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Unidade V - Serviços Públicos

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SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
Dispositivos Legais que impõem ao Estado 
 
5.1 Os dispositivos 
Quais os dispositivos legais existentes em nosso ordenamento jurídico que 
determinam ao Estado a prestação de serviços públicos? 
O art. 175, da CF, dispõe que incumbe ao Poder Público, na forma da lei, a 
prestação dos serviços públicos. Dessa forma, ao Poder Público é conferido a 
titularidade para o exercício dessa atividade, estabelecendo, também, que a 
prestação será de forma direta ou por delegação através de certame licitatório. 
O parágrafo único do mesmo artigo determina que a lei deverá regular o regime das 
empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, os direitos do 
usuário, a política tarifária, e a obrigação de manter o serviço adequado. 
O art. 37, § 3°da CF, determina que incumbirá à lei disciplinar as formas de participação do usuário na 
Administração Pública direta e indireta, devendo regular de forma especial as reclamações relativas à prestação 
dos serviços em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, 
externa e interna, da qualidade dos serviços; o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações 
sobre atos do governo; e a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego 
ou função na Administração Pública. 
5.2 CONCEITO 
O que entendemos por serviço público? 
O conceito de serviço público não é uniforme na doutrina. 
Em regra o serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob as normas 
e controle estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples 
conveniências do Estado1. 
As atividades que cosntituem são estanques? 
As atividades que constituem serviço público não são estanques, variando segundo as 
exigências de cada povo e de cada época. Assim, o que qualifica o serviço como público é a 
vontade soberana do Estado. 
A quem pertence a titularidade do serviço público? 
Pertence sempre à Administração Pública. 
Ainda que prestado por particular, o serviço jamais deixará de ser público, ou seja, sua titularidade 
continuará pertencendo à Administração, que poderá, a qualquer momento, fazer uso de medidas 
punitivas quando se verificar atuação em 
desconformidade com o interesse público. 
Quem pode executar um dado serviço público? 
O serviço público tanto pode ser prestado pela própria 
Administração Pública diretamente, como também por terceiros 
que se encontrem dentro da estrutura da Administração Pública ou 
por particular que faça as vezes do Poder Público(execução descentralizada). 
Ao assumir a execução do serviço público, a iniciativa privada não estará competindo com a 
Administração. 
 
Quando o serviço público é executado por particular aconteceu a privatização do mesmo? 
Não, porque a titularidade do serviço continuará pertencendo ao Poder Público, a quem incumbirá a 
fiscalização da atuação do particular. 
Como os serviços públicos são transferidos aos particulares? 
A transferência da execução de serviços públicos a particulares pode ser feita por meio dos institutos da 
concessão, permissão ou da autorização. 
 
Qual o requisito que deve, necessariamente, ser observado, quando da transferência da execução de 
serviços públicos aos particulares? 
E preciso que a transferência seja precedida do devido procedimento licitatório, sob pena de 
inconstitucionalidade. 
 
 
1 Meirelles, Hely Lopes p. 320 
U
n
id
a
d
e
 
 
O serviço 
público é 
aquilo que a 
lei diz que é. 
Os terceiros que se encontram dentro da 
estrutura da Administração Pública são as 
autarquias, fundações, empresas públicas 
e sociedades de economia mista. 
 
A Constituição Federal conferiu ao legislador ordinário certa liberalidade para regulamentar a matéria em 
questão, estabelecendo, no entanto, requisitos mínimos a serem observados. 
Quais são esses requisitos mínimos? 
Segundo dispõe o art. 175, parágrafo único, da CF, a lei deverá dispor sobre: - o regime das empresas 
concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, 
bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão e permissão (inciso I); - os direitos 
dos usuários (inciso II);- política tarifária (inciso III); - a obrigação de manter serviço adequado (inciso IV). 
5.3 CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS 
O serviço público pode ser classificado de diversas formas pela doutrina. Inicialmente segundo o Prof. Hely Lopes 
Meirelles, eles podem ser agrupados segundo como: 
QUANTO À ESSENCIALIDADE: 
serviços públicos - (serviço público propriamente dito) são aqueles que a Administração presta diretamente 
à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a sobrevivência do grupo social e do próprio 
Estado. São serviços privativos do Poder Público, e só a Administração pode prestá-los, sem delegação a terceiros. 
São exemplos desses serviços: os de defesa nacional, de polícia, de preservação da saúde pública; 
serviços de utilidade pública - são aqueles que a Administração, reconhecendo sua conveniência (não 
essencialidade, nem necessidade) para os membros da coletividade, presta diretamente ou permite que sejam 
prestados por terceiros (concessionários, permissionários ou autorizativos) nas condições regulamentadas e sob 
o seu controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante remuneração dos usuários. São exemplos: 
transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone; 
QUANTO À FINALIDADE: 
serviços administrativos - são os que a Administração executa para atender às suas necessidades internas ou 
para preparar outros serviços que serão prestados ao público, tais como os da imprensa oficial, das estações 
experimentais e outros dessa natureza; 
serviços industriais - são os que produzem renda para quem os presta, mediante a remuneração (tarifa ou 
preço público) da utilidade usada ou consumida. Essa tarifa ou preço público sempre é fixada pelo Poder Público, 
quer quando o serviço seja prestado por seus órgãos ou entidades, quer quando por concessionários, 
permissionários ou autorizatários. Os serviços industriais, por serem atividade econômica, somente podem ser 
explorados diretamente pelo Estado quando "necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante 
interesse coletivo, conforme definidos em lei" (art. 173 da CF); 
QUANTO À ADEQUAÇÃO: 
serviços públicos próprios - são aqueles que constituem atividade administrativa tipicamente estatal, exclusiva 
do Estado, inerente a seus fins e por ele executada direta ou indiretamente; 
serviços públicos impróprios - são os serviços que, embora satisfaçam necessidades coletivas, são atividades 
privadas, sujeitas ao poder de polícia do Estado, por ele reguladas e autorizadas (exemplos: atividades de banco, 
financeiras, farmácias, seguradoras). Também são considerados serviços impróprios as atividades que, embora 
executadas pelo Estado sob um regime de Direito Público, são prestadas também por particulares (exemplos: 
estabelecimentos privados de ensino). 
QUANTO AOS DESTINATÁRIOS: 
serviços uti universi ou gerais - são aqueles que a Administração presta, sem ter usuários determinados, para 
atender à coletividade no seu todo, como os de polícia, iluminação pública, calçamento e outros da espécie. Tais 
serviços satisfazem indiscriminadamente a população, sem que se erijam em direito subjetivo de qualquer 
administrado à sua obtenção para seu domicílio, para sua rua ou para seu bairro. São também serviços indivisíveis, 
ou seja, não mensuráveis na sua utilização. São mantidos por imposto e não por taxas ou tarifas, que são 
remunerações mensuráveis e proporcionais ao uso individual; 
serviços uti singuli ou individuais - são os que têm usuários determinados e utilização particular e mensurável 
para cada destinatário, como ocorre com o telefone, água, gás e energia elétricadomiciliares. Desde que 
implantados, tais serviços geram direito subjetivo à sua obtenção para todos os administrados que se encontrem 
na área de sua prestação ou fornecimento e satisfaçam às exigências regulamentares. São serviços de utilização 
individual, facultativa e mensurável, devendo ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço público), e não 
por imposto; 
5.4 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO SERVIÇO PÚBLICO 
Os requisitos do serviço público ou de utilidade pública podem ser sintetizados em cinco princípios2: 
✓ princípio da permanência (que impõe a continuidade no serviço); 
 
 
2 Idem, p. 325. 
 
✓ princípio da generalidade (que impõe serviço igual para todos); Os serviços públicos devem permanecer 
acessíveis a qualquer usuário que deles necessite, obrigando o Poder Público a prestá-los de forma 
indiscriminada ou com o intuito de atender a toda a comunidade. 
✓ princípio da eficiência (que exige atualização do serviço); O serviço deve ser prestado de modo a atender 
efetivamente as necessidades do usuário, do Estado e da sociedade, com baixo custo e maior 
aproveitamento possível. Isto quer dizer com atualidade aplicando ao serviço a melhor técnica, empregando 
tecnologia adequada e realizando periódicas atualizações ou investimentos a fim de permitir a efetiva 
eficiência na execução das atividades materiais sob sua responsabilidade. 
✓ princípio da modicidade (que exige tarifas razoáveis); O princípio impede que o fator econômico (custo) se 
traduza em fato impeditivo para a fruição do serviço público. Associado à acessibilidade, a modicidade exige 
que a política tarifária observe o poder econômico daqueles que usufruem dos serviços públicos. 
✓ princípio da cortesia (que se traduz em bom tratamento para com o público). Todos merecem tratamento 
cordato e respeitoso da Administração Pública e de seus agentes, e estes, na prestação dos serviços 
públicos, devem ser preparados para atender os usuários de forma indiscriminada com aqueles parâmetros. 
A falta de um desses requisitos impõe à administração o dever de intervir para restabelecer seu regular 
funcionamento ou retomar a sua prestação. 
5.5 DIREITOS DO USUÁRIO 
O direito do usuário consiste em poder exigir da Administração ou de seu delegado o serviço que um ou outro 
se obrigou a prestar. Quando se tratar de serviço uti singuli, estando o usuário na área de sua prestação, é Direito 
Público subjetivo de exercício pessoal, ensejando as medidas judiciais correspondentes, inclusive mandado de 
segurança. 
Os serviços de interesse geral e de utilização coletiva uti universi, como a pavimentação, não são suscetíveis 
de serem exigidos por via cominatória, mas tão-somente os serviços domiciliares, como água encanada, e demais 
utilidades de prestação uti singuli, podem ser exigidos judicialmente pelo interessado que esteja na sua área de 
prestação, desde que atendidas as exigências regulamentares para sua obtenção. 
O direito do usuário não se restringe somente ao direito à obtenção, como também à sua regular prestação. 
Desde que instalado o equipamento necessário, responde o prestador pela normalidade do serviço, sujeitando-
se às indenizações de danos ocasionados ao usuário pela suspensão da prestação devida ou pelo mau 
funcionamento. 
5.6 FORMAS DE PRESTAÇÃO 
Os serviços públicos podem ser prestados de três formas distintas: 
SERVIÇOS CENTRALIZADOS - Prestados diretamente pelo Poder 
Público, em seu próprio nome e sob sua exclusiva responsabilidade. 
SERVIÇOS DESCONCENTRADOS - Prestados pelo Poder Público, por 
seus órgãos, mantendo para si a responsabilidade na execução. 
SERVIÇOS 
DESCENTRALIZADOS 
Prestados por terceiros, 
para os quais o Poder Público transferiu a titularidade ou a possibilidade 
de execução, seja por outorga (por lei a pessoas jurídicas criadas pelo 
Estado), seja por delegação (por contrato concessão ou ato unilateral 
permissão e autorização). 
5.7 COMPETÊNCIA PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO 
A competência para prestar serviços é dividida entre as entidades 
estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). 
DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO 
A competência da União em matéria de serviços públicos abrange os que lhe são privativos, na forma do que 
dispõe o art. 21 da CF, e os que lhe são comuns, consoante o art. 23 da CF, que permite atuação paralela dos 
Estados-membros e Municípios. 
Alguns desses serviços só podem ser prestados pela União, outros admitem execução indireta, por meio de 
delegação a pessoas de Direito Público ou Privado e a pessoas físicas. No tocante ao art. 23 da CF, a lei 
complementar deve fixar normas para a cooperação entre as entidades estatais, tendo em vista o equilíbrio do 
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional (parágrafo único). 
DA COMPETÊNCIA DO ESTADO-MEMBRO 
A competência do Estado-membro não está discriminada constitucionalmente, pois é residual. A única exceção 
diz respeito à exploração e distribuição dos serviços de gás canalizado (art. 25, § 2º, da CF). Não é possível listar 
exaustivamente os serviços de competência estadual porque variam segundo as possibilidades do governo e as 
 
necessidades de suas populações. Por exclusão, pertencem aos Estados todos os serviços não reservados à União 
nem distribuídos ao Município pelo critério do interesse local. 
DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO 
A competência do Município em matéria de serviços públicos se restringe aos serviços de interesse local. 
Interesse local não é o interesse exclusivo do Município, uma vez que este também pode reflexamente atingir o 
Estado ou a União. O que caracteriza o interesse local é a predominância desse interesse para o Município em 
relação ao eventual interesse estadual ou federal acerca do mesmo assunto. 
Entretanto, a Constituição Federal elegeu determinados serviços de interesse local como dever expresso dos 
Municípios, como por exemplo: o transporte coletivo (art. 30, V da CF), a obrigação de manter programas de 
educação pré-escolar e de ensino fundamental (inciso VI), serviços de atendimento à saúde da população (inciso 
VII), ordenamento territorial e controle de uso, parcelamento e ocupação do solo urbano (inciso VIII), proteção 
ao patrimônio histórico-cultural local (inciso IX). 
Competência do Distrito Federal: são atribuídas as competências reservadas aos Estados e Municípios. 
5.8 DELEGAÇÃO E OUTORGA DE SERVIÇO PÚBLICO 
O serviço público é outorgado por lei e delegado por contrato. 
A outorga, por lei, estabelece ao Poder Público (entidade 
estatal) a titularidade do serviço público e somente por lei se admite 
a mutação da titularidade. Nos serviços delegados há transferência da 
execução do serviço por contrato (concessão) ou ato (permissão e 
autorização) negocial. 
A outorga possui contornos de definitividade, posto emergir de 
lei; a delegação, ao contrário, sugere termo final prefixado, visto 
decorrer de contrato. 
Empresas públicas e Sociedades de Economia Mista recebem a (quando constituídas para esse fim), mas 
também podem ser meras executoras dos serviços que lhes sejam transferidos (quando celebram contrato de 
concessão, por exemplo). Assim, se uma empresa pública prestadora de serviço público constituída pelo Estado 
celebrar contrato de concessão com a União, ela não receberá a titularidade (que não se transfere por contrato), 
mas será mera concessionária ou delegatária da prestação do serviço contratado. 
 
5.9 CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
Os serviços públicos podem ser transferidos a outrem mediante o instituto jurídico da concessão e da 
permissão de serviços públicos. Passemos a examinar os institutos em comento. 
5.9.1 CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
A concessão e a permissão de serviço estão previstas no art. 175 da CF, determinando que lei posterior venha 
a disciplinar a matéria. No âmbito federal, a matéria vem disciplinada pela Lei nº 8.987/95 e pela Lei nº 9.074/95, 
ambas alteradas parcialmente pela Lei nº 9.648/98. Subsidiariamente,aplica-se ainda a Lei nº 8.666/93, por força 
de seu art. 124. 
Concessão é contrato administrativo pelo qual a Administração Pública delega a outrem a execução de um 
serviço público para que o execute em seu nome, por sua conta e risco, assegurada a remuneração mediante 
tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da exploração de serviço3. 
Concessão de serviço público é o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública transfere à pessoa 
jurídica ou a consórcio de empresas a execução de certa atividade de interesse coletivo, remunerada através do 
 
 
3 Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, p. 279. 
DESCENTRALIZAÇÃO 
POR OUTORGA POR DELEGAÇÃO 
O poder público cria novas entidades (autarquias, 
fundações públicas, sociedades de economia mista ou 
empresas públicas), com personalidade jurídica 
própria, outorgando-lhes a prestação dos serviços 
públicos. 
Não há a criação de novas entidades pelo Poder Público. 
O serviço público é transferido a particulares. 
 
A transferência da execução do serviço para o 
outorgado é feita por lei. 
A transferência da execução do serviço para a pessoa 
delegada é feita por contrato (concessão e permissão) ou 
por ato administrativo unilateral (autorização). 
Ex.: ECT (Empresa de Correios e Telégrafos). Ex.: Vivo (concessionária). 
 
sistema de tarifas pagas pelos usuários. Nessa relação jurídica, a Administração Pública é denominada de 
concedente, e, o executor do serviço, de concessionário4. 
As concessões de serviços públicos se dividem em duas categorias: concessões comuns e concessões 
especiais. 
Concessões comuns são reguladas pela Lei nº 8.987/95, e comportam duas modalidades: concessões de 
serviços públicos simples e concessões de serviços públicos precedidas da execução de obra pública. 
As Concessões Comuns têm como característica o fato de que o poder concedente não oferece qualquer 
contrapartida pecuniária ao concessionário e assim, todos os seus recursos provêm das tarifas pagas pelos 
usuários. 
Concessão de serviço público precedida da execução de obra pública é o contrato administrativo através do 
qual o Poder Público ajusta com pessoa jurídica ou consórcio de empresas a execução de determinada obra 
pública, por sua conta e risco, delegando 
ao construtor, após a conclusão, sua 
exploração por determinado prazo. 
Concessões especiais são reguladas 
pela Lei nº 11.079/04 e se subdividem 
em duas categorias: concessões 
patrocinadas e concessões 
administrativas. 
As concessões especiais são 
caracterizadas pela circunstância de que 
o concessionário recebe determinada 
contraprestação pecuniária do poder 
concedente. Incide sobre elas o regime 
jurídico atualmente denominado de 
“parcerias público-privadas”. 
TRACARACTERÍSTICAS 
O contrato de concessão possui as mesmas características dos demais contratos administrativos (cláusulas 
exorbitantes, teoria da imprevisão, mutabilidade etc.) 
Entretanto, existem características exclusivas do contrato de concessão, a saber: 
➢ só existe concessão de serviço público quando se trata de serviço próprio do Estado, definido em lei; 
➢ o Poder Público transfere ao particular apenas a execução dos serviços, mas continua a ser o titular do 
mesmo; 
➢ a concessão dever ser feita sempre por meio de licitação, na modalidade de concorrência; 
➢ o concessionário executa o serviço em seu próprio nome e corre os riscos normais do empreendimento; 
➢ a tarifa tem a natureza de preço público e é fixada em contrato; 
➢ o usuário tem direito à prestação dos serviços, existe jurisprudência no sentido de que serviços de água, 
luz e gás, por essenciais, não podem ser suspensos, cabendo ao concessionário de serviço público 
promover a cobrança judicial em caso de inadimplemento do usuário; 
➢ responsabilidade objetiva, nos termos do art. 37, § 6a, da CF, e desde que o dano decorra unicamente da 
prestação de serviços; 
➢ rescisão unilateral da concessão antes do prazo estabelecido, por motivos de interesse público, 
denomina-se encampação ou resgate, fazendo o concessionário jus ao ressarcimento dos prejuízos 
regularmente comprovados, a título de indenização; 
➢ rescisão unilateral por inadimplemento denomina-se caducidade ou decadência; 
➢ em qualquer caso de extinção da concessão é cabível a incorporação dos bens dos concessionários 
necessários ao serviço público mediante indenização. E o que se chama de reversão. 
5.9.2 PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
A permissão de serviço público é, tradicionalmente, considerada ato unilateral, discricionário e precário, pelo 
qual o Poder Público transfere a outrem a execução de um serviço público, para que o exerça em seu próprio 
nome e por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário5. 
 
 
4 Santos Carvalho Filho, José dos, Manual de Direito Administrativo, 28. ed. rev., ampl. e atual. até 31-12-2014. São Paulo : 
Atlas, 2015. 
5 Idem, p. 284. 
 
Todavia, a prática tem revelado que o instituto da permissão vem se desnaturando, na medida em que a 
Administração Pública celebra verdadeiros contratos de permissão. Aliás, a própria Lei nº 8.987/95 define 
permissão como "contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente pelo poder concedente”. 
A permissão também depende sempre de licitação. Como ato precário pode sempre ser alterada ou revogada 
pela Administração por motivos de interesse público. 
CARACTERÍSTICAS 
As características da permissão de uso se resumem em: 
➢ ato unilateral, discricionário, precário e intuitu personae, podendo ser gratuito ou oneroso; 
➢ depende sempre de licitação, sendo a lei omissa quanto à modalidade cabível; 
➢ seu objeto é a execução de serviço público. 
➢ a titularidade do serviço continua com o Poder Público; 
➢ o serviço é executado pelo permissionário por sua conta e risco; 
➢ o permissionário sujeita-se à fiscalização do Poder Público; 
➢ responsabilidade objetiva, nos termos do art. 37, § 6°, da CF, e desde que o dano decorra unicamente da 
prestação de serviços; 
➢ como ato precário pode ser alterado ou revogado a qualquer momento; 
➢ não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, a doutrina tem admitido a possibilidade de fixação 
de prazo, hipótese esta que gerará direito à indenização, no caso de revogação antes do tempo 
estabelecido. As permissões com prazo são denominadas permissões condicionadas ou qualificadas. 
5.9.3 AUTORIZAÇÃO 
A autorização possui a natureza de ato administrativo, discricionário, precário, pelo qual o Poder Público 
consente com o exercício de atividade, pelo particular, que indiretamente lhe convém. 
O interesse objeto da autorização toca, diretamente, ao próprio particular. Não há unanimidade na doutrina; 
defendem alguns a sua inaplicabilidade aos serviços públicos, visto emergir sobretudo de interesse privado. 
Outros, com maior razão, entendem ser possível a autorização de serviço público, porquanto o interesse 
indiretamente atingido é o da coletividade, como ocorre com o exercício profissional de taxistas, despachantes, 
vigias particulares. Há, por fim, outros que entendem a autorização de serviço público como excepcional, apenas 
existente quando a urgência determinar em razão de conturbação da ordem, calamidades públicas etc. Em 
qualquer posição assumida, porém, há consenso: não se trata de contrato, mas de ato administrativo, não sendo 
dependente da prévia realização de licitação. 
A Lei n. 8.987/95 não prevê nenhuma hipótese de delegação por autorização de serviço público. 
Em síntese, temos: 
Autorização de serviços públicos é ato que permite a execução de serviços transitórios, emergenciais, a 
particulares. 
 
5.10 O PROGRAMA DE PARCERIA PÚBLICO PRIVADA 
A parceria público privada foi instituída pela Lei nº 11.079/04, consubstanciando-se em um contrato 
administrativo de concessão de serviço ou de obra pública, com prazo determinado e compatível com o retorno 
do investimento.Até a implantação da Legislação Federal de PPP, o Setor Público relacionava-se com a área Privada 
exclusivamente através de atos normativos: Leis federais nº 8.987/95 (Lei das Concessões Comuns) e a nº 
9.074/95 (Ato Regulatório das Concessões). 
As Administrações Públicas tambem utilizam-se de outras formas de parcerias com particulares, seja através 
de Convênios, Licenças, Contratos de Gestão ou outras formas jurídico-administrativas permitidas. 
As PPP’s são contratos administrativos de Concessão, nas modalidades Patrocinada ou Administrativa. 
Podemos ainda identificar um outro conceito: 
As PPP’s são uma nova categoria de contratos públicos de concessão, a longo prazo, em que o Governo 
define o que ele quer, em termos de serviços públicos, e o Parceiro Privado diz como e a que preço ele poderá 
apoiar o Governo. Trata-se, portanto, de uma parceria entre governo e iniciativa privada, com o objetivo de 
proporcionar à população serviços de qualidade, durante muitos anos. 
A legislação em comento instituiu duas espécies de concessão, a saber: 
a. concessão patrocinada - contrato administrativo de concessão de serviços públicos ou obras públicas em 
que, além da tarifa cobrada, há ainda, uma prestação pecuniária feita pelo Poder Público ao seu parceiro 
privado; 
b. concessão administrativa - contrato de prestação de serviços, ainda que esteja envolvida a execução de 
obra pública ou o fornecimento e instalação de bens de que a Administração seja usuária direta ou 
indiretamente. 
 
A escolha do parceiro privado deverá ocorrer mediante instauração de procedimento licitatório na modalidade 
de concorrência. O contrato de concessão não poderá ser inferior a 5 (cinco) anos nem superior a 35 (trinta e 
cinco) anos, incluindo eventual prorrogação. 
Vale salientar ainda que o parceiro público poderá assumir o dever de satisfazer determinados valores em favor 
do parceiro privado, nos termos do art. 60 da Lei nº 11.079/05, que é a denominada contraprestação que poderá 
ser feita mediante: 
➢ ordem bancária; 
➢ cessão de créditos não tributários; 
➢ outorga de direitos em face da Administração Pública; 
➢ outorga de direitos sobre bens dominicais; 
➢ outros meios admitidos em lei. 
Por derradeiro, registre-se que as parcerias público privadas regem-se subsidiariamente pela Lei de 
Concessões. Assim, no que toca à sua extinção, seguem-se as regras determinadas pela Lei de Concessões - Lei na 
8.987/95. 
5.11 LEGISLAÇÃO APLICADA 
➢ Decreto nº 5.385/2005 - Institui o Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal - CGP e dá outras 
providências. 
➢ Decreto nº 5.977/2006 - Regulamenta o art. 3º, caput e § 1º, da Lei nº 11.079/04, que dispõe sobre a 
aplicação, às parcerias público-privadas, do art. 21 da Lei nº 8.987/95, e do art. 31 da Lei nº 9.074/95, para 
apresentação de projetos, estudos, levantamentos ou investigações, a serem utilizados em modelagens de 
parcerias público privadas no âmbito da administração pública federal, e dá outras providências. 
➢ Lei Federal nº 9.074/1995 - Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões 
de serviços públicos e dá outras providências. 
➢ Lei Federal nº 8.987/1995 - Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços 
públicos previsto no art. 175 da CF/88, e dá outras providências. 
➢ Lei Federal nº 11.079/2004 - Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada 
no âmbito da administração pública. 
 
QUADRO SINÓPTICO 
 
SERVIÇO PÚBLICO 
CLASSIFICAÇÃO 
quanto à essencialidade serviço público e serviço de utilidade pública; 
quanto à finalidade serviços administrativos e serviços industriais; 
quanto aos destinatários serviços uti singuli e serviços uti universi; 
quanto à natureza serviços públicos próprios e serviços públicos impróprios. 
 
CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS 
Contrato administrativo pelo qual o Poder 
Público transfere a outrem a execução do 
serviço público. 
Ato administrativo unilateral, precário e discricionário 
pelo qual o Poder Público transfere a outrem a 
execução do serviço público. A permissão na forma 
contratual denomina-se contrato de adesão. A 
permissão com prazo denomina-se permissão 
condicionada ou permissão qualificada. 
Licitação, na modalidade de concorrência. Licitação. A lei é silente quanto à modalidade cabível. 
Responsabilidade objetiva da concessio-
nária prestadora de serviços públicos, nos 
termos do art. 37, § 6º, da CF, e desde que 
o dano decorra da prestação do serviço 
público. 
Responsabilidade objetiva da permissionária 
prestadora de serviços públicos, nos termos do art. 37, 
§ 6º, da CF, e desde que o dano decorra da prestação 
do serviço público. 
Encampação ou resgate - rescisão do 
contrato por motivos de interesse público, 
mediante indenização. 
Revogação é forma extintiva da permissão por se 
tratar de ato administrativo unilateral. 
Caducidade ou decadência - rescisão do 
contrato por motivos de inadimplência da 
concessionária - gera aplicação de penas. 
Reversão - apropriação dos bens, materiais e equi-
pamentos da permissionária, afetados pelo serviço 
público. 
Reversão - apropriação dos bens, materiais 
e equipamentos da concessionária, 
afetados pelo serviço público. 
 
PPP - concessão administrativa e concessão 
patrocinada. 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
 
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