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DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 1 DIREITO ELEITORAL Marcio Luis de Oliveira I. Direitos Políticos x Direito Eleitoral Direitos políticos é uma categoria mais ampla dentro da qual está incluído o direito eleitoral. Direitos políticos é um subsistema que inclui o direito eleitoral. Os direitos políticos contem cinco grande vertentes: a) os direito políticos envolvem as diversas formas de manifestação do pensamento político, ideológico, filosófico em âmbito individual e coletivo, pois num estado democrático, os direitos políticos envolvem diversas formas de convicção. Ex: a internet hoje é um grande instrumento de manifestação do pensamento político. b) associação para fins políticos. A grande expressão no Brasil é os partidos políticos. Está relacionado ao poder. A associação para fins políticos é livre, vedada a de caráter paramilitar. c) dentro dos direitos políticos, entram os direitos eleitorais: o direito eleitoral está ligado ao processo político: DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 2 - possibilidade de ser eleitor e ser elegível. - atribuição de mandato eletivo - participação da sociedade na manifestação direta da sua soberania (plebiscito e referendo). d) ocupar cargo público não elegível. Participar das instituições de Estado (qualquer dos poderes do Estado) em cargo não eletivo é exercer direito político. Ex: ser indicado para o STF e) exercício da soberania pela sociedade. prerrogativa de participar do processo legislativo (ex: iniciativa popular). Direito de dar inicio ao processo legislativo. Quando uma associação promove uma ação civil pública, está exercendo um papel semelhante ao MP, exercendo direito político. No Brasil se fala de direitos políticos os tornando sinônimo de direito eleitoral. Mas, você deve fazer a situação dos direitos eleitorais dentro dos direitos políticos. Os direitos políticos tem uma amplitude constitucional, os direitos eleitorais são um subsistema dentro do sistema constitucional dos direitos políticos. II. Direito Eleitoral DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 3 Direito eleitoral como uma das definições dos direitos políticos. Definição: é um subsistema de noras jurídicas (princípios, regras) que regula/disciplina o objeto do direito eleitoral: Subsistema: é o que a doutrina clássica chama de ramo do direito. Está superada esta expressão. O direito é visto como sistema. Nesta idéia ultrapassada o direito eleitoral é ramo do direito público. Objeto do direito eleitoral: a) direitos subjetivos político eleitorais: composto pelos direitos positivos (ex: capacidade eleitoral ativa – capacidade de ser eleitor e passiva – capacidade de ser elegível) e direitos eleitorais negativos (perda de direitos políticos, suspensão de direitos políticos). b) sufrágio Direito fundamental do cidadão de participar da dinâmica do poder político dentro da sociedade. c) voto O voto é um dos instrumentos para o exercício do sufrágio. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 4 d) sistemas eleitorais (metodologias utilizadas para representação da sociedade. Ex: sistema proporcional, majoritário). e) métodos de participação da sociedade na tomada de decisões coletivas - Plebiscito - referendo - “Recall”: prerrogativa de a sociedade destituir o mandatário. f) acesso aos cargos políticos eletivos Atribuição do mandato e titularidade do mandato, incluindo-se também o fim do mandato. g) regular as instituições e competências dos órgãos constitucionais eleitorais. Principais instituições: - Poder Judiciário eleitoral DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 5 - MP Eleitoral - Polícia Eleitoral: hoje é uma policia federal com a qual atua conjuntamente a polícia civil. - Defensoria Pública - Procuradoria da Fazenda Nacional (uma das principais sanções no direito eleitoral é a multa. Quem executa a multa é a PFN). h) processo administrativo eleitoral O processo administrativo eleitoral tem várias vertentes e momentos: envolve desde o alistamento até a diplomação dos candidatos Ex: somente se pode fazer propaganda eleitoral apartir do dia 06 de julho. i) ações civis eleitorais processo civil eleitoral j) crimes eleitorais e processo penal eleitoral. Ex: há mais de 50 crimes eleitorais. Os partidos políticos são objeto do direito eleitora? DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 6 1a CORRENTE: sim. Há questões dos partidos políticos que são resolvidas pela justiça eleitoral e outras são resolvidas no âmbito da justiça comum. 2a. CORRENTE (MAJORITÁRIA é mais moderna): não. Os partidos políticos alcançaram um foro de autonomia tal na CRFB/1988 que passaram a constituir um ramo próprio do direito: o direito partidário. III. Fontes do Direito Eleitoral Há várias formas por meio das quais o direito eleitoral se expressa: a) Constituição Apartir do CRFB/1988 - art. 14 até o 16, podendo-se incluir o art. 17 (alguns aspectos dos partidos políticos). - capacidade eleitoral ativa e passiva - partidos políticos - plebiscito e referendo DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 7 - nacionalidade - competência para legislar em matéria eleitoral - organização da justiça eleitoral - competência dos Tribunais - cidadania b) leis infraconstitucionais. Competência da União para regular o direito eleitoral (CRFB/1988 - art. 22, I). Como se trata de uma competência privativa, a CRFB/1988 – art. 22, parágrafo único permite que algumas especificidades do direito eleitoral possam ser delegadas(para os Estados e o DF), por meio de Lei Complementar. CRFB/1988 - art. 68, §1º, I: É vedado expressamente a edição de Lei Delegada em matéria de direito eleitoral. CRFB/1988- art. 62, §1º: é expressamente vedada a regulação do direito eleitoral por meio de MP. Leis infraconstitucionais eleitorais LO e Lei Complementar. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 8 CRFB/1988 - art. 14, §9º: inelegibilidade (suspensão da capacidade eleitoral de ser elegível) só pode ser regulada por meio de Lei Complementar. Tanto a inegibilidade quanto a descompatibilização é regulada por meio de Lei Complementar. CRFB/1988 - art. 121: Lei Complementar disporá sobre a organização e competência dos Tribunais eleitorais, dos juízes eleitorais e das juntas eleitorais. Leis eleitorais próprias e leis eleitorais subsidiárias: a) leis eleitorais próprias ou típicas: Versam sobre questões tipicamente eleitorais. - Código eleitoral. O CE é um alei ordinária ou complementar? O CE na parte em que organiza a Justiça Eleitoral é Lei Complementar, no restante é Lei Ordinária. O CE na parte que trata da organização da justiça eleitoral (CE art. 1º ao 41) é Lei Complementar por força do CRFB/1988 – art. 21, no mais, é Lei ordinária. O CE originariamente é LO, mas foi recepcionado em parte como Lei Complementar. - Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar 64/90 DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 9 - Lei dos Partidos Políticos (Lei 9. 096/95). Obs.: foi recentemente alterada por Lei editada em 2009. - Lei das Eleições (Lei 9.504/97). Obs.: foi bastante alterada no final do ano de 2009. Além de outras b) leis eleitorais subsidiárias: Não são leis eleitorais, mas tem aplicação subsidiária no direito eleitoral. As principais são: leis não eleitorais com aplicação eleitoral: Ex: - CC/2002: Ex: domicílio, contratos, bens, doações etc. - CPC. Quando não há rito eleitoral próprio, aplica-se o CPC (ex: matéria referente a provas). - CP: a parte geral do CP é bastante aplicada ao direito eleitoral. - CPP: Ex: Inquérito Policial DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 10 - Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais: se aplica subsidiariamente ao CE. - Lei sobre direito financeiro (Ex: doação de campanhas; Lei 6.830/80 – exercício da multa eleitoral), direito tributário, direito administrativo (Lei 8.429/92) etc.; Lei. c) resoluções/Instrução da Justiça Eleitoral As resoluções e instruções da justiça eleitoral são fontes muito importantes no direito eleitoral. Ex: todo o aspecto da execução das multas eleitorais está disposto em Resolução. Fundamento das Resoluções: - CE, art. 1º, parágrafo único: poder normativo do TSE. - CE, art. 23, IX (tem natureza de Lei Complementar). - Art. 105 da Lei 9.504/97. A Justiça Eleitoral tem abusado desse poder normativo, inclusive tem dado eficácia de Lei Ordinária. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 11 Quem pode expedir as normas em matéria eleitoral? O poder normativo é do TSE que pode autorizar os TREs a expedir certas regulamentações. Classificação das Resoluções: 1. quanto a vigência - Resolução temporária. Uma resolução temporária normalmente incide sobre um determinado processo eleitoral (Ex: resolução que regula o calendário eleitoral de um determinado ano). Obs.: aplicam-se para os fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo que já extintas. - Permanentes: são resoluções com prazo indeterminado. Não se limitam ao processo eleitoral. 2. quanto ao conteúdo - interpretativas: quando a resolução interpreta a legislação (regula dúvida sobre a aplicação de algum dispositivo da Lei eleitoral). Ex: resolução que interpreta o “outdoor”. - regulamentares: regulação do processo eleitoral (ex: resolução que regula a perda do mandato por infidelidade partidária. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 12 ** A resolução eleitoral de cunho regulamentar é entendida pelo TSE como ato normativo primário (tem hierarquia de Lei). Status dessas Resoluções é de Lei Ordinária. Podem ser de controle concentrado de constitucionalidade no STF. Obs.: as Resoluções interpretativas são atos normativos secundários Obs.: Se houver uma Lei Ordinária Federal e uma Resolução Regulamentar no TSE posterior, prevalecendo a resolução no que for incompatível. Ex: CE regula processo de alistamento eleitoral. Mas existe uma resolução regulamentar sobre o tema, posterior. No que foi incompatível, aplica a resolução do TSE. A resolução eleitoral posterior a Lei que regula a mesma matéria de modo distinto da Lei é aplicada, suspende a eficácia da Lei eleitoral naquilo que for incompatível com a resolução, não a revoga, pois a resolução tem eficácia de Lei ordinária. 3. Quando à incidência territorial - nacional - estadual/distrital - municipal DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 13 Pode haver uma resolução do TSE (ou do TRE) expedida apenas para um determinado Município. A maioria das Resoluções do TSE tem incidência nacional. O Juiz Eleitoral não tem o poder normativo nem interpretativo que o TSE e o TER têm. Caso o TRE venha a expedir uma resolução, qual a natureza dessa norma? Norma federal. d) Estatutos dos Partidos Políticos CRFB/1988 - art. 17, §1º Ex: normas de infidelidade partidária, coligação partidária etc. Obs.: ao se filiar a um determinado partido, o indivíduo se submete a todas as regras adotadas pelo partido. Os partidos políticos são dotados de autonomia para resolver uma série de questões internas. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 14 Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeirosou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006) § 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 15 § 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. e) Princípios Jurídicos: Ex: presunção de inocência, ampla defesa e contraditório, Juiz natural. Princípios específicos do direito eleitoral: Princípio da Anualidade CRFB/1988 - art. 16. Uma Lei eleitoral que altere o processo eleitoral (convenção, registro dos candidatos, campanha eleitoral, diplomação etc.) entra em vigor imediatamente, mas só surte efeitos quanto às eleições que ocorram um ano após sua entrada em vigor. Ex: suposta Lei de 2010 que altera o processo de diplomação. Lei entra em vigor imediatamente, mas não irá servir para regular a diplomação dos candidatos eleitos em 2010. Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993) DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 16 Princípio da Cautela/Legitimidade das Eleições (CRFB/1988 - art. 14, §9º). Ex: possibilidade de novas leis de inelegibilidade. princípio da celeridade O Juiz eleitoral tem prazo para julgar certas ações. Ex: ação de impugnação de registro de candidatura. Os juízes podem ser responsabilizados pelo descumprimento dos prazos (art. 97 da Lei 9.504/97). Princípio da preclusão instantânea Os atos da justiça eleitoral têm uma preclusão instantânea. Princípio da Devolutividade dos Recursos Salvo o direito penal eleitoral e algumas outras, as decisões eleitorais tem eficácia imediata, ou seja, os recursos somente tem efeito devolutivo. É comum requerer medida cautelar para dar efeito suspensivo ao recurso, ou seja, pedido cautelar de suspensão da decisão do juízo a quo. Princípio do aproveitamento do voto DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 17 Acabou ficando hoje em segundo plano, a partir do momento em que se instalou o voto eletrônico. A dúvida sobre o voto deve ser apreciada pela Junta Eleitoral, aproveitando o voto do eleitor, pois o eleitor é considerado o cerne do direito eleitoral. f) jurisprudência eleitoral A jurisprudência eleitoral é riquíssima Ex: em 2009, a justiça eleitoral decidiu que é possível em uma mesma chapa concorrem marido e mulher. g) costumes jurídicos A doutrina cita costumes jurídicos lato sensu Doutrina e Analogia Não são fontes formais. a) doutrina: Doutrina é inspiração, podendo servir como fundamento de um acórdão. Não é fonte formal, mas sim fonte material do direito. É inspiradora das fontes formais. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 18 b) analogia: decidir casos semelhantes a outros. Não é fonte material e nem fonte formal, mas método de integração, aplicando-se raciocínio de semelhança quando não houver regra jurídica aplicável ao caso. A analogia é método de integração sempre aplicável ao direito eleitoral? Não, pois em matéria penal eleitoral em decisão in pejus não se aplica o raciocínio por analogia. IV. Instituições do Direito Eleitoral 1. Poder Judiciário Eleitoral: poder judiciário especializado em direito eleitoral. Judicatura Eleitoral: é o exercício da magistratura eleitoral. A justiça eleitoral é uma justiça especial federal. Não tem um corpo de magistrados próprios, permanentes. É a única justiça do Brasil que não tem um corpo de magistrados somente dela. A justiça eleitoral foi criada nos anos 30, palco da República Café com Leite. O processo eleitoral era administrativo, feito pelo Poder Executivo. Com base nisso se construiu a Justiça eleitoral com um caráter temporário, sendo a judicatura eleitoral exercida por mandato e não permanente. A Justiça eleitoral não tinha a DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 19 independência funcional, administrativa e nem financeira. Atualmente a justiça tem controles internos, autonomia financeira etc. A rotatividade da judicatura eleitoral leva a uma deficiência da prestação jurisdicional quanto ao tema, levando a necessidade de um corpo de magistrados habilitados e permanentes. A organização da justiça eleitoral está em parte na CRFB/1988 e em parte na legislação infraconstitucional (principalmente no CE). CRFB/1988 - art. 118: a justiça eleitoral tem quatro grandes órgãos: TSE, T R E, juízes eleitorais e juntas eleitorais/ CRFB/1988 - art. 119: organização do TSE CRFB/1988 - art. 120: organização do TRE A organização dos juízes e das juntas eleitorais está na legislação infraconstitucional. Juiz eleitoral: art. 32 do CE, juntas eleitorais: art. 36 do CE e art. 64 da Lei das Eleições (Lei 9.504/97). Juiz eleitoral, junta eleitoral � TER � TSE � STF DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 20 O STF está acima do TSE, mas não é considerado órgão da justiça eleitoral, muito embora tenha decisões e aprecie matéria eleitora. Composição da justiça eleitoral: a) TSE Tem jurisdição originária sobre o processo eleitoralnacional para Presidente e vice Presidente da República. A eleição fica a cargo originário do TSE. O processo eleitoral estadual/regional/geral fica a cargo do TRE: Governador e Vice, Deputados Estaduais e Distritais, Deputado Federal e Senadores e Suplentes. Os juízes e as juntas são responsáveis pelo processo eleitoral municipal: Prefeito e Vice, Vereador e Juiz de Paz (ainda não está devidamente regulamentado). Organização da justiça Eleitoral: Juiz Eleitoral É um Juiz de direito , membro da magistratura estadual que cumula função eleitoral. É designado pelo T RE para exercer a função DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 21 eleitoral, para exercer a função eleitoral por 02 anos e que poderá reconduzido por mais 02 anos. Se for Juiz de comarca de vara única que também seja zona eleitoral, enquanto for Juiz da comarca de vara única também será Juiz eleitoral, cumulando sua função com a de Juiz eleitoral. O Juiz substituto que acabou de ingressar na carreira, ainda não vitaliciado, pode cumular função eleitoral? O TSE entendeu que sim. Há um acréscimo ao subsídio, que não está vinculado ao teto constitucional, tendo natureza indenizatória. Quando houver mais de um Juiz aptos a exercer função eleitoral, tendo várias zonas eleitorais naquele Município haverá um sistema de rodízio que segue a regra da antiguidade decrescente para os magistrados poderem exercer a função eleitoral. Junta Eleitoral A justa eleitoral tem uma montagem toda peculiar prevista na legislação. A justa eleitoral se compõe pelo Juiz Eleitoral + 02 ou 04 cidadãos = 03 ou 05 membros. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 22 No Brasil, a junta eleitoral tem o funcionamento apenas nas eleições (no dia das eleições e durante as apurações). O órgão diplomador das eleições municipais de Prefeito, Vice Prefeito, Veriadores e Juiz de Paz é a junta Eleitoral (CE, art. 36). Se houver várias juntas eleitorais, a diplomação será feita pela Junta do Juiz mais antigo. CE, art. 36: Os membros as juntas eleitorais serão nomeados 60 dias antes da eleição. Obs.: o Juiz eleitoral indica os nomes. CE, art. 36, §2º: partido político, coligação partidária e o MP e para a jurisprudência também é possível candidatos podem propor recurso para discutir composição das juntas. CE, art., 36, §3º: não podem compor à juntas Lei 4737/65 - CE, Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade. § 1º Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dia antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem cumpre também designar- lhes a sede. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 23 § 2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor as juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3 (três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações. § 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares: I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o cônjuge; II - os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados; III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo; IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral. Organização Territorial da Justiça Eleitoral TREs TSE STF: em caráter excepcional. Junta Eleitoral (Cont ) DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 24 Art. 36, §1º: os membros das juntas são nomeados 60 dias antes da eleição, depois de aprovação pelo T R E. Art. 36, §2º: até 10 antes da nomeação O Juiz eleitoral vai indicar os cidadãos para compor a lista, no âmbito da zona eleitoral. Os nomes serão encaminhados ao TER, que irá dizer quem são as pessoas e as sedes. 10 dias antes da nomeação será publicado um edital com os nomes das pessoas. Os partidos podem impugnar os nomes dessas pessoas, no prazo de 03 dias. Não podem ser nomeados membros das juntas (art.) - Candidatos e parentes até o 2º Grau, bem assim o cônjuge (também o companheiro). - membros de diretoria de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido publicados - autoridades e agentes políticos, bem como os funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 25 - os que pertencem ao serviço eleitoral (servidores da justiça eleitoral) Art. 64 da Lei 9504/97 (Lei das eleições) não podem participar de uma mesma junta parentes em qualquer grau ou funcionário de uma mesma empresa repartição. Obs.: não confundir com o Art. 36, §3º, I, CE. Tribunais Regionais Eleitorais Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 26 § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice- Presidente- dentre os desembargadores. CRFB/1988 - art. 120: haverá um TRE na capital de cada Estado. Composição: 07 membros - 02 juízes dentre desembargadores do TJ - 02 juízes dentre juízes de Direito escolhidos pelo TJ. Obs.: normalmente, o TJ escolhe pela experiênciados juízes. Esses juízes podem até ficar licenciados de suas funções comuns durante o período eleitoral. - 01 Desembargador Federal designado pelo TRF ou 01 Juiz Federal designado pelo TRF (se não for sede de TRF). - 02 advogados nomeados pelo Presidente República, indicados pelo TJ. O TJ faz duas listas com 03 nomes que são encaminhadas ao TRE e este encaminha ao TSE que aprova as listas e encaminha ao Presidente da República. * STF: os membros tem que ter 10 anos de efetivo exercício na advocacia e continuam a exercer as funções de advogado. Eles só DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 27 não podem advogar em matéria eleitoral. Obs.: Não tem remuneração de Juiz, recebendo por sessão. Dos 07 membros do TRE, a justiça Estadual tem o poder de escolher 06 membros e 01 só é escolhido pela Justiça Federal. Obs.: não há representante do MP. CRFB/1988 - art. 119. No TRE, o Presidente será um dos desembargadores e o outro será o vice-presidente. O Corregedor Regional Eleitoral depende do regimento interno de cada TRE: pode ser o vice-presidente ou ser escolhido de forma livre dentre os 06 membros ou o Juiz federal ou desembargador federal. Tribunal Superior Eleitoral O STF tem um poder direto na organização do TSE. 07 membros: - 03 dentre os Ministros do STF (escolhidos pelo próprio STF). 01 será o presidente e 01 será o vice-presidente. - 02 dentre os Ministros do STJ. 01 será corregedor-geral - 02 dentre os Ministros do STJ. 01 será o corregedor-geral eleitoral. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 28 - 02 advogados. São feitas duas listas com 03 nomes pelo STF, que é encaminhada o Presidente da República, que escolhe os 02 nomes. * STF: não há impedimento quando um ministro do STF julga recurso de decisão do TSE em que aquele participou. São 06 ministros do supremo: 03 participando diretamente e 03 como suplentes. Processo eleitoral: a) Processo eleitoral Municipal: fica a cargo do Juiz eleitoral e junta eleitoral. Para os Cargos: Prefeito e vice, vereador e Juiz de paz. b) Processo eleitoral geral/estadual): TRE: Governador e vice, Deputado Estadual ou Distritais, Deputados Federais e Senadores (e suplentes) c) Processo eleitoral nacional/federal: TSE. Cargos: Presidente e vice Organização Territorial da Justiça Eleitora DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 29 Circunscrição Eleitoral: é a organização geográfico-federativa correspondente ao ente da federação ao qual se vincula um determinado processo eleitoral. Quais as circunscrições eleitorais? 1. Circunscrição Nacional ou Federal: Compreende a União. Eleição para Presidente e Vice. 2. Estadual: Corresponde ao Estado- Membro ou ao DF. Eleições gerais/estaduais: Governador, Vice, Senador, Deputados Federais, Estaduais e Distritais. Competência: TRE 3. Municipal: Corresponde ao Município DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 30 Eleições: Prefeito e Vice, Vereador e Juiz de Paz Competência: Juiz eleitoral e junta eleitoral. Zona Eleitoral Em cada circunscrição Estadual, há a organização da justiça eleitoral em zonas eleitorais. É como se fosse as comarcas. Ficam sob a jurisdição imediata de um Juiz eleitoral. É a organização local da circunscrição eleitoral geográfica As zonas eleitorais podem ter o tamanho de uma comarca, englobar várias comarcas, mas podem ser maiores ou menores. Subdivisão: Seções Eleitorais Subdivisões funcionais de uma zona eleitoral, com o objetivo de organizar a coleta de votos e à qual fica o eleitor vinculado. Funções da Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 31 Funções aqui são atividades próprias de Estado, sendo uma delas a jurisdição. 1. Jurisdicional A Justiça Eleitoral tem função jurisdicional a) Jurisdição Voluntária: Ex: no processo eleitoral, havendo dúvida do partido este pode pedir a recontagem de votos b) Jurisdição Contenciosa Ações Eleitorais: cíveis e criminais Ações Cíveis: Ação de Impugnação de Registro de Candidatura, Ação de Investigação Judicial, recurso contra a diplomação, representação por captação ilícita de sufrágio. Ações criminais: existem mais de 40 tipos penais eleitorais próprios. 2. Função Administrativa DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 32 a) Segundo a CRFB/1988 – art. 96, todo o Tribunal tem uma atividade administrativa de auto-organização, por meio de seus regimentos internos. A Justiça Eleitoral também tem essa função. b) A Justiça Eleitoral tem outras funções administrativas que lhe são próprias: b.1. organização do eleitorado nacional (cadastramento de eleitores). b.2. organização do processo eleitoral (organização das eleições). Em alguns países no mundo o processo eleitoral é organizado por órgão administrativo. Não é o caso do Brasil, pois a própria justiça que julga os processos eleitorais vão organizar as eleições. Existe verba orçamentária específica para isso. b.3. registro, atualização estatutária (deve haver o registro dos estatutos na justiça eleitoral) e cancelamento dos partidos políticos. 3. Função Normativa a) Hoje o Poder Judiciário tem uma função normativa que é expedir seus regimentos. A Justiça Eleitoral também. Organizar seus serviços, funcionários e competências como todo Tribunal. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 33 b) a Justiça Eleitoral tem o poder normativo de expedição de instruções e resoluções (CE, art. 1º, parágrafo único e 23, IX; Lei das Eleições art. 105). Servem para a interpretação da legislação eleitoral e para a regulamentação do processo eleitoral. Normas interpretativas: normas secundárias, que não podem ser objeto de ADI e ADC. Normas regulamentares: têm status de leis ordinárias,podendo suspender a eficácia destas e sofre controle concentrado de constitucionalidade. Obs.: nem o Juiz, nem o TRE podem fazer controle de constitucionalidade das normas regulamentares, mas podem ser objeto de ADI, ADC ou ADPF. O que não é cabível é o controle difuso. Obs.: Alguns autores tem entendido, que o que pode ser feito é o órgão competente fazer uma consulta e dessa consulta sai um acórdão. Desse acórdão, se tiver questão constitucional, pode haver RE para o STF. Obs.: Da decisão do TSE não cabe controle difuso de constitucionalidade no STF. Obs.: o STF também tem a função normativa, no que concerne às Súmulas Vinculantes. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 34 4. Função Consultiva Só a Justiça Eleitoral tem essa função. Na Europa alguns Tribunais Constitucionais tem poder consultivo. CE, art. 23, XII e art. 30, VIII: o TSE pode receber consultas de autoridades com jurisdição federais e de partidos políticos (órgãos nacionais – ex: PORTANTO nacional). Autoridades com jurisdição federal: presidente e vice, deputado, senador, ministros etc. A consulta deve ser feita de modo genérico. Ex: menor de 16 anos, mas que completará 16 anos até a data da eleição pode se alistar? Durante os 151 dias que antecedem as eleições não pode haver alistamento. Esse consulta foi feita pelo PDT. O TSE disse ser possível. Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou ]órgão nacional de partido político; Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político; DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 35 A consulta tem que ser feita em tese. A justiça eleitoral responde a consulta por meio de acórdão. Os TRÊS também têm poder consultivo (CE, art. 30, VIII). Legitimidade: autoridade pública (federal, estadual ou municipal) ou partido político. Ex: Juiz, MP etc. O TRE também responde por meio de acórdão. O Juiz pode ter uma dúvida sobre alguma questão que tenha sido objeto de resolução. O TRE vai expedir acórdão para responder. Poderá haver recurso para o TSE. Em tese, da decisão do TSE pode haver recurso para o STF, a depender da matéria. 5. Função de Controle/Correição/Fiscalização É uma função de poder de polícia. Poder de fiscalizar atos da sociedade e atos de Estado. Essa função envolve, por exemplo, a fiscalização de propaganda eleitoral. Ex: Juiz eleitoral em ano de eleição para Presidente. Não está na jurisdição do Juiz eleitoral. O Juiz percebe um outdoor com campanha eleitoral antecipada para Presidente da República. O Juiz não tem jurisdição sobre essa eleição presidencial. Quem tem jurisdição é o TSE. Contudo, o Juiz tem poder de polícia, devendo DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 36 notificar o partido para que retire a propaganda eleitoral. O Juiz vai dar conhecimento da notificação ao TRE, que, por sua vez, dá conhecimento da questão ao TSE. O TSE, se for o caso, pode instaurar processo de investigação, podendo até mesmo aplicar uma multa. A multa só pode ser aplicada pelo TSE. O Juiz eleitoral tem poder semelhante ao do MP, podendo adotar medidas de ofício. Não é uma função de correição interna, mas sim fiscalização sobre a sociedade, sobre os candidatos, sobre os partidos. Súmula 18 TSE: conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimidade o Juiz eleitoral para, de oficio, instaurar procedimento com a finalidade de impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei 9.504/97. Existem decisões dizendo que se o Juiz agiu de ofício para retirar propaganda, ele ficará impedido de julgar o processo judicial correspondente. Que tipo de controle tem o magistrado? Prestação de contas dos candidatos dos partidos políticos. Nos TREs quem exerce essa função é o corregedor regional eleitoral, no TSE é o corregedor nacional, na juntas eleitorais, é o Juiz eleitoral. Ex: fiscalização dos atos atentatórios conta a liberdade do voto. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 37 Ministério Público Eleitoral CRFB/1988 - art. 128. Órgãos do MP: MPU (MPF, MPT, MP, MPDFT), MP Estadual e MP junto aos Tribunais de Contas. Onde está o MP Eleitoral? Inicialmente, havia duas correntes: 1 – implícito na CRFB/1988, dentro do MPU 2 – a Lei Complementar 75/93 que regula o MP Federal incluiu o MP eleitoral como uma de suas especializações (Para CONCURSO PÚBLICO) Promotor eleitoral: atua na s eleições municipais, junto à junta e ao Juiz eleitoral. Promotor Regional Eleitoral: tem atuação no processo eleitoral geral/estadual. Foro de atuação: TRE. Procurador-Geral Eleitoral: tem atuação no processo eleitoral de presidente e vice, junta ao TSE. O Promotor Eleitoral é o Promotor de Justiça (MP dos Estados) escolhido para atuar na função de MPF. A escolha do Promotor DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 38 Eleitoral é um ato complexo. A indicação será feita pelo PGJ (indica vários nomes). A designação/nomeação é feita pelo Procurador Regional Eleitoral. Lei Complementar 75/93 (art. 79) e Lei 8.625/93 (art. 10, IX, “h” e art. 72). O Procurador Regional Eleitoral (PRE) é um Procurador Regional da República ou um Procurador da República. No Estado onde houver TRF, há Procuradores Regionais atuando. Nessa caso, o PRE será um Procurador Regional da República escolhido pelo Procurador Geral Eleitoral. Caso contrário, será designado Procurador da República pelo Procurador Regional Eleitoral (Lei Complementar 75/93). O Procurador Geral Eleitoral é o próprio PGR (CE, arts. 18 e 24 e art. 73 da Lei Complementar 75/93). Funções do MP Eleitoral a) monitoramento A função do MP não é legislativa e nem jurisdicional. É função de monitoramento. O MP pode celebrar um TAC, ajuizar demanda na Justiça Eleitoral etc. Atribuições: DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br39 a) Monitora a regularidade do alistamento eleitoral tanto no âmbito da zona, como no TRE e TSE. b) monitorar o processo de constituição dos partidos políticos, alteração dos estatutos. c) analisar as filiações partidárias d) monitorar a prestação de contas e) monitorar o processo eleitoral (propaganda, dia das eleições (ex, transporte clandestino de eleitores), etc f) autoria de toda as ações e representações cíveis e eleitorais, muito embora não seja o legitimado único. Ex: ação de impugnação de registro de candidatura, recurso contra diplomação etc. g) O MP Eleitoral tem a autoria de todas as ações penais eleitorais. São ações penais públicas incondicionadas. O que os partidões podem fazer é comunicar o fato ou ser assistente do MP. Obs.: o MP Eleitoral tem competência de fiscalizar a execução da pena. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 40 A polícia eleitoral é monitorada pelo MP Eleitoral. Polícia Eleitoral Atividade de polícia judiciária e ostensiva. Previsão: CRFB/1988 - art. 144, §1º Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública (ordem eleitoral) e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. § 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se a: § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina- se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 41 infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras; III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. A Polícia Federal é um dos órgãos que exerce o poder de polícia, em um primeiro momento, para as questões eleitorais. Inciso IV: os crimes eleitorais são investigados originariamente pela Polícia Federal. A RESOLUÇAO TSE 22.376/06: regula a competência da Polícia Federal para investigar os crimes eleitorais no termos da CRFB/1988 - art. 144, §1º, I e IV. Obs.: a Resolução também prevê que a Polícia Estadual (polícia civil ou militar) em caráter supletivo a Polícia Federal. Ex: não havendo DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 42 na localidade Polícia federal poderá a Polícia Civil e Militar atuar em caráter supletivo. Contudo, o Inquérito continuará a ser Federal. Atividade de Polícia a) Judiciária É a polícia investigativa. Instaura o Inquérito Policial quando houver indício de crime. É atribuição da Polícia Federal. Não havendo polícia federal, atuará a Polícia Civil. Trata-se de inquérito federal. b) ostensiva É a polícia que fica monitorando a ordem publica, exercendo no dia a dia a título preventivo o poder coercitivo. Num primeiro momento, a atuação é da Polícia Federal (agentes da polícia federal). Não havendo Polícia Federal, atuará a PM. Excepcionalmente somente o TSE pode solicitar ajuda das Forças Armadas. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 43 Ex: o TRE do RJ solicitou ajuda ao TSE para requisitar Forças Armadas na eleições de 2008. Defensoria Pública Eleitoral CRFB/1988 - art. 134 Lei Complementar 80/94 art. 14. A função de defesa dos hipossuficientes na Justiça Eleitoral é da DPU, em princípio. Havendo convênio, a Defensoria Pública Estadual e a Defensoria Pública do DF pode atuar. E se não tiver Defensoria Pública Estadual? Pode atuar qualquer outro órgão que desempenhe a função da Defensoria Pública (ex: advogado dativo), desde que exista convênio. A Defensoria Pública atua da seguinte forma: a) TSE: Defensor Público da União de Categoria Especial b) TRE: Defensor Público da União de 1ª Categoria c) Juntas e Juízes: Defensor Público da União de 2ª Categoria. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 44 Ex: CRFB/1988 art. 27: o Prefeito, candidato à reeleição, será processado e julgado originariamente no TRE nos crimes eleitorais. Procuradoria da Fazenda Nacional - PFN Segundo o CE art. 367 e a Resolução TSE 21.975/04, quem executa as multas eleitorais é a PFN. Uma das principais sanções que a Justiça Eleitoral aplica é a multa. A multa eleitoral é alta. A execução da multa será feita pela Justiça Eleitoral competente (TSE, TRE ou Juiz Eleitoral). Súmula 374 STJ interpretanto o CRFB/1988 - art. 109, I Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Ementa Súmula 374 STJ Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito decorrente de multa eleitoral. A multa faz parte da Dívida Ativa Da União (Resolução TSE 21.975/94, art. 3º). DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 45 Obs.: aplica-se o procedimento da Lei 6.830/80: execução de título executivo extrajudicial, muito embora se trate de título executivo judicial. Todas as multas compõem um fundo (fundo partidário). O funda serevertirá em dinheiro para o partido. INSTITUTOS DO DIREITO ELEITORAL 1. Sufrágio O sufrágio decorre da soberania popular. Art. 14. Vem de uma expressão grega. Significa expressar opinião e também decidir. Conceito jurídico de sufrágio: é o direito público subjetivo de participação do processo político-institucional de natureza eleitoral. Todo cidadão vai gozar dessa prerrogativa pública e ao mesmo tempo subjetiva/pessoal. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 46 1. objetivos do sufrágio: a) atribuição de mandato eletivo a uma pessoa ou a um partido b) extinguir mandato eletivo. Obs.: No Brasil, o sufrágio não é exercido para extinguir mandato eletivo. Ex: real (EUA). Os cidadãos podem pleitear o mandato de volta. c) receber a titularidade de mandato eletivo É o candidato recebendo da sociedade a titularidade de mandato eletivo. d) expressão de opinião em plebiscito É o caso, por exemplo, do Brasil, em 1993, forma de governo (monarquia ou republicano) e sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo). e) decidir em referendo DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 47 Obs.: diferentemente do plebiscito, que tem caráter consultivo, o referendo tem caráter decisivo. 2. Classificação do sufrágio 2.1. quanto a participação da sociedade a) Universal O sufrágio passa a ser atribuído num primeiro momento à maior parte possível de pessoas em determinada sociedade, respeitados alguns limites considerados razoáveis (ex: idade mínima). Segundo a nossa CRFB/1988 não podem haver critérios restritivos do sufrágio, salvo aqueles previstos no próprio texto constitucional. b) Restrito O sufrágio se limita a determinados grupos, condições, que não são juridicamente aceitáveis em uma democracia, mas são imposto em regimes não tão democráticos. b.1. sufrágio censitário: liga-se à capacidade econômica da pessoa. Obs.: durante o Império, o Brasil adotou o sufrágio censitário. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 48 b.2. sufrágio cultural (capacitário): leva em consideração a formação educacional (capacidade intelectual) da pessoa. Ex: a Inglaterra até os anos 50 tinha a participação restrita em razão da cultura. Obs.: o analfabeto, no Brasil, não é elegível, mas pode exercer o sufrágio como eleitor. A exigência de não ser analfabeto para ser elegível é razoável. b.3. sufrágio em razão do gênero: o Brasil já adotou esse critério. Somente no final do Século XIX alguns países permitiram a participação das mulheres no exercício do sufrágio. No Brasil, a abertura do sufrágio para as mulheres se deu em 1933. b.4. sufrágio em razão do grupo: - por raça: negros não tinham direito de votar. - por casta: em razão do nascimento há restrições para o sufrágio ao exemplo da Índia que somente há alguns anos se permitiu a participação de castas no processo eleitoral. - por grupos sociais: somente se permitia a participação para funcionários públicos etc. 2.2. Quanto ao valor atribuído ao voto DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 49 a) sufrágio igual Cada cidadão que participa do processo político-institucional tem seu voto contado uma única vez. EUA: “one man one vote”. b) sufrágio desigual Voto desigual familiar: o chefe familiar tinha o peso do seu voto pela quantidade de filhos. Voto plural: o cidadão pode votar de uma vez na mesma seção Voto múltiplo: o cidadão pode votar mais de uma vez em seções distintas O Voto No Brasil: - quanto a participação na sociedade o sufrágio é universal - Quanto à atribuição de valor ao voto, o voto tem valor igual DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 50 Se o sufrágio é direito público subjetivo, o voto é o instrumento de exercício do direito de sufrágio. 1. Natureza do voto Busca-se duas coisas dentro da ciência do direito: - Qualificar o instituto: é estabelecer a essência deste. - Classificar é estabelecer a localização do instituto dentro da ciência do direito. a) Dever cívico Eu tenho o dever de exercer o voto. Cívico vem de “civitas”: inserção na coletividade. Eu tenho o dever de participar da sociedade. b) Direito (Brasil) Ampla universalização do sufrágio durante o Século XIX. O voto é um direito, pois o voto é um direito-instrumento para exercer um DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 51 outro direito. O cidadão goza do direito de sufrágio e tem a faculdade de exercê-lo. c) Função Pública Apesar da origem facista, hoje perdeu esse nexo. Se o Presidente exerce função pública, assim como o parlamentar, eles exercem porque receberam mandato da sociedade. Assim, o cidadão exerce a função pública de delegar poderes aos eleitos. Se é função pública, todos têm direito de exercer o direito do sufrágio, mas também o dever. É uma idéia que exige a co-responsabilidade do cidadão. Obs.: no Brasil, a teoria aceitável é a de que o voto é um direito. 2. Características do voto CRFB/1988 - art. 60, §4º (o rol não é taxativo) a) direto O voto direto é aquele em que a sociedade expressa diretamente sua opinião sem a intermediação de um outro órgão. Não há um órgão intermediário, não há um colégio eleitoral. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 52 Exceção: vacância do cargo do chefe do Executivo nos dois últimos anos do mandato. Isto levará a eleições indiretas. b) secreto É o contrário do voto público, em que o cidadão tem que mostrar para quem votou. O voto secreto garante a convicção do foro íntimo do eleitor. c) universalidade Todos aqueles que gozam do direito de sufrágio podem votar, salvo as restrições previstas na CRFB/1988. Obs.: nem mesmo o constituinte reformador podeestabelecer novas restrições. d) periodicidade Periodicamente o cidadão é chamada a delega mandato. Qual é a periodicidade máxima e mínima? Se a periodicidade for muito intensa, inviabiliza-se o mandato; se muito ampla, inviabiliza- DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 53 se a democracia. Os doutrinadores dizem que o constituinte brasileiro já instituiu o mínimo e o máximo. Se um mandato é muito curto, a periodicidade é maior; é mais longo, a periodicidade é menor. Assim, 04 anos é a periodicidade máxima e 08 anos é a periodicidade mínima. Assim, podem existir arranjos que garantem o máximo de periodicidade de 04 e o mínimo de 08 anos. No Brasil, ainda existe as seguintes características: e) personalíssimo o titular do voto somente ele pode exercer essa prerrogativa. Ninguém herda essa prerrogativa. Se o titular está impedido ou suspenso, ninguém pode exercer por ele. Se é personalíssimo, também é indelegável. f) indelegabilidade O exercício do voto não pode ser delegado a ninguém. g) livre DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 54 O cidadão pode escolher entre qualquer candidato ou partido sem necessidade de fundamentar sua escolha. É a mais absoluta convicção e exercício do foro íntimo. Isso serve para preservar a convicção política. h) igualdade O voto somente é contabilizado uma única vez para cada cidadão- eleitor. i) obrigatoriedade A obrigatoriedade é para o comparecimento ao escrutínio e efetivamente digitar o voto na urna. Essa obrigatoriedade não impede a liberdade de votar, pois o eleitor pode inclusive votar em branco ou anular seu voto. Art. 14, §1º, I e II: o voto é obrigatório para quem tem mais de 18 anos e menos de 70 anos, e desde que alfabetizado. De todas essas características, as 04 primeiras são cláusulas pétreas. E as demais? A doutrina vai dizer que somente seriam cláusulas pétreas implícitas: voto personalíssimo, indelegável, livre e igual. A DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 55 única característica que não seria cláusula pétrea seria a obrigatoriedade. Leia-se o CRFB/1988 - art. 60, §4º, II, da seguinte forma: direto, secreto, universal, periódico, personalíssimo, indelegável, livre e igual. Escrutínio É o modo de concretização do voto (“modus operandi”). Procedimento de concretização do voto. 1. voto de lista (fechada ou aberta) O partido libera uma lista de candidatos (não é adotado no Brasil). É comum quando se está diante do voto de partido (escrutínio por legenda). 2. voto individualizado O voto, no Brasil, em regra, é individualizado 3. Voto por cédula (escrutínio em papel) No Brasil, ainda é utilizado quando a urna eletrônica não funciona. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 56 4. voto eletrônico Apartir de 2014 a haverá a computação do voto eletrônico e também uma comprovação impressa do voto individualizado para fins de recontagem dos votos se houver necessidade. 5. Voto Secreto 6. Voto Identificado É feita a identificação do eleitor no momento da votação. 7. Processo de apuração dos votos Cidadania x Nacionalidade Nacionalidade: Segundo Pontes de Miranda, “é o vinculo de natureza jurídico política permanente que torna uma pessoa parte integrante da dimensão pessoal do Estado por ser nato ou DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 57 naturalizado”. O cidadão é parte da dimensão pessoal do Estado nato ou naturalizado. Vincula o indivíduo ao Estado. A dimensão pessoal está relacionada com o povo. Povo: nacionais e estrangeiros. Cidadania: Existem várias concepções de cidadania. Jusfilosoficamente, cidadão é toda pessoa que participa do processo político “lato sensu”. No direito Eleitoral, cidadania é uma conceituação técnico-jurídico específica: cidadão é uma qualidade da pessoa diante do regime político. Se o regime político é democrático, tende que esse status abrange a maior quantidade de pessoas, o contrário acontece nos regimes autocráticos. Ex: uma criança com 10 anos Obs.: Os portugueses possuem cidadania brasileira, embora não sejam nacionais brasileiros. Logo, no Brasil, há casos em que para ser cidadão não se exige nacionalidade, é o caso dos portugueses em razão do princípio da reciprocidade. Eles podem participar embora sejam estrangeiros do processo político-institucional se houver reciprocidade. 5. Sistema Eleitoral DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 58 É o conjunto de técnicas de organização do processo eleitoral com a finalidade de atribuir do mandato eletivo. Envolve desde a convenção do partido até a diplomação, enfim todo o processo eleitoral. Temos o sistema eleitoral majoritário, proporcional e misto: 1. sistema eleitoral majoritário Tem por finalidade apenas atribuir o mandato eletivo ao candidato ou partido que obteve a maioria dos votos O sistema majoritário se desdobra em dois: a) simples/relativo é aquele que atribui o mandato àquele (candidato ou partido) que obteve a maioria simples, independentemente do percentual. Ex: eleição para o Senado Federal. O candidato do PMDM ficou com 27% dos votos: PORTANTO 23%, PSDB 20%, DEM 30%. O candidato do DEM será eleito Somente são contabilizados os votos válidos: excluem-se os brancos e nulos (CRFB/1988 art. 70). DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 59 No Brasil, este sistema é utilizado para o processo eleitoral de Senador e prefeitos de Municípios até 200 mil eleitores. b) absoluto É aquele que exige que o candidato ou partido tenha a maioria absoluta dos votos válidos (50% dos votos válidos + 01) O sistema majoritário absoluto não é um sistema de dois turnos, mas pode haver dois turnos. No Brasil este sistema é utilizado para Presidente e Vice,Governadores e Vices e Prefeitos e Vices dos Municípios com mais de 200 mil eleitores. 2. Proporcional O sistema proporcional tem como objetivo propiciar representação de maiorias políticas juntamente com diversidades ideológicas. No Brasil, é usado este sistema para Deputados Federais (Câmara dos Deputados), Deputados Estaduais (Assembléias Legislativas), Deputados Distritais, Deputados Territoriais e Vereadores Municipais. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 60 No sistema proporcional permite o voto para o candidato e o voto no partido (voto de legenda). Sendo para legenda, pode ser lista aberta (lista não é prefixada), lista fechada (o partido já coloca o nome dos seus filiados – privilegia a política intrapartidária) ou lista flexível (o partido faz uma lista, mas a ordem pode ser alterada de acordo com os votos atribuídos a cada candidato). No Brasil, o sistema proporcional é o de lista aberta 3. Misto É aquele que pega um pouco do majoritário e critério proporcional. É o sistema tipicamente adotado na Alemanha e no México. Há duas votações: a) voto distrital (o país é dividido em distritos). Cada partido só pode lançar um nome para cada distrito. O candidato mais votado do distrito é que será eleito pelo sistema majoritário. b) voto geral Eleição pelo sistema proporcional. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 61 Plebiscito e Referendo Plebiscito O plebiscito e o referendo asseguram a democracia. O plebiscito e o referendo têm previsão não Lei 9.709/98. Plebiscitos e referendos são meios de consultas a sociedade para que deliberem em matéria de relevância constitucional, legislativa ou administrativa Plebiscito é ato consultivo feito ao povo, em caráter prévio, a respeito de questão de interesse constitucional, legislativo ou administrativo, de interesse da sociedade. O plebiscito pode ter caráter: meramente a) opinativo. Nada impede, porém, que o plebiscito seja b) vinculante, bastando que no instrumento convocatório conste expressamente. Plebiscito: é posterior Referendo: é anterior. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 62 Referendo É ato decisório tomado pelo povo a respeito de ato legislativo ou administrativo já realizado, mas cuja vigência ou eficácia requer aprovação da sociedade. Neste caso, o ato legislativo já esta pronto. Ex: Lei cria terceira hipótese autorizativa do aborto, mas que só entre em vigor daqui um ano após a aprovação pelo referendo, ou noutra situação a Lei está em vigor, mas com a eficácia suspensa até a aprovação por referendo (ex: caso do estatuto do desarmamento). Ex: caso da vale do rio doce, ou de construção de represa, pode ocorrer que o leilão até tenha ocorrido, mas só vai gerar seus efeitos após a aprovação por meio do referendo. Obs.: o referendo é sempre vinculante. Como se procede a realização de referendo ou plebiscito? Art. 3º da Lei 9.079/08 c / c CRFB/1988 art. 40, XV, convoca-se o plebiscito e autoriza-se o referendo através de Decreto Legislativo (CRFB/1988 - art. 59, VI) o Congresso Nacional irá convocar o plebiscito ou autorizar o referendo. Iniciativa para o decreto Legislativo de 1/3 de Deputados ou 1/3 de Senadores. Esse Decreto Legislativo tem que ser aprovado por maioria simples (na Câmara dos Deputados e no Senado Federal). Obs.: não há sanção presidencial. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 63 Lei 9.079/98: Art. 9º Art. 9º Convocado o plebiscito, o projeto legislativo ou medida administrativa não efetivada, cujas matérias constituam objeto da consulta popular, terá sustada sua tramitação, até que o resultado das urnas seja proclamado. Art. 11: Art. 11. O referendo pode ser convocado no prazo de trinta dias, a contar da promulgação de lei ou a adoção de medida administrativa, que se relacione de maneira direta com a consulta popular. Assim que a Lei o ato administrativo for publicado, o Congresso Nacional terá 30 dias para autorizar o referendo. O resultado do referendo ou o plebiscito é por maioria simples, tramitando o referendo ou o plebiscito de acordo com o Regimento do Congresso Nacional. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 64 Art. 8º (para CONCURSO) Art. 8º Aprovado o ato convocatório, o Presidente do Congresso Nacional dará ciência à Justiça Eleitoral, a quem incumbirá, nos limites de sua circunscrição: I - fixar a data de consulta popular; II - tornar pública a cédula respectiva; É formulada uma pergunta veiculada pela cédula para se apresentada à sociedade, cabendo a justiça eleitoral a formulação dessa pergunta. III - expedir instruções para a realização do plebiscito ou referendo; IV - assegurar a gratuidade nos meios de comunicação de massa concessionários de serviço público, aos partidos políticos e às frentes suprapartidárias organizadas pela sociedade civil em torno da matéria em questão, para a divulgação de seus postulados referentes ao tema sob consulta. A aprovação do plebiscito ou do referendo se dará por maioria simples daqueles que participaram validamente, retirados os brancos e nulos. DIREITO ELEITORAL Intensivo III Prof. Marcio Luis de Oliveira 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 65 CAPACIDADE ELEITORAL Capacidade eleitoral: é a aptidão para o exercício dos direitos político-eleitorais. Direito políticos em sentido estrito. A capacidade eleitoral é uma capacidade atribuível apenas às pessoas naturais (pessoas físicas). Portanto, pessoas jurídicas não são portadoras da capacidade eleitoral. Nada impede que no futuro seja previsto a capacidade eleitoral das pessoas jurídicas. A capacidade eleitoral se desdobra em duas: a) capacidade eleitoral ativa: É a capacidade para votar ou ser eleitor. É obtida mediante o alistamento eleitoral. b) capacidade eleitoral passiva: É a capacidade para ser elegível, para receber um mandato eletivo. É a capacidade para postular um mandato eletivo mediante submissão da vontade do eleitorado no processo eleitoral. Advém das condições de elegibilidade. DIREITO ELEITORAL
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