do fogo, através das queimadas naturais, para a renovação do substrato das gramíneas, bem como ao ciclo de vida das gramíneas típicas das pradarias. Mas quando mal conduzida através de queimadas criminosas, atividade agropecuária desordenada, florestamentos para a TÓPICO 3 | BIOMAS 39 produção de celulose (monocultura), podem causar enormes perdas ambientais, como a desertificação. A flora é composta por diversas espécies de gramíneas, já citadas anteriormente, como também por herbáceas e alguns arbustos, e árvores típicas de clima quente e seco. Nas pradarias, a fauna é composta por cabras muito usadas em áreas de pastagens (criação de gado). E pelos animais nativos como os ratos do campo, espécies de cabras, bois, raposas, bisões, pequenos antílopes, búfalos, lebres, cães-da- pradaria, entre outros (ODUM; BARRETT, 2008; TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2006; RICKLEFS, 2003; PLANETABIO, 2013). (Figura 17 a; b). FIGURA 17 – (a) ESTEPE NORTE-AMERICANA E (b) PAMPAS SULINOS, BRASIL FONTE: Disponível em: <www.geografiadoalfredo.blogspot.com>. Acesso em: 11 mar. 2013. 3.7 BIOMA CAMPOS TROPICAIS DO TIPO SAVANAS OU CERRADOS A maior área se encontra na África, as “savanas africanas”, parte da Austrália, e na América do Sul, “o cerrado brasileiro” e os “pampas argentinos”. As savanas são campos com árvores esparsas, que se espalham nos trópicos secos, limitando o crescimento da vegetação, cujos climas tropicais frequentemente apresentam uma ou duas estações de secas prolongadas. Os incêndios e as migrações dos pastejadores são importantes para a manutenção das características deste bioma, e quando o fogo for de forma controlada neste habitat de savana, a floresta seca começa a se desenvolver. As precipitações sazonais, nos locais mais quentes, chegam à média de 1000 a 1500 mm/ano (pouca umidade), que é maior no verão e geralmente seco no inverno, restringindo a diversidade de espécies animais e vegetais na savana. Assim, as estações são reguladas pelas precipitações e não pela temperatura, como nos campos de clima temperado. As temperaturas variam de acordo com a latitude: no cerrado brasileiro varia entre 10ºC (inverno) e 38ºC (verão), na savana africana as médias anuais ficam acima de 20ºC. No Brasil chove principalmente entre outubro e março. Devido à forte sazonalidade, com abundância de sementes e insetos, as savanas podem suportar grandes populações de aves migratórias, mas poucas espécies encontram recursos para o ano inteiro. A flora é composta por espécies de gramíneas, herbáceas, arbustos 40 UNIDADE 1 | VIDA E AMBIENTE FÍSICO ou árvores de pequeno porte, como: barbatimão, jacarandá, entre outros; e acácias na savana africana, com raízes de mais de 10 metros (absorção água do lençol freático). A fauna na savana africana é composta por elefantes, rinocerontes, antílopes, guepardos, hienas, leões, zebras, girafas, leopardos; no cerrado brasileiro encontra-se: emas, lobo- guará, tamanduá, onça, suçuarana, veado-campeiro, porcos selvagens (queixada e caititus), tatu etc. (ODUM; BARRETT, 2008; TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2006; RICKLEFS, 2003) (Figura 18). FIGURA 18 – SAVANAS AFRICANAS FONTE: Disponível em: (a) <http://www.unicamp.br>. (b) <www.brasilescola.com>. Acesso em: 11 mar. 2013. 3.8 BIOMA DE BOSQUE OU CAMPOS DE VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA O clima mediterrâneo encontra-se principalmente no sul da Europa Ocidental, com pequenos trechos ao sul da Califórnia (Hemisfério Norte), no Chile Central (região do Cabo da África do Sul) e sudoeste da Austrália (Hemisfério Sul). O clima é ameno, caracterizado por temperaturas de inverno moderado (0ºC) e chuvas moderadas, mais intensas no inverno e outono (500 e 1000 mm/ano), e o verão é quente e seco, com uma grande amplitude térmica: durante o dia (próximo 30ºC), caindo bruscamente à noite. Cujo clima proporciona uma vegetação arbustiva, espessa, perene (1-3m altura), com raízes profundas e folhas pequenas e duráveis (vegetação esclerofilosa – folha dura), como maquis (vegetação mais densa e fechada) e o gaguirres (arbustos de pequeno porte e esparsos), com predomínio de arbustos/plantas xerófitas (adaptação à perda excessiva água por transpiração), cutícula espessa e tronco com casca grossa (carvalho, cactáceas, alecrim, oliveiras, loureiro, alfazema etc.). A maioria dos vegetais apresentam sementes resistentes ao fogo, que renascem após o fogo. Os animais mais frequentes são: insetos, javalis, veados, coelhos, répteis e muitas espécies de aves migratórias (ODUM; BARRETT, 2008; TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2006; RICKLEFS, 2003) (Figura 19). TÓPICO 3 | BIOMAS 41 FIGURA 19 – FLORESTA DO MEDITERRÂNEO – COIMBRA, PORTUGAL FONTE: Disponível em: <www.naturlink.sapo.pt>. Acesso em: 11 mar. 2013. 3.9 BIOMA DESERTO O termo deserto refere-se às áreas secas, que quase não recebem chuva; dependendo da zona climática em que se localizam, apresentam suas características típicas. Os desertos subtropicais das Américas desenvolvem-se em latitudes de 20º a 30º norte e sul do Equador, com alta pressão atmosférica, chuvas esparsas (menos de 250 mm/ano) e estações de crescimento vegetal longo, que com a presença das chuvas de verão, muitas plantas herbáceas, como os arbustos creotoso (Larrea tridentata) são dominantes, suculentos cactos (Carnegiea gigantea) e pequenas árvores como a mesquita e o palo verde (Parkinsonia) e as sementes dormentes crescem rapidamente e se reproduzem antes que o solo seque novamente. As plantas dos desertos subtropicais não resistem aos invernos gelados. Devido à baixa precipitação, o solo é raso (aridossolos), com ausência de matéria orgânica e de pH neutro, formação de muitos lençóis freáticos nas camadas inferiores, e há muitos depósitos de sal. No deserto de clima continental, com baixa precipitação e invernos frios, como nos desertos do Great Basin, encontra-se a sálvia (Artemisia) como vegetação dominante. Os principais desertos se encontram na África (Saara e Kalahari), Emirados Árabes, Argentina, Bolívia, Tibete, Chile (Atacama), China, México, Austrália e Estados Unidos. Existe uma grande amplitude térmica: no deserto do Atacama (Chile), durante o dia a temperatura chega aos 40ºC, caindo à noite para 0ºC, e no deserto do Saara (maior deserto do mundo) já chegou a 57ºC durante o dia e pode cair a 0ºC à noite. Segundo estudos, aparentemente, os únicos lugares em que quase não ocorre precipitação ou nenhuma chuva localizam-se no centro do Saara e no norte do Chile. A flora é composta por plantas xerófitas, folhas pequenas ou transformadas em espinhos, folhas com cutícula espessa, poucos estômatos ou contidos em criptas. As raízes são longas, para poderem absorver água nos lençóis freáticos, com predomínio de cactáceas. A fauna é composta por animais adaptados a pouca água. A maioria apresenta hábitos noturnos (evitar excesso de transpiração), como os roedores, insetos, escorpiões, cobras, lacraias e 42 UNIDADE 1 | VIDA E AMBIENTE FÍSICO lagartos. Os camelos e dromedários conseguem atravessar grandes áreas do deserto africano e do Oriente Médio sem beber água, porque seus tecidos toleram um grau de desidratação que seria fatal para a maioria dos animais (ODUM; BARRETT, 2008; TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2006; RICKLEFS, 2003) (Figura 20 a; b). FIGURA 20 – (a) DESERTO DO WHITE SANDS, NOVO MÉXICO; (b) DESERTO DO SAARA, ÁFRICA FONTE: Disponível em: (a) <http://www.unicamp.br>, (b) <www.brasilescola.com>. Acesso em: 11 mar. 2013. Os camelos não armazenam água em suas corcovas, isto é um mito. Nas corcovas é que os camelos acumulam a maioria da sua gordura, podendo sobreviver por muitos dias sem se alimentar no deserto, que é imprescindível, devido à escassez de alimento. 3.10 PRINCIPAIS BIOMAS TERRESTRES BRASILEIROS Bioma é a relação entre a flora e a fauna, cuja diversidade depende desde aspectos fitogeográficos a aspectos abióticos (água, luz, minerais no solo e ventos) encontrados nos grandes domínios da natureza brasileira. Os principais biomas