mortas, formando uma cápsula. Quando têm agentes externos agindo sobre o tecido necrosado, denomina-se gangrena. Podem ser citadas a gangrena seca, que resulta do contato do tecido lesionado com o ar, e a gangrena úmida ou pútrida, que resulta da ação de microrganismos anaeróbios que liberam enzimas que irão liquefazer os tecidos e produzir gás e bolhas (BRASILEIRO-FILHO, 2006). Outro tipo de lesão irreversível é a apoptose, conhecida como morte programada, sendo um fenômeno em que a célula é estimulada a acionar uma cascata de sinalização que culmina na morte celular Quando ocorre cicatrização, o tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial. Patologia geral 030 unidade 1 (BRASILEIRO-FILHO, 2006). As células que estão programadas para tal ativam enzimas que degradam o seu DNA e suas proteínas. Suas membranas ficam intactas morfologicamente, entretanto, alteram-se quimicamente para atrair a endocitose por células vizinhas rapidamente, evitando reação inflamatória (KUMS; ABBAS; ASTER, 2013). A apoptose pode acontecer em estados fisiológicos normais ou em patológicos. Naturalmente, os tecidos que apresentam constante renovação celular, o fazem por meio da apoptose. Essa via é extremamente importante para eliminação de células que já desempenharam sua função, para remodelagem de órgãos, para controle da proliferação e diferenciação celular, eliminação de células durante a embriogênese, eliminação de clones de linfócitos de autorreconhecimento em processos imunológicos e células mutantes (BRASILEIRO-FILHO, 2006; HANSEL; DINTZIS, 2007). Notícia Cérebros enormes não funcionam A apoptose, morte programada da célula, ocorre de forma natural nos organismos e, muitas vezes, pode ser benéfica. De acordo com a reportagem intitulada “Cérebros enormes não funcionam”, redigida por Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cérebros grandes não são garantia de sucesso de inteligência, devido a isso, estima-se que 70% das células no estágio inicial da formação do cérebro sofram apoptose. Para saber mais sobre quais são essas células, qual enzima envolvida nesse processo e os motivos pelos quais elas são eliminadas, acesse o link disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3035/n/cerebros_ enormes_nao_funcionam/Post_page/9>. Acesso em: 22 dez. 2016. REHEN, S. Cérebros enormes não funcionam. 30 nov. 2012. Instituto Ciência Hoje. Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/ id/3035/n/cerebros_enormes_nao_funcionam/Post_page/9>. Acesso em: 06 jan. 2017 [Adaptada]. http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3035/n/cerebros_enormes_nao_funcionam/Post_page/9 http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3035/n/cerebros_enormes_nao_funcionam/Post_page/9 Patologia geral 031 unidade 1 A apoptose patológica é desencadeada por diversos fatores, como vírus, radiação, hipóxia e substâncias químicas. Apoptose em condições patológicas elimina células que estão geneticamente alteradas ou com dano irreversível, sem provocar inflamação e tentando causar o mínimo de alteração possível nos tecidos. As principais condições patológicas são causadas por lesão de DNA, acúmulo de proteínas não dobráveis e infecção viral. A temperatura e a falta de oxigênio atingem, direta ou indiretamente (produção de radicais livres), o DNA; caso o mecanismo de reparo falhe, a célula entrará em apoptose. Em relação às proteínas impropriamente dobráveis, elas são resultantes de mutação gênica ou radicais livres (KUMS; ABBAS; ASTER, 2013). Outra forma de ativação da apoptose é pela proteína p53. A hipóxia e a depleção de ribonucleotídeos aumentam o nível dessa proteína na célula. Quando a lesão do DNA é reparável, p53 provoca interrupção do ciclo celular para permitir o reparo do DNA. No entanto, quando a lesão do DNA é irreparável, p53 ativa a apoptose (HANSEL; DINTZIS, 2007). Independente do estímulo, a apoptose é resultante da ativação das enzimas caspases, as quais provocam alteração funcional e morfológica. As caspases possuem uma cisteína no sítio ativo e clivam as proteínas em sítios com resíduos de ácido aspárticos. A ativação dessa enzima pode ocorrer por meio de duas vias induzidas por agentes e mecanismos diferentes: via mitocondrial (intrínseca e principal forma) e via receptor de morte apoptose (extrínseca) (BRASILEIRO-FILHO, 2006; KUMS; ABBAS; ASTER, 2013). Patologia geral 032 unidade 1 Notícia As táticas da molécula assassina A apoptose é ativada pelas enzimas caspases. Nessa reportagem, realizada por Ana Paula Monte, descreve-se a importância de uma molécula que controla as caspases, desencadeando a apoptose, que, por sua vez, controla e modula a formação de tumores. Essa notícia aborda como essa molécula pode ser útil na luta contra o câncer e contra doenças degenerativas. A seguir, o link da reportagem, disponível em: <http:// www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_ assassina/Post_page/1151>. Acesso em: 22 dez. 2016. Fonte: MONTE, A. P. As táticas da molécula assassina. 27 jan. 2011. Instituto Ciência Hoje. Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/ id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151>. Acesso em: 06 jan. 2017. A mitocôndria tem papel importante na morte celular, pois apresenta moléculas envolvidas na apoptose, como o citocromo c e outras proteínas que neutralizam os inibidores da apoptose. O que determina se as caspases serão ativadas é a permeabilidade da membrana mitocondrial que é controlada pelos 20 tipos de proteínas da família Bcl-2. Quando ocorre uma lesão no DNA, ou a presença de proteínas dobradas de forma anormal, ou, ainda, uma redução no fator de crescimento da célula, grupo de sensores de proteínas BH3 é ativado (pertence à família Bcl-2), que, por sua vez, ativa duas outras famílias de proteínas que se intercalam na membrana plasmática: o grupo de proteínas Bax e Bak. Quando essas proteínas se inserem na membrana, formam-se canais que são utilizados pela citocromo c e por outras proteínas para atingirem o citoplasma. Outra função dessas proteínas (Bax e Bak) é a inibição das moléculas antiapoptóticas. No citoplasma, o citocromo c tem como função ativar as caspases que desencadeiam uma cascata de reações, culminando na fragmentação nuclear (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Quando essas proteínas se inserem na membrana, formam-se canais que são utilizados pela citocromo c e por outras proteínas para atingirem o citoplasma. http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151 http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151 http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151 Patologia geral 033 unidade 1 A via receptor de morte apoptose é ativada por moléculas da família TNF (fator de necrose tumoral). A apoptose é iniciada por interações de receptor-ligante na membrana celular. Quando receptores como TNF e Fas são ativados, sequências de “domínio de morte” nas caudas citoplasmáticas dos receptores servem como ancoragem para proteínas do tipo caspases, iniciando, assim, a apoptose. As caspases promovem a fragmentação da célula, degradando a matriz nuclear e o citoesqueleto, além de ativarem nucleases que degradam as nucleoproteínas e o DNA (HANSEL; DINTZIS, 2007). Após a fragmentação do núcleo, as células apoptóticas atraem os fagócitos, transferindo fosfolipídios da camada mais interna para a mais externa da membrana citoplasmática e liberando fatores solúveis. Os processos de apoptose e necrose (Figura 06) podem coexistir. A diferença básica é que, na necrose, ocorre o rompimento fIGURA 6 - Morte Celular: apoptose e necrose Fonte: DESIGNUA(c), 123RF [Adaptada].