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Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz BASES II • ANTI-ISQUÊMICOS As principais cardiopatias isquêmicas são angina e infarto. Elas ocorrem devido a diminuição da oferta de oxigênio para o músculo devido obstrução e, ao mesmo tempo, um aumento do consumo de oxigênio pelas demais células do tecido que sofrem uma sobrecarga de suas funções porque uma parte do tecido se encontra isquemiado. Esse desequilíbrio gera uma deficiência. O aumento da contratilidade e aumento da frequência cardíaca geram um aumento significativo no consumo de oxigênio e em contrapartida o diâmetro da artéria coronária está diminuído devido a uma obstrução, então o fluxo sanguíneo está diminuído e consequentemente a oferta de oxigênio. Essa deficiência na oferta de oxigênio e o aumento da demanda pelas células gera mais isquemia no tecido muscular cardíaco. Por isso que quando identificamos a isquemia temos que tentar paralisar de alguma forma, porque se não continua aumentando. Precisamos utilizar medicamentos para reverter a situação aumentando a oferta de oxigênio e diminuir o consumo de oxigênio (poupar o consumo de oxigênio) Doenças responsáveis por diminuir a oferta de oxigênio: • Aterosclerose • Espasmo coronário • Trombose Doenças responsáveis por aumentar o consumo de oxigênio: • Miocardites • Hipertrofia do miocárdio Tipos de Anginas: O tônus vascular regula o estresse a parede miocárdica: uma pressão alta na parede miocárdica pode gerar lesões e levar a isquemia, potencializando a lesão. Por esse motivo precisamos ter uma pressão controlada, tanto sistólica quanto diastólica, exatamente para não gerar lesão na parede tecidual e consequentemente aumentar a chance de isquemia. Antianginosos: são os medicamentos que aumentam a oferta de oxigênio e poupam o músculo cardíaco, ou seja, diminuindo o consumo de oxigênio pelas células musculares. Esses medicamentos são: • Nitratos: realizam mais dilatação venosa do que arteriolar aumentando a oferta de oxigênio • Betabloqueadores de Canais de Cálcio: dilatação arteriolar e efeito inotrópico e cronotrópico negativo Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz • Bloqueadores beta-adrenérgicos: efeito inotrópico e cronotrópico negativo – mais efetivo na diminuição da contração. Tratamento da angina: Bem direcionado para a melhoria da qualidade de vida através da MEV, prolongando a sobrevida, melhorando o fluxo coronariano e diminuir os requerimentos de oxigênio, ou seja, poupando o músculo cardíaco no consumo de oxigênio. Podemos lançar mão de angioplastia ou revascularização cirúrgica, dependendo do caso. Fisiologia da contração do músculo liso: • O cálcio entra na célula através de seus canais e através da via da calmodulina forma um complexo chamado Complexos Ca-calmodulina que vão ativar as cadeias de actina e miosina, promovendo a contração. Quando utilizamos um bloqueador do canal de cálcio, essa via é inativada e com isso não há contração muscular. • A via do GMPc é ativada para relaxamento do músculo. Quando fazemos administração do NO, ele vai ser metabolizado através da via do GMPc e com isso vai ter aumento do relaxamento muscular. Fármacos antianginosos: : possuem capacidade de realizar vasodilatação venosa (mais intensa) e vasodilatação arteriolar (menos intenso). Eles ativam via do GMPc e promovem um aumento na capacitância venosa (diminuindo a resistencia vascular), eles diminuem a pré-carga ventricular, diminuem o volume intracardíaco, diminuem a prssão intraventricular e diminuem a tensão na parede. Ou seja, todos esses mecanismos fazem com que haja uma menor demanda de oxigênio pelo musculo cardíaco porque há uma menor sobrecarga nos tecidos cardíaco e células cardíacas. Os nitratos orgânicos também geram uma vasodilatação arteriolar que vai promover um relaxamento da artéria coronária epicardial, vai aliviar o vasoespasmo coronariano ventricular e redistribuir o fluxo sanguíneo com mais facilidade. Esses mecanismos promovem um aumento na oferta de oxigênio porque vai haver uma melhor no fluxo sanguíneo na região. Os nitratos orgânicos são pró-drogas, ou seja, precisam ser metabolizados fora da célula e dentro da célula para promover a liberação de óxido nítrico (NO). O óxido nítrico que promove toda essa vasodilatação. Apresentações farmacológicas dos nitratos orgânicos: • Nitroglicerina • Dinitrato de isossorbida • Mononitrato de isossorbida Qual nitrato orgânico utilizado para Angina? controle de episódio agudos: paciente quando chega infartando ou com angina (SL ou IV nas crises) Dinitrato de isossorbida (isordil) (SL) – duração da ação: 10-60 minutos Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Nitroglicerina (SL) – duração da ação 16-50 minutos Profilaxia da isquemia: prevenindo novos eventos (utilizar os nitratos de longa duração para controle (lembrando da tolerância, logo temos que tomar cuidado com o uso de nitrato prolongado) Dinitrato de isossorbida (2,5-10mg) (SL) – 1,5 – 2 horas Dinitrato de isossorbida, mastigável – 2 – 3 horas Mononitrato de isossorbida (oral) – 6 – 10 horas Mecanismo de ação dos nitratos: o nitrato entra na célula endotelial, é biotransformado, ocorre ativação do guanilato ciclase, aumento de GMPc e o relaxamento das fibras de miosina → relaxamento muscular Benefícios dos Nitratos na Angina: O benefício mais importante é na pré-carga porque gera bastante vasodilatação venosa fazendo com que tenha: • Aumento da capacitância venosa (diminuindo a resistência vascular) • Diminuição da pré-carga ventricular • Diminuição do volume intracardíaco • Diminuição da pressão intraventricular • Diminuição da tensão na parede Um outro benefício seria na pós-carga, gerando um equilíbrio na FC e na contratilidade, diminuindo a tensão da parede e consequentemente o trabalho cardíaco. Conclusão, a utilização dos nitratos orgânicos diminuem o consumo de oxigênio e aumentam a chegada de oxigênio para os tecidos isquêmicos, aumentando sua oferta. Outras ações: • Relaxamento do músculo liso bronquial, TGI, biliar e geniturinário – pode apresentar efeitos colaterais por conta disso. • Efeitos antiplaquetários: inibem a agregação plaquetária, dispersando os agregados plaquetários já formados, reduzem a adesão da plaqueta ao endotélio e prolongam o tempo de sangramento. Deixam a plaqueta inerte. Lembrar que: A plaqueta na maioria das vezes se encontra inerte. Elas apresentam receptores para prostaciclina e NO que são substâncias liberadas pelo endotélio que promovem essa inércia das plaquetas para que não ocorre uma agregação plaquetária sem necessidade. Quando há lesão do endotélio, essas substâncias (prostaciclina e NO) param de ser produzidas e com isso as plaquetas começam a ser ativadas e se agruparem. Efeitos Adversos dos Nitratos: • Hipotensão ortostática • Taquicardia reflexa • Cefaleia por conta da vasodilatação • Tolerância (taquifilaxia) – os mecanismos para tolerância dos nitratos são: depleção dos grupos -SH livres, ou seja, utiliza tanto NO que não existe mais grupo -SH livre; respostas compensatórias ativadas pelos barorreceptores Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Doenças concomitantes e uso dos medicamentos: Lembrar que: • Infarto recente: Se o paciente teve um infarto recente não podemos utilizar bloqueador e canal de cálcio porque esse medicamento tem 2 ações importantes: ação de vasodilatação e ação do bloqueio do músculo cardíaco por conta do canal de cálcio bloqueado, ficando muito intenso para esses pacientes recém infartados. • Asma: Quando o paciente tem asma, a recomendação é usar nitrato ou bloqueador do canal de cálcio. Não usar betabloqueador por conta do efeito colateral (se for seletivo usar com cautela) • Hipertensão: Paciente hipertenso utilizar o nitrato com cautela porque pode causar hipotensão • Diabetes: Paciente diabético não usar betabloqueador • DRC: usar betabloqueadorcom cautela Uso clínico desses medicamentos: • Angina Clássica (De esforço) • Angina Instável • Angina variante (Prinzmetal) • Falência cardíaca congestiva • Infarto do miocárdio : Existem 3 classes, sendo que a Dihidropiridinas tem uma afinidade maior aos canais de cálcio do músculo liso enquanto as outras duas classes, Fenilalquilaminas e Benzotiazepinas possuem afinidade pelos bloqueadores de canais de cálcio do músculo cardíaco (inotropismo e cronotropismo negativo) Afinidade pelo músculo liso Afinidade pelo músculo cardíaco Mecanismo de ação desses fármacos: Eles bloqueiam os canais de cálcio impedindo a entrada de cálcio e toda a vida da calmodulina e consequentemente bloqueia a contração muscular. Uso clínico nas doenças isquêmicas: Não possuem formas farmacêuticas injetáveis acessíveis, então não são muito utilizados na emergência. São apresentados na maioria das vezes por VO. O benefício dos bloqueadores dos canais de cálcio acontecem mais na pós- carga gerando uma diminuição do trabalho cardíaco, diminuição do consumo de oxigênio por conta da vasodilatação arteriolar, diminuição da FC e contratilidade diminuindo a tensão da parede (Verapamil e Diltiazem). Esses mecanismos diminuem o consumo de oxigênio e aumentam a oferta de oxigênio. Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Os dihidropiridinas provocam mais taquicardia reflexa – principalmente Nifedipina de ação curta Contraindicado em pacientes com comprometimento de VE ou alguma alteração AV. Paciente com bradicardia sinusal, BAV e falência cardíaca Lembrar que eles promovem vasodilatação em músculo liso do organismo todo, como em bronquiolar, TGI, uterino, vênulas Eles são indicados para Hipertensão, arritmias e fenômenos de Raynaud O que acontece de diferente nos pacientes que tem Angina Variante ou de esforço e nos pacientes que tem IAM? A angina na maior parte das vezes não há uma reversibilidade muito grande como ocorre no IAM, mas a lesão causada pela angina é menos intensa do que no IAM. Não em relação a gravidade, mas em relação a intensidade difere. Todos os dois provocam dor precordial parecidas, mas a diferença é na duração onde na angina dura mais com uma intensidade menor. Na angina o fluxo também está reduzido, mas nem sempre é suficiente pra causar isquemia no músculo cardíaco. Nessas situações o uso desse medicamento se faz diferente. Na angina de esforço ou angina variante podemos utilizar o betabloqueador de canal de cálcio, mas na angina prinzmetal não deve ser utilizada porque esse tipo de angina está relacionado a espasmo. : Eles bloqueiam a atividade simpática do receptor beta e impedem a angina aguda. É bastante utilizado em emergência porque reduz a frequência e severidade dos episódios agudos da angina de esforço, uma maior tolerância ao exercício e uma melhora a sobrevida do paciente pós IAM (efeito cardioprotetor). É um medicamento que não pode faltar nem nos episódios agudos e nem para profilaxia de novos episódios. Existem vários betabloqueadores, porém existem alguns que possuem uma eficácia melhor: • Nadolol • Metoprolol • Atenolol • Propranolol Uso Clínico dos betabloqueadores na angina: Tem benefício de diminuir o consumo de oxigênio através de mecanismos de diminuição da FC, PA e contratilidade e aumentando a oferta cardíaca através do aumento do tempo da diástole, aumento do tempo de perfusão coronariana e aumento do fluxo sanguíneo coronariano. Reduz a mortalidade em pacientes pós-IAM, melhorando a sobrevida. Deve manter o betabloqueador em paciente pós infartado por 2 a 3 anos em todos os pacientes que toleram (geralmente não desenvolve tolerância) Os betabloqueadores diminuem os efeitos metabólicos porque diminui atividade simpática então diminui a capacidade de contração do músculo cardíaco, a FC e consequentemente a demanda de oxigênio também. Os benefícios dos betabloqueadores é em relação a pós-carga onde diminui o trabalho do músculo cardíaco, diminuindo o consumo de oxigênio porque diminui a FC, a contratilidade e mantem em níveis aceitáveis a tensão da parede. Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz Aumenta o tempo de diástole melhorando o fluxo sanguíneo coronariano endocárdico. Indicações Clínicas dos betabloqueadores: Doenças cardíacas isquêmicas como angina e pós IAM – metoprolol, atenolol, propranolol Lembrar que: a interrupção abrupta dos betabloqueadores em indivíduos com angina tem sido associada ao reaparecimento de angina, IAM ou morte devido ao súbito aumento do tônus simpático. Contraindicação: • Broncoespasmo • Bradicardia severa • Bloqueio AV • Falência ventricular Protocolo de atendimento para angina: 1. Avaliar os fatores de risco: se o paciente tem hipercolesterolemia, tabagismo, obesidade, hipertensão, hipertireoidismo, diabetes, ou seja, doenças de base que podem aumentar o risco de doença cardíaca. 2. Escolha entre a terapia medicamentosa e a revascularização: a primeiro momento temos que priorizar a terapia medicamentosa, se possível. Se não for possível, então temos que partir para o procedimento invasivo mecânico. 3. Para o tratamento da angina: • AAS (100-200mg/d • Antilipidêmicos – colesterol total > 210 mg/dl; LDL > 160 e HDL < 40 mg/dl – geralmente estatina • Durante a crise utilizar nitratos sublingual • Tratamento profilático: Nitrato de longa duração (lembrar que tem que usar com cautela em paciente hipertenso), betabloqueador (fármaco de escolha na angina pós-IAM e na angina induzida por exacerbação simpática) e os bloqueadores de canais de cálcio (principalmente na angina prinzmetal – que causa espasmo). • Lembrar que: sildenafil não deve ser usado em paciente que está fazendo uso de nitrato • Lembrar que: Nifedipina pode causar taquicardia reflexa – para diminuir essa taquicardia reflexa podemos utilizar as formas de liberação lenta e Amlodipina Combinação dos antianginosos: Medicina Unigranrio • Lucas Albernaz • IAM com ST já sabemos que existe um trombo, então temos que utilizar o trombolítico. • Após rever o quadro agudo de IAM, O IECA ou BRA serve como proteção do músculo cardíaco por diminuir débito cardíaco, RVP diminuindo o risco de novos eventos cardiovasculares. Referências Bibliográficas: Brunton, Laurence L., Randa Hilal-Dandan, and Björn C. Knollmann. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman e Gilman-13. Artmed Editora, 2018.
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