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Prof. Rogério Sanches DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br I ..................................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO ao DIREITO PENAL .......................................................................................................... 4 1. CONCEITO de DIREITO PENAL ........................................................................................................ 4 2. FONTES do DIREITO PENAL .............................................................................................................. 10 3. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ....................................................................................................... 16 4. PRINCÍPIOS GERAIS do DIREITO PENAL ....................................................................................... 20 5.LEI PENAL – CLASSIFICAÇÕES.............................................................................................................37 6.EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO...................................................................................................40 7.LEI PENAL NO ESPAÇO (ARTS. 5 ao 9º do CP)....................................................................................54 ................................................................................................................... 71 DISTINÇÕES entre CRIME, DELITO e CONTRAVENÇÃO ....................................................................... 71 ................................................................................................................................. 75 1. Conceito ..........................................................................................................................................75 2. Crimes - sujeitos ativos......................................................................................................................76 3. Sujeito passivo...................................................................................................................................78 4. Objeto material.................................................................................................................................81 5. Objeto Jurídico...................................................................................................................................82 6. Elementos do crime...........................................................................................................................83 SISTEMA CLÁSSICO.........................................................................................................................85 SISTEMA FINALISTA........................................................................................................................92 DIREITO PENAL DO INIMIGO ............................................................................................................... 98 CRIME CULPOSO ................................................................................................................................ 106 1. Conceito ................................................................................................................................. 106 2. Elementos do crime culposo .................................................................................................. 107 3. Espécies de Culpa ................................................................................................................... 109 DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br II Crime Preterdoloso ........................................................................................................................ 111 ERRO DE TIPO .................................................................................................................................... 112 2.1.1. Conceito: ............................................................................................................................ 113 2.1.2. Conseqüências .................................................................................................................... 114 Erro De Tipo Acidental – Erro Sobre O Objeto .................................................................... 115 Erro De Tipo Acidental – Erro Sobre A Pessoa .................................................................... 117 AÇÃO e OMISSÃO .............................................................................................................................. 125 1. Crime comissivo ..................................................................................................................... 125 2. Crime Omissivo ....................................................................................................................... 125 RESULTADO........................................................................................................................................ 130 1. Espécies .................................................................................................................................. 130 1.3.1. Material Ou Naturalístico ........................................................................................... 130 1.3.2. Crime Formal Ou De Consumação Antecipada ........................................................... 131 1.3.3. Crime De Mera Conduta ............................................................................................. 131 Relação De Causalidade Ou Nexo De Causalidade ............................................................................. 134 2.1. Teoria Da Equivalência Dos Antecedentes Causais Ou “Conditio Sine Qua Non” ................... 135 2.1.2. Concausas ................................................................................................................... 136 2.2. TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA ....................................................................................... 141 2.3. CAUSALIDADE NA OMISSÃO ................................................................................................... 144 2.3.1. CAUSALIDADE NA OMISSÃO PRÓPRIA ........................................................................ 145 2.3.2. CAUSALIDADE NA OMISSÃO IMPRÓPRIA.................................................................... 145 TIPICIDADE PENAL ............................................................................................................................. 146 ILICITUDE ........................................................................................................................................... 151 4. Causas de Exclusão da Ilicitude (descriminantes /justificantes) ............................................. 156 4.1. ESTADO DE NECESSIDADE – ART. 24 CP ......................................................................... 156 4.2. LEGÍTIMA DEFESA ........................................................................................................... 168 4.3.ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL....................................................................174 4.4.EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO...........................................................................................176 CULPABILIDADE ................................................................................................................................. 184 1. TEORIAS DA CULPABILIDADE ...................................................................................................... 185 DIREITO PENALINTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br III 1.1 Teoria psicológica da culpabilidade .......................................................................................... 187 IMPUTABILIDADE............................................................................................................................... 190 PUNIBILIDADE .................................................................................................................................... 214 ITER CRIMINIS .................................................................................................................................... 264 4. CRIME CONSUMADO ............................................................................................................. 266 5. CRIME TENTADO .................................................................................................................... 268 6. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ................................................ 274 7. ARREPENDIMENTO POSTERIOR ...................................................................................... 280 8. CRIME IMPOSSÍVEL ........................................................................................................ 284 CONCURSO DE PESSOAS .................................................................................................................... 289 O nosso CURSO ANUAL é composto pelos INTENSIVOS I e II. A Disciplina de Direito Penal está dividida da seguinte forma: 1) INTRODUÇÃO ao DIREITO PENAL A) PRINCÍPIOS; B) LEI PENAL no TEMPO e no ESPAÇO C) IMUNIDADES 1) TEORIA GERAL da PENA (arts. 32 ao 99, CP) 2) TEORIA GERAL do DELITO (CP, arts. 13 ao 31 e 107) 2) DIREITO PENAL ESPECIAL 3) LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 2 Transformar o seu caderno no seu INSTRUMENTO de ESTUDO. Comprometemo-nos a trazer para você tudo o que existe na doutrina e na jurisprudência, para que o seu caderno fique o mais completo possível, cobrindo 100 % (ou quase isso) dos assuntos exigidos nos editais. Guardem essa fórmula: Não vá para a aula seguinte sem estudar a matéria da aula anterior. o ideal é adiantar-se ao professor e estudar também a matéria que será ministrada na aula seguinte, de modo que esta aula seja uma revisão daquilo que foi estudado. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 3 Apenas para quem sentir necessidade de um estudo aprofundado e que esgote todas as disciplinas relativas às Ciências Criminais. COLEÇÃO CIÊNCIAS CRIMINAIS - Editora RT - Coordenadores Luiz Flávio Gomes e Rogério Sanches - 6 volumes. CURSO de DIREITO PENAL - Cesar Roberto Bittencourt - Editora Saraiva - 5 Volumes. CURSO de DIREITO PENAL - Rogério Greco - 4 Volumes. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 4 Sob um enfoque formal, o Direito Penal é um o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. Já sob o aspecto sociológico, o Direito Penal é mais um instrumento (ao lado dos demais ramos do direito) de controle social de comportamentos desviados, visando a assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica dos membros do grupo (o conceito sociológico do Direito Penal já foi objeto de indagação em prova preambular). Para Durkheim, as relações humanas são contaminadas pela violência, necessitando de normas que a regulem. O fato social que contrariar o ordenamento jurídico constitui ilícito jurídico, cuja modalidade mais grave é o ilícito penal, que lesa os bens mais importantes dos membros da sociedade. Considerando o Direito como um todo, ele possui vários ramos e, sendo o Direito Penal norteado pelo princípio da intervenção mínima, por ter conseqüências jurídicas mais drásticas, este ramo é o que deve DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 5 intervir por último (somente em último caso). Assim, quando os outros ramos do Direito não se mostrarem eficazes, só aí o Direito penal poderá intervir perante os comportamentos humanos. Esquematicamente, imaginemos que o quadrado maior seja o Direito como um todo, e cada quadrado menor nele contido corresponda a um ramo do direito: Atualmente, mais do que conceituar o Direito Penal, nascem teorias que buscam descobrir a missão do Direito Penal. São, por assim dizer, correntes filosóficas querendo explorar a missão do Direito Penal. É justamente daí que surgem os chamados “funcionalismos”. O CIVIL TRABALHO ADMINISTRATIVO EMPRESARIAL DIREITO PENAL (princípio da intervenção mínima, pois o DP tem a consequência jurídica mais drástica) DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 6 FUNCIONALISMO PENAL, assim, busca apurar a missão do Direito Penal. Em outras palavras, não estuda só o que é, mas também para que serve o Direito Penal. O Funcionalismo tem duas grandes correntes: – idealizado por Claus Roxin, segundo o qual o fim do direito penal é assegurar bens jurídicos. – idealizado por Jakobs, para quem a missão do Direito Penal é resguardar a norma, ou seja, o sistema. O assunto relativo ao Funcionalismo Penal será tratado com mais detalhes nas aulas seguintes. – é o conjunto de leis penais em vigor no país. (Por exemplo: o CP, o CTB, a Lei de Drogas etc.). O direito penal objetivo é a expressão do poder punitivo do Estado (um está umbilicalmente ligado ao outro). – é o direito de punir do Estado. O Estado pode punir alguém sem uma lei penal vigente? Não. Por isso esses dois estão intimamente ligados. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 7 A pergunta quer saber, na verdade, se o poder punitivo do Estado encontra limites para ser exercido, se encontra limitações. – o Estado tem um tempo para exercer o seu direito de punir. Exemplo é a prescrição. Por mais grave que seja o crime, este prescreve, encontrando apenas duas exceções (duas hipóteses de imprescritibilidade : ) Art. 5º, XLII CF – racismo; e Art. 5º XLIV – ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito1 TERRITORIALIDADE – é a regra, contida no art. 5º CP “Aplica- se a lei brasileira, (....), ao crime cometido no território nacional.” 1 NOTE BEM: dizer que estes crimes são imprescritíveis é dizer que o Estado não encontra limites temporais para puni-los. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 8 – é uma exceção contida no art. EXTRATERRITORIALIDADE 7º do CP. – diz a respeito ao modo como deve ser aplicado o MODAL Direito Penal, ou seja, respeitando o principio da dignidade da pessoa humana. O Direito de punir é um . Entretanto, há monopólio do Estado duas concepções que devem ser levadas em conta: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 9 Existe algum caso em que o Estado tolera a sanção penal privada paralela? Sim. Há uma única exceção prevista no art. 57 do Estatuto do Índio, cujo teor é o seguinte: Art.57. Será tolerada aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte. O Estatuto de Roma criou o Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a humanidade. Mas este funcionará somente quando a justiça interna não aja ou venha a falhar. Diz o art. 1º do Estatuto: “É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 10 jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto.” O Estatuto de Roma, no art. 1º, consagrou o principio da complementariedade, isto é, o TPI não pode intervir indevidamente nos sistemas judiciais nacionais, que continuam tendo a responsabilidade de investigar e processar seus nacionais, salvo nos casos em que os Estados se mostrem incapazes ou não demostrem efetiva vontade de punir seus criminosos. Indica o lugar de onde vem (fonte material) e como se revela (fonte formal) o Direito Penal. – é a fonte de produção do direito penal, órgão encarregado da criação do direito penal. Art.22, I CF: “Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, “ OBS. Os Estados, excepcionalmente, podem legislar sobre direito penal. Para isso, ver o art. 22 p. único “Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.”. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 11 – é a fonte de conhecimento, sua forma que se revela para o mundo. É dividida em: B1) FONTE FORMAL IMEDIATA – é a lei; B2) FONTE FORMAL MEDIATA– costumes e princípios gerais de direito. São uma fonte formal mediata do direito penal. : comportamentos uniformes e constantes Conceito de COSTUME pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica. Não, porque o principio da legalidade veda costume incriminador. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 12 Tomemos como exemplo o ADULTÉRIO: o adultério não é costume nem revela uma obrigatoriedade e necessidade jurídica. O que o revogou, porém, foi o princípio da intervenção mínima. A partir do momento que a Lei Civil se mostrou eficaz para cuidar destes comportamentos, o Direito Penal não mais se ocupou desta conduta. Há doutrinadores que afirmam que a contravenção penal do jogo do bicho foi revogado pelos costumes, até porque o Estado possui jogos de azar. A doutrina, no entanto, é dividida: – é possível costume abolicionista aplicado nos casos em que a infração penal não mais contraria o interesse social. Sob esse prisma, conclui-se que a contravenção penal do jogo do bicho foi abolida. – não existe costume abolicionista. Quando a infração penal, porém, deixa de contrariar o interesse social, o juiz não aplica a lei incriminadora, e o Congresso deve revogá-la formalmente. Para os que acompanham esse ponto de vista, conclui-se que o jogo do bicho subsiste como infração penal, mas sem aplicação prática. - não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada por outra lei, a norma tem plena eficácia. Para esta orientação, a contravenção penal do jogo do bicho continua sendo uma infração penal, devendo o juiz aplicar a lei incriminadora. : a CONCLUSÃO . Em um julgado do STJ, o relator e um ministro votaram a favor da revogação DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 13 pelo costume do crime “casa de prostituição”. Entretanto, outros 3 ministros foram contra. Uma votação apertada, portanto (3 x 2). O costume não revoga crime, nem comina pena, mas OBS: serve para interpretação da norma, o chamado costume interpretativo, aplicado à palavra, expressão ou texto de lei. Ex. a expressão “mulher honesta” revogada no CP, “aquela que não rompe com o mínimo de decência da sociedade”, portanto, olhando a sociedade, e tendo por base o “mínimo de decência” tinha-se o conceito de “mulher honesta”. Outro exemplo: o art. 155, §1º, para majorar a pena, utiliza a expressão “repouso noturno”, que será elucidado pelos costumes do local do fato. Direito que vive na consciência comum de um povo. Veremos isso nas próximas aulas. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 14 : LEI : Costumes e Princípios Gerais de Direito. LEI; CF – não revela crime nem comina pena, mas revela direito penal (diz quais são os crimes hediondos, imprescritíveis, retroatividade da lei benéfica); TRATADOS INTERNACIONAIS de DIREITOS HUMANOS: não revela crime, mas revela D Penal; JURISPRUDÊNCIA – principalmente pela súmula vinculante. A ex. do art. 71 CP “...pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar e maneira de execução...” as condições de tempo, lugar e maneira, quem as estabelece é a jurisprudência, que diz, quanto ao tempo, que não deve haver um hiato superior a 30 dias; que lugar é na mesma cidade ou cidade vizinha; quem revela isso é a jurisprudência; PRINCÍPIOS: ex. princípio da insignificância, não está na lei, quem o revela que se o fato é insignificante é atípico. ATOS ADMINISTRATIVOS – nas normas penais em branco, revela o direito penal, p. ex. o que é droga, está numa portaria. DOUTRINA: OBS. Para a doutrina moderna, o costume é uma fonte informal do direito penal DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 15 De acordo com a doutrina moderna é fonte imediata de direito penal, mas não incriminadora no nosso direito interno (não pode criar crime, nem cominar pena), mas pode ser fonte incriminadora no direito internacional (a ex. no Estatutode Roma, crimes contra a humanidade). De acordo com o STF, se o Tratado Internacional de Direitos Humanos for ratificado com o quórum da EC, tem status de EC, mas se ratificado com quórum comum, tem um status supralegal (inferior à CF e superior à lei ordinária). O que leva a falarmos, além de um controle de constitucionalidade, em um controle de convencionalidade, ou seja, uma Lei contrariando um Tratado Internacional de Direitos Humanos, seja abstratamente, na Ação Direta, ou concretamente, no controle difuso. A Corte interamericana de Direitos Humanos criticou a decisão que declarou a Lei de Anistia constitucional, sendo conforme a CF brasileira, mas não fez um controle desta Lei conforme os Tratados Internacionais, que contraria as disposições dos Tratados de Direitos Humanos. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 16 – é dada pela própria lei. Ex. conceito de funcionário público, do art. 327 CP; – é a feita pelos estudiosos do direito. – fruto das decisões reiteradas dos nossos tribunais. Antes não havia um caráter vinculante, mas hoje há uma caráter vinculante, principalmente pela súmula vinculante. A exposição de motivos do CP, é fruto dos estudiosos que OBS. redigiram a lei, portanto é uma Interpretação doutrinária. Já a exposição de motivos do CPP é feita por meio de lei aprovada, sendo assim uma Interpretação autêntica ou legislativa. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 17 – leva em conta o sentido literal das palavras; – indaga-se a intenção objetivada na lei; – procura-se a origem da lei; – a lei é interpretada com o conjunto da legislação; – a lei deve ser interpretada considerando a realidade e o avanço da ciência. Esta pode ser de três espécies. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 18 – a letra da lei corresponde exatamente o que o legislador quis dizer. – amplia-se os alcances das palavras para que corresponda à vontade do texto. – esta reduz o alcance das palavras para que corresponda à vontade do texto. Exemplo de interpretação extensiva contra o réu: art. 157 – roubo. “§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;” - prevalece o entendimento de que a expressão “arma” abrange qualquer instrumento, com ou sem finalidade bélica, mas que serve ao ataque. A interpretação contra o réu é possível, porque, p. ex. em um roubo em que o agente utiliza uma faca de cozinha como arma, é possível tipificá-lo na majorante do art. 157. : Caso seja numa prova da Defensoria Pública, o argumento contra esta interpretação extensiva seria utilizar o art. 22, § 2º, do Estatuto de Roma – inserido no nosso ordenamento jurídico pelo - DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 19 Decreto nº 4.388, de 25 de Setembro de 2002 - e lembrar que estes tem status de supralegalidade, ou seja, são superiores à lei, e inferiores à CF: “§2º A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será permitido o recurso à analogia. Em caso de ambigüidade, será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada.” não se confunde com nem com . – amplia-se o alcance da palavra para atingir a real vontade do legislador. Existe lei para o caso concreto, porém, amplia-se o alcance da palavra. A lei disse menos do que pretendia. Ex. art. 157, §2º, I – o conceito de arma é extensivo, abrangendo objetos que não sejam armas, mas servem como tal. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 20 – o significado que se busca é o extraído do próprio dispositivo (existe uma norma a ser aplicada no caso concreto) levando-se em conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador. Existe a lei para o caso concreto, porém não se amplia o alcance. Ex. art. 181, I – fala do cônjuge, mas nada fala do companheiro. – nesta, parte-se de um pressuposto de que não há uma norma a ser aplicada no caso concreto, motivo pela qual se socorre daquilo que o legislador previu em caso similar (ex. art. 184). A analogia sempre é usada em favor do réu, jamais contra. Ex. art. 306 CP. Impede que o Estado venha a utilizar o Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 21 A missão do Direito Penal é a de proteger os bens jurídicos mais relevantes do homem. Ex. uma norma penal que pune o ateísmo seria manifestamente inconstitucional, porquanto o Estado não poderá criar normas que sejam ilegítimas. O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário, ou seja, a sua intervenção deve fica condicionada ao fracasso dos demais ramos do direito. Além disso, deve também revestir-se de um caráter fragmentário, de modo que alcance somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão a bem jurídico. – orienta a intervenção em abstrato. O direito penal só tipifica um fato como crime quando os demais ramos do Direito se mostrarem ineficazes, sendo este a “ULTIMA RATIO” do Direito. – orienta a intervenção em concreto. O Direito Penal só intervém no caso, quando presente relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 22 O é um desdobramento da e da . PRINCÍPIO da INSIGNIFICÂNCIA para o STF e STJ STF STJ REQUISITOS COMUNS aos DOIS TRIBUNAIS: 1. Mínima ofensividade da conduta do agente; 2. Nenhuma periculosidade social da ação; 3. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4. Inexpressividade da lesão jurídica provocada. 5. Ambos não aplicam o Princípio da insignificância no crime de falsificação de moeda, pois o bem jurídico tutelado é a fé pública, e a credibilidade do sistema financeiro. Existem julgados avaliando a realidade econômica do país para aplicar o Princípio da insignificância Existem julgados avaliando a capacidade econômica da vítima. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 23 O STF aplica o princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública O STJ não aplica o princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública. O fato para ser insignificante tem que ter requisitos objetivos, e não requisitos subjetivos, que constituiria neste caso a aplicação do direito penal, segundo os critérios do direito penal do autor, o que é vedado, sendo este o entendimentoprevalecente. Entretanto, há julgados no STJ condicionando a aplicação do princípio da insignificância aos bons antecedentes do agente. O Estado só pode incriminar condutas humanas que sejam voluntárias – segundo o Direito Penal do Fato. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 24 .: ninguém pode ser castigado por seus pensamentos desejos ou estilo de vida – PROÍBE-SE O . , no CP, está expresso no art. 2º CP “Ninguém pode ser punido por fato...”. Justamente sob tal fundamento é que foi revogada a contravenção penal de mendicância (art. 60, LCP). Para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Reconhecido este princípio, passa a ser questionável a existência dos crimes de perigo abstrato. : o perigo é absolutamente presumido por lei. Assim, para muitos doutrinadores o crime deve ter a ofensividade, por isso este tipo de crime é inconstitucional. : o perigo deve ser demonstrado. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 25 Até 2005, o STF admitia o crime de perigo abstrato. Após alguns julgados, porém, passou a questionar a constitucionalidade de tais crimes. Após 2008, passou a admitir o reconhecimento do crime de perigo abstrato apenas nos casos de tráfico de drogas. Proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe responsabilidade penal coletiva. Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente. Ele só poderá ser responsabilizado se o fato for querido, aceito ou previsível pelo agente, o que equivale dizer que só existe sentido em punir os fatos dolosos ou culposos. : EXCEÇÕES À RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 26 EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL COMPLETA: se for a embriaguez completa, entende-se que não há dolo nem culpa. RIXA QUALIFICADA POR LESÃO OU MORTE: havendo lesão grave ou morte, qualquer um dos rixosos responde. O Estado só pode punir agente imputável, com potencial consciência da ilicitude e quando deve exigir uma conduta diversa. A CF é clara neste sentido, ao dizer que todos são iguais perante a lei. Por haver distinções justificadas, há uma igualdade material. Segundo o art. 24 da Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto San José da Costa Rica – “Artigo 24 - Igualdade perante a lei. Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da lei.”. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 27 art. 5º, LVII , “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;” Por isso alguns doutrinadores preferem o nome PRINCÍPIO DA NÃO CULPA. Veja o art. 2º, §2º, da CADH “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa...” os doutrinadores dizem que o princípio da inocência não é compatível com a prisão cautelar, mas o princípio da não culpa é totalmente compatível. : Qualquer restrição à liberdade do acusado somente se admite após a sua condenação definitiva. Não afasta a possibilidade de decretação da prisão cautelar. No art. 312 do CPP: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.” No entanto, para Vicente Greco Filho, não se prende alguém por ser “conveniente”, e sim se for imprescindível. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 28 Cumpre à acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu, e não este provar a sua inocência. A condenação deve derivar da certeza do julgador, o que pode se retirar daí o principio do “in dubio pro reo”. A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana. É interligado com o princípio da humanização das penas, segundo o qual nenhuma pena pode ser cruel, desumana, ou degradante. Estes princípios anteriores estão interligados pelo art. 1º, III da CF. “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana;” DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 29 E também pelo art. 5º, §1º e 2º da CADH “Direito à integridade pessoal 1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.” A pena deve ser proporcional à gravidade do fato, seno este um princípio constitucional implícito na individualização da pena. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado – art. 5º. XLV, CF Há duas correntes que tentam explicar: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 30 – admite-se a exceção na própria CF (pena de confisco) e também no próprio inciso XLV “...podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;” – é a corrente que prevalece, esta diz que confisco não é pena, mas um efeito da sentença. Prevalece o entendimento também do art. 5º §3º da CADH “A pena não pode passar da pessoa do delinqüente”. A mesma circunstância não pode ser considerada em prejuízo do réu em mais de uma vez. Este Princípio tem três desdobramentos: – ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime. – ninguém pode ser condenado duas vezes em razão do mesmo fato. – ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 31 . A doutrina diz que este é um princípio constitucional implícito, mas é explícito no art. 20 do Estatuto de Roma – inserido no nosso ordenamento jurídico pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002. Imaginemos: condenação em furto, no 1º ato criminoso, e um roubo, no 2º ato criminoso: reincidente. Paulo Rangele Paulo Queiroz dizem ser “bis in idem”. No entanto, o STJ vem decidindo que o fato do reincidente ser punido mais severamente que o primário não viola a garantia da vedação do “bis in idem”, pois visa tão somente reconhecer maior reprovabilidade naquele que é contumaz violador da lei penal, respeitando assim o princípio da individualização da pena. Veja uma questão do TJ/MS: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 32 A conduta não causa relevante lesão do bem jurídico. Ex. furto de uma caneta BIC, é um fato atípico. Apesar de causar relevante lesão ao bem jurídico, a pena é desnecessária. Ex. perdão judicial para a mãe que mata culposamente o próprio filho, é um caso de isenção de pena. – A expressão “lei” pode ser tomada em sentido amplo, abrangendo todas as espécies normativas abarcadas pelo art. 59 da Constituição Federal. – só a espécie normativa lei, em sentido estrito (ordinária e complementar), pode criar crime. – princípio da legalidade compreende a reserva legal e a anterioridade. Esta é a adotada pelo CP brasileiro: CF, ART. 5º, XXXIX DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 33 “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. CP, ART. 1º “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”. CADH – art. 9º - princípio da legalidade e da retroatividade “Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se poderá impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar-se.”. O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE constitui uma real limitação ao Poder Estatal de interferir na esfera de liberdade individual. É a exigência de vinculação do Executivo e do Judiciário às leis formuladas de forma abstrata, que impede o poder punitivo com base no livre arbítrio. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 34 Respeito ao principio da divisão de poderes. O parlamento deve ser o responsável pela criação de crimes. Uma lei prévia e clara produz um importante efeito intimidativo. não há crime sem lei – mas uma lei em sentido estrito. Medida provisória não é lei, mas ato do executivo com força normativa (com força de lei). Porém, pode versar sobre norma penal não incriminadora. É o caso, por ex., de uma causa extintiva da punibilidade. Art. 62, §1º, b, da CF: “Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 35 b) direito penal, processual penal e processual civil;” Para esta análise existem duas correntes: – veda a edição de medida provisória, incriminadora ou não. a CF só veda medida provisória em matéria relativa a direito penal incriminador, mas não abrange o direito penal não incriminador. O STF, no RE 254818/PR, discutindo os efeitos benéficos pela MP 1571/97, Medida Provisória que permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários com efeitos extintivos da punibilidade, proclamou sua admissibilidade em favor do réu. De observar, ainda, que, mesmo após a EC 32/01, o STF admitiu Medida Provisória em favor do réu, como no art. 12 do Estatuto do Desarmamento. – não há crime sem lei anterior Aqui coexiste o princípio da anterioridade da lei e veda a retroatividade maléfica. – não há crime sem lei escrita DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 36 Esta veda o costume incriminador, mas admite-se o costume interpretativo. – não há crime sem lei estrita. Veda a analogia incriminadora, mas admite-se a analogia “in bonam partem”. – não há crimes em lei certa A taxatividade da lei penal exige clareza nas tipificações de condutas incriminadoras. Ex. art 41 – b, do estatuto do torcedor: “provocar tumulto”, expressão vagas são campos férteis para a arbitrariedade. – principio da intervenção mínima Não há crime sem lei necessária. – a legalidade é o ponto basilar do garantismo. Por isso o garantismo penal visa a diminuir o Poder Punitivo, por meio do princípio da legalidade e todos os seus ângulos. Portanto, NÃO HÁ CRIME SEM LEI anterior, escrita, estrita, certa e necessária – que assim inversamente aumenta as garantias do cidadão. Assim, o art. 1º do CP, ao dizer “Não há crime sem lei anterior que o defina...” abrange contravenção penal; e. ao dizer “...Não há pena sem prévia cominação legal.” Abrange medida de segurança. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 37 Há dois tipos de legalidade: a formal e a material. Para se falar em legalidade, é preciso das duas. – é a obediência ao devido processo legislativo. Se este for obedecido, tem-se uma lei vigente. – respeita as proibições e garantias fundamentais do cidadão e, respeitando este, tem-se uma lei válida. Por exemplo, o Regime Integral Fechado: apesar de ter respeitado o devido processo legislativo (legalidade formal), não era válida por ferir a legalidade material, ao desrespeitar garantias fundamentais do cidadão, como, no caso, o princípio da individualização da pena. A) – dispensa complemento (ex. art. 121). B) – depende de complemento normativo ou valorativo. NORMATIVO – dado por outra norma. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 38 VALORATIVO – dado pelo juiz, quando aplicado ao caso concreto. A pode dividir-se em: depende de complemento normativo, que é dado por outra norma; NPB PRÓPRIA (ou em sentido estrito ou heterogênea) - o complemento normativo não emana do legislador, sendo esta uma norma diferente da lei (decretos, portarias.) NPB IMPRÓPRIA (em sentido amplo ou homogênea) – o complemento normativo emana do legislador. A lei é complementada por outra lei. Esta pode ainda ser dividida em: HOMÔLOGA ou HOMOVITELINA - mesmo texto legislativo. Ex. conceito de funcionário público do art. 312 CP está no art. 327 CP. HETERÓLOGA ou HETEROVITELINA – o complemento emana de outro texto legislativo. A lei é complementada por outra lei que estão emdocumentos diversos. Nesse o complemento normativo diz respeito à sanção penal, e não ao conteúdo proibitivo. Assim, a lei possui um conteúdo certo, mas a sua pena está em outra norma. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 39 OBS. Neste caso, só poderá ser complementada por outra lei (em sentido estrito). Ex. lei de genocídio – lei 2889/56 Depende de complemento valorativo dado pelo juiz. Ex. crime culposo – o caso de negligência, imprudência ou imperícia deve ser apurado pelo juiz no caso concreto. Esta, por ser complementada por outro texto, que não a lei em sentido estrito, é criticada por duas correntes: – para Rogério Greco Filho, a norma penal em branco própria é inconstitucional. Entende o autor que esta modalidade fere o princípio da reserva legal, porquanto é elaborada sem que haja uma discussão no Congresso Nacional, a única casa de leis. Ex: no caso da Lei 11.343/09, no art. 1º, parágrafo único, ao dizer o que é droga, remete à portaria do Ministério da Saúde – ANVISA, e assim, incluir ou retirar drogas desta lista é mérito deste órgão. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 40 LEI 11.343/09, NO ART. 1º, PAR. ÚNICO: “Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.” ART. 66 “Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998” – na norma penal em branco própria há um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito e há também um complemento normativo. Assim, o que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos básicos dados pelo legislador. Portanto, respeita o princípio da legalidade. No caso, o legislador criou a expressão drogas, e o Executivo apenas preencheu esta expressão dando o seu conteúdo. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 41 Há três teorias para tipificar a lei penal quanto ao tempo de sua aplicabilidade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta. Considera-se praticado o crime quando ocorrido o resultado. Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado. O art. 4º CP adotou a Teoria da atividade “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.” Ex. se na época da conduta o agente tinha 17 anos, mas, se por ocasião do resultado, o agente já tinha completado 18 anos, aplica-se o ECA. Nesse exemplo, se fosse adotada a Teoria da atividade, seria aplicado o CP. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 42 Como decorrência do principio da legalidade, aplica-se a lei penal vigente ao tempo do fato criminoso, ou seja, as leis penais regram fatos praticados a partir do momento que passam a ser leis penais vigentes. Contudo, essa regra cede diante de alguns casos, a exceções fundamentadas em razões político-sociais. Fato atípico Tornou o fato crime – (não retroage) Fato era crime Mantém o crime, aumentando a pena (não retroage) Fato era crime Lei posterior aboliu o crime (retroage – art. 2º p. único) Fato era crime Mantém o crime, diminuindo a pena (retroage – art. 2º p. único) DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 43 “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,...” É causa de “abolitio criminis”. Natureza jurídica da “abolitio criminis” – 2 correntes: – causa extintiva da tipicidade e consequentemente da punibilidade. – causa extintiva da punibilidade – esta é que prevalece e é adotada pelo CP Brasileiro, presente no art. 107, III CP “Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;” “...cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória..” Significa dizer que a lei abolicionista não respeita a coisa julgada. Isto não viola o art. 5º XXXVI – “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”, porque o mandamento constitucional tutela a garantia individual e não o direito de punir do Estado “...e os efeitos penais da sentença condenatória.” Significa dizer que os efeitos extra penais permanecem, como: se perdeu o cargo, a lei abolicionista não tem o Poder de Reintegrar; DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 44 coisa julgada com efeitos civis Ex. Ex. Crime: rapto consensual Rapto consensual Art. 220 - Se a raptada é maior de catorze anos e menor de vinte e um, e o rapto se dá com seu consentimento: A lei 11.106/05 aboliu o delito – houve “abolitio criminis” Crime: rapto violento, art. 129 CP Rapto violento ou mediante fraude Art. 219 - Raptar mulher honesta, mediante violência, grave ameaça ou fraude, para fim libidinoso: Migrou o conteúdo criminoso para outro tipo penal. A lei 11.106/05 migrou o crime para o art. 148 §1º, V – CP Seqüestro e cárcere privado Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 45 V - se o crime é praticado com fins libidinosos. Ocorreu o princípio da continuidade normativo típica. “ ” – a intenção do legislador é não considerar mais o fato como sendo criminoso. Mas no princípio da continuidade normativo típica, há a migração da figura criminosa, senso o interesse continuar considerando o fato como crime. Ex. o art. 214 CP, passou a integrar o art. 213 CP: “Atentado violento ao pudor Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: ... Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: Pena - reclusão de três a nove anos.” DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 46 “Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticarou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:” ART.1º CP – ART. 2º “CAPUT” CP – ART. 2º P. ÚNICO – “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.”. Este se aplica a fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado (lei posterior mais benéfica retroage sem respeitar coisa julgada). R: Esta pergunta tem uma resposta dependendo da fase do concurso. Em prova objetiva, a resposta é a estampada na SÚMULA 611 DO STF: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 47 “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.” Porém, numa prova escrita, devem ser mencionadas as duas correntes: (Súmula 611 STF) – só esta se aplica. – se de a aplicação meramente matemática (ex. diminuição em razão da idade do agente) quem aplica é o juizo da execuções (Súmula 611, STF). No entanto, se conduzir a juízo de valor, (ex. diminuição em razão do pequeno prejuízo), deverá ingressar com a revisão criminal. LEI POSTERIOR MAIS BENÉFICA, AINDA NA “VACATIO LEGIS”, PODERÁ RETROAGIR? Para responder a tal indagação, existem DUAS CORRENTES: – a tem como finalidade principal dar conhecimento da lei promulgada, não faz sentido que aqueles que já se inteiraram da lei nova fiquem impedidos de lhe prestar obediência desde logo quanto aos seus preceitos mais brandos. Admite-se portanto, a retroatividade benéfica da lei na “vacatio legis”. É a minoritária DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 48 – lei na “vacatio legis ” não tem eficácia jurídica social, tendo plena aplicabilidade a lei antiga, até o inicio efetivo da lei nova. Ex. a Lei 6.368/76, que punia o usuário de drogas – art. 16 – de 6 meses a 2 anos; já a Lei 11.343/06, no art. 28, cominava pena não privativa de liberdade, e esta ficou com uma “vacatio legis ” de 45 dias, ficando determinado que, enquanto não entrasse em vigor a nova lei, não deveria ser aplicada. Ex. 5 furtos praticados em continuidade delitiva (art. 155 CP), prevalecendo-se o agente das mesmas circunstancias de tempo, lugar e modo de execução = o agente responde por um só furto com a pena majorada. Se, no meio da continuidade delitiva, uma lei aumenta a pena do furto, aplica-se a Súmula 711 STF “A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.” Assim, aplica-se a pena mais gravosa. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 49 Ex. Lei A (pena de 2 a 4 anos e 100 dias multa) Lei B (pena de 3 a 8 anos e 50 dias multa) Há duas orientações: Não é possível, pois, se o juiz assim agir, eleva- se a legislador, criando uma terceira lei. Esse é o entendimento de Nelson Hungria diz que se o juiz pode aplicar o todo de uma lei para favorecer o agente. Não existe razão para impedir que escolha a parte de uma e da outra para o mesmo. Nesse sentido: Delmanto, Rogério Greco, Damásio, LFG. Este problema chegou ao STF, da seguinte forma: Lei 6368/76 – punia o traficante primário, no seu art. 12, de 3 a 15 anos; Lei 11.343/06 – no seu art. 33, punia de 5 a 15 anos, mas reduzia de 1/6 a 2/3 o traficante primário; DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 50 No HC 95435, a 2ª turma do STF, entendeu por possibilidade de combinar lei para favorecer o réu. No RHC 94. 802, a 1ª turma do STF, entendeu não ser possível combinar leis, nem mesmo para beneficiar o réu. Assim a questão está sendo analisado pelo pleno - Informativo 611. Art. 3º CP – “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.” Chamada de lei temporária, ou temporária em sentido estrito, é a que tem pré fixada em seu texto o seu tempo de vigência dentro do ordenamento jurídico. Fatos praticados na vigência desta lei continuam sendo punidos mesmo após cessada a sua vigência – é a ultra atividade da lei DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 51 É a que atende a necessidades estatais transitórias. Ex. guerra, calamidades, epidemias, perdurando por todo o tempo excepcional. Note que, se estas leis não fossem ultra-ativas, não teria a sua eficácia, em razão do não cumprimento da lei perto da finalização de sua vigência. As leis temporárias ou excepcionais são ultra-ativas, pois, se assim não fossem, se sancionaria o absurdo de reduzir as disposições desta lei a uma espécie de ineficácia preventiva em relação aos fatos cometidos na eminência do seu vencimento. Art. 5º, XL – “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”, não há exceções expressas à Lei temporária, assim o art. 3º CP, foi recepcionado? Zafaroni, percebendo que a CF não traz qualquer exceção à ultra-atividade maléfica, julga o art. 3º CP não recepcionado pela CF. Mas outra corrente afirma que não há conflitos de leis penais no tempo, à medida em que não há uma lei posterior que cuida do mesmo crime definido na lei temporária. É a corrente majoritária. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 52 - O complemento da norma penal em branco deverá sempre retroagir se for mais benéfico. – a alteração da norma complementar não retroagirá, por não permitir a revogação das normas, em conseqüência da revogação de seus complementos. – a NPB homogênea (lei complementada por lei), se alterada de forma benéfica retroage, já a NPB heterogênea, só retroage a sua variação quando provocar uma real figura abstrata e não quando importe a mera alteração de circunstâncias, atualizações. – a alteração benéfica da NPB em sentido amplo ou homogênea retroage sempre. No caso da NPB heterogênea, quando a legislação complementar não se reveste de caráter excepcional ou temporário (art. 3 do CP), se revogada ou modificada de forma mais benéfica retroagirá. Entendimento de Alberto Silva Franco e STF. Exemplo 1: Ex. art. 237 CP – casar tendo conhecimento prévio de impedimento para casar – o impedimento para casar está no Código DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 53 Civil – mas se A casa com B conhecendo o impedimento, e a lei posterior abolir este impedimento: De acordo com a a lei retroage, havendo abolitio; Para os adeptos da não retroage, mesmo que mais benéfica; Segundo a e a haverá a retroatividadeExemplo 2: Art. 33 da 11.342/06: o conceito de droga é regulado por uma portaria (NPB heterogênea). Imaginemos que A está sendo processado por haver vendido “lança perfume”, mas portaria posterior retirou da portaria antiga a substância “lança perfume” Exemplo 3: Desrespeitar tabela oficial de preços do governo – se vendeu acima da tabela, mas vem uma portaria superveniente que aumenta os preços. Consoante a retroage. Na e não retroage, pq não modificou a figura abstrata do crime; Para a não retroage – porque atendeu uma situação de emergência. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 54 Sabendo que um fato punível pode eventualmente atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço procura descobrir qual é o âmbito territorial de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal. A) – aplica-se a lei penal do lugar do crime. B) – nos casos em que o interesse de punir desperta o interesse de várias nações, aplica-se a nacionalidade do agente. C) – aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente quando ofender um concidadão; D) – aplica-se a lei penal da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico; DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 55 E) – o agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado – pune os crimes em que o países signatários de um tratado se comprometem a punir onde quer que se encontrado o agente; F) – a lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro, e ai não sejam julgados. O Brasil adotou o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (mas de forma mitigada), conforme o art. 5º do CP: “Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.” Se a redação fosse “Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional.”, teríamos o principio da territorialidade pura. NO entanto, em face da ressalva contida no referido preceito legal “...sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional...”, é de concluir que há a mitigação da intraterritorialidade do Direito Penal alienígena na lei penal brasileira. Ao adotar o princípio da territorialidade, limitou a aplicação da lei penal ao espaço geográfico + espaço jurídico. CONCLUSÕES: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 56 A) Quando os navios ou aeronaves Brasileiras forem públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro, são considerados parte do nosso território; B)Se forem privados, quando em alto mar, seguem a lei da bandeira que ostentam; C) Quanto aos estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não são considerados parte do nosso território. Uma embarcação brasileira privada em alto mar que naufragou, um italiano matou um argentino sob os destroços, a lei que se aplica é a brasileira, porque mesmo sobre os destroços, a embarcação ostenta a bandeira. : Mas se houver destroços de embarcações de dois países e houver um assassinato sobre estes destroços – na dúvida aplica-se a nacionalidade do agente, o principio da nacionalidade ou real, para não surpreender o agente. : Uma embarcação privada colombiano, atracado na costa brasileira, se houver um crime ali haverá a incidência da lei colombiana. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 57 Mas se um marinheiro descer do navio e matar alguém, aplicará a lei colombiana se estiver a serviço do seu país, caso não esteja a serviço será aplicado a lei brasileira. A) – aquele lugar que se desenvolveu a conduta. B) – lugar onde ocorreu o evento. C) – adotada pelo Brasil. Onde ocorreu a conduta ou o resultado. OBS. Se no território brasileiro ocorre unicamente o planejamento ou preparação do crime, o fato não interessa ao Direito Brasileiro. Exemplo: imaginemos que, num navio português privado rumo ao Uruguai, acontece um crime. Quando o navio atravessa território nacional, apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino, não se aplica a lei brasileira, mas o PRINCIPIO DA PASSAGEM INOCENTE, estampado no art.3º da Lei 8617/93: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 58 “É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. § 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. § 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. § 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro.” Esse principio expresso é resultado de Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário. Por fim, releva ressaltar que a passagem inocente, de acordo com a lei, não abrange aeronaves. O delito percorre territórios de países soberanos. Gera um conflito internacional de jurisdição, sobre qual país irá aplicar a sua lei. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 59 Solução se dá no art. 6 CP – teoria da ubiquidade O delito percorre territórios do mesmo país soberano, gerando um conflito de competência, que será resolvido pelo art. 70 CPP. – ART 7º, CP: “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:” a. PRINCIPIO DA DEFESA OU REAL b. IDEM c. “contra a administração pública, por quem está a seu serviço;” IDEM – PRINCIPIO DA DEFESA OU REAL DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 60 d. Genocídio, quando o agente for brasileiro, ou domiciliado no Brasil; este é um crime que o Brasil se obriga a reprimir através de Tratados Internacionais, pelo PRINCIPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL. Ainda outra corrente, diz que esta norma preocupa com o genocídio de brasileiros, por isso adota o PRINCIPIO DA DEFESA OU REAL. Ainda, uma terceira diz que adota a NACIONALIDADE ATIVA (é errada), por punir o nacional brasileiro. ART. 7º, II (EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA – ver §2º - para se aplicar a lei brasileira tem que preencher alguns requisitos) é um crime praticado fora doBrasil. a) “que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;” adota o PRINCIPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL; b) “praticados por brasileiro”; PRINCIPÍO DA NACIONALIDADE ATIVA c) “praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.” Adota o PRINCIPIO DA REPRESENTAÇÃO; Art. 7º - §3º - (é uma hipótese – § 2º + §3º) §3º “A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 61 contra brasileiro fora do Brasil,” aplica-se o PRINCIPIO DA DEFESA OU REAL; Por exemplo: Brasileiro, nos EUA, mata um italiano – a Lei Brasileira só será aplicada a este brasileiro se: a. Entrar no território nacional2. O território que aqui se fala é o espaço geográfico + o espaço jurídico; b. Se o fato for punível também no país em que o crime for cometido (ex. caso de países que admitem a poligamia); c. “estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;” – ver art. 77 do Estatuto do Estrangeiro (só se extradita o estrangeiro e, portanto, só em relação a este se aplica essa regra); d. “não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;” Se foi absolvido ou já cumpriu a pena, não se aplica a lei penal brasileira; 2“Entrar” não é “permanecer “. Se entrar, mais for embora, não se aplicará. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 62 e. “não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.” A Justiça Estadual – A resposta assenta-se no art. 88 CPP: “No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.” Aplica-se a lei brasileira, ainda que o agente tenha sido condenado no exterior. A doutrina enxerga nesta hipótese uma exceção à vedação do “bis in idem” DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 63 Francisco de Assis Toledo ensina que o art. 8º evita um “bis in idem”. Na verdade não evita, mas apenas atenua a duplicidade de penas. Na ressalva contida no art. 5º (art. 5º, CP: “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional”), a lei penal trata de uma imunidade. Esse fenômeno é denominado intraterritorialidade, ou seja, o crime ocorre no Brasil, mas aplica-se a lei do país ao qual pertence o agente3. A lei penal se aplica a todos, por igual, sem distinções. Há entretanto, pessoas que, em virtude das suas funções, desfrutam de uma imunidade. Trata-se de uma prerrogativa funcional, sendo esta uma proteção ao cargo, e não à pessoa do agente. É diferente de um “privilégio”. PRIVILÉGIO PRERROGATIVA É uma exceção da lei comum deduzida da É um conjunto de precauções que rodeiam a 3 Observação pessoal: CESAR HENQS DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 64 situação de superioridade das pessoas que a desfrutam. É subjetivo e é anterior à lei; Tem uma essência pessoal; É um poder frente à lei É próprio das aristocracias sociais função e que servem para o exercício desta. É objetiva e deriva da lei. É anexa a qualidade do órgão É um conduto para que a lei se cumpra É próprio das aristocracias governamentais; Prerrogativa de direito publico internacional da qual desfrutam: a. Chefes de governo e Estado Estrangeiro e membros da Comitiva (art. 37 da Convenção de Viena); DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 65 b. Embaixador e sua família; c. Os funcionários do corpo diplomático e família; d. Funcionários das organizações internacionais, p. ex. ONU, quando em serviço; A lei penal tem um preceito primário, que tem um conteúdo criminoso, e um preceito secundário, com consequências jurídicas. Assim o diplomata está imune à estas consequências jurídicas, porquanto será punido no seu país de origem. Apesar de todos deverem obediência da lei penal do país em que se encontrem (é a generalidade da lei penal), e apesar desta obediência, escapam da consequência jurídica, permanecendo sobre a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem. A imunidade diplomática, porém, não impede a investigação policial, mesmo a que busca resguardar os vestígios do crime. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 66 causa pessoal de isenção de pena – esta é a corrente que prevalece. – causa impeditiva da punibilidade – Não. O Diplomata não poderá renunciar por que a imunidade é do cargo que ele ocupa. No entanto, o seu país de origem poderá retirar a imunidade deste Diplomata, desde que o faça expressamente4. Tem imunidade Crime comum Tem imunidade Crime funcional; 4 Houve um caso de um diplomata da Geórgia que atropelou uma pessoa em território americano, dirigindo bêbado, e a Geórgia retirou esta imunidade expressamente para que respondesse perante às leis americanas. DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 67 Crime funcional Não tem imunidade em crime comum; Apesar de minoria em sentido contrario, prevalece, de acordo com a Convenção de Viena, o entendimento de que a Embaixada não é extensão do território que representa, apesar de ser inviolável. O STF decidiu que não se pode realizar buscas e apreensões em Embaixadas. É preciso vencer barreiras Internacionais para se fazer buscas nestas. Também chamada de material, substancial, real, inviolabilidade ou indenidade, está prevista no art. 53 da CF: DIREITO PENAL INTENSIVO I Prof. Rogério Sanches Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 68 “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.” De acordo com o STF, esta imunidade exime seu titular de qualquer responsabilidade criminal, civil, administrativa e política. (estas duas últimas foi o STF quem acrescentou). – diz ser uma causa excludente de crime – adotada por Pontes de Miranda;
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