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CICATRIZAÇÃO, QUEIMADURAS E REMIT RESPOSTA ENDÓCRINO METABÓLICA E IMUNOLÓGICA AO TRAUMA Mecanismo de luta ou fuga – metabolismo intermediário catabolismo que é maior quanto maior a agressão. No metabolismo celular (sem exposição ao trauma) o grande hormônio anabólico é a Insulina, que faz a construção de estoque de duas formas: Mobilização rápida (Glicogenogênese) – glicogênio no fígado e músculo Mobilização lenta (Lipogênese) – gordura A resposta ao trauma é análoga ao jejum: Queda da glicemia queda da insulina e aumento de hormônios contra insulínico catabolismo, destruição de estoque de duas formas: o Glicogenólise: mantém glicemia estável por 12-24 horas em jejum, sendo que quanto maior o trauma mais rápido vai ser o consumo dessa glicose o Gliconeogênese: proteólise e lipólise glutamina, alanina, lactato, glicerol e ácidos graxos No fígado a glutamina, alanina (Ciclo de Felig), lactato (Ciclo de Cori) e glicerol se transformam em glicose Ácido graxo serve de fonte primária de energia para o músculo e quando passa pelo fígado se transforma em corpo cetônico Adaptações do Jejum/ Trauma: mesmo que do ponto de vista energético seja melhor quebrar músculo (proteólise) o organismo reduz esse processo e aumenta a lipólise porque o músculo é importante para “correr ou lutar”. Reduz a proteólise Prioriza a lipólise Redução do consumo de glicose pelo cérebro, que começa a consumir corpos cetônicos Na prática: Fornecer 400kcal = 100g Glicose = 2000ml SG 5% fornecer a quantidade basal de glicose necessária para o corpo não entrar em catabolismo Hormônios contra insulínicos são: Adrenal Cortisol o Gliconeogênese o Permite ação das catecolaminas Adrenal Catecolaminas o Bronco/pupilodilatação o Aumento ino/cronotropismo o Vasoconstrição periférica o Atonia intestinal Adrenal Aldosterona o Retém Na e H20 e libera K e H – pode ter uma alcalose mista Hipotálamo ADH o Oligúria Pâncreas reduz insulina e aumenta glucagon Resposta imunológica: Liberação de: o IL-1, IL-2: ↑ temperatura – otimiza hemostasia o TNF-alfa: anorexia Como modular a REMIT? Trauma acidental tratamento rápido Trauma programado (Cirurgia): o Catabolismo no trauma é desencadeado por Dor + Lesão o ↓ Dor: Anestesia epidural: ↓ resposta endócrina o ↓ Lesão: Cirurgia laparoscópica: ↓ resposta imune CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS Fases da cicatrização: elas podem acontecer de forma simultânea e interdependente, não é necessário uma terminar para outra começar Inflamação: exsudato da ferida o Vasoconstrição e início da hemostasia o Aumento da permeabilidade vascular – histamina o Neutrófilos – limpeza do local por 24- 48 horas o Macrófago – liberar fator de crescimento e transformação beta (TGF-B) o Linfócito T – libera IFN-γ para estimular o Fibroblasto (célula mais importante da 2ª fase) IL-4, IL-10, IL-13 são principalmente anti-inflamatórias CICATRIZAÇÃO, QUEIMADURAS E REMIT Proliferação: tecido de granulação - Fibroblasto é a célula principal desta fase liberação de colágeno o Fibroplasia: deposição de colágeno tipo III (frouxo) o Angiogênese/ neovascularização o Epitelização: queratinócitos Maturação: bordas “contraindo” – Miofibroblasto é a célula principal desta fase o Faz a contração da ferida o Troca do colágeno tipo III pelo tipo I Fatores que prejudicam a cicatrização: Infecção é o mais comum Idade avançada – menor produção de colágeno Hipóxia – ex: doença vascular, tabagismo, Ht <15% Diabetes – prejudica todas as fases Hipoalbuminemia - < 2g/dl Diminuição de vitaminas e minerais: Vitamina A, C e K e Zinco Cicatrização anormal: geralmente por excesso de deposição de colágenos QUELOIDE CICATRIZ HIPERTRÓFICA Causa: EXCESSO DE COLÁGENO (↑ produção local de fibronectina, elastina e proteoglicanos) LIMITES Ultrapassa os limites da cicatriz Não ultrapassa APARECIMENTO ˃ 3 meses Precoce LOCAL Acima das clavículas e dorso Área de tensão/ superfícies flexoras CLÍNICA Dor e prurido Pode ter dor/ prurido REGRESSÃO Rara, refratária ao tratamento Espontânea ou passível de tratamento QUEIMADURAS Atendimento pré-hospitalar: Igual a todo atendimento pré-hospitalar a primeira medida é segurança da cena e ABCDE 1. Afastar o paciente da fonte de calor e retirar as roupas e joalheria 2. Resfriar a lesão: o Jogar água só até 15-30 minutos após o trauma – em temperatura ambiente (ou resfriada ≥ 12°C) ou morna se queimadura química 3. Prevenção da hipotermia: envolver o paciente em lençóis ou cobertores secos 4. Decidir se precisa de centro especializado em tratamento de queimados (CETQ): Estimar a SCQ – superfície corporal queimada: nunca contar queimadura de primeiro grau o Adultos – regra dos nove (Regra de Wallace) Cabeça e mmss – 9% cada Mmii – 18% cada Tronco – 36% Genital e mãos – 1% cada o Crianças – régua de Berkow (cada superfície corporal tem um percentual de acordo com a idade) Definir grande queimado CETQ o Segundo grau: > 10 SCQ o Terceiro grau: qualquer % segundo o ATLS CETQ: o Grande queimado o Face, mão/pé, grandes articulações, olhos, períneo/genitália o Lesões por inalação o Química ou elétrica grave (> 1000Wz) o Comorbidade que pode piorar pela queimadura Atendimento hospitalar - ABCDE: A. Coluna e Via aérea B. Complicações respiratórias: Cenário 1: queimadura em face e pescoço – fumaça quente só queima via aérea superior, ao passar pela via aérea perde calor o Lesão térmica das VAS – fumaça quente CICATRIZAÇÃO, QUEIMADURAS E REMIT Clínica: hiperemia de orofaringe, rouquidão, estridor. Pode evoluir com insuficiência respiratória imediata Diagnóstico: clínica, laringoscopia Tratamento: suporte ventilatório – IOT precoce ATLS: SCQ > 40-50% - IOT o Lesão pulmonar por inalação – fumaça suja Clínica: sibilos, escarro carbonáceo, pode ter insuficiência respiratória em ± 24 horas Diagnóstico: broncoscopia ou cintilografia com Xe133 Tratamento: nebulização com broncodilatadores ± nebulização com heparina ou N-acetilcisteina Pode ser feita broncoscopia terapêutica Cenário 2: incêndio em recintos fechados: o Intoxicação por monóxido de carbono (CO): Clínica: cefaleia, redução de nível de consciência Diagnóstico: dosar carboxihemoglobina Tratamento: ↑ FiO2, medicina hiperbárica o Intoxicação por Cianeto: Clínica: redução do nível de consciência Diagnóstico: ↑lactato e ↑cianeto Tratamento: hidroxicobalamina em altas concentrações – cianocobalamina ± Tiosulfato de sódio C. Acesso e reanimação volêmica Acesso periférico Solução cristaloide aquecida – recomendado Ringer lactato (ATLS) o Primeiras 24 horas: 4mL (Parkland) ou 2ml (ATLS) de Ringer x Peso x SCQ sendo: ½ nas primeiras 8 horas (a partir do momento da queimadura) e a outra ½ nas próximas 16 horas Avaliar através da diurese: > 0,5ml/kg/hora D. Disfunção neurológica E. Exposição Analgesia – Opioide IV Profilaxias Tétano e TVP Classificando a queimadura: Primeiro grau: o Profundidade: epiderme o Coloração: eritema o Sensibilidade: dor / ardência o Detalhes: não entra no cálculo da SCQ o Tratamento: limpeza, analgesia, hidratantes Segundo grau/ espessura parcial: o Profundidade: derme Superficial: papilas dérmicas Profunda: reticular da derme (onde tem estruturas importantes para reepitelização da pele) o Coloração: Superficial: eritema e bolhas Profunda: rósea e bolhas oSensibilidade: superficial muito dolorosas e profunda com dor moderada o Tratamento: Limpeza, curativo oclusivo + ATB tópico Se for usado sulfadiazina de prata (ATB tópico) ou bolha rompida retirar a bolha Se profunda pode ser necessário enxerto cutâneo Terceiro grau/ espessura total: o Profundidade: gordura subcutânea CICATRIZAÇÃO, QUEIMADURAS E REMIT o Coloração: marrom o Sensibilidade: dor ao redor, mas não no local o Detalhes: pode ter retração e se for circunferencial constrição vascular o Tratamento: enxertia precoce Atenção: retração da “pele dura” ou “escara” Conduta: escaratomia Quarto grau = queimadura elétrica grave: o Rabdomiólise (urina escura, ↑CPK) Conduta: forçar diurese com 1-1,5ml/kg/h com 4ml x kg x SCQ até urina clarear Alcalinização da urina com bicarbonato de sódio se: ↑↑ CPK, pH < 7,5, HCO3 < 30, sem hipocalcemia o Síndrome compartimental: Clínica: dor desproporcional ao estiramento passivo do músculo Conduta: fasciotomia Queimaduras químicas: Conduta: álcali é pior que ácido o Não neutralizar porque é uma reação exotérmica o Irrigação com água morna sob baixa pressão: 15-20L ou ± 30 minutos Manter até pH da pele: 7-7,5 Complicações das queimaduras: TGI: HDA com úlcera de Curling Cutânea: 3º grau pode ter degeneração para Carcinoma escamoso – lesão de Marjolin
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