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@NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA 116 UFJF 1 TÉCNICA OPERATÓRIA FERIDAS TRAUMÁTICAS SUPERFICIAIS: Os traumatismos de partes moles caracterizam-se como ferimentos desde que exista solução de continuidade de tecidos com ou sem perda de substâncias Contusão = lesão de partes moles em que NÃO existe solução de continuidade da pele o nas contusões, a lesão tecidual é produzida por esmagamento devido à uma força de compressão o Pele íntegra o Edema o Isquemia o Necrose adiposa o Hemorragia o Equimose = manifestação cutânea da lesão de vasos sanguíneos da pele o Hematoma = manifestação cutânea da ruptura de vasos em planos mais profundos Nesta aula, serão abordados os tratamentos e a cicatrização do FERIMENTO. Ou seja, quando ocorre a abertura da pele e a perda de continuidade da mesma em planos superficiais de partes moles. FERIMENTOS: Superficiais: conceituado como aquele em que as lesões são produzidas por agente vulnerante em pele, tecido subcutâneo, aponeurose ou músculos o Objeto de estudo desta aula, visto que todos os médicos, independentemente da especialidade, devem saber tratar de ferimentos superficiais Profundos: quando o traumatismo causa lesão de elementos profundos como nervos, vasos calibrosos, tendões, ossos ou vísceras o Geralmente tratados no centro cirúrgico por equipes especializadas CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS: Segundo seu agente causador e seus efeitos imediatos, as feridas podem ser: INCISAS: Produzidas por força cortante São as mais frequentes A energia transmitida e absorvida pelos tecidos é pequena e, consequentemente, a desvitalização tissular costuma ser pouco significativa Geralmente de bordas regulares e lineares A cicatrização habitualmente se processa sem infecção e sem complicações PERFURANTES: Produzidas por agente fino e pontiagudo cortante Frequentemente lesa estruturas mais profundas Ex.: punhal PUNTIFORMES: Produzidas também por agente fino e pontiagudo Ex.: estilete, prego Mais comuns na região plantar Devem sempre ser considerados como altamente contaminadas CORTO-CONTUSAS OU LÁCERO-CONTUSAS: Apresentam irregularidades, sendo a lesão tissular produzida por instrumento submetido a grande força de pressão Além da força aplicada, tem valor também a velocidade e as particularidades do agente agressor Geralmente produzidas por objetos rombos ou semi-rombos Produzem lesão de avulsão ou com retalhos incisas perfuranres puntiformes corto- contusas abrasivas @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA 116 UFJF 2 TÉCNICA OPERATÓRIA A pele é arrancada de sua base de sustentação e permanece um uma base unida à pele normal Na avaliação, devemos considerar o Extensão o Relação Espessura X Comprimento o Condições vasculares locais o Grau de necrose tissular o Grau de contaminação Ferimentos produzidos por lesões de impacto são 100x mais suscetíveis a infecções que os produzidos por forças cortantes. Tais feridas, quando de grande extensão e extremamente violentas, podem ser designadas como feridas lacerantes dilaceração e grande isquemia tissular são características ABRASIVAS: Produzidas por atrito da pele com superfície áspera Perda da camada epidérmica e parte da derme TRATAMENTO: Anamnese Exame físico – focado nos fatores locais Esquematização do tratamento Anestesia Preparo da pele o Tricotomia o Antissepsia Desbridamento Fechamento Curativo ANAMNESE: Tempo decorrido Mecanismo do trauma Imunização contra tétano Doenças associadas DM, HAS, uso de corticoesteroides... Alergias Sensibilidade medicamentosa EXAME FÍSICO LOCAL: Corpos estranhos localizar e retirar (retarda a cicatrização por provocar inflamação intensa que pode evoluir para infecção grave) o Materiais não inertes como madeira, espinho, detritos, fragmentos de roupas... devem ser, sempre que possível, removidos total e prontamente o Terra (principalmente do subsolo) é um dos mais nocivos contaminantes o Vidros, metais e plásticos, são relativamente inertes e podem ser removidos eletivamente se necessário. Se em regiões que suportam peso ( pés, mãos, glúteos...) ou que podem comprometer função, devem ser rapidamente retirados o Corpos estranhos nos tecidos, com frequência formam granulomas e favorecem a infecção devendo ser tratados agressivamente Tecidos necrosados, isquêmicos ou macerados Perda de substância Edema acentuado Tecidos irradiados Hematomas e espaços de descolamento traumático ESQUEMATIZAÇÃO DO TRATAMENTO: 1. Avaliação inicial e retirada de corpos estranhos grosseiros 2. Tamponar o ferimento e preparar a pele adjacente 3. Colocar campos cirúrgicos esterilizados 4. Anestesiar 5. Controlar a hemostasia 6. Identificar o ferimento e todos os recessos 7. Desbridamento cuidadoso e completo, com ressecção de tecidos necrosados e desvitalizados. Identificar tecidos nobres 8. Irrigação copiosa sob pressão com soro fisiológico ou água destilada 9. Decidir e executar ou não o fechamento da ferida 10. Curativo independentemente se feita a sutura ou não o Se o tratamento for primário (com sutura), o curativo permanecerá por cerca de 24 a 48 horas, até que ocorra a epitelização das bordas @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA 116 UFJF 3 TÉCNICA OPERATÓRIA o Se o tratamento for por segunda intenção, o curativo precisará ser trocado diariamente até cicatrização completa O objetivo do tratamento é reestabelecer a integridade anatômica, funcional e estética dos tecidos lesados Condições ambientais e técnicas assépticas são OBRIGATÓRIAS no atendimento uso de máscaras, gorros, aventais cirúrgicos, escovação e paramentação adequadas (luvas). PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO TRATAMENTO DAS FERIDAS SUPERFICIAIS: Hemostasia meticulosa Remoção de tecidos isquêmicos ou desvitalizados Obliteração de espaços mortos Uso dos fios cirúrgicos adequados ao tipo de ferimento Suturas sem tensão Suprimento sanguíneo adequado CONDUTAS: 1. Fechamento Primário: Usado basicamente para feridas cortantes ou incisas, sem lacerações extensas, sem contaminação e atendidas dentro das primeiras 6 horas após o trauma Feridas muito contaminadas devem permanecer abertas para fechamento retardado ou cicatrização por segunda/terceira intenção Indicado para feridas limpas e recentes Pode ser feito com sutura ou sem sutura (colas, fitas adesivas..) Contraindicado em casos de: o Tempo superior a 6 horas o Suprimento sanguíneo inadequado o Perda de substancia o Feridas muito contaminadas o Mordeduras humanas e de animais o Ferimentos por arma de fogo devem ser explorados, desbridados e deixados abertos, pois geralmente existem lacerações profundas e extensa lesão tecidual que favorecem a infecção se a ferida for suturada 2. Fechamento Primário Retardado / Terceira Intenção 3. Tratamento Aberto ou por Segunda Intenção: Troca do curativo deve ser diária, asséptica e com curativo seco Para que ocorra a cicatrização, as reações iniciais são as mesmas para os 2 tipos de tratamentos (aberto e fechado). Ocorrendo: o Exsudação inflamatória o Neoformação vascular o Proliferação e migração de fibroblastos o Tentativa de epitelização a partir das bordas da ferida A diferença reside em 2 fenômenos particulares que se exacerbam nas feridas tratadas de maneira aberta: Epitelização Contração da ferida O objetivo principal da cicatrização das feridas abertas é fechar a lesão para que seja possível e epitelização da superfície. É sabido que o epitélio tem capacidade de migração limitada, ou seja, a epitelizaçãoé capaz de avançar apenas 3cm a partir das bordas da ferida. Assim, se a ferida for maior, se faz necessária a diminuição da área cruenta para possibilitar o fechamento. O movimento de contração da ferida, inicia-se nas bordas, no fundo ou em ambos e as lesões cutâneas abertas contraem-se retraindo a pele circunjacente. Se o local tiver pele frouxa (não aderida a estruturas fixas), será possível a epitelização total sem grandes sequelas. Por outro lado, se a ferida estiver próxima a estruturas articulares, poderá haver limitação funcional das mesmas. Outra possibilidade, é de a contração máxima não ser suficiente para o fechamento e epitelização completos da ferida, formando-se então uma úlcera crônica. o A fim de evitar as sequelas da contração insuficiente, desenvolveu-se a enxertia cutânea de espessura total e a plástica com retalhos pediculares. O resultado final da cicatrização de feridas abertas é uma camada epidérmica superficial sobre uma base colágena profunda cuja @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA 116 UFJF 4 TÉCNICA OPERATÓRIA interface normal entre epiderme-derme, é constituída por membrana basal ondulante e forte. Na falta das papilas dérmicas e apêndices epidérmicos, ocorrerá uma união frágil entre o epitélio e o tecido cicatricial, resultando em separação e perda epitelial às menores agressões. A cicatriz epitelizada desta maneira, é um substituído bastante inferior à pele normal. Abaixo, um exemplo de cicatrização aberta bem sucedida. ANESTESIA: Em geral, ferimentos de partes moles são bastante dolorosos e, por isso, a anestesia é necessária para o exame e tratamento O anestésico deve ter ação rápida, sem comprometer os mecanismos de defesa locais Lidocaína anestésico mais utilizado Anestesia local deve ser feita pelo Método Infiltrativo = anestesia dos ramos subcutâneos Injeção lenta: menos dor Pele limpa para evitar contaminação Na maioria dos ferimentos Não é necessário o uso de vasoconstritores principalmente nas extremidades devido ao maior risco para isquemia e hipóxia PREPARO DA PELE: TRICOTOMIA: Depilação Pode ser necessária em áreas pilosas para minimizar a contaminação além de facilitar a síntese Evitar em supercílios ANTISSEPSIA: Com esponja e solução antisséptica Soluções iodadas ou clorexidine Evitar contato com músculos, tendões, vasos ou olhos: risco de lesão química DESBRIDAMENTO CIRÚRGICO: Importante principalmente para feridas contaminadas Retirar todo tecido necrosado, macerado ou isquêmico o O tecido necrosado age como meio de cultura, inibe a fagocitose por leucócitos e propicia ambiente anaeróbio, favorável ao desenvolvimento de infecções graves Retirada de corpos estranhos Não remover tecidos nobres é de fundamental importância distinguir quais tecidos devem e não devem ser retirados o a pele isquêmica é, em geral, reconhecida através de sua descoloração e ausência de enchimento capilar o o músculo inviável pode ser reconhecido pela ausência de contração ao estímulo e ausência de enchimento capilar. Sua coloração é de mais difícil avaliação o dura-máter, fáscias e tendões, se limpos, podem sobreviver mesmo desvitalizados como enxertos livres, se protegidos com tecidos íntegros o evitar pinçamentos grosseiros e afastamentos compressivos e prolongados Irrigação da ferida sob pressão com água destilada ou soro fisiológico Ferimentos puntiformes da região plantar devem ser ampliados para garantir o bom desbridamento e limpeza HEMOSTASIA: Extremamente importante Compressão direta é geralmente suficiente Pontos hemorrágicos persistentes podem ser submetidos a ligaduras ou eletrocauterização FECHAMENTO DA FERIDA: Sempre que possível é preferível que se realize o fechamento primário, pois o Aproxima os tecidos seccionados ou ressecados mantendo a contiguidade destes e facilitando as fases iniciais da cicatrização CURATIVO: @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA 116 UFJF 5 TÉCNICA OPERATÓRIA Barreira contra bactérias exógenas nas feridas fechadas primariamente o Para isso, deve ser mantido sempre uma superfície seca o Curativo úmido favorece a proliferação bacteriana Podem produzir compressão o Reduzir sangramento e/ou edemas, desde que por pouco tempo Técnica asséptica a cada troca Para as feridas deixadas abertas, é importante lembrar que a troca dos curativos deve ser feita sempre que necessária até epitelização. PREVENÇÃO AO TÉTANO ACIDENTAL: Desbridamento cirúrgico fator mais importante para a prevenção Vacina validade de 05 anos* Soro antitetânico (SAT) Imunoglobulina antitetânica (IGHAT) Antibióticos Indicações da vacina contra tétano (TT) e de imunização passiva contra tétano (SAT ou IGHAT) em ferimentos
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