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A Importância da Educação na Desigualdade de Renda - Pedro Pestana

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A Importância da Educação na Desigualdade de Renda.
Desigualdade de Rendimentos
Explica-se de 30% a 50% a desigualdade de renda no Brasil por conta das diferenças educacionais, mantendo-se as demais características constantes, o impacto das diferenças de escolaridade sobre as variações do salário chegam a 39,5%, de acordo com Barros et al.
No Brasil as desigualdades são superiores a de países na mesma situação econômica de desenvolvimento. A comparar com um país desenvolvido, com os EUA, dependendo da faixa etária dos indivíduos, as desigualdades no Brasil são delimitadas de 34 a 48% e nos EUA de 3 a 16%.
A Taxa de Retorno à Educação – aumento do salário referente ao acréscimo de um ano de estudo – é elevada no nosso país, pois a cada ano a mais de estudo, aumenta-se os prêmios relativos à escolaridade.
Estudos apontam que se houvesse uma distribuição educacional mais homogênea e retornos à educação, as diferenças econômicas entre o Brasil e os EUA seriam reduzidas em dois terços.
A desigualdade Educacional e o Elevado Prêmio à Escolaridade
Estudos realizados com 20 países mostram que o Brasil se encontra em terceiro lugar no ranking de desigualdade educacional. Logo, é alta e, mesmo assim, as forças de trabalho mantêm uma baixa escolaridade média.
 Utilizando dados de 71 países, o Brasil se encontra em nono lugar no ranking de Prêmio à Escolaridade, mantendo uma escala de aumento salarial de 15% a cada ano de estudo, em média. Essa diferença se concentra entre os trabalhadores com Ensino Superior Completo e Ensino Médio Completo – não obstante, taxas de retorno elevadas encontram-se entre trabalhadores com até a quarta série do ensino fundamental completa e trabalhadores sem escolaridade –. Diferenças salariais menores são obtidas entre os trabalhadores que terminam o segundo ciclo do Ensino Fundamental em relação aos que não se mantêm apenas no primeiro ciclo, e entre aqueles que concluem o Ensino Médio e aqueles que somente terminam o Ensino Fundamental. Dados segundo Menezes-Filho.
Houve decréscimo no prêmio à escolaridade médio nos últimos vinte anos entre os trabalhadores com até a quarta série do Ensino Fundamental completa e os sem escolaridade, porém, quanto maior a qualificação mantém-se a diferença de premiação.
Estudos apontam a crescente demanda por trabalhadores qualificados em relativa escassez de qualificação, isso resulta no aumento do retorno à escolaridade de nível superior. Se houvesse aumento de 10% na qualificação dos trabalhadores de Ensino Superior, reduziria o prêmio à universidade em 5,5%, de acordo com Ferreira.
Corrobora com a questão anterior a intensificação da qualificação da mão-de-obra, por conta da redução dos prêmios e demanda referentes à escolaridade de Ensino Fundamental – que sofre concorrência do crescente contingente de pessoas com Ensino Médio Completo –, segundo estudos de Ferreira e Menezes-Filho.
Mobilidade Educacional e Desigualdade de Oportunidades
Será que as pessoas com baixa escolaridade vivem em famílias cujos chefes também eram os de menor escolaridade da sua geração? Estudos de Ferreira e Veloso apontam que a probabilidade de um filho ser analfabeto sendo que seu pai foi analfabeto é de 31,9%, e de o filho atingir dois anos de escolaridade levando em conta que o pai é analfabeto, é mais de 50%. A cada acréscimo no nível de escolaridade do pai, a probabilidade de analfabetismo do filho é decrementada, até ser quase nula nos casos de pais com Ensino Superior completo. Porém, encontra-se dificuldade em superar a barreira da quarta série do ensino fundamental para filhos cujos pais possuem menos de quatro anos de estudo.
O Brasil possui baixo grau de mobilidade educacional – o filho de um pai analfabeto tem pouca probabilidade de não ser analfabeto – demonstrado pelo percentual de apenas 0,6% de chance de concluir o Ensino Superior (pelo menos 15 anos de estudo) um filho de pai analfabeto. Essa probabilidade cresce de acordo com o nível de escolaridade do pai, ao atingir 60% com o pai tendo Ensino Superior completo. Ou seja, quanto maior a escolaridade do pai, maior a mobilidade educacional do filho.
O grau de imobilidade educacional é medido através do coeficiente de persistência intergeracional – relação entre a educação do filho e do pai –, quanto maior o coeficiente, menor a mobilidade educacional. Estudos comparam a elevada desigualdade de renda com baixo grau de mobilidade educacional. Essa relação gera um grau de persistência educacional de 68%, que se um pai tem um ano de escolaridade acima da média da sua geração, o valor esperado da educação do filho é de 0,68ano acima da média educacional da sua geração. – Ferreira e Veloso –.
De acordo com Ferreira e Veloso, gerou-se uma tendência à Universalização do Ensino Fundamental, equalizando oportunidades para uma parcela substancial da população formada por filhos de pais som menos de oito anos de escolaridade. Entre os anos de 1932 e 1951 houve uma redução expressiva da persistência, de 0,80 para 0,52. Entretanto, filhos de pais com maior escolaridade permanecem com maior probabilidade de chegarem ao Ensino Fundamental do que filhos de pais com menor instrução.

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