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Criminologia - Procópio Dias

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CRIMINOLOGIA 
Intensivo III 
Prof. Procópio Dias 
_______________________________________________________________________________________________2010 
 
 
Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 1 
CRIMINOLOGIA 
Procópio 
 
* Criminologia, de autoria de Antonio García-Pablos de Molina e do 
Dr. Luiz Flávio Gomes. 
 
As duas perguntas fundamentais da criminologia são: Por que 
alguém delinqüiu? O que fazer para minimizar a delinqüência? 
 
1. Conceito de criminologia: 
A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que cuida do 
crime, do infrator, da vítima e do controle social do delito e gera uma 
informação válida sobre a gênese, a dinâmica e as variáveis do crime, 
orientando a sua prevenção e sua repressão. 
 
A partir desse conceito é possível fixar o método, o objeto e a função 
da criminologia. 
 
Quanto ao método a criminologia é uma ciência e interdisciplinar. 
O objeto da criminologia é o delito, a vítima e o controle social do 
delito. 
A função (objetivo) da criminologia é prevenir e orientar a resposta. 
 
1.1. Método: 
Método empírico é o mesmo que método experimental, ou seja, 
aquele que evolui a partir da observação do mundo fenomênico. 
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O método empírico também pode ser chamado de analítico ou 
indutivo, ou seja, parte do objeto para chegar à constatação, parte da 
coisa para chegar à idéia. 
Assim, a criminologia não é uma ciência formal, não é uma ciência 
silogística ou dedutiva. 
A criminologia é uma ciência interdisciplinar porque conjuga, no 
seu conhecimento, outras ciências e disciplinas, tais como a biologia, 
a psicopatologia, a sociologia, política, etc. 
 
1.2. Objetos: 
a) Delito: 
O primeiro objeto da criminologia é o delito. Delito não é uma 
palavra unívoca, ou seja, dependendo da ciência a palavra delito 
tem uma acepção diferente. 
Para o Direito o delito tem um conteúdo formal e dependendo da 
teoria adotada (bipartida, tripartite, quadripartite), o delito terá um 
conceito diferente. 
Para a filosofia e para a ética tem um conteúdo moral. 
A sociologia enxerga o delito como mais um fato social. 
Por fim, para a criminologia, o delito é um problema, ou seja, é algo 
a ser decifrado. 
Para a criminologia o delito é um problema social e comunitário 
com incidência aflitiva (forma de constranger as pessoas naquela 
comunidade) e persistência espaço-temporal e que varia conforme a 
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efetividade dos controles sociais formais (polícia, MP, cárcere etc) e 
informais (família, vizinhança, igreja etc). 
 
b) Criminoso: 
 
b.1)Para os Clássicos: 
Para os clássicos o homem nasce bom e o criminoso é aquele que 
optou pelo mal, embora pudesse e devesse respeitar a lei. Dentro 
dessa ótica a pessoa tem livre arbítrio para decidir se quer ser bom 
ou mal. Origem no “Contrato Social” de Rosseau. 
 
b.2)Para os Positivistas: 
Para os Positivistas o livre arbítrio é uma verdadeira ilusão. Para 
eles não existe nada que não seja palpável (superação da metafísica). 
Livre arbítrio não se demonstra empiricamente, logo, não existe. 
Não tendo livre arbítrio, determinados indivíduos, portadores de 
patologia (determinismo biológico), praticavam crimes. 
O infrator não possui livre arbítrio, era um prisioneira de sua 
própria patologia (determinismo biológico) ou de processos causais 
alheios (determinismo social). 
 
b.3)Para os Correicionalistas: 
Para os Correicionalistas o criminoso é um fraco, é um ser inferior, 
deficiente, inapto ao convívio social, incapaz de dirigir-se por si 
mesmo – livremente – sua vida, cuja débil vontade requer uma 
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eficaz e desinteressada intervenção estatal. Visão próxima dos 
adolescentes infratores. 
b.4) Para os Marxistas: 
Para os Marxistas o criminoso é vítima do processo econômico de 
exploração do homem pelo homem. Culpável é a sociedade. 
 
c) Vítima: 
 
c.1) Vítima de ouro: 
Desde os primórdios da civilização até a Alta Idade Média. 
Numa primeira fase a vítima tinha um papel muito importante na 
gênese do delito, porque havia a justiça privada, autotutela, pena de 
talião. 
 
c.2) Período de neutralização do poder da vítima: 
Ela deixa de ter o poder de reação ao fato delituoso, que é 
assumidos pelos poderes públicos. A pena passa a ser uma garantia 
de ordem coletiva e não vitimaria. 
A partir do Código Penal Francês com idéias dominantes do 
Liberalismo moderno. 
 
c.3) Período de revalorização do papel da vítima: 
Depois da Segunda Guerra Mundial – ciência da vitimologia 
 
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Vitimologia é o estudo do comportamento da vítima com a 
avaliação das causas e dos efeitos da ação delitiva sobre o prisma da 
interação criminoso-vítima (dupla penal) e o incremento do risco da 
ocorrência do delito. 
Esta idéia de que o comportamento da vítima pode até fazer o crime 
surgir, fez surgir uma ciência paralela, qual seja: vitimo-dogmática, 
que estuda a participação da vítima no incremento do risco da 
ocorrência do delito. 
Muitas vezes a vítima cria a situação para que o delito ocorra. 
Fala-se em doutrina de processos de vitimização primária, 
secundária e terciária. 
Vitimização primária: são as conseqüências do delito que atingem 
diretamente o ofendido. 
Vitimização secundária: são os ônus da burocracia, são as 
vitimização geradas pelo próprio Estado quando demora a dar uma 
resposta ao crime. 
Vitimização terciária: é aquela que toca o autor do fato. É a hipótese 
em que o criminoso se torna vítima de uma punição 
desproporcional (sevícias no cárcere, cárcere lotado etc). 
 
d) Controle social do delito: 
É o conjunto de mecanismos e de sanções sociais que pretendem 
submeter o indivíduo aos modelos sociais comunitários. 
Controles formais: são aqueles pertinentes ao Estado repressor. 
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Controles informais: são aqueles pertinentes à família, aos amigos, a 
igreja etc. 
 
1.3. Função da criminologia: 
A partir de dados consistentes pretende a elaboração de uma 
política criminal que vise explicar e prevenir o crime e intervir na 
pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao 
crime. 
 
2. Breve digressão histórica: 
Calcada tão-somente no aspecto didático-pedagógico podemos 
dividir a história da criminologia em quatro períodos: 
 
Primeiro período o da Antigüidade aos precursores da 
Antropologia Criminal: 
O Código de Hamurabi(Babilônia) já possuía dispositivo punindo o 
delito de corrupção praticado por altos funcionários públicos. 
Mesmo antes, Confúcio já demonstrava conhecer o gravame da 
pena o que, certamente viria ser uma das maiores preocupações da 
Criminologia. 
Entre os gregosAlcmeon, de Cretona (séc. VI a . C.) foi o primeiro a 
dissecar animais e a se dedicar ao estudo das qualidades 
biopsíquicas dos delinqüentes. Pesquisou o cérebro humano 
buscando uma correlação com sua conduta. Constava que no 
homem há um pouco de animal e um pouco de Deus, e que a vida é 
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o equilíbrio entre as forças contrárias que constituem o ser humano, 
e a doença corresponderia ao rompimento desse equilíbrio. E a 
morte significaria o desequilíbrio completo. 
Acreditava na imortalidade da alma e que se movia eternamente tal 
qual os astros nos céus. 
É importante salientar que Alcmeon de Cretona é anterior ao 
considerado pai da medicina, a Hipócrates. 
Aliás, o pai da medicina creditava que todo o crime assim como o 
vício é fruto da loucura. Lançando assim(…) as bases sobre a 
imputabilidade ou o princípio da irresponsabilidade penal do 
homem insano. 
O grande oráculo grego, Sócrates, disse através de seu discípulo 
Platão, in verbis: “que se devia ensinar aos indivíduos que se 
tornavam criminosos como não reincidirem no crime, dando a eles a 
instrução e a formação de caráter de que precisavam”. 
Platão sagaz como sempre afirmou:” o ouro do homem sempre foi o 
motivo de seus males” em sua obra “ A República” demonstrando 
que os fatores econômicos e sociais são desencadeadores de crimes. 
Dizia também, “onde há gente pobre haverá patifes, vilões, etc” e o 
criminoso assemelha-se ao enfermo. 
Endossando tal entendimento, Jimenez de Asúa ressaltou o aspecto 
intimidativo da pena e sua função inibidora da ação delituosa. 
Aristóteles em sua obra “A Política” ressaltou que a miséria 
engendra rebelião e delito. O homem na visão aristotélica não é 
plenamente livre pois é submetido à razão que controla a sua 
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sensibilidade. Os delitos mais graves eram os cometidos para 
possuir o voluptuário, o supérfluo. 
Em sua obra “A retórica”, Aristóteles estudou o caráter dos 
delinqüentes, observando a freqüente tendência à reincidência, e 
analisou as circunstâncias que deveriam ser levadas em conta como 
atenuantes. 
Sêneca fez uma primorosa análise sobre a ira que considerava como 
mola propulsora do crime, e da constante luta fratricida. 
A Idade Média cuja extensão temporal é discutida sendo para 
alguns uma noite dos dez séculos e, para outros apenas nove 
séculos, foi severamente marcada pelo feudalismo, pela expansão do 
cristianismo como ideologia religiosa oficial e pela instalação da 
nobreza feudal sob a proteção do papado (que era o centro do poder 
na Europa Ocidental) com todas as expansões conquistadoras. 
O crime era mesmo considerado um grande peccatum e, suscitava 
punições cruéis e até mesmo o uso da tortura para obtenção da 
confissão. 
O grande criador da Justiça Distributiva cujo adágio famoso 
consagra por “dar a cada um, o que é seu.”.., segundo uma certa 
igualdade, teve em São Tomás de Aquino seu mentor e, também 
firmou entendimento que a pobreza é geralmente uma 
incentivadora do roubo, apesar de que na sua obra Summa Theologica 
defendia o chamado furto famélico (o que atualmente é previsto 
pela legislação brasileira como estado de necessidade sendo assim 
uma das excludentes de crime, é o roubar para comer). 
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Para Santo Agostinho chamava a pena de talião significava a justiça 
dos injustos, sustentando que a pena deveria ser uma medida de 
defesa social e contribuir para a regeneração do culpado, além de 
implicitamente conter uma ameaça e um exemplo. 
Os escolásticos eram seguidores das doutrinas teológico-filosóficas, 
dominantes na Idade Média, dos séculos IX até XVIII. A Filosofia, 
portanto, estava intimamente ligada à religião. 
No século XVIII, dentro, portanto, surge Afonso X, o sábio, que no 
Código das Sete Partidas dá uma definição de assassino e trata dos 
intitulados crimes premeditados mediante remuneração ou paga. 
No período de transição entre a Idade Média e a Moderna, do século 
XIV ao século XV, é observada a influência das chamadas “ciências 
ocultas”, o que bem mais tarde seria conhecida como Criminologia. 
As ciências ocultas eram a Astrologia, a Oftalmoscopia, a 
Metoposcopia, a Quiromancia , a Fisiognomia e Demonologia. 
Pela Fisiognomia, por exemplo, tenta-se conhecer o caráter da 
pessoa pelo exame dos traços fisionômicos e da conformação 
craniana. Tal ciência segundo Drapkin nasceu na idade medieval 
como o físico Juan Batista Della Porta, tendo o condão de reunir 
todas as ciências ocultas numa só pseudo-ciência. Teve papel de 
destaque e propiciou o aparecimento da Frenologia no século XIX. 
Por força de tal contribuição científica ou quase, recorda Drapkin 
que em Nápoles, o Marquês de Moscardi decidia em última 
instância os processos que a ele chegavam e declinava a qual 
sentença examinada a face e a cabeça do delinqüente. 
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Já a Demologia que estudava os demônios e os indivíduos 
supostamente possuídos por estes, o que veio a facilitar e permitiu o 
florescimento de todas as Inquisições. Muito mais tarde,tal estudo 
propiciou o aparecimento da Psiquiatria. 
Considerava-se como possuídos pelos demônio, os loucos e os 
portadores de alienação mental que eram sistematicamente caçados 
e encarcerados, quando não sacrificados por terríveis Tribunais de 
Inquisição espalhados pelo mundo europeu católico. 
Com a desculpa de expulsar o demônio de tais corpos insanos, 
cometia-se as mais tenebrosas torturas e, não raro eram queimados 
vivos na fogueira. 
O mau comportamento humano era interpretado como um morbus 
diabolicus, uma enfermidade diabólica, e só o fogo poderia purificar 
tais almas atormentadas. 
Baudelaire fez um famoso aviso: ”o mais atual ardil do Diabo 
consiste em fazer crer a todos que ele não existe”. Até hoje, tanto a 
Demologia como a Astrologia como a própria Fisiognomia tem se 
preocupado ainda nos tempos atuais, em co-relacionar a aparência 
externa das pessoas com sua conduta íntima. 
Tal observação foi objeto de várias pesquisas entre elas a do abade 
Jean Gaspar Lavater(1741-1801) onde ressaltava que “homens de 
maldade natural” ou de pendor cruel em muito parecidos com o 
tipo delineado por Lombroso e chamado de criminoso lato. 
Enquanto que a fisiognomia estuda o caráter humano a partir dos 
traços fisionômicos do rosto, os frenólogos se preocupavam com o 
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estudo da configuração craniana, ou seja, da cabeça indo além da 
sua fisionomia. 
 
Segundo período de Antropologia Criminal: 
O período da Antropologia Criminal, do século XV até 1875 vários 
foram os precursores da Criminologia entre eles Thomas 
Morus(que descreve na Utopia, sua obra, uma série de crimes que 
assolava a Inglaterra na época , onde sistematicamentese aplicava a 
pena capital aos criminosos). 
Dotado de espírito cristão, Morus, dizia por meio de seu 
personagem Rafael Hitlodeu, quando o povo é miserável, a 
opulência e a riqueza ficam em poder das classes superiores e essa 
situação economicamente antípoda faz gerar um maior número de 
crimes, inclusive pelo comprometimento moral diretamente ligado 
ao luxo esbanjador dos ricos. 
Vivia-se naquela época uma deplorável crise economia na 
Inglaterra. Flandres absolvia toda a produção de lã, o que forçou a 
destinação dos campos ingleses ao pastoreio de gado menor(o que 
tornou famosa a frase de Morus: “Na Inglaterra as ovelhas comem 
os homens”). 
Além disto, a Inglaterra era submetida ao déposta Henrique VIII, 
enquanto a nobreza e o clero eram latifundiários e donos da maior 
parte das riquezas do país, ainda existindo a péssima exploração das 
terras. 
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Aliás, por ter bramido contra a tal estado de coisas, apesar de ter 
sido chanceler do rei Henrique VIII, Morus acabou sendo 
decapitado. 
Também Erasmo de Roterdã zombava e satirizava os costumes e os 
homens da Igreja e enxergava na pobreza o grande filão da 
criminalidade. 
O primeiro autor a distinguir a criminalidade rural da urbana foi 
Martinho Lutero. Outros filósofos como Francis Bacon, Descartes 
admitiram as causas socioeconômicas como geratrizes da 
criminalidade. 
Jean Mabilon em 1632, padre beneditino francês introduziu as 
primeiras prisões monásticas e Filippo Franci(italiano em 1677) em 
Firense, cria a primeira prisão celular. 
O Iluminismo que atingiu seu apogeu no século XVIII, por isto 
chamado de o século das luzes contribuiu decisivamente para 
inovações nos conceitos penais, semeando terreno fértil para as 
escolas penais e para a sistematização científica não só do Direito 
Penal mas também das demais ciências afins. 
Vigorava uma péssima estrutura e condições inadequadas, os juízes 
eram arbitrários e parciais. E a confissão (a rainha das provas) era 
sistematicamente obtida mediante a aplicação de crudelíssimas 
torturas. 
Desta forma, os humanistas e os iluministas se rebelam e conseguem 
suprimir em 1780 na França, a tortura; em 1817 na Espanha, em 1840 
aboliram a tortura em Hanover e em 1851 na Prússia. 
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Dos filósofos que foram ativos nesse movimento renovador e justo 
tem relevante importância Montesquieu, que na sua obra principal 
“L´esprit des lois”, proclamava que o bom legislador era aquele que 
se empenhava na prevenção de delito, não aquele que, 
simplesmente, se contentasse em castigá-lo. 
Inaugura assim, um sentido reeducador da pena, Montesquieu. 
Criou distinção entre os delitos (crimes que ofendem a religião, os 
costumes, a tranqüilidade e a segurança dos cidadãos) consagrando 
a preocupação em classificar os delitos conforme o bem jurídico 
atingido, não só quanto à sua natureza mas também as próprias 
características pessoais dos autores de crimes. 
Jean Jacques Rousseau, no Contrato Social assevera que o Estado 
for bem organizado existirão poucos delinqüentes e na 
“Enciclopédia” consta sua afirmação: “a miséria é a mãe dos 
grandes delitos”. 
Outro filósofo Brissot de Warville enfatizou que “a propriedade era 
um roubo” e, neste estio Rousseau em sua obra “Discursos sobre a 
Origem e o Fundamento da Desigualdade entre os homens” , 
editada em 1753, criticou o primeiro homem que ensejou o conceito 
de propriedade, decretando “isto é meu”, tal homem foi o fundador 
da sociedade civil. 
O pensamento rousseano enxergava na propriedade privada a razão 
de todos os conflitos sociais. Tal também foi o ponto fundamental da 
teoria marxista no século XIX. 
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Voltaire, também condenava a aplicação de pena de morte, os 
martírios, suplícios ou torturas aplicadas contra o delinqüente. 
Notabilizou-se por sua luta pela reforma das prisões(ele mesmo 
esteve preso e recolhido à Bastilha), pela reformulação da pena de 
morte, propondo a substituição por trabalhos forçados. 
Também combateu a prática da tortura como método de obter a 
verdade ou a prova. Salientava Voltaire que o roubo e o furto são os 
delitos dos pobres. 
César Bonesana, o Marquês de Beccaria que assim como 
Montesquieu, Voltaire e Rousseau teve a ousadia de afrontar os 
costumes penais d época, publicando “Dos delitos e das penas”, 
uma obra clássica e de leitura obrigatória para todos que se 
interessem pelas ciências criminais. 
Tal obra teve o mérito de alterar toda a penalogia sendo precursora 
da Escola Clássica do Direito Penal. 
Beccaria geneticamente rebelde( seu próprio pai, Lancelote Beccaria 
por afrontar o Duque de Milão, acabou enforcado na praça de Pavia) 
fez estudo no Colégio dos Jesuítas de Parma(onde também foram 
educados Voltaire, Helvécio, Diderot etc…), rebelou-se contra as 
inúmeras arbitrariedades da justiça criminal como ele mesmo 
escreveu quis defender a humanidade e não ser um mártir dela. 
Alguns pontos principais da obra de Beccaria, a saber: 
• A atrocidade das penas opõe-se ao bem público; 
• Aos juízes não deve ser dado interpretar as leis penais; 
• As acusações não podem ser secretas; 
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• As penas devem ser proporcionais aos delitos; 
• Não se pode admitir a tortura do acusado por ocasião do 
processo; 
• Somente os magistrados é que podem julgar os acusados. 
• O objetivo da pena não é atormentar o acusado e sim impedir 
que ele reincida e servir de exemplo para que outros não venham a 
delinqüir. 
• As penas devem ser previstas em lei. 
• O réu jamais poderá ser considerado culpado antes da 
sentença condenatória. 
• O roubo é ocasionado geralmente pela miséria e pelo 
desespero. 
• As penas devem ser moderadas. 
• Mais útil que a repressão penal é a prevenção dos delitos. 
• Não tem a sociedade o direito de aplicar a pena de morte nem 
de banimento. 
E ao concluir sua obra o famoso marquês: “De tudo o que acaba de 
ser exposto pode deduzir-se um teorema geral utilíssimo, mas 
pouco conforme ao uso, que é legislador ordinário das nações. É 
que, para não ser uma to de violência contra o cidadão, a pena deve 
ser essencialmente pública, pronta, necessária; a menor das penas 
aplicáveis nas circunstâncias dadas proporcional ao delito e 
determinada pela lei”. 
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Bentham teve, juntamente com Beccaria, Servan, Howard, uma 
importante participação no trabalho de reforma penal que se 
sucedeu, principalmente após a publicação Dês Delitos e das Penas. 
Bentham é considerado o criador da Filosofia Utilitarista que 
alicerça seu fundamento no postulado: “O maior bem-estar para o 
maior número.”. Nesta doutrina estaria inserida toda uma estratégia 
de profilaxia ou prevenção de criminalidade.John Howard, xerife de Bedford em 1789 se revelou um excelente 
penitenciarista e se dedicou à melhoria das prisões. Foi o 
responsável pela abolição de se manter encarcerados os que já 
haviam cumprido pena, ou se, absolvidos, não pudessem pagar, a 
“hospedagem” pois que as prisões eram exploradas por 
particulares. 
John Howard escreveu em 1777, a obra The State of Prisions traçando 
um sistema penitenciário que conseguia favorecer os encarcerados. 
O mais importante pensador para a Frenologia foi o anatomista 
austríaco Johan Frans Gall (1758-1823) que foi precursor das 
chamadas “teorias das localizações cerebrais” de Broca, em meados 
do século XIX. 
É dele também a teoria sobre vultos cranianos, que posteriormente 
veio a influenciar a teoria lombrosiana. Gall organizou um mapa 
dessas saliências a indicarem a conduta predominante no indivíduo, 
desde a passividade absoluta à rebeldia incontrolável, a bondade ou 
a maldade, a honestidade e, sua contrário senso a inteligência maior 
ou menor. 
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Lauvergne em 1859 elaborou estudo sobre os presidiários de Toulon 
chegando as mesmas conclusões de Gall. 
O Rolandis, foi o primeiro a submeter um delinqüente a uma 
necropsia em 1835. Também Lucas estudou a herança genética e o 
atavismo, em sua obra Sulla natura Morbosa Del delito, tratou dos 
caracteres anormais do criminoso dentro de um enfoque, que 
posteriormente viria fundamentar a teoria lombrosiana. 
Della Porta relacionava a semelhança fisionômica dos criminosos 
com os animais selvagens e, fazendo muitos adeptos. Cita-se, por 
exemplo, a semelhança do ministro francês Talleyrand com a raposa 
e semelhança de outro francês, o general Kleber, com o leão. 
Os psiquiatras como Felipe Pinel(1745-1826) tido como o pai da 
psiquiatria Moderna, e foi o primeiro a modificar, através de sua 
influência, os seus pares da época, no que diz respeito à forma com 
que eram tratados os loucos, tidos até então como possuídos pelo 
Diabo, e, por isso eram surrados cruelmente e, via de regra, 
acorrentados. 
Pinel recomendava que o louco deveria ser adequadamente tratado 
e não sofrer violências que só contribuem para o agravamento de 
sua doença. É célebre o episódio ligado ao paciente Chevigné, um 
soldado encarcerado na La Sante, que segundo Pinel, quando foi 
desacorrentado “chorava como uma criança ao se ver tratado como 
uma criatura humana”. 
Segundo Drapkin, Esquirol foi o criador do conceito de monomania 
que gerou uma nova concepção psiquiátrica da loucura moral que 
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foi definida em fins do século XVII pelo médico Thomas 
Abercromby, como sendo característica de alguém com bom nível 
de inteligência, mas com graves defeitos ou transtornos morais. 
A partir dessa época, a Escola Inglesa passou a calcar-se na moral 
insanity, sendo Pritchard(1786-1848) o consolidar do seu conceito 
que, posteriormente, viria a servir de embasamento para Lombroso 
na elaboração do perfil do criminoso nato. 
Darwin(1809-1882) teve sua teoria evolucionista coordenada aos 
progressos das ciências biológicas por Julian Huxley e James 
Fisher. Sua idéia básica é a evolução modificada pelos seres 
humanos. As idéias da seleção natural e a da evolução completam a 
teoria de Darwin que correspondem a uma generalização das mais 
importante no campo da biologia. 
Sem dúvida, Darwin pode ser chamado de Newton da Biologia e 
apesar dos notórios progressos contemporâneos das ciências 
naturais, sua teoria ainda ocupa lugar relevante na ciência atual. 
O homem passou pelas fases de peixe, sapo, réptil e ave mas jamais 
tal fato foi confirmado por Darwin e, nem possui qualquer apoio 
científico. 
No que concerne aos princípios que regiam as variações hereditárias 
e não-hereditárias, as idéias eram vagas e o microscópio não 
revelara até aquele momento os fatos básicos relativos aos 
cromossomos e seu comportamento. 
A Antropologia Criminal foi fundada por Cesare Lombroso . Em 
determinado momento histórico, o direito Penal abandonou o 
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terreno da abstração em que se colocara ao tempo da chamada 
Escola Clássica, passando para o concretismo das verificações 
objetivas sobre o delito e, fundamentalmente, sobre o criminoso. 
Surgiu no espírito alemão que cultuavam o Direito Penal a 
necessidade imperiosa de pesquisar profundamente o coeficiente 
humano que existe na ação delituosa. 
Esse movimento desencadeou na criação da Antropologia Criminal 
por intermédio Lombroso, médico psiquiatra e professor da 
Universidade de Turim, que considerou delinqüente sob os prismas 
das ciências que eram centro de suas cogitações habituais e 
outrossim, aplicando ao exame da criminalidade, a mesma 
estratégia utilizada no conhecimento da natureza humana. 
Lombroso no criminoso encontrou uma variedade especial homo 
sapiens que seria caracterizada por sinais(stigmata) físicos e 
psíquicos. Tais estigmas físicos do criminoso nato, segundo 
Lombroso, constavam de particularidades de forma da calota 
craniana e da face, bem como detalhes quanto ao maxilar inferior, 
fartas sobrancelhas, molares proeminentes, orelhas grandes e 
deformadas, dessimetria corporal, grande envergadura de braços, 
mãos e pés. 
Os estigmas ou sinais psíquicos caracterizavam o criminoso 
nato(como sensibilidade a dor diminuída (eis porque, os criminosos 
comumente se tatuariam) crueldade, leviandade, aversão ao 
trabalho, instabilidade, vaidade, tendências a supertições e 
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precocidade sexual. Julgou também ter encontrado a relação entre a 
epilepsia e a chamada moral insanity. 
Porém, mais tarde, Lombroso evidenciou que nem todos os 
criminosos mostram tais características, ele distinguiu, como 
pseudos criminosos, os ocasionais e os passionais. 
Manteve porém, a idéia de que a maior parte dos criminosos, 
formavam um tipo antropológico unitário e este seria o criminoso 
verdadeiro. 
Na verdade, o verdadeiro criminoso é nato. Foi suas conclusões de 
grande relevância para a Política Criminal, a fim de conter o 
impulso criminal, não caberiam expiações morais ou punições 
infamantes e a sociedade teria o direito de proteger-se do criminoso, 
condenando-o e isolando-o pela prisão perpétua ou de morte 
encarada como medida de seleção. 
O atavismo( que é o aparecimento em um descendente de um 
caráter ausente em seus ascendentes imediatos, mas sim em 
remotos, como por exemplo, se um membro de determinada 
família). Há duas correntes: os defensores do atavismo físico e os 
defensores do atavismo moral( o sentido moral era o último a se 
adquirir na evolução natural dos seres humanos). 
A respeito do criminoso epilético, Lombroso tem o aval de 
Ottolenghi e Rancoroni, que esclareciam não se tratar de um 
epilepsia verdadeira, argüindo um certo caráter epileptóide ao 
delinqüente, a justificar a impulsividade e a anestesia que nele se 
processam. 
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As taras psicológicas, segundo Ingenieros, afetavam as faculdades 
intelectuais e volitivas do indivíduo, juntando-se às causas 
endógenas e exógenas. 
Basicamente Lombroso classificava em três tipos os criminosos; 
1. criminoso nato; 
2. falso delinqüente ou pseudo delinqüente ou delinqüente 
ocasional; 
3. criminalóide( é o meio delinqüente assemelhado ao meio louco ou 
fronteiriço). 
Sem dúvida, o cientista ilustre que foi Lombroso anotou detalhados 
dados antropológicos , nas observações a que submeteu os 
criminosos, os vivos nos cárceres e os mortos através de constantes 
necropsias. 
Porém, os traços de degenerescência não só privativos dos 
criminoso, é a tese lombrosiana dotada de exageros tendo conferido 
realce desmedido, explica a conservação da Antropologia Criminal, 
a Endocrinologia, a cuja frente há nome como o de Maranon, 
Vidoni, Mariano Ruiz. 
A constituição delinqüencial considera seu portador apenas como 
um predisposto à criminalidade. Di Túlio esclarece que o delito 
provém, na sua opinião, de um estado de desequilíbrio entre a 
criminalidade latente e a resistência individual. 
Portanto, o crime seria o resultado de forças crimino-incitantes que 
superam as forças crimino-repulsivas que existem em cada 
indivíduo. 
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A contemporânea Antropologia Criminal não reconhece pela 
conformação exterior dos indivíduos, quais devam ser submetidas 
as medidas defensivas por serem perigosas. 
Lombroso se depara com um número relativamente pequeno de 
criminosos sendo tal tipo correspondente a uma média aritmética, 
colhidos entre os delinqüentes mais afamados pela gravidade de 
seus crimes. 
Um dos mais ferrenhos críticos à teoria de Lombroso foi Charles 
Goring através de seu livro The English convict, publicada em 1913, 
concluindo pela inexistência das características morfológicas 
determinadas dos criminosos por Lombroso. 
Kretschmer procurou estabelecer uma correlação entre o físico e o 
caráter do indivíduo, e para tanto estabelecia três categorias: 
a) pícnico: indivíduo de pequeno porte vertical(baixo, gordo e bem-
humorado); 
b) atlético: um tipo intermediário, de comportamento normal; 
c) leptossomático: de estatura alta, de corpo magro geralmente 
introvertido, porém, violento e de mau caráter. 
Juntamente com Pende, Kretschmer foram considerados os 
fundadores da Biotipologia. 
Acentua Mezger a partir da afinidade biológica a correlação com 
certas doenças mentais(ou psicoses) de origem humoral tais como 
esquizofrenia(demência precoce) e o ciclofrenia(psicose-maníaco-
depressiva, loucura circular), das quais se deriva as 
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personalidades psicopáticas esquizóide e ciclóide e por fim aos 
temperamentos esquizotímico e ciclotímico. 
A diferença entre frênicos, óides e tímicos. Drapkin assegura que 
existem dois erros fundamentais na teoria de Lombroso e a 
perfectabilidade do perfil do tarado e o fato de não poder ser 
reeducado. 
Outro fator que reforça à crítica à Lombroso é que o cientista italiano 
considerava o meio ambiente como fator secundário na 
criminalidade depreciando a sua influência. 
Para Drapkin, Lombroso foi incompleto em suas investigações, 
exagerando o valor das cifras e dava outras sem base séria, 
estabelecendo, destarte, uma verdadeira pirataria científica. 
A teoria lombrosiana conheceu seu apogeu mas também encontrou 
adversários de suas idéias, como Francesco Carrara bem como os 
outros integrantes da chamada Escola Clássica de Direito Penal( 
Filangieri, Carmignani, Romagnosi, Ortolan, Rossi, Fuerbach, 
Pessina etc…) trouxeram à baila todos aspectos falhos da 
Antropologia Criminal, o que acabou por fulminar a figura do 
criminoso nato. 
É claro que se reconhece o grande mérito atribuído a Lombroso por 
ter sido o primeiro a promover um estudo sério do crime sob a 
acepção científica-causal; daí porque considera-lo o pai da 
Criminologia. 
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A atual criminologia não consagra a teoria do criminoso nato 
embora admita a tendência delituosa, reconhecendo que o homem 
pode nascer com a inclinação para a violência. 
É importante concluir que a vida psíquica não é algo em apartado 
da vida orgânica; o homem é um ser sui generis que tem uma vida 
orgânica e uma psíquica inseparáveis entre si. 
Desta forma, é curial a relevância da Psicologia Criminal se insere, 
assim na Biologia Criminal, através de um estudo morfo-psico-
moral do delinqüente, absorvendo sua anatomia, psicologia e a 
psicopatia do criminoso. 
Tal estudo não abrange os fatores endógenos do delito, como 
também os coeficientes sociais que condicionam e provocam o 
crime. 
Bem salienta Marcelo Caetano “ o papel do ambiente familiar e 
social na gênese do delito”. 
 
Terceiro período de Sociologia Criminal: 
Enri Ferri (1856-1929) em sua obra Sociologia Criminal deu relevo 
não só aos fatores biológicos como também aos mesológicos ou 
sociológicos, além dos físicos, na etiologia delinqüencial. Revelou o 
trinômio causal do delito, composto por fatores antropológicos, 
sociais e físicos. Considerado o criador da Sociologia Criminal, foi 
quem acendeu a polêmica entre os defensores do “livre arbítrio” e 
os adeptos do “determinismo” no que se refere ao crime. 
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É de Ferri, também, a denominada “Lei de Saturação Criminal” em 
que dizia, ele, da mesma maneira que em um certo líquido à tal 
temperatura ocorrerá a diluição de uma certa quantidade, em 
determinadas condições sociais, serão produzidos determinados 
delitos. 
Considerada três as causas dos delitos: a) biológicas( herança e 
constituição); b) físicas( clima);c) sociais(referentes às condições 
ambientais). 
A Escola Alemã de Naezcker avaliza a classificação de Ferri e 
estabelece fatores delituógenos: os endógenos e exógenos. As 
primeiras correspondendo as causas biológicas e ao segundo, as 
causas físicas e sociais. 
Ferri não acreditava na liberdade da vontade psíquica do homem e 
defendia a teoria jurídica da responsabilidade pessoal. 
Recomendava que o Código Penal deveria haver apenas um código 
de defesa social, com base na periculosidade do infrator. 
Assim para Ferri, a Sociologia Criminal era a ciência enciclopédica 
do delito e da qual o Direito Penal não passaria de um simples ramo 
ou subdivisão. 
Aliás, dentro da própria Escola positiva integrada por Ferri, 
Gripingni combateu a exacerbação daquela proposta, atitude em 
que foi acompanhado por Etienne de Greef, Antolisei. 
Importante ressaltar que Ferri teria sido o criador da expressão 
“criminoso nato” em 1881, que é erroneamente conferida à 
Lombroso. 
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Enrico Ferri classificou os delinqüentes em cinco tipos a saber: nato, 
louco, ocasional, habitual e passional. 
O nato é o tipo instintivo de criminoso descrito por Lombroso com 
estigmas de degeneração. Tal tipo apresenta a completa atrofia do 
senso moral. 
O louco seria não só alienado mental, como também os semi-loucos, 
matóides e os fronteiriços. 
O ocasional é aquele que eventualmente comete crime. O habitual é 
o reincidente, faz do crime sua profissão. O passional é aquele que é 
levado à configuração típica pelo arrebatamento, pelo ímpeto. 
O criminoso passional é caracterizado pela superexcitação nervosa, 
sofre no dizer de Ferri uma autêntica tempestade psíquica, pratica a 
ação delituosa; pela notoriedade e quase sempre, pelo 
arrependimento imediato o que o leva geralmente ao suicídio 
imediato. 
Foi o terrível ciúme ditado por uma paixão que Otelo matou 
Desdêmona(após matá-la, se suicida). Os três famosos homicidas 
shakespearianos são dissecados por Ferri: Macbeth seria o 
criminoso nato; Hamlet seria o criminoso louco e Otelo o criminoso 
passional( o mais citado pela literatura). 
Raphael Garófalo foi o criador do termo Criminologia e construiu a 
tríplice preocupação pois para ele a Criminologia é a ciência da 
criminalidade, do delito e da pena. Elaborou sua concepção de 
delito natural partindo da idéia lombrosiana do criminoso nato. 
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O Direito Penal não era monopólio dos juristas, mas também de 
interesses dos sociólogos, apregoava que os verdadeiros delitos 
ofendem a moralidade elementar e revelam anomalias nos que os 
praticam. 
Entendia que existem duas espécies de delitos: os legais e os 
naturais, sendo que os primeiros eram variáveis de país para país e 
não ofendiam o senso moral e nem revelavam anomalias(as 
lombrosianas) assim as penas também seriam variáveis. 
Quanto ao delito natural são os que ofendem os sentimentos 
altruístas fundamentais de piedade e probidade. Garófalo assevera 
ser freqüente a presença de anomalias patológicas de toda ordem 
nos criminosos. 
Para Garófalo, o delinqüente típico é um ser a quem falta qualquer 
altruísmo, destituído de qualquer benevolência e piedade, são os 
epitetados de “assassinos”.Três categorias de criminosos: a) 
assassinos;b) violentos ou enérgicos; c) ladrões e neurastênicos. 
Ainda acrescentou um quatro grupo, o daqueles que cometem 
crimes contra os costumes, aos quais chamou de criminosos cínicos. 
Garófalo era um defensor da pena de morte sem qualquer 
comiseração. 
Augusto Comte é considerado, unanimente como o fundador da 
Sociologia Moderna, e define tal ciência como abstrata que tem por 
fim a investigação das leis gerais que regem os fenômenos sociais. 
É ciência relativamente nova e foi Comte e Durkheim que lhe 
deram um contexto científico. Apesar da contestação de Afrânio 
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Peixoto que alega que a Sociologia fora fundada pelo Barão de 
Montesquieu(Charles de Secondat). 
A sociologia é o estudo do ser social, e tem como método a 
observação e a indução. Comte foi o autor de uma teoria geral da 
evolução filosófica denominada “Lei dos Três Estados” que 
considera que o homem na compreensão e interpretação do 
mundo.O primeiro estado é teleológico, o metafísico e o positivista. 
Outra figura relevante foi Adolphe Quetelet, o criador da Estatística 
Científica, fulcrado em três princípios estabeleceu as chamadas Leis 
Térmicas de Quetelet procurou demonstrar que no inverno se 
praticam mais crimes contra a propriedade, que no verão, são 
cometidos mais crimes contra a pessoa e, na primavera, acontecem 
mais crimes contra os costumes(devido a exacerbação da atividade 
sexual que se opera no início dessa estação). 
Quetelet distinguiu a criminalidade feminina da masculina, tentou 
correlacionar o crime à idade cronológica do criminoso, observando 
que a incidência delitual é maior entre os 14 e 25 anos(no homem) e, 
na mulher, entre 16 e 17 anos, caindo o referido índice após os 28 
anos. 
O conceito de crime, e da pena e de criminoso vão variar para as 
inúmeras escolas, a saber: 
a) Escola Clássica, Metafísica 
Crime é uma infração sendo a pena repressão. O criminoso é livre 
de querer ou não. A maioria dos penologistas desta Escola, entre 
eles Beccaria, Romagnosi, Filangieri, Pagano, Rossi, Carmignani, 
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Carrara, Ellerio e Pessina consideravam que o livre arbítrio é que 
determina a existência do crime. 
b) Já para a Escola Positiva Determinista enxerga no crime uma ação 
anti-social que revela o criminoso temível; a pena é intimidação, 
correção, coação da temibilidade do criminoso de fato e dos 
criminosos possíveis, prevendo a defesa social. 
c) A Nuova Scuola ou Escola Antropológica vê o criminoso como um 
ser anômalo, tachado de nascença para o crime ou para a 
possibilidade de delinqüir, sobre o qual, além dos fatores 
intrínsecos(antropológicos), exercem também influência os 
extrínsecos do meio físico, a ambiência é de somenos importância. 
O criminoso não é livre porque é determinado por motivos 
estranhos sendo a pena uma medida de defesa social, é a 
responsabilidade social que justifica a pena. Entre os seus 
partidários temos: Lombroso, Ferri, Garófalo, Marro, Sergi, 
Virgílio, Kurella, Corre, Zucarelli,, Nina Rodrigues, João Vieira, 
Viveiros de Castro, Esmeraldino Bandeira, Cândido Motta e 
Moniz Sodré. Os psicopatologistas acusam o criminoso de ser 
portador de uma degeneração mental mais grave seus principais 
defensores são Maudsley, Benedict, Kraft- Ebing, Magnam, Fere, 
Delbruck, Naeck, Gortner, Intergenieros, Julio de Maros, 
Bombarda.Para a chamada Escola Crítica, Eclética ou Terza Scuola 
o criminoso é produto de condições sociais defeituosas apregoava 
“ a sociedade tem os criminosos que merece”; os degenerados e 
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suscetíveis que ela faz, mais facilmente se impressionam às causas 
sociais de delinqüência. 
O criminoso é responsável, não porque seja livre, mas porque, sendo 
são e bem desenvolvido tem aptidão para determinar a vontade por 
idéias e representações oriundas da Moral, do Direito, do senso 
prático que regulam a conduta de todos porque possuem 
responsabilidade moral. 
Seus partidários: Gabriel Tarde, Lacassagne, Manouvrier, Laurent, 
Colajanni, Alimena, Carnevalle, Baer, Havelock Elles, Salleiles, 
Prins, Von Liszt, Drill, Von Hamel, José Higino, Lima Drumond, 
Aurelino Leal, Clóvis Beviláqua e alguns doutrinadores socialistas 
como Turatti, Bataglia, Bebel e Van Kan. 
 
A Escola Neo-Clássica enxerga o crime como ato ilegal, é o ilícito 
jurídico, e a pena é intimidação geral a repressão ocasional; o 
criminoso é responsável socialmente e individualmente previne-se a 
maior parte dos crimes previsíveis. Seus partidários: Manzini, 
Rocco, Massari. 
Escola Neo-Positiva já identifica o crime como uma to biossocial que 
revelaa perigosidade do criminoso, o que deve ser tratado no 
sentido de proteger à sociedade, pelas mediadas de segurança. Seus 
partidários: Florian, Púglia, Asúa, Crispigni, Saldaña e Mendes 
Correa. A posição de Afrânio Peixoto é bem diversa da dos outros 
autores faz transparecer a imprecisão de alguns conceitos como 
Política Criminal. 
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Lacassagne (professor de Medicina Legal de Lyon) remontando 
quetelismo contra 
a tese lombrosiana, apresentou uma doutrina sociológica do crime. 
As teorias antropossociais relacionam os princípios constitucionais 
de Lombroso com os sociais, o meio social influi sobre o criminoso 
antropologicamente-nato, predispondo-o para o delito. Tais teorias 
foram sustentadas por Lacassagne e Manouvrier. 
Lacassagne opôs-se à tese de Lombroso, era médico e via no cérebro 
três zonas com funções diversas que regem as faculdades do 
indivíduo, a zona frontal, as intelectuais;a zona parental, as 
volitivas; a zona occipital, as afetivas. 
Quando há perturbações na zona frontal aparece o louco; na zona 
parietal advém a debilidade de vontade; o que permite o 
aparecimento do delinqüente ocasional; na zona occipital, quando 
faculdades afetivas ficam perturbadas, aparece o verdadeiro 
delinqüente, ou seja, o indivíduo predisposto para o crime, que, 
quando as condições do meio e seu próprio egoísmo o impelem, virá 
efetivamente a delinqüir. 
Quanto maior for a desorganização social, maior será a 
criminalidade. Dizia que a sociedade é como um meio de cultivo, e 
afirmava que abriga em seu seio uma série de micróbios( que são os 
delinqüentes e que estes, não se desenvolverão, se o meio não lhes 
for propício). 
Para Lacassagne os fatores sociais atuando sobre um indivíduo 
predisposto, é podem dar origem ao crime. Manouvrier foi um dos 
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grande colaboradores de Lacassagne na luta empreendida contra as 
doutrinas de Lombroso, foi professor de antropologia na 
Universidade de Paris. 
Aubry dizia que o crime tinha por causa principal o contágio moral 
que sofria o indivíduo predisposto, e citava, como por exemplo, a 
influência do cinema sobre as crianças e certos adolescentes. 
A sua doutrina do contágio moral foi tratada no seu livro La 
contagion du meurtre( o contágio da morte). Dubuisson era partidário 
da influência da ocasionalidade sobre o indivíduo predisposto, 
acredita enfim que as causas sociais fortuitamente atuam sobre uma 
preexistente predisposição individual, determinando assim a 
sucessão delituosa. 
Também o belga Vervaeck admite a existência de uma delinqüência 
fruto da ocasionalidade, relacionada a acontecimentos eventuais, 
circunstâncias excepcionais e a fatores psicossociais. 
As chamadas teorias sociais propriamente ditas legaram a etiologia 
do crime, aos fatores exógenos(de proeminência social) 
descredibilizando os fatores endógenos. 
Dentre os seguidores dessas teorias que garantem que o crime tem 
uma origem notadamente social, destacam-se Gabriel Tarde, 
Vaccaro, Max Nordau e Auber.Vaccaro declara que o crime é o 
resultado da falta de adaptação político-social do 
delinqüente com relação à sociedade em que vive. O delito é uma 
forma de rebeldia, de contestação uma vez que a lei serve para 
defender os interesses das classes sociais dominantes. 
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Gabriel Tarde não aceitava as idéias de Ferri sobre o trinômio 
criminogenético(fatores físicos, sociais e biológicos) acrescenta que a 
influência do clima não está comprovada como fator criminal. 
Aliás sobre a influência física( que é considerável e uniforme) dentro 
do mesmo grupo social. 
A polêmica entre Ferri e Tarde, poder-se-ia aduzir que os próprios 
fatores individuais(endógenos)pela mesma razão não poderiam 
subsistir isoladamente, até porque para que ocorra o crime, não 
basta que haja o indivíduo, necessário também que exista um grupo 
social, o que nos faria imergir num eterno círculo vicioso. 
A autora já tve oportunidade em saliente em um artigo intitulado 
“Crime: definição e dúvida”, o quão social é o conceito e a etiologia 
do crime. 
As causas cósmicas ou físicas do crime tais como as estações, 
temperatura, natureza do solo, produção agrícola, o clima e demais 
fatores naturais recebeu novas críticas do espanhol Arambusu em 
seu livro “La nuova ciência penal “ e atribuiu a Ferri o defeito de 
confundir o acessório com o principal e as causas ocasionais com as 
verdadeiramente determinantes do crime. 
Ferri retrucando sempre, erigiu sua objeção como sendo puramente 
metafísica, porque tudo o que é necessário ou concorre para a 
verificação de um fenômeno é a causa determinante, explicando: “ o 
coração é o principal e as veias são acessórios, mas ninguém pode 
viver sem elas”. 
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A classificação de Ferri tem sido aceita por grande parte dos 
criminologistas. 
O notável Tarde escreveu três obras importantíssimas para a 
Criminologia: “A Criminalidade Comparada”(1886), “As leis de 
Imitação” e a”Filosofia Penal”(1890). 
Sepultando a doutrina do atavismo radical, Tarde aceita apenas 
residualmente a doutrina lombrosiana ao aceitar o atavismo 
equivalente oriundo de Guilherme Ferrero(que prevê certas 
predisposições mentais, psíquicas que permitem comparar o 
criminoso do homem primitivo). 
Afirma Tarde em sua obra “Leis de imitação”, assegura que a 
delinqüência é um fenômeno marcadamente social e que motor 
propulsor de conglomerado social é a imitação. 
Daí, retira-se a assertiva de que 90 % das pessoas não possuem 
índole criminosa, submetendo-se à rotina social, na mesma esteira é 
o entendimento do notável espanhol Ortega y Gasset; dos 10% 
restantes; 9% possuem a iniciativa delituosa e o1 % corresponde aos 
indivíduos de espírito inovador(como Lênin). 
É de Gasset autor da celebra frase símbolo internacional do 
altruísmo: “Eu sou eu e a minha circunstância”, afirma que os 
verdadeiros homens são aqueles que podem salvar ou melhorar o 
mundo, os que têm coragem de fincar os pés no fundo dos rios e 
nadar contra as correntes das águas. 
A responsabilidade por um crime só pode existir se durante e após a 
sua prática, temos o mesmo indivíduo, portador da mesma 
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personalidade. Tal conceito foi útil para fixar as circunstâncias 
eximentes e atenuantes da responsabilidade criminal. 
Max Nordau alega que a causa determinante do crime é o 
parasitismo social(quando ocorre a marginalização do indivíduo ao 
grupo que como paria em nada contribuiu par a sociedade quer 
materialmente, quer moralmente). 
Auber sustenta que as causas do delinqüir são as fobias(o temor à 
pobreza, por exemplo, levaria o homem à prática de crimes contra o 
patrimônio e o medo o levaria a matar). 
As teoriassocialistas teve entre seus defensores Turatti e Colajanni, 
Bataglia, Laria, Lafargue, Berel, Van Kan e Hakorisky. 
Turatti dizia que os motivos do delito não devem ser 
monopolizados apenas na necessidade ou precisão e na indigência, 
mas também na cobiça e pelo enorme contraste resultante entre a 
riqueza perante a pobreza. 
Alegava também que as precárias condições de habitação 
contribuem para a promiscuidade ensejando assim o aumento dos 
delitos contra os costumes. 
Em Filosofia Penal, Gabriel Tarde trata da identidade pessoal e a 
semelhança social que representam postulados basilares da 
responsabilidade penal. 
Outro italiano, Colajanni seguidor das idéias de Turatti(que morreu 
na França exilado pelo fascismo) procurou analisar qual sistema 
econômico é ideal para a prevenção à criminalidade visando 
diminuir a prática delituosa na Itália. 
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Clamava por uma divisão de riqueza mais eqüitativa aliada a 
estabilidade política poderia possibilitar a exclusão ou a eliminação 
da criminalidade. 
Também Bataglia, Lafargue e Bebel enxergam na má distribuição 
de riquezas a origem do crime. Vindo mesmo Beguim dizer que 60% 
ou mais dos crimes tem origem econômica. 
Aliás, desde de Platão(a gênese do crime está relacionada pelas 
influências econômicas) que atribuía à falta de educação dos 
cidadãos e má organização do Estado, como geratrizes do crime. 
Aristóteles também visa na miséria a condição estimuladora da 
rebelião e do delito depois pulando para Rousseau que considerava 
que o homem nasce bom, a sociedade que o perverte, ou seja, o 
transformava em mau e criminoso; 
por Durkheim que considerava o crime um fenômeno de 
normalidade social, porque constante e útil; no que foi rechaçado e 
combatido e existirá e nem por isso ela normal em biologia”. 
Ainda sobre a utilidade do crime contraargumenta Ferri emite outro 
paradoxo: “ a dor é um aviso de órgão doente, que reage e reclama 
saúde assim como o crime reclama contra os defeitos sociais.” 
Quando a justiça e o governo são incapazes de prover ao bem-estar 
e à ordem na sociedade, podem ocorrer os crimes e, o mais graves 
somos todos potencialmente vítimas pois não há segurança e nem 
paz social. 
O crime mais que um grito estridente das dificuldades sócio-
econômicas dos miseráveis e desvalidos também representa um 
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índice avaliador do poder de organização, competência e diligência 
do estado em cumprir suas funções primaciais. 
A vítima empresta voz aos gritos sufocados e não ouvidos pela 
indiferença e incompetência do Poder Público em atingir e manter o 
bem-estar social. 
De qualquer maneira, não se pode olvidar as justificativas sociais 
nas pesquisas criminógenas como também não podemos ser 
consideradas unicamente. 
Manouvrier repele a Antropologia Criminal convencido da 
atipicidade dos criminoso, por isso mesmo inclassificáveis. 
Uma das conclusões do criminalista belga é que a liberdade é 
indispensável no mundo moral, há um mundo inteligível onde reina 
a liberdade, o homem tem uma atividade consciente que o dirige 
para o bem. 
No mundo real se vive a liberdade é relativa, e conseguintemente, a 
responsabilidade é também um conceito relativo. 
 
Quarto período Política Criminal: 
Franz Von Liszt é considerado o pai Política Criminal sua obra 
principal é intitulada pelos Princípios de Política Criminal, foi 
publicado em 1889. 
Em seu Tratado de Direito Penal, em 1908, Manzini definia a 
Política Criminal como sendo “as doutrinas das possibilidades 
políticas com relação à finalidade da prevenção e repressão da 
delinqüência”. 
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Para Manzini, a Política Criminal é o conjunto de conhecimentos 
que podem levar a realizar um plano real e não utópico. 
Já para Fuerbach é o saber legislativo do Estado em matéria de 
criminalidade. Para Guilhermo Portella, é o conjunto de ciências que 
estudam o delito e a pena, com o fim de descobrir as causas da 
delinqüência e determinar seus remédios. 
Para Liszt é o conjunto sistemático de princípios segundo os quais o 
Estado e a sociedade devem organizar a luta contra o crime” 
A denominação é anterior a Von Liszt, pois em 1793 Klinsroad a 
chamava de Política de Direito Criminal. 
Os doutrinadores modernos afirmam que são penalistas e não 
médicos, psiquiatras, biólogos, etc. Não há antagonismo entre 
Política Criminal e Criminologia. 
A Política Criminal segundo Newton Fernandes e Valter Fernandes 
é o aproveitamento por parte do Estado, de todas aquelas normas 
que lhe servem para a prevenção e repressão da delinqüência. 
É conceito amplo(que não se baseia somente as normas abstratas de 
direito e, sim nas normas concretas determinadas pela 
Criminologia). 
Já se evidenciava-se princípios da Política Criminal em Beccaria, em 
Manzini, Filanghier, Jeremias Bentham, Voltaire, Fuerbach, 
Henre, Van Habel, Klinsroad. 
A Política Criminal é um ramo de Direito Penal apesar de utilizar 
dados da Antropologia Criminal, da Estatística Criminal, não se 
confunde com a Criminologia. 
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A suspensão condicional (sursis), o livramento condicional e o 
sistema hoje praticado no mundo todo, como por exemplo, o 
tratamento tutelar dos menores delinqüentes também são 
conquistas da Escola da Política Criminal. 
Enfim, a Criminologia focaliza o fenômeno do crime de maneira 
bem diversificada, prescrutando-lhe as causas, enquanto que a 
Política Criminal tem como objetivo a descoberta e a utilização 
prática dos processos eficazes de combater ao crime, necessita 
recorrer à conclusões criminológicas e à Penologia que ausculta os 
resultados com as sanções penais. 
Por muitos autores tem-se conceituado a Política Criminal como 
ciência e a arte dos meios preventivos e repressivos de que o Estado, 
no seu tríplice papel de Poder Legislativo, Executivo e Judiciário 
dispõe para consecução de seus objetivos na luta contra o crime. 
 
Santo Tomás de Aquino: relacionava crime com a pobreza. O crime 
tem base na desigualdade e a pobreza é a maior incentivadora do 
delito. 
Santo Agostinho: a pena deve ser uma medida de defesa social, deve 
contribuir para a regeneração do criminoso, mas deve conter 
também implicitamente uma ameaça para aqueles que pretendiam 
delinqüir. 
 
Hipóteses de paternidade da criminologia: 
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1) Beccaria (1764) - “Dos Delitos e das Penas” - Beccaria fez um olhar 
agudo sobre o fenômeno do crime e do cárcere. 
 
2) Carrara (1859) - Aplicação de um método dedutivo - Foco no 
crime como um fato jurídico e não como um problema social. 
Conceito formal de delito e não o delito como um problema. 
 
3) Lombroso (1876) - “O homem delinqüente” - foco no criminosoe 
o foco era empírico. Lombroso era positiva, fortemente influenciado 
por Augusto Comte. 
 
3. Teorias explicativas do delito: 
TEORIAS DO CONSENSO: 
Partem do princípio do funcionamento das instituições e indivíduos, 
onde se aceita e se compartilha regras. 
 
Escolas Criminológicas fundadas nas teorias do consenso: 
1) Escola Ecológica de Chicago (1930) – Park e Burguen 
Observa o homem dentro seu habitat. 
Método de observação participante: vai até o local e começa a 
observar o fen6omeno criminal a partir das circunstâncias da 
própria cidade. 
Conclusões: grandes cidades são geratrizes de crime, porque: 
a) Os controles sociais informais não funcionais. As pessoas têm 
menos vínculos familiares e sociais; 
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b) Os grupos familiares se deterioram nas grandes cidades; 
c) Há uma alta mobilidade, o que enfraquece ainda mais os vínculos 
pessoais; 
d) Há um estímulo ao consumo excessivo; 
e) Há uma proximidade tentadora aos centros comerciais; 
f) Superpopulação etc. 
 
2) Escola da Associação ou do Contato Diferencial (1924)– 
Sutherland 
Foi pesquisar os criminosos nas empresas. 
Entre 1920 a 1944 pesquisou 70 grandes empresas nos EUA. 
Objeto empírico: trustes e cartéis. 
Premissas: 
1ª Crime não é exclusivo de pobre; 
2ª Crime não deriva da simples inadaptação da pessoa à sociedade; 
3ª Crime exige organização para burlar os controles formais e 
informais; 
4ª Quem delinqüe, delinqüe porque se reconhece no exemplo de 
quem delinqüiu. Copia o outro que delinqüiu e que se deu bem. 
Conclusões: 
a) O comportamento criminal é aprendido; 
b) Aprender a delinqüir depende de comunicação e de imitação. 
Esse aprendizado também inclui o motivo sobre qual se delinqüe. 
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c) O conflito cultural é causa da associação diferencial, ou seja, por 
não compactuar com as premissas postas na sociedade é que a 
pessoa se associa ao diferente, ao crime. Adesão a uma vida louca. 
d) O cometimento o delito depende de situações favoráveis e 
desfavoráveis, depende, portanto, de um prognóstico que o agente 
faz a cerca do êxito da sua conduta. 
Resumindo o seu pensamento: 
A complexidade dos crimes + os seus efeitos difusos na sociedade + 
a tolerância das autoridades + a impunidade geram as condições 
para a delinqüência. 
 
3) Escola da Anomia (ausência de nome) – Durkheim (1890) e 
Merton (1938) 
O problema todo reside na ausência de nomes, ou mesmo, na 
ausência de efetividades das normas é gera a possibilidade para 
delinqüência. As normas não têm efetividade, não existem em 
número suficiente. 
Pela teoria da anomia constata-se que a ausência de regras para a 
regular as situações sociais gera conflituosidade. A conseqüência 
disso é o enfraquecimento na consciência coletiva do que é certo e 
do é errado. Fragilização do consciente coletivo. 
O crime é um fenômeno normal e comum em toda a sociedade, só 
deixa de sê-lo quando ultrapassa os seus limites e passa a agredir a 
própria sociedade. 
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A punição é saudável porque ela reafirma no consciente coletivo do 
que é certo e do que é errado, reafirma os valores que são caros à 
sociedade: família, propriedade, ética etc. 
A pena aplaca a sede de vingança coletiva, a rivalidade da sociedade 
para com aquela pessoa, reduz o desconforto emocional coletivo em 
face do coletivo; 
A impunidade fomenta a criminalidade. Onde não há Estado o 
crime prospera. 
 
Formas de reagir à pressão: 
1) Conformidade: 
2) Ritualismo: o cidadão renuncia aos bens, abre mão das coisas, 
mas continua se movendo no mundo fenomênico como uma pessoa 
comum. 
3) Retraimento: o cidadão vira praticamente um monge, renuncia a 
tudo, aos bens e aos ritos que a sociedade considera importante. 
4) Invasão: que se redobra na rebelião: o cidadão começa a se tornar 
forte concorrente a delinqüir. 
 
4) Teoria da Subcultura do delinqüente – Cohen (1950) 
Subcultura não se confunde com contracultura. Os movimentos de 
subcultura reproduz os valores tradicionais, mas com sinal 
invertido, com sinal negativo, sob o signo da intolerância com quem 
é diferente, ex.: nazifacismo. Contracultura renega os valores 
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tradicionais e propõe algo para ficar no seu lugar. O movimento 
hippie é um movimento de contracultura e não de subcultura. 
Cohen observou a juventude americana do final dos anos 50 e 
constatou a frustração do american dreams, o sonho da prosperidade 
econômica e junto com essa frustração Cohen encontrou segregação 
racial, desagregação familiar etc. 
Reconhecimento da cultura do gueto: estabelecimento de novos 
padrões de comportamento a partir de afinidades grupais e 
normalmente sob um paradigma violento. As gangues (movimento 
de subcultura) surgiram como uma reação à inacessibilidade aos 
bens da vida. 
Conclusões: 
a) a violência das gangues não tem justificativa, não tem utilidade. 
b) A conduta é sempre maliciosa para mostrar o quão patética é a 
vítima. 
c) Não consegue enxergar um horizonte positivo, não conseguem 
propror uma solução harmônica para a convivência. 
 
TEORIAS CONFLITIVAS: 
Surgem do argumento que a coesão da sociedade é fundada na força 
e na sujeição, ou seja, não é a cooperação que faz a coesão, mas sim a 
coerção. O criminoso não aceita os controles, não se ressocializa. O 
crime é de interesse da sociedade. 
 
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1) Teoria do “Labelling Approach”(Teoria do Etiquetamento): 
HOWARD BECKER (1960) 
A criminalidade não é a qualidade de determinada conduta, mas o 
resultado de um processo através do qual se atribui esta qualidade 
(um processo de estigmatização). Em outras palavras, criminoso é 
uma etiqueta que a sociedade prega em alguém. 
Sacadas: 
a) Essa teoria desloca o problema criminal da ação para a repressão. 
O problema não está na conduta, mas sim na forma em que se pune 
essa conduta; 
b) A intervenção da justiça criminal gera mais criminalidade, porque 
ela estigmatiza o desviante e impede que ele retorne à sociedade; 
c) Pessoas que sofrem com os mesmos estigmas tendem a agrupar-
se para reagir a esse processo de estigmatização; 
d) O controle social do crime é seletivo e discriminatório. Quem 
rouba um tostão é ladrão, quem rouba um milhão é barão! 
 
 
2) Escola Crítica (Criminologia Radical): RUSCHE e 
KIRCHEIMER (1967) 
Crítica a criminologia clássica e positivista. 
Fortemente influenciados pela doutrina marxista. 
O processo de criminalização de determinadas condutas se relaciona 
com a disciplina da mão de obra no interesse do capital e com a 
contenção dos movimentos sociais (lock out, greve). 
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Alessandro Baratta na Itália 
Roberto Lira no Brasil 
Michael Foucault na França 
O delito depende do modo de produção capitalista. A lei penal, por 
sua vez, deriva e justifica esse modelo. 
O Direito não é ciência, é ideologia. 
O Direito é apenas uma forma de dominação (Foucault). 
O homem tem um livre arbítrio relativo, que é reduzido pela 
propaganda e pela educação, isto é pela lavagem cerebral que o 
modo capitalista produz. O foco é no ter, no possuir. 
Se criminaliza as condutas para justificar o monopólio do Estado 
sobre a violência. 
 
Vertentes: 
 
1) Neorealismo (Young, Joch): novos aspectos devem ser 
considerados: desemprego maciço, o contraste entre a riqueza e a 
pobreza e o surgimento de novas vítimas até então invisíveis, quais: 
as mulheres e as crianças. Eles propõem uma reação ao marxista de 
que tudo tem a ver com economia. 
 
2) Minimalistas (Martin Sanches): propõe uma contração (redução) 
do sistema penal em certas áreas. Descriminar determinadas 
condutas que não são relevantes para a sociedade. O Direito penal 
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como a última ratio. Por outro lado, propõe uma maior efetividade 
do direito penal em outras áreas. 
 
3) Abolicionistas (Mathiensen): Os abolicistas fazem uma crítica 
arrasadora ao sistema penal. O sistema penal não resolve nada, 
apenas gera problema. As pessoas saem da cadeia pior do que 
entraram. 
 
3) Novo Movimento de Defesa Social (Tolerância Zero): 
Movimento da lei e da ordem: Rudolf Giuliane (prefeito de NY). 
Premissas: 
Vamos lutar passo-a-passo contra pequenos delitos. Sistema de 
repressão mais ostensivo. Mais poderes a atividade policial. 
 
 
DA TEORIA DO “LABELING APPROACH” 
 
 A teoria do “labelling approach”1 se insere no contexto das 
teorias do processo social, ao lado das teorias de aprendizagem 
social e de controle social. Para este grupo de teorias 
psicosociológicas “o crime é uma função das interações psicosociais 
do indivíduo e dos diversos processos da sociedade”2 
 
 Essas teorias do processo social ganharam importância 
particular na década de sessenta, como forma de limitação das 
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teorias estruturais, que concentravam-se na criminalidade das 
classes marginalizadas, sendo incapazes de explicar 
satisfatoriamente três fatos: 1) que existe, também, uma significativa 
criminalidade nas classes média e privilegiada; 2) que muitos jovens 
abandonam a criminalidade após um certo amadurecimento 
pessoal; 3) que nem todo indivíduo das classes marginalizadas 
rejeita os meios e procedimentos legítimos de acesso aos bens 
culturais, integrando-se em uma subcultura criminal, do mesmo 
modo que muitos jovens de classe média e alta rejeitam os valores 
convencionais e delinquem3. 
 
 Para os teóricos do chamado “processo social” toda pessoa 
tem o potencial necessário para tornar-se um criminoso em algum 
momento de sua vida, sendo que as chances são maiores para os 
integrantes das classes marginalizadas devido a uma série de 
carências tal como pobreza, status social, estudos, etc.. Nada 
obstante, também os indivíduos das classes privilegiadas podem 
converter-se em criminosos se seus processos de interação com as 
instituições resultam pobres ou destrutivos4. 
 
 Assim, as teorias do processo social abordam diversas 
respostas ao fenômeno da criminalidade e sua gênesis, sendo pois 
divididas nas três suborientações citadas, interessando-nos no 
presente estudo tão somente a teoria do “labelling approach”. 
 
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 Pois bem, isto posto diga-se que desde os anos setenta exige-
se uma explicação interacionista do crime, a partir dos conceitos de 
conduta desviada e de reação social5. 
 
 É neste contexto que surge, nos Estados Unidos, a teoria do 
etiquetamento (ou teoria do labelling approach). Segundo HERRERO6, 
“se trata de uma corrente criminológica próxima à criminologia 
radical de cunho marxista, mas sem compartilhar, ao menos 
necessariamente, o modelo de sociedade configurado por esta”. 
 
 Sua pretensão inicial nada mais era do que a busca de uma 
explicação científica aos processos de criminalização, às carreiras 
criminosas e ao chamado desvio secundário7, adquirindo, sem 
embargo, com o tempo, o feitio de um modelo teórico explicativo do 
comportamento criminal8. 
 
 Insere-se na dogmática como um teoria crítica, posto que 
desloca a atenção - que antes estava focada no criminoso - para o 
sistema penal e suas interações, tomando este sistema penal como “o 
autêntico fundamento da desviance”9. 
 
 Por isto é tida por BARATTA10 como “o novo paradigma 
criminológico”. 
 
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 De acordo com a tese sobre a desviance - exposta 
primeiramente por HOWARD BECKER11 - desviante é o sujeito em 
que foi aplicada com sucesso a etiqueta de desviante. 
 
 Tratando do labelling approach MOLINA12 assevera que 
“segundo esta perspectiva interacionista, não se pode compreender 
o crime prescindindo da própria reação social, do processo social de 
definição ou seleção de certas pessoas e condutas etiquetadas como 
criminosas. Crime e reação social são conceitos interdependentes, 
recíprocos, inseparáveis. A infração não é uma qualidade intrínseca 
da conduta, senão uma qualidade atribuída à mesma através de 
complexos processos de interação social, processos altamente 
seletivos e discriminatórios. O labelling approach, consequentemente, 
supera o paradigma etiológico tradicional, problematizando a 
própria definição da criminalidade. Esta - se diz - não é como um 
pedaço de ferro, um objeto físico, senão o resultado de um processo 
social de interação (definição e seleção): existe somente nos 
pressuposto normativos e valorativos, sempre circunstanciais, dos 
membros de uma sociedade. Não lhe interessam as causas da 
desviação (primária), senão os processos de criminalização e 
mantém que é o controle social o que cria a criminalidade. Por ele, o 
interesse da investigação se desloca do infrator e seu meio para 
aqueles que o definem como infrator, analisando-se 
fundamentalmente os mecanismos e funcionamento do controle 
social ou a génesis da norma e não os déficits e carências do 
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indivíduo. Este não é senão a vítima dos processos de definição e 
seleção, de acordo com os postulados do denominado paradigma do 
controle”. 
 Assim, de acordo com BARATTA13, “a distinção entre os 
dois

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