momentos distintos. • As diversas interações ecológicas ocorrentes entre os organismos acarretaram o desenvolvimento de algumas estratégias por parte das espécies consideradas recurso alimentar. Entre essas estratégias pode-se citar a camuflagem, a coloração de advertência, o mimetismo batesiano e mülleriano, e o desenvolvimento de substâncias tóxicas. 111 AUTOATIVIDADE 1 Dependendo do livro didático que um professor de Ciências e Biologia adotar em sua prática de sala de aula, ele poderá encontrar diferentes definições para uma mesma interação ecológica. Qual problemática esta realidade coloca em evidência? 2 As interações ecológicas podem ser divididas em interações intraespecíficas e interespecíficas. Qual é a principal diferença entre estes dois tipos de interação? 3 As interações interespecíficas podem beneficiar ambos os envolvidos na associação, ser benéfica a um organismo e prejudicial ao outro, ou ainda ser indiferente a um dos integrantes. Com relação às interações interespecíficas, associe os itens através do código a seguir: I- Herbivoria. II- Comensalismo. III- Competição. IV- Alelopatia. ( ) Esta interação envolve o uso de recursos limitados no ambiente. ( ) Dependendo da situação, esta interação pode ser considerada como um evento de predação ou parasitismo. ( ) É um exemplo a interação entre esponjas e peixes que utilizam o seu interior como moradia. ( ) Constitui no uso de substâncias tóxicas para inibir o crescimento de outro organismo. Agora assinale a alternativa com a sequência CORRETA: a) ( ) III – I – II – IV. b) ( ) I – III – II – IV. b) ( ) III – I – IV – II. d) ( ) I – III – VI – II. 4 A competição entre os organismos pode ocorrer diretamente ou indiretamente. Explique de que forma estas interações ocorrem. 112 113 TÓPICO 3 ECOLOGIA DE COMUNIDADES UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO É denominada uma comunidade o conjunto de organismos de diferentes espécies que vivem em um determinado local e que estão conectados uns com os outros por suas relações de alimentação e outras interações. Muitas destas interações já foram vistas no tópico passado e algumas outras também serão vistas neste tópico. Compreender como as comunidades variam de lugar para lugar é o primeiro passo para entender os processos que influenciam a estrutura e o funcionamento dos sistemas ecológicos, e determinam as abundâncias relativas das espécies (RICKLEFS, 2010). Todavia, para compreendermos os processos que ocorrem nas comunidades naturais é necessário que alguns conceitos ecológicos estejam bem claros em nossa mente, de forma a evitar confusões e interpretações equivocadas. Alguns termos são mais utilizados, outros menos, mas independente da frequência e intensidade de seu uso, a sua correta interpretação é indispensável. Afinal, o que significa o termo habitat e qual é a diferença entre esse conceito e nicho ecológico? Considera-se habitat o local onde um organismo vive, ou seja, o espaço físico que este organismo ocupa. O nicho ecológico, por sua vez, não inclui apenas essa característica, mas também o total de necessidades e condições necessárias à sua sobrevivência. Em outras palavras, o nicho ecológico abarca as especificidades do organismo quanto à temperatura do ambiente, pH, solo, umidade, entre outras diversas características (ODUM, 2010). Dessa forma, se construíssemos um gráfico com todas as características necessárias à sobrevivência de um organismo, utilizando cada eixo desse gráfico (x, y, z,...) como uma necessidade, teríamos como resultado uma representação gráfica n-dimensional (Figura 49). 114 UNIDADE 2 | ORGANISMOS, POPULAÇÕES, COMUNIDADES E ECOSSISTEMAS FIGURA 49 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO NICHO ECOLÓGICO DE UMA ESPÉCIE CONSIDERANDO TRÊS DIMENSÕES DE CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À SUA SOBREVIVÊNCIA FONTE: Disponível em: <http://ecologia.ib.usp.br/bie212/images/stories/ BIE212/AULAS/Aula2.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2013. O conceito de nicho ecológico é bastante abstrato e um pouco difícil de compreender em um primeiro momento. Mas isso não deve ser um empecilho para que ensinemos aos alunos de Ensino Fundamental e Médio o conceito correto desse termo. Conceituações ultrapassadas como profissão da espécie devem ser evitadas, visto que dão uma visão antropocêntrica ao mundo natural e simplificam em demasia o conjunto de exigências dos organismos. Quando o assunto é o nicho ecológico dos organismos, as dimensões mais quantificadas são a largura do nicho e a sobreposição de nichos entre vizinhos. Grupos de espécies com papéis ecológicos e de dimensões de nicho comparáveis são denominados de guildas (ODUM, 2010). Todavia, duas ou mais espécies que tenham exatamente o mesmo nicho ecológico não sobrevivem no mesmo local, devido às fortes consequências da competição pelos recursos. Se a situação acima não é possível, o fato é que as espécies disputam com outras em diversos dos seus “eixos” de necessidades vitais. Assim sendo, dificilmente uma espécie consegue aproveitar totalmente o intervalo de condições dentro das quais a espécie poderia sobreviver, o que é denominado de nicho fundamental. Além de competidores, patógenos e predadores também impedem esse aproveitamento máximo. Desta forma, as espécies acabam por utilizar um intervalo menor de condições – o chamado nicho percebido (RICKLEFS, 2010) (Figura 50). UNI TÓPICO 3 | ECOLOGIA DE COMUNIDADES 115 FIGURA 50 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO NICHO ECOLÓGICO FUNDAMENTAL DE UMA ESPÉCIE CONSIDERANDO DUAS DIMENSÕES DE CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À SUA SOBREVIVÊNCIA E DO NICHO REALMENTE UTILIZADO – O NICHO PERCEBIDO FONTE: As autoras 2 CADEIAS ALIMENTARES As diferentes formas de vida existentes em uma comunidade estão interligadas por relações tróficas, isto é, pela transferência de energia e nutrientes através de cadeias alimentares formadas por diferentes níveis tróficos. Cada cadeia inicia com um organismo dito produtor (primeiro nível trófico), que recebe esse nome por ser capaz de “produzir” uma forma de energia assimilável pelos demais organismos participantes da cadeia – os consumidores. São organismos produtores as plantas, as algas verdes e azuis, e algumas bactérias fotossintetizantes. Ao absorverem a energia luminosa, esses seres a transformam em energia química por intermédio da fotossíntese. Por este motivo, os produtores são também intitulados de seres autotróficos. Os consumidores, também denominados heterótrofos, não são capazes de realizar tal transformação, necessitando, portanto, se alimentar de outro ser vivo para obter energia necessária às suas atividades. De acordo com os seus hábitos alimentares, os consumidores podem ser chamados de herbívoros, carnívoros ou detritívoros. De acordo com a posição que ocupam na cadeia alimentar, os carnívoros recebem uma especificação. Assim, os carnívoros que se alimentam de herbívoros são chamados de carnívoros primários e fazem parte do segundo nível trófico. Por sua vez, o organismo que se alimenta deste carnívoro primário recebe a nomenclatura de carnívoro secundário (terceiro nível trófico), e assim por diante. UNI 116 UNIDADE 2 | ORGANISMOS, POPULAÇÕES, COMUNIDADES E ECOSSISTEMAS O último nível trófico é ocupado pelos organismos decompositores, ou seja, que se alimentam de organismos mortos e seus subprodutos, provenientes de todos os níveis tróficos anteriores. Os decompositores possuem uma grande importância ecológica, possibilitando que a matéria volte a se tornar disponível no ambiente. Esse papel é feito por várias espécies de fungos e as bactérias. Agora que já identificamos os níveis tróficos que constituem uma cadeia alimentar, vamos agora compreender como estas cadeias são representadas? Vejamos o exemplo a seguir: Portanto, costuma-se colocar as espécies envolvidas na cadeia em ordem do fluxo de energia, utilizando uma seta para indicar a direção em que a energia flui. Atentemos para o fato de que as cadeias alimentares não ocorrem de forma