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O EVOLUCIONISMO CULTURAL E ETNOCENTRISMO Destacar a importância de diferentes culturas na formação de uma civilização mundial, é levar em consideração que, biologicamente não há uma raça humana mais evoluída que a outra. Segundo Levi Strauss, classificar as raças a partir de características psicológicas ou aptidões individuais dividindo-as em mais ou menos evoluídas, além de ser uma visão racista, é cientificamente falso. A diversidade cultural é ampla, e há muito mais culturas humanas do que raças humanas. Tendo em vista que, é possível haver uma diversidade cultural muito maior entre indivíduos da mesma raça, com características sociais bem distintas. Ao mesmo tempo que raças diferentes podem compartilhar da mesma cultura e, manter aspectos culturais muito parecidos. A compreensão da diversidade de culturas em seus aspectos semelhantes ou distintos é a compreensão de que as mesmas, se diferem em modos e planos diferentes. Não há como traçar uma trajetória linear dessas diferenças, e não há como afirmar que as mesmas, se desenvolveram sozinha e por vontade própria. A definição de uma sociedade é possível pela comparação com as outras. As formações culturais de uma civilização, por muitas vezes, só se deram, pois, um determinado grupo não queria sentir-se atrasado ou limitado em relação aos outros. As sociedades não estão sozinhas, mesmo que algumas aparentem isso. Entretanto, uma característica antiga e constante observada no comportamento humano em relação ao olhar para outra sociedade é a visão de superioridade. Isto é, repudiar as formas de cultura de sociedades diferentes. Qualquer manifestação cultural estranha a nossa própria, é tida como menos evoluída. Características essas: religiosas, sociais, estéticas e morais. A diversidade cultural não é encarada como de fato, ela é: um fenômeno natural resultante da interação de uma determinada sociedade com as outras. Dessa forma, a antiguidade designava tudo que não fazia parte da cultura Grega ou Greco-Romana como bárbara, mais tarde essa mesma designação foi utilizada pela sociedade ocidental, mas com o termo “selvagens”. A utilização desse termo remete à aspectos animais de não domesticação, aposto ao que significa humanidade. Esse comportamento é oposto ao significado de diversidade cultural, pensar o mundo dessa forma é repetir que nada além do próprio costume é válido. Esse comportamento origina uma outra ideia errónea, que é o evolucionismo cultural. O evolucionismo cultural é a noção de que as culturas e sociedades evoluem periodicamente, assim como o evolucionismo biológico de Darwin. Esse falso evolucionismo perpetua a noção de que as culturas partem do mesmo ponto e passam por estágios e etapas até chegarem ao seu nível mais avançado, onde todas as sociedades caminham para o mesmo fim. Desse modo, a humanidade torna-se única e idêntica, e todo o processo de formação social e suas diversidades é desconsiderado. As diferenças do evolucionismo cultural e biológico são negligenciadas quanto aos seus significados e, muitas das vezes associadas, como se a teoria biológica embasasse a sociológica. Entretanto, a principal diferença é a ordem na qual essas teorias surgem. O falso evolucionismo ou evolucionismo sociológico é ainda, anterior ao evolucionismo biológico de Darwin. Ou seja, o evolucionismo cultural nada mais é que uma máscara falsamente científica que, tenta explicar um conflito filosófico, para qual não se pode ter certeza nenhuma de suas causas ou desenrolar a partir de experimentações e observações empíricas. A cultura ocidental tem a noção de progresso linear e constante. O progresso é visto como uma melhoria ao longo de uma linha do tempo, contínua e em constante mudança. Isso gera a crença de que culturas diferentes, que tem diferentes noções de desenvolvimento, são culturas primitivas, atrasadas e precisam evoluir de acordo com essa noção evolucionista ocidental, provocando a visão etnocêntrica. Cultura primitiva é, portanto, a noção de que alguns povos estão atrasados de acordo com as normas da sociedade ocidental, como se eles ainda fossem evoluir e se desenvolver, até chegar ao modelo ideal. Essa noção, portanto, desvaloriza qualquer cultura que não seja a do Ocidente. Cada sociedade tem sua própria noção de desenvolvimento que se manifestam de diferentes formas. A visão etnocêntrica faz qualquer cultura vista por óticas ocidentais parecerem estacionarias, como se estivessem paradas no tempo sem evoluir. Todas as culturas se desenvolvem pelas suas próprias perspectivas. Já cultura arcaica, é a cultura antiga de um determinado povo, atualmente já desenvolvido e diferente da antiguidade. Pensando na história como uma linha do tempo (na percepção ocidental), cultura arcaica, está no passado, uma cultura que depois progrediu. Vale ressaltar que é um passado da própria cultura. Isso seria uma história cumulativa, que é todo esse acúmulo de experiências, de mudanças, que vai se juntando, progredindo e evoluindo. Enquanto, para a noção ocidental, a história deles é cumulativa, que está em constante progresso, a história dos outros povos é estacionária. A ótica da diversidade cultural e das civilizações é vista através de lentes ocidentais etnocêntricas. Olhar o mundo através dessa perspectiva é ignorar os processos humanos e desconsiderar a formação da sociedade enquanto grupos diversos. O que forma uma civilização é a coligação de culturas, ou seja, a junção de aspectos e saberes diferentes, que resulta numa nova cultura diversa, nenhuma sociedade está só e fechada em si mesma. Olhar para as civilizações caracterizando-as como mais ou menos evoluídas, é ignorar esse processo de acúmulo de características. Tendo em vista que progresso cultural é produto da coligação de culturas, o afastamento diferencial que cada uma oferece é o importante, isto é, contribuições originalmente diferentes entre si, a riqueza da mistura e da diferença que forma o novo. “A humanidade não evolui num sentido único. E se, em determinado plano, ela parece estacionária ou mesmo regressiva, isso não quer dizer que, sob outro ponto de vista, ela não seja sede de importantes transformações.” (LEVI-STRAUSS, Claude. 1952. Pág. 18) BIBLIOGRAFIA Livro Raça e História (LEVI-STRAUSS, Claude. 1952.)
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