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Integração Ensino-Serviço-Comunidade II Curso: Medicina Docente: Lorena Dias Monteiro Acadêmico: Alvaro Lima Paixão Estudo dirigido: Redes de Atenção à saúde 1. Fundamentação da necessidade de redes de atenção. Por que são necessárias? Rede de atenção à saúde é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. O objetivo da RAS é promover a integração sistêmica, de ações e serviços de saúde visando uma atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica. São caracterizadas por relações horizontais entre os pontos de atenção com o centro de comunicação na APS, pela centralidade nas necessidades em saúde de uma população, pela responsabilização na atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo compartilhamento de objetivos e compromissos com os resultados sanitários e econômicos. É fundamentada na compreensão da APS como o primeiro nível de atenção, enfatizando a função resolutiva dos cuidados primários sobretudo os problemas mais comuns de saúde e a partir disso ocorre a coordenação do cuidado em todos os pontos de atenção. 2. Os Fundamentos de uma rede de atenção (economia de escala, qualidade e acesso; integração horizontal e vertical; o processo de substituição; os territórios sanitários; os níveis de atenção à saúde) Fundamentos são estabelecidos para que se assegure a resolutividade na rede de atenção, são eles: Economia de escala: custos médios de longo prazo diminuem enquanto aumenta o volume das atividades e os custos fixos se distribuem para um maior número dessas atividades, sendo o longo prazo, o suficiente para que todos os insumos sejam variáveis. Qualidade: um objetivo fundamental na RAS. Pode ser compreendida como um conceito de graus de excelência do cuidado que pressupõe avanços e retrocessos nas seis dimensões, sendo elas: segurança, efetividade, centralidade na pessoa, pontualidade, eficiência e equidade. Suficiência: conjunto de ações e serviços disponíveis em quantidade e qualidade para atender às necessidades de saúde da população e inclui cuidados primários, secundários, terciários, reabilitação, preventivos e paliativos, realizados com qualidade. Acesso: ausência de barreiras geográficas, financeiras, organizacionais, socioculturais, étnicas e de gênero ao cuidado. O acesso pode ser analisado através da disponibilidade, comodidade e aceitabilidade do serviço pelos usuários. Disponibilidade de recursos: fator importante para o desenvolvimento da RAS. Recursos escassos, sejam humanos ou físicos, devem ser concentrados, ao contrário dos menos escassos, que devem ser desconcentrados. Integração horizontal e vertical: Horizontal: consiste na articulação ou fusão de unidades e serviços de saúde de mesma natureza ou especialidade. É utilizada para otimizar a escala de atividades, ampliar a cobertura e a eficiência econômica na provisão de ações e serviços de saúde através de ganhos de escala e escopo (aumento do rol de ações da unidade). Vertical: consiste na articulação de diversas organizações ou unidades de produção de saúde responsáveis por ações e serviços de natureza diferenciada. Processos de substituição: São definidos como o reagrupamento contínuo de recursos entre e dentro dos serviços de saúde para explorar soluções melhores e de menores custos, em função das demandas e das necessidades da população e dos recursos disponíveis. A substituição pode ocorrer nas dimensões da localização, das competências clínicas, da tecnologia e da clínica Região de saúde ou abrangência: A organização da RAS exige a definição da região de saúde, que implica na definição dos seus limites geográficos e sua população e no estabelecimento do rol de ações e serviços que serão ofertados nesta região de saúde. As competências e responsabilidades dos pontos de atenção no cuidado integral estão correlacionadas com abrangência de base populacional, acessibilidade e escala para conformação de serviços. Níveis de atenção: Fundamentais para o uso racional dos recursos e para estabelecer o foco gerencial dos entes de governança da RAS, estruturam-se por meio de arranjos produtivos conformados segundo as densidades tecnológicas singulares. 3. O conceito de redes de atenção à saúde As redes de atenção à saúde são organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si por uma missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e interdependente, que permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população, coordenada pela atenção primária à saúde - prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa e de forma humanizada -, e com responsabilidades sanitárias e econômicas por esta população. 4. Os elementos constitutivos das redes de atenção à saúde (a população, a estrutura operacional: o centro de comunicação, os pontos de atenção secundário e terciário, os sistemas de apoio, os sistemas logísticos e o sistema de governança. A operacionalização da RAS se dá pela interação dos seus três elementos constitutivos: população/região de saúde definidas, estrutura operacional e por um sistema lógico de funcionamento determinado pelo modelo de atenção à saúde. População e região de saúde: as RAS devem ser capazes de identificar claramente a população e a área geográfica sob sua responsabilidade para preservar, recuperar e melhorar a saúde das pessoas e da comunidade. A região de saúde deve ser bem definida, baseada em parâmetros espaciais e temporais que permitam assegurar que as estruturas estejam bem distribuídas territorialmente, garantindo o tempo/resposta necessário ao atendimento, melhor proporção de estrutura/população/território e viabilidade operacional sustentável. Estrutura operacional: A estrutural operacional da RAS é constituída pelos diferentes pontos de atenção à saúde, ou seja, lugares institucionais onde se ofertam serviços de saúde e pelas ligações que os comunicam. Os componentes que estruturam a RAS incluem: APS - centro de comunicação; os pontos de atenção secundária e terciária; os sistemas de apoio; os sistemas logísticos e o sistema de governança. Centro de comunicação – a APS é o centro de comunicação da RAS e tem um papel chave na sua estruturação como ordenadora da RAS e coordenadora do cuidado. Pontos de atenção - somente os serviços de APS não são suficientes para atender às necessidades de cuidados em saúde da população. Portanto, os serviços de APS devem ser apoiados e complementados por pontos de atenção de diferentes densidades tecnológicas para a realização de ações especializadas (ambulatorial e hospitalar), no lugar e tempo certos. Pontos de Atenção Secundários e Terciários: Somente os serviços de APS não são suficientes para atender às necessidades de cuidados em saúde da população. Portanto, os serviços de APS devem ser apoiados e complementados por pontos de atenção de diferentes densidades tecnológicas para a realização de ações especializadas (ambulatorial e hospitalar), no lugar e tempo certos. Sistema de apoio - O terceiro componente das redes de atenção à saúde são os sistemas de apoio. Os sistemas de apoio são os lugares institucionais das redes onde se prestam serviços comuns a todos os pontos de atenção à saúde, nos campos do apoio diagnóstico e terapêutico, da assistência farmacêutica e dos sistemas de informação em saúde. O sistema de apoio diagnóstico e terapêutico envolve os serviços de diagnóstico por imagem, os serviços de medicina nuclear diagnóstica e terapêutica, a eletrofisiologia diagnóstica e terapêutica, as endoscopias, a hemodinâmica e a patologia clínica(anatomia patológica, genética, bioquímica, hematologia, imunologia e microbiologia e parasitologia). Sistemas logísticos - são soluções em saúde, fortemente ancoradas nas tecnologias de informação, e ligadas ao conceito de integração vertical. Consiste na efetivação de um sistema eficaz de referência e contra referência de pessoas e de trocas eficientes de produtos e de informações ao longo dos pontos de atenção à saúde e dos sistemas de apoio na rede de atenção à saúde. Estão voltados para promover a integração dos pontos de atenção à saúde. Os principais sistemas logísticos da rede de atenção à saúde são: os sistemas de identificação e acompanhamento dos usuários; as centrais de regulação, registro eletrônico em saúde e os sistemas de transportes sanitários. 5. O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC). Desenhe e explique a estrutura desse modelo. Como funciona na prática da APS? Explique como cada camada do modelo de Dahlgren e Whitehead dos determinantes sociais da saúde devem ser trabalhadas para a atenção às condições crônicas, bem como a estratificação de riscos. Os modelos de atenção à saúde, destinados à orientação dos sistemas de atenção à saúde, voltados para as condições crônicas, são construídos a partir de um modelo seminal, o modelo de atenção crônica, o MAC. Dele, derivam várias adaptações aplicadas em diferentes partes do mundo, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. Ele tem sido adotado, com modificações adjetivas, no Canadá, Reino Unido, Alemanha, Rússia, Espanha, Austrália, Dinamarca, Holanda e em alguns países em desenvolvimento. No Brasil, Mendes propôs, também com base no MAC, um modelo de atenção às condições crônicas para utilização no SUS. O MAC compõe-se de seis elementos, subdivididos em dois grandes campos: Sistema de atenção à saúde 1. organização da atenção à saúde; 2. no desenho do sistema de prestação de serviços; 3. no apoio às decisões; 4. nos sistemas de informação clínica; 5. e no autocuidado apoiado. Comunidade 6. articulação dos serviços de saúde com os recursos da comunidade. Esses seis elementos apresentam interrelações que permitem desenvolver usuários informados e ativos e equipe de saúde preparada e proativa para produzir melhores resultados sanitários e funcionais para a população. O modelo de Dahlgren e Whitehead inclui os determinantes sociais da saúde dispostos em diferentes camadas concêntricas, segundo seu nível de abrangência, desde uma camada mais próxima aos determinantes individuais até uma camada distal onde se situam os macrodeterminantes. O modelo enfatiza as interações: estilos de vida individuais estão envoltos nas redes sociais e comunitárias e nas condições de vida e de trabalho, que se relacionam com o ambiente mais amplo de natureza econômica, cultural e econômica. Na camada 1, imediatamente externa, aparecem os comportamentos e os estilos de vida individuais, denominados de determinantes proximais. Essa camada está situada no limiar entre os fatores individuais e os determinantes sociais da saúde de camadas superiores, já que os comportamentos e os estilos de vida dependem, não somente do livre arbítrio das pessoas, mas também de outros determinantes, como acesso a informações, influência da propaganda, pressão de pares, possibilidades de acesso a alimentos saudáveis e espaços de lazer, entre outros. A camada 2 destaca a influência das redes sociais, cuja maior ou menor riqueza expressa o nível de coesão social ou de capital social que é de fundamental importância para a saúde da sociedade como um todo. As redes sociais constituem-se por um conjunto finito de atores sociais e pelas relações que se estabelecem entre eles. O capital social, por sua vez, são acumulações de recursos, tangíveis e intangíveis, que derivam da participação em redes sociais e nas suas inter-relações. O conceito de capital social implica possibilidades de fluxos de acumulação e desacumulação. Na camada 3, estão representados os fatores relacionados às condições de vida e de trabalho, a disponibilidade de alimentos e o acesso a ambientes e serviços essenciais, como saúde, educação, saneamento e habitação, indicando que as pessoas em desvantagem social apresentam diferenciais de exposição e de vulnerabilidade aos riscos à saúde, como consequência de condições habitacionais inadequadas, exposição a condições mais perigosas ou estressantes de trabalho e acesso menor aos serviços. Esses determinantes sociais da saúde são denominados de determinantes intermediários. Na camada 4, estão situados os macrodeterminantes que possuem grande influência sobre as demais camadas subjacentes e estão relacionados às condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade, incluindo também determinantes supranacionais como o processo de globalização.
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