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Unidade VII - Intervenção do Estado na propriedade privada 2s 2017

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INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA 
 
7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS. 
Como ocorria a intervenção do Estado na propriedade privada no período 
monárquico? 
Estado absolutista, o poder concentrava-se nas mãos do rei, a sociedade dividia-se 
entre os nobres, o clero e a população. Ocorria uma forte e total intervenção desse 
Estado nos bens dessa sociedade pelo Rei e seus auxiliares. Não existia respeito a 
quaisquer direitos da população e a desigualdade formal provocou a revolta na classe 
rural e burguesa que detinham o poder econômico. Nasce na França a revolução 
francesa em 1789 
O direito de propriedade compõe o rol dos direitos reais (art. 1.225, I, do CC/2002) 
e tem como principais características a perpetuidade (o objeto do domínio permanece 
de forma definitiva com o seu titular, transmitindo-se aos seus herdeiros), a exclusividade (o proprietário tem direito 
de usar o bem sem oposição ou turbação de qualquer pessoa) e o absolutismo (salvo as restrições legais, não há limites 
ao uso do bem). 
Trata-se de direito fundamental (art. 5.º, XXII, da CF/1988) e, como tal, não é absoluto. De fato, a propriedade sofre 
restrições impostas pela própria Constituição (como a necessidade de atendimento da função social). Além disso, há 
limitações ao direito de propriedade fundamentadas no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. 
Tais restrições consistem nas hipóteses de intervenção pública, a saber: 
a) desapropriação; b) confisco; c) perdimento de bens; c) requisição; d) ocupação temporária; e) limitação 
administrativa; f) servidão; e g) tombamento. 
O art. 170 da CF, assegura e reconhece a propriedade privada e 
a livre empresa e condicionam o uso destas ao bem-estar social. 
O Poder Público impõe normas e limites, para o uso e o gozo 
dos bens e riquezas particulares. Assim, através dessas imposições 
o Estado intervém na propriedade do particular por atos que 
visam satisfazer as exigências coletivas e reprimir a conduta 
antissocial do particular. 
A intervenção do Estado que é instituída pela Constituição e regulada por leis 
federais que disciplinam as medidas interventivas e estabelecem o modo e forma de sua 
execução, condicionando ao atendimento do interesse público, mas respeitando as 
garantias individuais também elencadas na lei maior(CF). 
7.2 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E BEM-ESTAR SOCIAL 
O bem estar social é o bem comum e geral do povo, e este bem estar social é o escopo da justiça social e só pode 
ser alcançado através do desenvolvimento social. Para propiciar esse bem estar 
social o Poder Público pode intervir na propriedade privada, dentro dos limites 
(normas legais e atos administrativos) atribuídos a cada entidade estatal, 
amparando o interesse público e garantindo os direitos individuais. 
A União é quem detêm a competência para intervir na propriedade (arts. 
22, II e III, e 173). O Poder federal regula materialmente o direito de propriedade 
e os Poderes estadual e municipal exercem apenas o policiamento 
administrativo e a regulamentação do uso 
da propriedade, conforme as normas 
editadas pela União. 
A intervenção na propriedade privada fundamenta-se na necessidade 
pública, utilidade pública e no interesse social, devendo vir, portanto, expresso 
em lei federal que autorize tal ato. Pode ser praticado pela União, Estados-
membros e Municípios (art. 170, III, da CF). Mas as normas de intervenção são 
privativas da União. 
Nessa intervenção estatal o Poder Público chega a retirar a propriedade privada para dar-lhe uma destinação 
pública ou de interesse social, através de desapropriação; ou para acudir a uma situação de iminente interesse público, 
mediante requisição; ordenar socialmente seu uso, por meio de limitações e servidões administrativas; utilizar 
temporariamente o bem particular em uma ocupação temporária. 
Desta maneira são requisitos constitucionais à intervenção do Estado na propriedade privada: 
1. NECESSIDADE PÚBLICA – o Estado, para atender a situações anormais (de emergência) que se lhe apresentam, 
tem de adquirir o domínio e o uso de bens de terceiros. Essa desapropriação é de interesse do Poder Público; 
A propriedade é o mais amplo direito real, que oferece 
ao particular o poder de gozar, de usar, de dispor de 
forma absoluta e perpétua, bem como o de exercer a 
chamada sequela, ou seja, de persegui-la nas mãos de 
quem quer que se encontre, respeitando, obviamente 
o sentido social que lhe é inerente. (DI PIETRO, 2009) 
A intervenção do Estado 
na propriedade particular, 
tem como objetivo 
principal à proteção aos 
interesses da comunidade. 
A função social da propriedade 
nada mais é do que uma regulação 
imposta pelo Estado, no intuito de 
eliminar as desigualdades, 
impondo, assim, uma série de 
regulamentos e restrições para 
que produza melhores benefícios 
para a coletividade e não somente 
para seu proprietário. Intervenção na propriedade privada 
é todo ato do Poder Público que 
retira e restringe compulsoriamente 
direito dominiais privados ou sujeita 
o uso de bens particulares em 
virtude do atendimento aos 
interesses da comunidade. 
C
a
p
ítu
lo
 
 
2. UTILIDADE PÚBLICA – o Estado, para atender situações normais, tem de adquirir o domínio e o uso de bens 
de outrem (Decreto-Lei n. 3.365/41, art. 5º). Essa desapropriação é de interesse do Poder Público; 
3. INTERESSE SOCIAL – é a desapropriação em que o estado, para impor um melhor aproveitamento da terra 
rural ou para prestigiar certas camadas sociais, adquire a propriedade de alguém e a trespassa a terceiro (Lei 
federal n. 4.132/62, art. 2º). Essa desapropriação é de interesse da coletividade; 
4. INDENIZAÇÃO JUSTA – é a que cobre não só o valor real e atual dos bens expropriados, à data do pagamento, 
como também os danos emergentes e os lucros cessantes do proprietário, decorrentes do despojamento do 
seu patrimônio. Aqui também inclui a correção monetária. Quanto as benfeitorias, serão sempre indenizadas 
as necessárias, feitas após a desapropriação, e as úteis, se realizadas com autorização do expropriante; 
5. INDENIZAÇÃO PRÉVIA – significa que o expropriante deverá pagar ou depositar o preço antes de entrar na 
posse do imóvel; 
6. INDENIZAÇÃO EM DINHEIRO – o expropriante há de pagar o expropriado em moeda corrente, salvo exceção 
constitucional que permite o pagamento em títulos especiais da dívida pública (para os imóveis urbanos que 
não atendam ao Plano Diretor Municipal) e da dívida agrária (para os imóveis rurais). 
7.3 FORMAS DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA 
A intervenção do Estado na propriedade pode admitir duas formas 
básicas, a intervenção restritiva e a intervenção supressiva. 
A intervenção restritiva ocorre quando o Estado impõe restrições e 
condicionamentos ao uso da propriedade sem retirar de seu dono. O 
proprietário não poderá utilizar a seu exclusivo critério e conforme seus 
padrões, devendo subordinar-se as imposições emanadas pelo Poder Público, 
porém conservará a propriedade em sua esfera jurídica. 
Já a intervenção supressiva ocorre quando o Estado utilizando o princípio 
da supremacia do interesse público transfere coercitivamente para si a 
propriedade de terceiro, em nome do interesse público. 
 
7.4 DESAPROPRIAÇÃO 
É o procedimento administrativo pelo qual o 
Estado, compulsoriamente retira de alguém certo 
bem, para si ou para outrem, e o adquire originariamente, por necessidade pública, 
utilidade pública ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização, paga em 
dinheiro. 
DESAPROPRIAÇÃO ORDINÁRIA DESAPROPRIAÇÃO EXTRAORDINÁRIA 
Pode ser tanto amigável quanto judicial Pode ser tanto amigável como judicial 
 Para fins de Reforma Agrária Para fins de urbanização ou reurbanização 
Recai sobre qualquer bem, salvo as vedações 
legais 
Só poderá ser imóvel rural Só pode incidir sobre propriedade urbana não edificada, 
subutilizada ou não utilizada 
Requisitos são ocorrência de necessidade 
pública, utilidade pública e interessesocial. 
Que não esteja cumprindo sua função 
social 
Proprietário não promoveu o seu adequado aproveitamento 
ou após o decurso de cinco anos de cobrança de IPTU 
progressivo, não cumpriu a obrigação de parcelamento, 
edificação ou utilização compulsórios 
Pode ser realizada pela União, Estado-Membro, 
Município, Distrito Federal e outras pessoas a 
quem a lei reconheça tal competência. 
Só poderá ser realizada pela União e 
seus delegados que no caso é o INCRA 
(Instituto Nacional de Colonização e 
Reforma Agrária). 
Só poderá ser realizada pelo Município e pelo Distrito Federal. 
 O ato expropriatório é de 
competência do Presidente da 
República ou da autoridade a quem 
ele delegar poderes específicos. 
 
 
DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA OU EXTENSIVA DESAPROPRIAÇÃO DE BEM PÚBLICO 
Recai em áreas que se valorizem extraordinariamente em 
consequência da obra ou do serviço público 
As entidades de hierarquia maior podem desapropriar bens das entidades de 
hierarquia menor 
A declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, 
mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as 
que se destinam à revenda 
União desapropria bens de Estados e Municípios e também bens de autarquias, 
empresas públicas e sociedade de economia mista criadas pelo Município, Estado-
Membro, Distrito Federal ou de concessionárias dessas pessoas jurídicas 
Os Estados desapropriam bens dos Municípios situados em seu território, mas jamais 
pode desapropriar bens de outro Estado e os Municípios não podem desapropriar 
bens de outro Município. 
 
7.4.1 RETROCESSÃO 
É o direito que tem o ex-proprietário de exigir de volta o seu imóvel e pleitear o direito a uma indenização (perdas 
e danos), caso o expropriante não dê ao bem desapropriado a destinação motivadora da desapropriação. 
INTERVENÇÕES RESTRITIVAS 
 São: a Servidão Administrativa; a 
Requisição; a Ocupação Temporária; 
as Limitações Administrativas e o 
Tombamento. 
INTERVENÇÕES SUPRESSIVAS 
São as intervenções que suprimem o 
domínio da propriedade e são 
realizadas pelo procedimento da 
Desapropriação; do Confisco e do 
Perdimento de Bens 
O direito de retrocessão deve ser utilizado pelo expropriado dentro de cinco anos contados do momento em que 
o ente que desapropriou deixa de utilizá-lo numa finalidade pública ou demonstra essa intenção. 
7.4.2 BENS DESAPROPRIÁVEIS 
Tudo que pode ser objeto de propriedade pode ser 
desapropriado: os bens móveis e imóveis, corpóreos e 
incorpóreos, públicos e privados, espaço aéreo e o subsolo. 
Não são desapropriáveis os bens e direitos personalíssimos, 
os bens que podem ser encontrados facilmente no mercado. 
7.5 CONFISCO 
Consiste na expropriação de um bem particular pelo Estado, sem contraprestação pecuniária. Esta modalidade se 
diferencia da desapropriação por não haver, em razão do caráter sancionatório, qualquer tipo de indenização pela 
perda da propriedade. 
Restringe o caráter perpétuo da propriedade de bens. Representa 
instrumento de repressão ao cultivo ilícito de psicotrópicos (preparo da terra, 
plantio ou colheita, sem autorização 
do Ministério da Saúde). Os imóveis 
confiscados devem ser destinados ao 
assentamento de colonos para o cultivo de alimentos ou medicamentos. 
Também é objeto de confisco todo e qualquer valor econômico 
apreendido em decorrência de tráfico ilícito de entorpecentes. 
Apesar da expressão utilizada (expropriação), o confisco não é 
modalidade de desapropriação, representando espécie autônoma de 
intervenção, de competência da União. 
O confisco não comporta indenização ao particular. 
 
7.6 PERDIMENTO DE BENS 
Forma também de expropriação de um bem particular pelo Estado, sem contraprestação pecuniária. Esta 
modalidade se diferencia das demais por ser de caráter sancionatório e não gerar qualquer tipo de indenização pela 
perda da propriedade. 
O caráter de perda da propriedade é definitivo e representa instrumento de repressão ao crime. É objeto de 
perdimento todo e qualquer valor econômico ou bem apreendido em decorrência de da sua utilização para a prática 
de crimes. 
Como o confisco o perdimento de bem não é modalidade de desapropriação, representando espécie autônoma de 
intervenção, de competência da União. 
 FUNDAMENTO JUSTIFICATIVA TIPO NATUREZA OBJETO 
RECAI 
SOBRE 
ALGO 
INDENIZAÇÃO 
FORMA DE 
INSTITUIÇÃO 
PARTICULARIDADE 
DESAPROPRIAÇÃO 
Art. 5º, XXIV da 
CF e DL 3365/41 
Necessidade, 
Utilidade e 
Interesse Social. 
Supressivo 
do 
Domínio 
Definitiva 
Quaisquer bens 
e direitos 
Determinado 
Prévia, justa e 
em dinheiro. 
Procedimento 
Administrativo 
Garante o 
contraditório e ampla 
defesa 
CONFISCO Art. 243 da CF 
Repressão ao 
Narcotráfico e 
exploração do 
trabalho escravo. 
Supressivo 
do 
Domínio 
Definitiva 
Bens utilizados 
para cultura de 
psicotrópicos ou 
exploração de 
trabalho 
escravo. 
Determinado 
Sem 
Indenização 
Ato unilateral 
Natureza 
sancionatória com 
destinação específica 
PERDIMENTO DE 
BENS 
Art. 5º, XLVI,b da 
CF e DL 3365/41 
Repressão ao 
crime. 
Supressivo 
do 
Domínio 
Definitiva 
Bens utilizados 
para prática de 
crimes. 
Determinado 
Sem 
Indenização 
Efeito de 
sentença Penal 
condenatória 
Natureza 
sancionatória com 
destinação específica 
7.7 OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA OU PROVISÓRIA 
É o uso, por parte da Administração, de um bem particular ou público pertencente a outro ente federativo, por 
tempo determinado ou indeterminado, mas nunca permanente (a utilização permanente representa desapropriação 
indireta). 
 Mediante a ocupação temporária, o Poder Público por seus próprios agentes ou por empreiteiros, utiliza 
provisoriamente terrenos não edificados (terrenos baldios ou propriedades 
inexploradas), vizinhos a obras públicas; essa utilização provisória é 
necessária à realização da obra, desde que autorizados pela Administração. 
Não se admite demolições ou alterações judiciais à propriedade particular 
utilizada, permitindo somente o uso momentâneo e inofensivo, compatível 
com a natureza e destinação do bem ocupado. 
Para essa ocupação a Administração deverá expedir a competente 
ordem, fixando desde logo a justa indenização devida ao proprietário do 
terreno ocupado. 
Esta ocupação estende-se aos imóveis necessários à pesquisa e lavra de petróleo e de minérios nucleares. 
Não podem ser desapropriadas para fins de reforma 
agrária única propriedade rural definida em lei como 
pequena e média, mas ela poderá ser desapropriada 
para fins de urbanização (construção de obra pública). 
O art. 5º, XXV, CF, regula que a ocupação 
temporária é a utilização transitória, 
remunerada ou gratuita, de bem 
particulares pelo Poder Público, para a 
execução de obras, serviços ou atividades 
públicas ou de interesse público. 
É a apropriação pelo Poder 
Público, de terras utilizadas para 
o cultivo de plantas psicotrópicas 
e em virtude de exploração de 
trabalho escravo (art.243 da CF). 
Podem sofrer a ocupação temporária os terrenos não edificados, públicos (de quaisquer entes federativos) ou 
privados, lindeiros a obras públicas e necessários à realização destas. Gera direito de indenização ao proprietário. A 
indenização deve equivaler ao valor locativo da área. 
De imóveis públicos ou privados para exploração, pela União (direta ou indiretamente), de jazidas de energia 
hidráulica e recursos minerais e minerais nucleares, como urânio. Esta ocupação estende-se aos imóveis necessários 
à pesquisa e lavra de petróleo e de minérios nucleares. 
Ao separar o direito de propriedade imobiliária do direito de explorar os recursos naturais, a CF viabiliza o uso dos 
bens onde se localizam as jazidas pela União através da ocupação temporária. 
De bens públicos, pela União, quando decretado Estado de Defesa. 
Cautelar, para assegurar a apuração de faltas contratuais do contratado e para garantir a continuidade de serviços 
essenciais em contratos administrativos. 
7.8 REQUISIÇÃO 
Requisição é a utilização coercitiva e temporária de bens particularesem caso 
de emergência ou iminente perigo público (risco imediato a pessoas, coisas ou 
instituições). Por força do princípio da supremacia do interesse público sobre o 
privado, a requisição só é indenizável se dela decorrem prejuízos ao proprietário. 
A União é a competente para legislar sobre a requisição e pode recair sobre bens 
móveis, imóveis e serviços, ou seja, é a utilização 
coativa de bens ou serviços 
particulares pelo Poder Público, por 
ato de execução imediata e direta da 
autoridade requisitante. 
A requisição dependendo do 
tipo de bem requisitado, poderá 
implicar perda irrecuperável. Se 
houver dano, caberá indenização ulterior, inexistindo dano 
comprovado, não caberá indenização. 
A requisição civil de serviços é de competência exclusiva da 
União. 
7.9 LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA 
 Limitação administrativa é toda imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública 
condicionadora do exercício de direitos ou de atividades particulares às exigências do 
bem-estar social. 
Derivam do poder de polícia e se exteriorizam em 
imposições unilaterais e imperativas, sob a 
tríplice modalidade positiva (fazer), negativa 
(não fazer) ou permissiva (deixar de fazer), seno 
que o particular é obrigado a realizar o que a 
Administração lhe impõe, devendo permitir algo 
em sua propriedade. 
As limitações devem corresponder às exigências do interesse público, sem aniquilar 
a propriedade. Serão 
legitimas quando 
representam razoáveis 
medidas de 
condicionamento do uso 
da propriedade em benefício do bem-estar social, não 
impedindo a utilização do bem segundo sua destinação 
natural. 
O interesse público a ser protegido pelas limitações 
administrativas, pode consistir na necessidade de evitar um dano possível para a coletividade, conforme o meio de 
utilização da propriedade particular, a fim de assegurar o interesse da coletividade. O Poder Público gerencia as 
atividades que podem causar transtornos ao bem-estar social, 
condicionando o uso da propriedade privada e regulando as atividades 
particulares. 
A limitação administrativa é geral e gratuita, impostas as 
propriedades particulares em benefício da coletividade. 
Requisição civil 
(iminente perigo) ou 
Requisição militar (em 
caso de guerra). 
A requisição por ser ato 
de urgência, não precisa 
de prévia intervenção 
do Poder Judiciário. 
O Estado intervém na propriedade 
e atividades particulares, visando 
o bem-estar social. 
O bem-estar social engloba 
portanto as coisas que incidem 
de forma positiva na qualidade 
de vida: um emprego digno, 
recursos econômicos para 
satisfazer as necessidades, um 
lar para viver, acesso à 
educação e a saúde, tempo 
para o lazer, etc. 
As limitações atingem 
direitos, atividades individuais 
e propriedade imóvel. 
O Poder Público edita normas (leis) ou baixa 
provimentos específicos (decretos, regulamentos, 
provimentos de urgência etc.), visando ordenar as 
atividades, satisfazer o bem-estar social. 
✓ É direito pessoal da Administração (a servidão é direito 
real); 
✓ Seu pressuposto é o perigo público iminente (na 
servidão inexiste essa exigência, bastando a existência 
de interesse público); 
✓ Incide sobre bens móveis, imóveis e serviços (a 
servidão só incide sobre bens imóveis); 
✓ Caracteriza-se pela transitoriedade (a servidão tem 
caráter de definitividade); 
✓ A indenização, somente devida se houver dano, é 
ulterior (na servidão, a indenização, embora também 
condicionada à existência de prejuízo, é prévia). 
 
✓ São atos legislativos ou administrativos de caráter geral (todas as 
demais formas interventivas decorrem de atos singulares, com 
indivíduos determinados); 
✓ Têm caráter de definitividade (igual ao das servidões, mas diverso 
da natureza da requisição e da ocupação temporária); 
✓ O motivo das limitações administrativas é vinculado a interesses 
públicos abstratos (nas demais formas interventivas, o motivo é 
sempre a execução de obras e serviços públicos específicos); 
✓ Ausência de indenização (nas outras formas, pode ocorrer 
indenização quando há prejuízo para o proprietário). 
7.10 SERVIDÃO ADMINISTRATIVA OU PÚBLICA 
Na servidão administrativa alguns atributos do direito de propriedade são partilhados com terceiros. Essa servidão 
consubstancia um ônus real de uso, instituído pela Administração sobre imóvel privado, para atendimento ao interesse público, 
mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados. Apenas uma parcela do bem tem seu uso compartilhado ou 
limitado, para atender ao interesse público. 
É ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade particular para assegurar a realização e 
conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos 
efetivamente suportados pelo proprietário. 
A servidão administrativa poderá impor uma obrigação de fazer. 
Os entes políticos, empresas governamentais, concessionários e 
permissionários podem instituir servidão. Seu fundamento é declarado de 
necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. O ato 
declaratório da servidão, concretiza-se por acordo ou mediante sentença 
do Judiciário em ação movida pelo Poder Público ou seu delegado. Caso a 
servidão seja instituída de fato, o proprietário poderá pleitear 
ressarcimento na via administrativa, não obtendo sucesso ou não 
pretendendo usar esta via, moverá ação de reparação de dano. 
7.11 TOMBAMENTO 
O Estado interfere na propriedade privada para resguardar o patrimônio cultural brasileiro (de ordem histórica, artística, 
arqueológica, cultural, científica, turística e paisagística). 
Submissão de certo bem, imóvel ou móvel, público ou particular, a um regime especial de uso, gozo, 
disposição ou destruição em razão do seu valor histórico, cultural, paisagismo, arqueológico, científico. 
O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural 
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas 
de acautelamento e preservação. 
Nem a propriedade e nem a posse serão retiradas do proprietário. Em regra não indeniza, apenas se os efeitos da restrição 
são muito intensos no uso do bem. 
7.11.1 EFEITOS DO TOMBAMENTO 
✓ Vedado ao proprietário destruir, demolir ou mutilar 
✓ Somente poderá pintar ou reparar com autorização do poder público 
✓ Dever de conservar, sem recurso é dever do poder público 
✓ Se for alienar, preferência para o poder público 
✓ Pode se gravar com penhor 
✓ Os donos dos imóveis lindeiros também não podem construir ou reformar reduzindo a visibilidade do bem tombado. 
Essa restrição representa servidão administrativa, em que é dominante a 
coisa tombada e servientes os prédios vizinhos. 
O TOMBAMENTO deve ser inscrito no registro imobiliário e pode ser 
individual (quando recai sobre um bem específico) ou geral (nas ocasiões em que 
houver o conjunto dos bens de um bairro ou cidade 
7.11.2 ESPÉCIES DE TOMBAMENTO 
O tombamento pode ser: 
De Ofício (quando incidente sobre bens públicos); 
Voluntário (quando requerido pelo proprietário particular); 
Compulsório (imposto pelo Poder Público a um bem particular). 
 
Quadro comparativo entre Requisição, Servidão Administrativa, Ocupação Temporária e Limitação Administrativa 
 
 JUSTIFICATIVA TIPO NATUREZA OBJETO 
RECAI SOBRE 
ALGO 
INDENIZAÇÃO 
FORMA DE 
INSTITUIÇÃO 
PARTICULARIDADE 
OCUPAÇÃO 
TEMPORÁRIA OU 
PROVISÓRIA 
 Necessidade de 
realização de 
obras e serviços 
normais 
Restritivo 
de uso 
Temporária ou 
Provisória 
Bens Imóveis 
ou móveis 
Determinado 
Ulterior apenas 
em caso de dano 
Ato 
Administrativo 
 Apoio a Obras e Serviços e é 
Direito Pessoal da 
Administração Pública 
LIMITAÇÃO 
ADMINISTRATIVA 
Interesse Público 
Abstrato 
Restritivo 
de uso, 
gozo ou 
destinação 
Definitiva 
Bens Imóveis 
ou móveis e 
atividades 
particulares 
Indeterminado Sem Indenização 
Lei ou Ato 
Administrativo 
Restrição específica e/ou 
geral 
SERVIDÃOADMINISTRATIVA 
Existência de 
interesse público 
para execução de 
obras e serviços 
coletivos 
Restritiva 
conforme o 
tipo 
Definitiva Bens Imóveis Determinado 
Prévia e 
condicionada à 
ocorrência de 
Prejuízo 
Acordo, Sentença 
Judicial, Lei ou de 
modo forçado. 
Utilização por Direito Real da 
administração pública. 
REQUISIÇÃO 
ADMINISTRATIVA 
Perigo público 
iminente, estado 
de calamidade e 
situações 
emergenciais 
Restritivo 
de domínio 
Temporária 
Bens Imóveis 
ou móveis e 
serviços de 
particulares 
Determinado 
Posterior 
condicionada à 
ocorrência de 
Prejuízo 
Ato 
Administrativo 
Pressupõe a Hipótese de 
iminente perigo público. 
Estados de emergência e 
urgência. 
TOMBAMENTO 
Preservação e 
prevenção do 
Patrimônio 
Histórico, 
Cultural e 
Ambiental 
Restritivo 
de domínio 
Definitiva 
Bens Imóveis 
ou móveis 
públicos e 
particulares 
Determinado Sem Indenização 
Procedimento 
administrativo 
gerador de e ato 
ou lei. 
O proprietário pode dar 
qualquer destinação mas 
deve respeitar o direito de 
preempção da Administração 
P~ublica 
✓ A natureza jurídica é a de direito real; 
✓ Incide sobre bem imóvel; 
✓ Tem caráter de definitividade; 
✓ A indenização é prévia e condicionada (neste caso 
só se houver prejuízo); 
✓ Inexistência de auto-executoriedade: só se 
constitui mediante acordo ou sentença judicial. 
É ato discricionário que tem por finalidade 
assegurar a preservação da coisa. 
 
ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
Nos arts. 170 a 192 da Constituição Federal trata da “Ordem Econômica e Financeira” nacional. Aponta como 
principais fundamentos da ordem econômica a valorização do trabalho humano e a livre-iniciativa (art. 170 CF). Trata-
se de uma tentativa de conciliação dos fatores capital e trabalho, em que, não obstante deixar clara a opção pelo 
regime capitalista (o que se percebe não só pela invocação da livre-iniciativa, mas também pela expressa afirmação 
do princípio da livre concorrência no inciso IV do mesmo dispositivo), alia-o ao primado do trabalho humano, tendo 
como objeto a consecução do bem-estar e da justiça sociais (CF, art. 193). No parágrafo único do mesmo art. 170. 
É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de 
órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei, demonstrando que a regra no nosso capitalismo é a liberdade dos 
agentes econômicos para organizarem suas atividades. Em algumas situações essa liberdade resulta na prática de 
abuso do poder econômico, situações em que a tão propalada “mão invisível do mercado”, em vez de evitar 
distorções perniciosas, acaba por provocá-las, de forma a tornar essenciais medidas corretivas por parte da mão visível 
do Estado. É nesse sentido que o art. 173, § 4.º, da Constituição Federal estabelece que “a lei reprimirá o abuso do 
poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos 
lucros”. 
A atuação do Estado no domínio econômico ocorre de duas formas: 1) como agente normativo e regulador; e 2) 
como agente executor. 
Agente normativo e regulador da atividade econômica - o Estado exerce as funções de normatização (cria 
normas), fiscalização, incentivo e planejamento, sendo o planejamento determinante para o setor público e indicativo 
para o setor privado (CF, art. 174). 
Com o objetivo de possibilitar a atuação do Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica, 
foi incorporada ao nosso ordenamento jurídico a figura das agências reguladoras, a exemplo da Anatel, ANEEL, ANP, 
entre outras. Do mesmo modo também foi criado o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), autarquia 
federal, vinculada ao Ministério da Justiça e que, ao lado da Secretaria de Acompanhamento Econômico do 
Ministério da Fazenda (SAE/MF), formam o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), cujas atribuições 
são detalhadas na Lei nº 12.529/2011. 
Há também que ressaltar a possibilidade de o Estado, por meio de política tributária ou creditícia, estimular ou 
desestimular determinado comportamento dos agentes econômicos, o que, por exemplo, pode ser viabilizado pela 
alteração das alíquotas dos Impostos de Importação, Exportação, IPI e IOF (CF, art. 153, § 1.º) ou pela criação de 
contribuições de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149). 
Agente executor – quando o Estado desenvolve diretamente atividades econômicas. No entanto, esse 
comportamento estatal é admitido apenas em caráter de exceção, somente sendo justificável quando estiver presente 
uma das seguintes condições: 1) for necessário aos imperativos da segurança nacional; ou 2) houver relevante 
interesse coletivo (CF, art. 173). 
Principais meios utilizados com esse objetivo são os seguintes: a) monopólio; b) repressão ao abuso do poder 
econômico; c) controle do abastecimento; d) tabelamento de preço; e) criação de empresas estatais. 
Monopólio 
O monopólio é a exclusividade na exploração de determinado bem, serviço ou atividade econômica. 
O monopólio privado é vedado pelo ordenamento jurídico porque tende a provocar o aumento arbitrário dos 
lucros em prejuízo do consumidor ou usuário. O mesmo não se passa com o monopólio estatal, que tem por objetivo 
a proteção do interesse público, sendo admitido apenas nas hipóteses previstas na Constituição. 
A doutrina distingue monopólio e privilégio. O monopólio é a reserva da exclusividade para exploração do bem 
ou da atividade. Contudo, nem sempre o titular do monopólio o explora diretamente. Em algumas situações, o 
detentor do monopólio delega a exploração do bem a outra pessoa. Essa delegação da exploração da atividade 
monopolizada é chamada de privilégio. 
 Constituição prevê as seguintes hipóteses de monopólio estatal: 
a) a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos (CF, art.177, I); 
b) a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro (CF, art. 177, II); 
c) a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos itens 
anteriores (art. 177, III); 
d) o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no 
País, bem assim, o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer 
origem (art. 177, IV); 
e) a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e 
minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos, cuja produção, comercialização e 
utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput 
do art. 21 CF (CF, art. 177, V); 
f) emitir moeda (CF, art. 21, VII); 
g) manter o serviço postal e o correio aéreo nacional (CF, art. 21, X); 
h) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos 
termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos 
institucionais (CF, art. 21, XI); 
i) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão (CF, art. 21, XII): 
• os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; 
• os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação 
com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 
• a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária; 
• os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que 
transponham os limites de Estado ou Território; 
• os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; 
• os portos marítimos, fluviais e lacustres. 
 
Repressão ao abuso do poder econômico 
A Constituição Federal prevê que a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos 
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário doslucros (CF, art. 173, § 4.º). 
Atualmente, o diploma que regula de forma mais detalhada a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem 
econômica é a Lei 12.529/2011. Esta lei estruturou Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), composto 
de dois órgãos básicos: o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a Secretaria de Acompanhamento 
Econômico do Ministério da Fazenda. 
O CADE é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça, sendo constituído por três órgãos: a) Tribunal 
Administrativo de Defesa Econômica; b) Superintendência-Geral; e c) Departamento de Estudos Econômicos. 
Verifica-se que, enquanto o CADE possui atribuições de natureza predominantemente decisórias, a Secretaria de 
Acompanhamento Econômico do MF atua basicamente como órgão opinativo. 
O abuso do poder econômico pode assumir as mais variadas formas, dentre as quais é possível destacar o truste, 
o cartel e o dumping. 
O truste é a imposição das grandes empresas sobre os concorrentes menores, visando a afastá-los do mercado ou 
obrigá-los a concordar com a política de preços do maior vendedor. O truste pode ser definido também como a forma 
de abuso de poder econômico pela qual uma grande empresa domina o mercado e afasta seus concorrentes, ou os 
obriga a seguir a estratégica econômica que adota”. 
O cartel pode ser definido como a composição voluntária dos rivais sobre certos aspectos do negócio comum”. 
Um exemplo clássico da ocorrência de cartel se dá nas grandes cidades brasileiras, quando os donos de postos de 
combustíveis combinam vender o produto por um mesmo preço. 
O dumping é a prática de vender mercadorias durante certo período de tempo por preços abaixo do seu valor 
justo, com o objetivo de eliminar a concorrência. Registramos que a exportação de diversos produtos chineses para o 
Brasil tem sido objeto de investigação de prática de dumping, pois estes são vendidos em território nacional por 
valores significativamente baixos. 
Controle de abastecimento 
O controle de abastecimento é medida interventiva que objetiva manter a oferta adequada de matérias primas, 
produtos e serviços, possibilitando que sejam atendidas às necessidades da coletividade, estando prevista no art. 2.º, 
II, da Lei Delegada 4/1962. No plano federal, podemos citar como exemplo a Companhia Nacional de Abastecimento 
(CONAB), empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, responsável por executar 
políticas públicas de armazenagem de produção agropecuária. 
A armazenagem de grãos possui grande utilidade, já que, em momentos de quebra de safra, possibilita que o 
Governo venda o seu estoque regulador, evitando o desabastecimento e a, quase certa, disparada dos preços. Por sua 
vez, em momentos de grande oferta, a estocagem dos grãos evita a queda acentuada dos preços, amenizando os 
eventuais prejuízos que os produtores rurais sofreriam. 
Tabelamento de preços 
Os preços classificam-se em públicos e privados. Os preços públicos são aqueles fixados unilateralmente pelo Poder 
Público relativamente aos serviços que ele ou seus delegados prestam à coletividade, cobrado por meio de tarifas ou 
preços públicos. Os preços privados são os que se originam das condições de mercado. Em regra, os preços privados 
são regulados pela lei da oferta e procura. Ocorrendo em algum momento o desequilíbrio dessa relação que leve a 
uma alta artificial dos preços, o Poder Público pode intervir para corrigir a distorção. Um dos instrumentos de 
intervenção é o tabelamento de preços, que se dá apenas em relação aos preços privados. 
O tabelamento de preços está previsto expressamente no art. 2.º, II, da Lei Delegada 4/1962, sendo medida de 
competência exclusiva da União. 
Criação de empresas estatais 
O Estado também pode atuar no domínio econômico por meio da criação de empresas estatais, que podem 
assumir a forma de empresas públicas ou sociedades de economia mista. No entanto, a criação dessas empresas está 
condicionada à existência de imperativos de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, definidos em lei, 
conforme previsto no art. 173 da CF. 
 
REFERÊNCIAS 
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 27. ed. rev. e atual. até a Emenda Constitucional 64, 
de 4.2.2010. São Paulo: Malheiros, 2010. 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
FURTADO, Lucas Rocha. Curso de direito administrativo. Belo Horizonte: Fórum, 2007. 
GASPARINI, Diogenes. Direito administrativo. 14. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009. 
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 10. ed. São Paulo: Dialética, 2004. 
MARINELA, Fernanda Direito administrativo, Jus Podium, 2005. 
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 17. ed. São Paulo: RT, 2013. 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. atual. até a Emenda Constitucional 64, de 4.2.2010. São 
Paulo: Malheiros, 2010. 
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. 
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Método, 2014.

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