem um sentido próprio: “[...] é a descrição de
um sistema de significados culturais de um determinado grupo” (LUDKE; ANDRÉ,
2013, p. 14). Alguns pressupostos sobre o comportamento humano no método
etnográfico são o contexto em que efetivamente ocorrem os atos humanos e o
quadro referencial dentro do qual os indivíduos situam suas atividades, suas
percepções e seus sentimentos.
Nas observações de Macêdo (2010, p. 33), foi, talvez, o antropólogo Malinowski o
“[...] pioneiro na utilização do conceito de contexto, concebido como o conjunto
de todos os elementos que formam uma cultura, tecido relacional e
conjuntamente”.
https://www.scribd.com/document/325046958/DEMO-Pedro-Educar-pela-Pesquisa-pdf
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Assim, a pesquisa etnográfica é de natureza fenomenológica, utilizada na
Antropologia e, posteriormente, em outras áreas, permitindo a consolidação da
pesquisa qualitativa nas ciências humanas e sociais. Vamos nos deter, agora, em
explorar um pouco mais a pesquisa científica de abordagem qualitativa. 
3.1.1 Pesquisa qualitativa
A abordagem qualitativa da pesquisa científica tem origem nas práticas
investigativas dos antropólogos. Entre as abordagens de enfoque qualitativo estão
os estudos etnográficos, o estudo de campo, a etnometodologia, a observação
participante, a entrevista qualitativa, o estudo de caso, a pesquisa participante e a
pesquisa-ação.
Ludke e André (2013, p. 11) apresentam cinco características básicas de um estudo
de abordagem qualitativa:
a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de
dados, e o pesquisador como seu principal instrumento;
há farta descrição dos dados coletados, de situações, acontecimentos, uso
de material fotográfico, desenhos, transcrições de depoimentos, conversas e
entrevistas. Todos os dados da realidade são valorizados;
o interesse com o processo é maior do que com o produto. O problema é
investigado em sua manifestação direta em atividades e interações
cotidianas;
o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção
especial pelo pesquisador. Isso exige do pesquisador redobrado cuidado
científico;
a tendência no processo de análise dos dados é seguir o método indutivo.
Para o pesquisador inexperiente, pode parecer que a pesquisa de campo é a
mesma coisa que a coleta de dados. Contudo, vale fazermos a distinção entre
esses procedimentos. A coleta de dados é uma etapa que ocorre em toda
pesquisa e são inúmeros os meios para se fazer. Dito isso, esclarecemos que a
pesquisa de campo, por outro lado, consiste na investigação de fatos e
fenômenos na forma como ocorrem. Nesse caso, como em outras modalidades, o
problema de pesquisa, os objetivos, o referencial teórico e o metodológico
procuram o aprofundamento das questões de investigação, principalmente
mediante o uso de técnicas de observação.
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De acordo com a natureza da pesquisa, as técnicas para coleta de dados, de
análise e interpretação deveram ser definidas. Na literatura, encontramos a
pesquisa de campo dividida em três modalidades de estudos, as quais podemos
entender melhor a partir do quadro a seguir.
O emprego da pesquisa de campo em suas diferentes modalidades, por parte de
pesquisadores nos campos da Sociologia, da Antropologia Cultural, da Educação e
do Serviço Social, é amplamente aceito.
A etnometodologia se configura, também, em uma pesquisa de abordagem
qualitativa, pois “[...] a importância teórica e epistemológica da etnometodologia
se deve ao fato de efetuar uma ruptura radical com modos de pensamento da
sociologia tradicional. Mais que teoria constituída, ela é uma perspectiva de
pesquisa, uma nova postura intelectual” (COULON, 1995, p. 7).
Na etnometodologia, o processo de investigação científica se ocupa dos
etnométodos, ou seja, das atividades cotidianas realizadas pelos indivíduos em
seus lugares e contextos; atividades rotineiras como decisões, comunicações e
escolhas; e atividades simples ou complexas, especializadas ou míticas. Isto é,
ocupa-se das práticas sociais realizadas pelos indivíduos ou grupos em seus
contextos de realização. A etnometodologia, então, afirma a importância dos
etnométodos “[...] para que a análise das ações não se dê independentemente das
práticas e dos contextos das atividades sociais que as produzem e as mantêm”
(MACEDO, 2010, p. 73).
Quadro 1 - Breve síntese demonstrativa das três modalidades representativas da pesquisa de campo.
Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Trabalhar com etnométodos exige de um pesquisador acolher os universos
empírico e simbólico em que os indivíduos culturalmente situados habitam,
negociam sentidos e expõem suas singularidades. Isso requer disciplina, olhar
atento e crítico na arte de observação, rigor metodológico e sólidos
conhecimentos em seu campo de trabalho.
Passemos, então, a entender um pouco sobre a pesquisa-ação, uma metodologia
de pesquisa na qual a compreensão dos etnométodos e das ações concretas
realizadas pelos membros envolvidos na pesquisa é de fundamental relevância.
A pesquisa-ação é definida por Thiollent (2000, p. 23) “[...] como um tipo de
pesquisa organizada de modo participativo, com a colaboração de pesquisadores
e membros ou grupos implicados em determinada situação ou prática social”.
Dessa forma, em colaboração, pesquisadores e indivíduos agem na identificação
dos problemas de pesquisa, na busca por soluções e na análise de possíveis ações
transformadoras.
A pesquisa-ação como metodologia das ciências sociais possui duas
características principais: a conexão entre pesquisadores e membros implicados
no contexto da pesquisa, além da ampliação do conhecimento dos pesquisadores
e dos membros implicados na pesquisa em relação à situação ou prática social
identificada como ponto de origem do problema de pesquisa.
No âmbito das pesquisas de concepção qualitativa, podemos destacar, também, a
pesquisa participante. Essa é um tipo de pesquisa considerada flexível, sendo que
permite uma adaptação a cada realidade investigada. A pesquisa participante
almeja, de forma geral, dois objetivos, um de ordem prática e outro de ordem
epistemológica. A esse respeito, Soares (2000, p. 44) esclarece a natureza desses
objetivos, que seriam de 
[...] ordem prática cuja participação da sociedade é fundamental nos processos
decisórios e de conhecimento para identificação de sistemas de valores das
comunidades, e, socialização dos resultados dessa investigação, adicionando-lhes
conhecimentos científicos pertinentes. 
Vale destacar um ponto, por vezes ruidoso, entre a pesquisa participante e a
pesquisa-ação: essas correntes de investigação de abordagem qualitativa diferem
em seus pressupostos, principalmente no papel assumido pelo pesquisador. Na
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pesquisa-ação, o pesquisador assume um papel ativo de intervenção na realidade
dos fatos observados, oque não ocorre na pesquisa participante.
Além disso, temos, ainda, o estudo de caso, que pode servir para estudos de
natureza tanto quantitativa quanto qualitativa. O estudo de caso se caracteriza
pelo foco na interpretação do contexto, concebido na perspectiva dos elementos
tecidos e cruzados das práticas cultural e social, na intenção de revelar aspectos
ainda obscuros. Nos estudos de caso são utilizadas múltiplas fontes de
informação e coleta de dados, no sentido de aprofundar a investigação e torná-la
cada vez mais completa. Esse aprofundamento, portanto, favorece o surgimento
de aspectos divergentes e conflitantes presentes no contexto investigado. 
O filme O Óleo de Lorenzo, de George Miller, é baseado em uma história real e conta o drama de uma
família em busca da cura de uma doença rara para o filho pequeno. Na medicina, à época, eram poucos
os estudos sobre essa doença. Os pais, então, resolvem estudar o caso em profundidade, pesquisando
a bibliografia disponível sobre o tema, entrevistando médicos e cientistas, bem como reunindo outras
famílias com o mesmo problema. Vale a pena assistir ao filme e entender melhor quanto ao tipo de
pesquisa realizada pela família.
Ao esclarecer sobre o estudo de caso, Ludke e André (2013, p. 21) afirmam que sua
principal característica é ser o estudo de uma instância singular, sendo “[...] o
objeto estudado tratado como único, uma representação singular da realidade
que é multidimensional e historicamente situada”.
Vistos alguns dos principais procedimentos de abordagem da pesquisa qualitativa,
passaremos a estudar, a seguir, as técnicas adotadas nesses procedimentos. 
3.1.2 Técnicas de coleta de dados: observação e entrevista
Minayo et al. (1998) destacam a entrevista e a observação participante como
formas de abordagem técnica do trabalho de abordagem qualitativa. Lakatos e
Marconi (2017), por sua vez, relacionam diferentes tipos de observação e
entrevistas.
VOCÊ QUER VER?
25/04/2020 Metodologia Científica
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A observação é o elemento básico da investigação científica, sendo considerado
ponto de partida da pesquisa social. Conforme alerta Macêdo (2004, p. 151), o
processo de observação não é um “[...] ato mecânico de registro. Apesar da
especificidade da função do pesquisador que observa, ele está inserido num
processo de interação e atribuição de sentidos”. 
Lakatos e Marconi (2017) ainda identificam diferentes tipos de entrevistas.
Na entrevista padronizada ou estruturada, temos o plano de entrevista que
estabelece o roteiro a ser seguido, quem será entrevistado, o local e a hora
previamente acertados para sua realização. O padrão do roteiro da entrevista
serve como instrumento comparativo para o pesquisador.
Quadro 2 - Variantes procedimentais da técnica de observação científica, utilizadas nas pesquisas de
abordagem qualitativa. Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Na entrevista de tipo aberta ou não-estruturada, o pesquisador conduz livremente
a entrevista de maneira informal, em um tipo de conversação ou mediante um
roteiro de perguntas abertas.
A entrevista semiestruturada, por outro lado, combina características gerais dos
tipos anteriores.
No tipo de entrevista denominada painel, as questões previamente elaboradas
são apresentadas de forma repetida às mesmas pessoas em intervalos de tempo
programados. Essa técnica oferece possibilidade de estudo comparativo.
Esses estudos, em suas variadas formas, têm como objetivo contribuir no avanço
científico e na produção do conhecimento nas áreas, mediante a difusão científica
por meio da publicação de livros, teses, dissertações, artigos científicos, promoção
de eventos e periódicos científicos. Sendo assim, para compreendermos como se
organizam as apresentações dos diferentes trabalhos acadêmicos e científicos,
vamos analisar com detalhes as normas presentes nessas elaborações na
sequência.
3.2 Normas de apresentação de
trabalhos acadêmicos 
Desde o início do trabalho, o pesquisador está ciente de que, em dado momento,
deverá comunicar aos seus pares e à comunidade científica os resultados de
pesquisa realizada. Esse é um momento singular para o pesquisador, afinal, ao
apresentar o trabalho de pesquisa, ele deverá reunir a técnica, o domínio do tema,
as reflexões e as percepções da laboriosa caminhada. Assim, nesse momento, o
conhecimento e a habilidade na aplicação das normas de apresentação de
trabalhos acadêmicos são de importância capital.
O estilo de escrita se configura uma construção pessoal, ainda que impregnada
das muitas referências presentes na experiência do autor. Com o exercício da
escrita, esse estilo vai sendo consolidado e a tarefa passa a fluir de maneira menos
tensa, embora iniciar o texto seja sempre um desafio, seja o autor experiente ou
iniciante.
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 12/26
Com isso, a decisão de como iniciar um texto envolve escolhas delicadas. Castro
(2011) recomenda iniciar por descrições das etapas do trabalho científico, dos
detalhes vivenciados no percurso, mesmo que, ao final, parte desse material
venha a ser descartado. Assim, ao menos servirá como ponto de partida. Além
disso, uma boa sugestão indicada pelo autor é deixar a escrita da introdução para
o final do trabalho, já que esse tópico é um convite à leitura do conjunto da obra e,
portanto, deve ser atrativo e apresentar uma ideia geral de todo o trabalho
realizado.
Cercar-se de material de apoio à escrita também é de suma importância para o
autor. Esse material pode ser, por exemplo, um dicionário da língua portuguesa,
um dicionário específico da área de estudo, um consistente manual de estilo
acadêmico e, até, um documento que trata das normas e técnicas adotas por
determinada instituição acadêmica ou científica. Dessa forma, o autor deve se
certificar se existe em sua instituição de ensino um manual de estilo acadêmico e
aproveitar ao máximo a leitura.
Ademais, as normas de apresentação de um trabalho acadêmico seguem
orientação de duas ordens. A primeira está ligada às orientações determinadas
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), enquanto que a segunda se
refere à normalização definida pela instituição de origem à qual o autor está ligado
ou aos critérios estabelecidos por periódicos científicos, no caso de submissão de
trabalho científico para apreciação e aprovação.
A ABNT é uma instituição privada que atua no país como foro nacional para
normalização de procedimentos padronizados de forma geral, como nas áreas
odonto-médico-hospitalar, farmacêutica, transporte, agricultura, nutrição e
documentação.
A ABNT, criada em 1940, é constituída de comitês formados por diferentes áreas de
atividades técnica e científica. O Comitê Brasileiro de Informação e Documentação
(ABNT/CB-14), aliás, é o responsável por estabelecer as normas de apresentação
dos trabalhos acadêmicos. 
No geral, as normas para apresentação de trabalhos acadêmicos se referem a
escolha de papel branco em formato A4, sendo que o papel do tipo reciclado pode
ser aceito nas versões intermediárias; digitação e impressão no anverso da folha;
tamanho e tipo de fonte com destaque para os tipos “Arial” e “Times New Roman”.
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 13/26
Contudo, é recomendado observar a indicação fornecida pela instituição à qual o
trabalho será submetido. De toda sorte, a orientação é utilizar apenas um dos
tipos de fonte em todo o trabalho.
As normas sobre organização de capítulo, título, subtítulo e seções deve ser
guiada porsaber que “[...] é a conveniência da exposição que ditará qual a
estrutura mais apropriada” (CASTRO, 2011, p. 60). Assim, esses elementos têm
função informativa e devem ser atrativos ao leitor, interessado em conhecer o
conteúdo anunciado, não sendo excessivamente curto, nem longo demais. Deve
expressar a ideia central do assunto.
No tangente à configuração de margem, espaçamento, notas de rodapé,
paginação, disposição de ilustrações e tabelas é recomendado seguir as
orientações do manual institucional elaborado em conformidade com as normas
da ABNT em vigência.
Mas e quanto às referências? O que fazer para acertar a norma?
Essa é uma dúvida frequente entre os autores. Vale a regra básica de consultar
exaustivamente a ABNT referente e o manual de estilo acadêmico da instituição.
No entanto, para nos aprofundarmos, vejamos alguns elementos de destaque
sobre esse assunto a partir de agora.
3.2.1 Referências e citações
As referências bibliográficas e eletrônicas são convenções utilizadas em trabalhos
acadêmicos com o objetivo de relacionar todos os documentos citados e
consultados no desenvolvimento no trabalho. De acordo com a ABNT, em sua
norma NBR 6023/2000, esse elemento normalizador do trabalho acadêmico
representa “[...] o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um
documento, que permite sua identificação individual”.  Eles podem ser localizados
em nota de rodapé, no final do texto do capítulo, em lista de referências no final do
trabalho e, no caso de resenhas ou resumos, identificada no cabeçalho do
trabalho. 
VOCÊ QUER LER?
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 14/26
O Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) disponibiliza o acesso
a um so�ware gerenciador de referência bibliográfica. Entre os mais conhecidos e utilizados na
categoria estão o Mendeley e o Zotero. Acesse em: <https://www.ufrgs.br/bibliotecas/ferramentas-de-
producao/gerenciadores-de-referencias/ (https://www.ufrgs.br/bibliotecas/ferramentas-de-
producao/gerenciadores-de-referencias/)>.
A lista de referências é composta de elementos essenciais “[...] indispensáveis para
a identificação das fontes das citações de um trabalho”, bem como elementos
complementares “[...] opcionais que podem ser acrescentados aos essenciais para
melhor caracterizar as publicações referenciadas” (KOCHE, 2016 p. 156), como o
número total de páginas.
Comumente, em trabalhos acadêmicos, a sequência alfabética e o sistema autor-
data são preferenciais por sua ampla divulgação e uso na academia. Contudo, a
ordenação das referências pode ser do tipo:
Sequência alfabética: quando adotado o sistema autor-data;
Numérica: segundo a ordem de citação no texto e quando adotado o
sistema numérico; 
Cronológico: segue a ordem cronológica crescente, no caso de haver mais
de uma referência do mesmo autor.
A lista de referências no final do trabalho é separada entre si por um espaço
simples e alinhada somente à margem esquerda. As obras referenciadas podem
ser consideradas no todo, obra completa ou em parte, como capítulo, parte de
coletânea com autores e títulos específicos.
Vejamos, a seguir, dois exemplos de especificações mais recorrentes em trabalhos
acadêmicos. 
Exemplo de uso de referência com um autor pessoal: “SANTOS, Boaventura
de Sousa. O Discurso e o Poder. Ensaio sobre a sociologia da retórica
jurídica. Porto Alegre: Fabris, 1988.”;
Exemplo de uso de referência em capítulo de livro de diferente autoria:
“CHARLOT, Bernard. Formas do Aprender e Conexões de Saberes: os
significados da noção de conexão quando se trata de saberes. In: SILVA,
Veleida Anahí (Org.). Conexões de Saberes: um desafio, uma aventura, uma
promessa. São Cristóvão: Editora UFS, 2007.”.
https://www.ufrgs.br/bibliotecas/ferramentas-de-producao/gerenciadores-de-referencias/
25/04/2020 Metodologia Científica
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/INS_METOCI_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 15/26
Ao organizar as referências, o nome do autor ou autores da obra é um destaque e
merece atenção para diferentes ocorrências. No caso de até três autores, são
citados todos separados por ponto e vírgula. Já nos casos em que há registro de
mais de três autores, é citado o primeiro autor, seguido da expressão latina et al.
(outros). Nos casos de obras com vários autores, em que um deles ocupa a função
de organizador ou coordenador, o nome será citado, seguido da abreviação
característica da função exercida “Org.” ou “Coord.”.
O acesso crescente da internet e a possibilidade de uso dessa ferramenta como
suporte e apoio à pesquisa também exige atenção no trato dos materiais
consultados. A obra consultada por meio da internet deve ser referenciada (obra
no todo ou parte dela) com todos os elementos essenciais relativos ao gênero
(livro, artigo, jornal ou outros), acrescida da expressão “Disponível em: <endereço
eletrônico>” e data de acesso a referida obra com o termo “Acesso em:
00/00/0000” ou “Acesso em: 00 de xxxxxx de 0000”.
Na sequência, estudaremos um caso para entender melhor quanto a importância
do uso de bibliografias.
CASO
Helena é uma aluna da pós-graduação do curso de Administração e
Marketing. Ela está no final do curso e muito envolvida na escrita do seu
TCC. Como já trabalha na área, encontrar o foco de interesse para a escolha
do tema não foi uma dificuldade.
Depois de algumas reuniões com a professora orientadora, Helena deu
início a escrita do trabalho. Conforme o plano aprovado por sua
professora, ela iniciou a pesquisa bibliográfica com o objetivo de
identificar os conceitos científicos básicos para seu trabalho. Com
pesquisas na internet, acesso à biblioteca virtual da sua instituição de
ensino e livros de acervo pessoal, a aluna logo reuniu um farto material.
Além disso, durante a leitura, ela fazia anotações do material pesquisado
em fichas.
Com a proximidade do prazo final para a entrega do trabalho, Helena se
deu conta de que não havia organizado as referências do trabalho. Então,
retomou as fichas de anotações do material pesquisado. Nesse momento,
a estudante percebeu que não havia anotado todos os elementos
essenciais para compor as referências, conforme as normas da ABNT. Foi,
então, necessário retomar o levantamento de todo o material pesquisado,
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dessa vez com redobrada atenção para anotar todos os elementos
essenciais para a identificação das obras consultadas e elaborar as
referências em conformidade com as normas técnicas.
Em casos de submissão de artigos, papers em periódicos científicos, congressos,
colóquios e outros eventos acadêmicos, as determinações de estilo são
previamente especificadas e cabe aos interessados em submeter o trabalho seguir
as orientações na forma como aparecem. Por certo, elas vão estar de acordo com
as normas gerais regidas pela ABNT. 
VOCÊ SABIA?
As normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) foram inspiradas na
academia francesa. Atualmente, entre as normas previstas pela ABNT, as normas
bibliográficas vigentes nos Estados Unidos e as da França carregam divergências.
As pequenas diferenças precisam ser conhecidas, principalmente, no caso de
autores que pretendem submeter suas produções para publicação em periódicos
científicos internacionais.
A consistência de um trabalho acadêmico se dá, em parte, mediante a menção
feita pelo autor a outras obras e autores notoriamente reconhecidos em
determinado campo de saber. Garantir o reconhecimento da contribuição e a
autoria das obras consultadas é uma exigência e um dever para quem ocupa o
lugar de autor, além de oferecer credibilidade à sua própria obra. Esse
reconhecimento se faz por meio das normas de citação.
As citações podem ser do tipo citação direta curta, com a transcrição fiel em atétrês linhas; citação direta longa, com mais de três linhas; e citação indireta ou
paráfrase, caso em que a ideia original inspira outra forma de expressão sem a
transcrição literal. A citação de citação ocorre quando o autor não teve acesso
direto às obras, mas por intermédio de outro autor. Nesses casos, usa-se a
expressão latina apud, que significa “citado por”, “conforme” ou “segundo tal
autor”.
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O uso de citação tem como função fundamentar argumentos sobre determinado
assunto, reforçar uma ideia ou ilustrar um tema com a opinião de outros autores.
Vale destacar, a respeito disso, o pensamento de Castro (2011, p. 4), em que “[...] a
redação não é uma transcrição mecânica de ideias prontas, mas uma fase de
construção do trabalho, totalmente, imbricada com o próprio desenvolvimento do
raciocínio”.
Dessa forma, podemos entender que os procedimentos de normalização do
trabalho acadêmico visam atribuir cientificidade, objetividade, clareza e
consistência ao texto científico. Conhecer e primar o uso das normas técnicas de
documentação e informação representa, para o pesquisador, seu compromisso
ético e profissional. Nesse conjunto de normas, insere-se, ainda, os elementos pré-
textuais e pós-textuais do texto acadêmico e científico. Vamos estudá-los a partir
de agora.
3.3 Elementos pré-textuais e pós-
textuais
Talvez você já tenha se perguntado sobre os elementos que devem ser
contemplados na escrita de um texto acadêmico. É possível até que ache tudo
muito cheio de normas e exigências, mas, na verdade, quando há crescente
familiaridade com as normas e técnicas empregadas em sua aplicação, seus usos
vão ganhando sentido e fica clara a necessidade de consultar as normas técnicas
sempre que houver alguma dúvida.
Os trabalhos científicos, na forma de trabalho de conclusão de curso (TCC) de
graduação ou especialização, dissertação de mestrado ou tese de doutorado, por
exemplo, são todos trabalhos monográficos, pois se constituem como relatos de
pesquisas já realizadas, em que um único tema ou problema foi investigado. Esses
trabalhos monográficos contam com uma estrutura básica comum, com pequenas
variações. Estas, por seu lado, devem-se ao grau relativo ao curso correspondente.
A estrutura básica dos trabalhos monográficos se divide em elementos pré-
textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais.
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Os elementos textuais são compostos de introdução, desenvolvimento e
conclusão. A introdução apresenta o texto ao leitor, antecipando o que poderá
encontrar sobre o problema investigado. O desenvolvimento é o corpo lógico de
todo o trabalho de pesquisa e pode se dividir “[...] em tantas partes quantas forem
necessárias, utilizando-se para isso os capítulos, as seções e as subseções, tendo o
cuidado de não perder a unidade” (KOCHE, 2016, p. 145). Por fim, a conclusão
retoma o problema de pesquisa no intuito de apresentar os resultados finais e as
contribuições possíveis, bem como o fechamento global da pesquisa.
De acordo com a NBR 14724 (ABNT, 2005), o apêndice “[...] é um texto ou
documento, de caráter opcional, [...] elaborado pelo autor a fim de complementar
sua argumentação”. Enquanto isso, temos que um anexo é um texto de caráter
opcional, o qual não foi elaborado pelo autor. 
Quadro 3 - Relação dos elementos pré-textuais de trabalhos monográficos, considerando o caráter
obrigatório ou opcional. Fonte: LUBISCO, 2012, p. 21.
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O texto científico, em geral, tem sua estrutura baseada nos elementos pré-textuais,
textuais e pós-textuais. No entanto, existem gêneros textuais científicos, os quais
examinaremos de forma detalhada na sequência.  
Quadro 4 - Relação dos elementos pós-textuais de trabalhos monográficos, considerando o caráter
obrigatório ou opcional. Fonte: LUBISCO, 2012, p. 45.
3.4 Gêneros Textuais Científicos
Considerando as categorias proposta por Lubisco (2012), podemos caracterizar em
trabalhos acadêmicos e científicos o trabalho de conclusão de curso (TCC) de
graduação ou especialização, a dissertação e a tese; além de outros, como o
trabalho didático, exigido nos cursos de graduação para efeito de aprendizado e
avaliação de estudos; a sinopse; a resenha; o relatório técnico científico; o projeto
de pesquisa; o artigo; e o paper.
Cabe esclarecermos, aqui, o sentido de gênero textual científico tomado na
perspectiva de gênero do discurso, quando há interação por meio da escrita,
tendo como resultado a função que o autor atribui ao texto, além do leitor para
quem o autor escreve quanto as condições de produção do texto (SOARES, 2012).
Consideremos, então, as características de cada um desses gêneros textuais
científicos. Conforme definição da NBR 14724 da ABNT (2005) dissertação é o
Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição
de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua
extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve
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evidenciar o conhecimento da literatura existente sobre o assunto e a capacidade
de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador
(doutor), visando à obtenção do título de mestre.
Já a tese, ainda de acordo com a NBR 14724 da ABNT (2005), é o
Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição
de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado. Deve ser
elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição
para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador
(doutor) e visa à obtenção do título de doutor ou similar.
A produção de dissertações e teses exige, por parte dos programas de pós-
graduação, a composição de quadro acadêmico científico, estrutura física e
administrativa, disponibilidade de recursos humanos, materiais e fontes de
financiamento que requerem a manutenção e a dinamização de grupos de
pesquisa. Por parte dos candidatos, a produção de dissertações de mestrado e
teses de doutorado, que exigem esforços pessoais e investimento de estudos e
pesquisa de longo tempo, nem sempre financiados.     
Ao final, a conclusão dos trabalhos de dissertação e tese ocorre em sessões de
defesa pública e sustentação oral, perante banca examinadora, em um modelo de
ritual de passagem.
VOCÊ SABIA?
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação
do Ministério da Educação (MEC), é responsável por coordenar as ações da pós-
graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) no país. Desde 2007, ela atua na
formação de professores da educação básica. Acesse o site
<http://www.capes.gov.br/ (http://www.capes.gov.br/)> e fique informado sobre o
ensino da pós-graduação no Brasil.
O trabalho de conclusão de curso, em graduação e pós-graduação, tornou-se uma
prática de ensino, principalmente por determinação da Portaria CNE/CES n. 1, de 3
de abril de 2001, que estabeleceu a obrigatoriedade como requisito para a
http://www.capes.gov.br/
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conclusão de pós-graduação lato sensu.
Conforme a natureza do curso, a instituição pode determinar em seu projeto
pedagógico a modalidade de TCC. Entre elas, a mais frequente é a monografia,
mas também pode ser um plano denegócio, um plano de intervenção ou
diagnóstico empresarial. Nos cursos de graduação, o TCC, também para atender a
natureza do curso, pode ser na forma de artigo, monografia, projeto de iniciação
científica ou atividade teórico-prática.
A respeito dos trabalhos de monografia, Lakatos e Marconi (2017, p. 235) alertam
que
[...] a característica essencial da monografia não é a extensão, como querem alguns
autores, mas o caráter do trabalho (tratamento de um tema delimitado) e a
qualidade da tarefa, isto é, o nível da pesquisa, que está intimamente ligado aos
objetivos propostos. 
O artigo científico, por sua vez, é um tipo de texto que trata de pesquisa concluída
ou em andamento, tendo por objetivo discutir ideias, processos, metodologia de
pesquisa, objetos da investigação, divulgar resultados parciais ou finais. Sua
divulgação ocorre por meio da publicação em periódicos ou apresentação em
eventos científicos.
Conforme a ABNT, NBR 6022 (2003), o artigo é “[...] a parte de uma publicação com
autoria declarada”. Ainda segundo a mesma lei, de acordo com as pretensões do
autor, o artigo pode ser original ou de revisão. No artigo original, o autor apresenta
resultados de pesquisa ainda não publicados, enquanto que no artigo de revisão o
autor analisa dados e informações já divulgadas em outras fontes.
Durante os cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, os
estudantes/pesquisadores comumente produzem artigos para fins didáticos,
científicos e de difusão dos dados levantados, publicação de resultados parciais e,
ao final, os resultados alcançados com a pesquisa.
Já o paper é um tipo de artigo científico resumido que trata sobre determinado
tema ou resultado parcial de uma pesquisa. Sua discussão se dá a partir de
determinado ponto de vista.
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O paper, em geral, é escrito com o objetivo de divulgar a pesquisa em eventos
científicos. Ele possui uma estrutura particular de artigo científico, a qual
podemos entender melhor com a figura a seguir.
Temos, ainda, as resenhas. Lakatos e Marconi (2017, p. 264) apresentam uma
análise comparativa entre o texto do tipo resenha, que faz uma descrição
minuciosa de uma obra, e a resenha crítica, que apresenta o conteúdo de uma
obra, incluindo a leitura, o resumo, a crítica e a formulação de um conceito de
valor.
Em suma, a resenha possui como objetivos destacar as contribuições de
determinada obra no âmbito de seu campo de saber, e apresentar, de forma
concisa, as ideias básicas da obra. Lakatos e Marconi (2017) também alertam para
o fato de a resenha exigir do autor capacidade de juízo de valor, competência na
matéria e aprofundado conhecimento do assunto. Assim, é um gênero textual
elaborado por autores e cientistas experientes.
A escrita da resenha por parte dos estudantes se coloca como exercício de
aprendizado, afinal, a estrutura básica da resenha é peculiar, própria do gênero.
 Figura 1 - Estrutura
básica e apresentação dos elementos textuais de escrita do paper. Fonte: Adaptado de LAKATOS e
MARCONI, 2017.
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Os diferentes gêneros textuais científicos, com suas especificidades, requerem
atenção as singularidades de gênero, conhecimento e observância das normas e
técnicas determinadas por instituições normalizadoras. Aspectos relevantes ficam
por conta do estilo de escrita do autor, atenção ao uso da linguagem direta e
acessível ao público a quem se destina a produção, além de clareza, simplicidade
e objetividade. Cuidado e rigor na atenção às regras gramaticais e ortográficas, à
lógica na argumentação das ideias. Para isso, o autor deve fazer leitura sistemática
do texto em diferentes etapas, procedendo revisões e adequações pertinentes. 
Quadro 5 - Síntese dos elementos constitutivos do gênero textual do tipo resenha crítica. Fonte:
Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017, p. 265.
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Síntese
Concluímos o terceiro capítulo desta disciplina, relativo aos procedimentos, às
normas e técnicas do método científico. Agora, você já sabe que uma pesquisa,
para se tornar de natureza científica, precisa atender ao método científico e às
normas e técnicas estabelecidas com essa finalidade, por instituições próprias e
legalmente constituídas. Além disso, podemos concluir que a divulgação científica
ocorre por meio da difusão dos textos científicos, produzidos em observância às
normas estabelecidas. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
conhecer procedimentos e técnicas de pesquisa;
analisar diferentes métodos de pesquisa de abordagem qualitativa;
entender técnicas utilizadas para coleta de dados em pesquisa qualitativa;
conhecer gêneros textuais que atuam na divulgação científica;
identificar elementos constituintes do texto científico;
compreender como são organizadas as referências e as citações no texto
científico;
constatar a importância do uso das normas de apresentação do trabalho
científico.
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