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BUENO, Alexei; TELLES, Augusto da Silva; Cavalcanti, Lauro. Patrimônio Construído: as 100 mais belas edificações do Brasil. São Paulo, Capivara, 2002. MENDES, Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, Willian. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. NEVES, Felipe Paniago Lordelo; Paula, Marcos Vinicius Lopes de; PICCOLO, Sara. Técnicas Construtivas do Brasil-colônia. Campo Grande/ MS. Trabalho de História e Teoria III, Curso de Arquitetura e Urbanismo, UFMS, 2006. REIS, Nestor Goulart. Evolução Urbana do Brasil 1500/ 1720. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo, Pini, 2000. REIS, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. 4 ed. São Paulo, Perspectiva, 1970. SAIA, Luís. Morada Paulista. 2 ed. São Paulo, Perspectiva, 1976. VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro, Objetiva, 2000. VILLELA, Clarisse M. Artes e ofícios. A cantaria mineira Técnicas Construtivas no Brasil Colonial BIBLIOGRAFIA Sítio Santo Antônio. São Roque – SP (1640) Com a chegada da frota de Cabral, iniciava-se oficialmente a posse daquele extenso território. Na praia, a receber os portugueses, homens pardos, maneira de avermelhados, nus, coroados de penas coloridas e ornamentados com colares de conchas. Aparentemente dóceis, onde habitavam? Como seriam seus povoados? Légua e meia mata adentro, algumas respostas: casas compridas como uma nau, de madeira, cobertas de palha. Aqui se revelavam dois importantes materiais que seriam fartamente utilizados na construção da Colônia. A madeira, de excelente qualidade, alem da ótima lenha produziu a primeira cruz, lavrada pelos carpinteiros para o espanto dos nativos diante das ferramentas de ferro, já que eles utilizavam a pedra para o corte e confecção das "lâminas" de suas armas. Madeira, palha, pedra. Faltava apenas o barro para completar a lista de materiais com os quais os portugueses edificaram uma nação, agenciando-os de formas variadas, incorporando e sincretizando técnicas construtivas de povos conquistados em suas viagens ultramarinas. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial Primeira Missa no Brasil (Victor Meirelles – 1861) Um binômio poderia indicar a opção construtiva, composto pelo determinismo geográfico, que definia os materiais disponíveis na região. Outro componente resulta de amálgamas culturais, uma fusão da qualidade dos mestres-de-obras, trabalhadores livres ou escravos disponíveis. Técnicas portuguesas, indígenas e africanas. Certamente havia alguma forma de definição dos padrões de medição. Para estes, ainda prevaleciam as relações do corpo humanos comas referenciais: palmos, pés, polegadas, sempre adaptados às condições locais. A afinidade era tamanha que pode ter gerado desvios, considerando regra ou que pode ter ocorrido como exceção. A tradição da fabricação de telhas "nas coxas escravas" certamente é uum exemplo que associa o formato da peca ao correspondente humano, a coxa, gerando esta versão popularizada coma absoluta. Para efeito de conversão, podemos utilizar a seguinte tabela, na qual e possível verificar as origens dos termos antigos sempre associados ao corpo humano. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial UNIDADES DE MEDIDA No século XII. o rei Henrique I, da Inglaterra, fixou a braça coma a distancia entre o seu nariz e o polegar de seu braço estendido. o que poderia ser modificado conforme as medidas de um novo rei. O palmo era a medida obtida com a mão toda aberta. Consideremos para efeito de conversão, um palmo = 0,22m. Quadro 1 Jarda 2,2m Braça 0,91m Légua 4km/ 5,55m Légua de sesmaria 6,6 km Légua marítima 5,5 km Palmo 0,22 a 0,24 m Passo ordinário 0,825 m Pé 0,305 m Polegada 0,025 m Um pé correspondia a onze polegadas e meia. Hoje, a medida é doze polegadas, o tamanho médio dos pés masculinos. Um pé equivale a 0,305m. A polegada tem sua origem na medida realizada com o próprio polegar humano, não todo ele, mas distância entre a dobra do polegar e a ponta. Urna medida rápida do polegar do ser humano adulto fornece aproximadamente 0,025m de comprimento para esta distância. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial FUNDAÇÕES O processo mais simples e rápido de assentar elementos verticais era o pau-a-pique, diretamente apreendido do índio, que o utilizava em suas paliçadas. Este consistia no fincamento de varas ou toras, muito próximas, cuja base era incinerada para evitar apodrecimento pela umidade do terreno . Técnicas Construtivas no Brasil Colonial FUNDAÇÕES No caso das estruturas autônomas, ou gaiolas, a cava de fundação poderia ser disposta sob o esteio, apenas para receber as cargas concentradas. De qualquer forma, abria-se uma vala fio terreno, investigava-se a resistência do solo para iniciar o assentamento das pedras brutas, calçadas com pedriscos e eventualmente recebendo uma "calda", um tipo de argamassa liquefeita composta de barro, cal e algum aglomerante.2(fig. 83) Para guarnecer a fundação das águas pluviais, a ultima fiada era discretamente elevada em relação ao nível do terreno, recebendo uma laje de pedra, disposta ao longo de toda a edificação, como um rodapé. É comum indicar-se o óleo de baleia como aglutinante. No entanto, pesquisas mais recentes referem-se à borra ou resíduo do cozimento, já que o óleo seria muito caro. Portanto, o óleo só seria utilizado como hidrorrepelente, Também foi largamente utilizada a fundação corrida, o baldrame, confeccionada de pedras brutas, dispostas em uma cava de largura variável por 1,50m de profundidade, aplicada para receber paredes autoportantes, com cargas distribuídas Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ELEMENTOS VERTICAIS Os elementos verticais podem ser classificados segundo suas características estruturais: paredes autoportantes , que acumulam as funções de vedação e sustentação, recebendo todos os empuxos da cobertura, descarregando-os de forma distribuída sobre as fundações; estrutura autônoma ou gaiola, com esteios descarregando seus esforços de forma concentrada, associada as paredes de vedação, de materiais diversos. Não é rara a presença das duas técnicas em uma mesma edificação, decorrente de condições locais ou a época dos acréscimos ou modificações. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ELEMENTOS VERTICAIS Estrutura autônoma (sustentação) com alguns elementos utilizados para vedação: Paredes de vedação Para abertura de vãos sem comprometer a estabilidade da parede, tornava-se necessária a execução de arcos em tijolos maciços vencendo a largura do vão. Arcos plenos eram utilizados nos interiores das edificações que adotavam a técnica da pedra argamassada, como na Casa dos Contos, em Ouro Preto, MG. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial PAREDES AUTOPORTANTES DE PEDRA Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ADOBE E TIJOLO As peças de adobe ou tijolos eram paralelepípedos de dimensão média 0,20m x 0,20m x 0,40 m, maciços e compactos, confeccionados de barro, fibras vegetais e água, prensados manualmente em formas de madeira. Tratava-se de um material milenar, já conhecido na Mesopotâmia e utilizado pelos romanos em construções de grande porte, pela sua grande resistência à compressão. A principal diferença reside no preparo da peça, pois o adobe é seco à sombra, depois ao sol, enquanto os tijolos são cozidos em fogueiras ou olarias, apresentando uma maior resistência em relação a umidade. A escolha decorria, principalmente, da disponibilidade de combustível para a queima, no caso, a madeira. A execução não se diferencia dos procedimentos contemporâneos:peças superpostas com mata-junta, argamassadas, ajustadas com fios de prumo e níveis, configurando paredes com cerca de 0,40m de espessura. Neste caso, a abertura de vãos é facilitada pela possibilidade da utilização de arcos de descarga sobre as envasaduras, a feição do arco pleno romano, com sua pedra chave. Casa Primitiva, Mali. Sua fabricação é bem simples e rápida. Após a escolha do barro apropriado, através de conhecimento empírico, ele é então amassado junto com fibras vegetais e colocado em formas retangulares que deviam ser umedecidas para fácil soltura da peça e depois colocadas para secar ao sol, a secagem leva em torno de 10 dias e deve ser virado a cada 2 dias. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ADOBE Depois de seco é assentado sobre algum tipo de fundação que deve ter no mínimo 60cm, para evitar a degradação pela água e então é erguida a vedação, que pode também ter função estrutural. A caiação também é indicada para evitar que a água enfraqueça a parede. A construção pode durar até 20 anos dependendo das condições do local. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ADOBE Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ADOBE Outra técnica secular do uso da terra, de ampla utilização, inclusive encontrada em algumas construções aborígines, é a taipa de mão, também conhecida coma taipa de sebe, de sopapo, pau-a- pique ou mesmo sape, conforme a região. Tratava-se de um entramado de varas, ripas, cipós ou bambus, constituindo um estrado vertical, engastado na estrutura autônoma que recebia uma mistura de barro, água e fibras vegetais, amassados pelos construtores, por ambos os lados da parede. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE MÃO Atualmente, as taipas de mão são empregadas nas zonas rurais em construções rústicas ou como técnica alternativa nas edificações das classes de baixo poder aquisitivo. Ainda é encontrada praticamente em todos os estados brasileiros, mas a técnica é muito rudimentar e normalmente não possui as características de estabilidade, durabilidade e conforto. Alguns cuidados eram tornados, como o afastamento do solo, através da elevação do baldrame; o cruzamento das ripas com espaçamento nunca maior do que 0,l0m; a proteção com beirais, devido as chuvas tropicais; sucessivas molhagens no pano da parede, recompondo prováveis fissuras e trincas ate sua homogeneização, quando era aplicada uma ultima camada de argamassa de barro para posterior caiação. Devido à flexibilidade da técnica, facilitava-as a definição de vãos, em paredes mais delgadas que poderiam chegar a cerca de 0,30m. Este procedimento pode ser considerado uma técnica vernacular, com grande permanência, pois ainda é amplamente utilizado por populações de poucos recursos e também em projetos mais sofisticados que procuram uma ligação com a terra ou um comportamento politicamente correto Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE MÃO 1. Fixação dos esteios no solo 2. Amarração dos esteios aos baldrames e frechais; encaixe das varas verticais nos elementos horizontais. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE MÃO 3. Amarração das ripas horizontais na estrutura de pau-a-pique, usando fibras vegetais. A estrutura de madeira é montada com esteios, normalmente de forma retangular, enterrada no solo a profundidades variáveis, com um tipo de fundação formada pela continuidade do tronco em que era cortado o esteio. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE MÃO No nível do piso, esses esteios fincados no solo recebiam encaixes para a colocação de vigas baldrames mais altas que o solo para evitar a penetração da água. Sobre as vigas se apoiavam os barrotes de sustentação dos assoalhados, que era o piso mais empregado nesse sistema construtivo. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE MÃO 4. Aplicação da argamassa no estrado de madeira, utilizando- se as mãos para prensar a mistura na estrurutura. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE MÃO Após a construção dessa gaiola, ela era fechada com uma malha de varas onde era aplicado o barro. Após a amarração da trama, a terra previamente escolhida é transportada até um terreiro onde é preparada a massa. Logo depois o taipeiro, responsável pela colocação do barro nas paredes, leva a massa do terreiro para perto da parede. Então começa a lançar a massa contra a trama de varas até a vedação de toda a parede. O tempo de secagem de uma parede, que varia de 15 a 20 centímetros de espessura, é de aproximadamente um mês, quando então pode receber revestimentos, também utilizando a terra para ter aderência à parede. As paredes de taipa de mão são empregadas interna ou externamente, com predominância de utilização em divisórias internas, devido a sua leveza, menor espessura e menor tempo de execução, se comparada com a taipa de pilão. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE MÃO A técnica da taipa de pilão também é um procedimento milenar, registrado em todos os continentes. Trata-se de uma técnica que utiliza barro, água, fibras vegetais e algum tipo de aglomerante, que pode ser o estrume ou sangue de animais. Estes componentes são apiloados em uma forma de madeira, o taipal, confeccionada por tabuas com cerca de 0,40m de altura, dispostas ao longo das fundações corridas A técnica da taipa de pilão também é um procedimento milenar, registrado em todos os continentes. Trata-se de uma técnica que utiliza barro, água, fibras vegetais e algum tipo de aglomerante, que pode ser o estrume ou sangue de animais. Estes componentes são apiloados em uma forma de madeira, o taipal, confeccionada por tabuas com cerca de 0,40m de altura, dispostas ao longo das fundações corridas Recebe esta denominação por ser socada (apiloada) com o auxílio de um pilão. A forma que sustenta o material durante sua secagem é denominada de taipal. A taipa encontrada no período colonial brasileiro é executada com terra retirada de local próximo à construção devido às dificuldades de transporte e ao volume grande de material. As argilas são escolhidas pelo próprio taipeiro que conhecia de forma empírica as propriedades físicas do material. Após o preparo da argamassa de barro, esta é disposta dentro do taipal, em camadas de 10 a 15 centímetros, que depois de perfeitamente apiloadas ficam com espessuras menores. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE PILÃO Como as espessuras das paredes variam de 30cm a 1.2m. O apiloamento é interrompido quando a taipa emite um som metálico característico, o que significa a mínima quantidade de vazios ou que o adensamento manual máximo das argilas foi atingido. Os taipais possuem medidas que variavam de 1m a 1,5m de altura por 2m a 4m de comprimento, compostos por tábuas presas a um sarrafo formando uma caixa sem fundo. A primeira parte da parede é apiloada diretamente sobre a fundação, que pode ser de pedra ou outro material. Depois de terminado o apiloamento até a borda do taipal é retirada o mesmo e montado novamente sobre a parte já pronta da parede para assim dar continuidade até que se atinja a altura desejada. A mistura é compactada em camadas de 0,20m, retirando-se o excesso de umidade para que a mistura superior possa ser assentada, e assim sucessivamente até a altura pré- determinada através de guias de madeira (fig. 95). Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE PILÃO Muitas vezes são adicionados reforços de madeira para dar maior firmeza à parede, assimcomo as barras de aço nas construções modernas de concreto. O tempo de secagem é de no mínimo 3 meses e pode demorar até 6 dependendo das dimensões da parede. A abertura dos vãos é previamente determinada com a inserção de esteios de pedra ou madeira coma guarnição das envasaduras, gerando pequenos nichos internos que são ocupados com conversadeiras. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE PILÃO Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE PILÃO Características da técnica: · Requer uma mão-de-obra numerosa, pois trata-se de um processo artesanal, demorado; · depende das condições meteorol6gicas, pois não deve ser executada em temporada chuvosa; · as paredes são executadas em grande espessura, nunca menor do que 0,60m; · os vãos devem ser previamente demarcados, devido à dificuldade de abri-los posteriormente; · deve ser bem protegida em relação as chuvas e à umidade do terreno. Vulnerável à água, as paredes devem ser protegidas por amplos beirais e construídas acima do nível do terreno, preferencialmente apoiada em fundações de pedra - "boas botas e um bom chapéu", ideais para o c1ima tropical. As residências do planalto paulista utilizaram a técnica da taipa de pilão, inc1uindo todos os elementos protetores em relação ao c1ima local, como no sítio do Padre Inácio, de meados do século XVII. Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial TAIPA DE PILÃO A pedra natural, enquanto material imediato e acessível, utilizada em objetos e construções, tem acompanhado o homem desde o período pré-histórico e, em sua perenidade, vem registrando a trajetória das civilizações. Inicialmente empregada na forma bruta, foi sendo, ao longo do tempo, dominada e transformada. A pedra no Brasil – colônia foi usada mais em construções publicas e religiosas. As casas, geralmente, possuíam apenas a fundação e ou um barrado de pedra. Cantaria é a pedra que, tendo sido afeiçoada manualmente, com o uso de ferramentas adequadas, apresenta-se pronta para ser utilizada em construções e equipamentos. Atua ora como elemento estrutural, ora como ornamentação e, muitas vezes, atende às duas funções. Igreja de Nossa Senhora da Graça (Olinda – 1580) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA As alvenarias de pedra, brutas ou aparelhadas, secas ou argamassadas, foram largamente utilizadas na Colônia, tanto por sua abundância como pela resistência às intempéries. Alem disso, o trabalho em cantaria era tradicional entre os portugueses, oficiais de grande domínio no corte da pedra e na arte da estereotomia. Resultava em muros ou paredes de grande largura, podendo atingir alturas superiores aquelas de outras técnicas menos resistentes. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA Em construções de porte médio, as paredes de pedra argamassada adotavam cerca de 60 a 80 cm de espessura. Para os grandes edifícios (igrejas; conventos e Casas de Câmara e Cadeia) sua espessura variava de 1 a 1,5m. Tal diferença decorria do aumento das cargas dos telhados sobre as paredes perimetrais, evitando-se o comprometimento estrutural. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA Dependendo das características do material in natura, tornava-se necessário, alem da mão-de-obra numerosa, o trabalho de oficiais variados para o corte das pedras (os mestres canteiros) e para execução da alvenaria (mestres pedreiros). Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA Presente em toda a sucessão de estilos da arquitetura ocidental, a cantaria começou a ser empregada no Brasil na segunda metade do século XVI. Escolhido por Dom João III para ser o primeiro governador geral da colônia, Tomé de Souza trouxe, em 1549, Luís Dias, chamado mestre de pedraria. Em muitos casos, porém, os projetos vinham já prontos de Portugal para serem aqui realizados, e o mesmo sucedia com pedras, principalmente o Lioz, que cortadas e numeradas na metrópole, funcionavam como lastro dos navios e eram aqui montadas nas construções. Solar Ferrão. Salvador, 1690 Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA Em seguida, viriam os quartzitos ser amplamente empregados em Vila Rica, sobretudo nas partes nobres das construções. Casa dos Contos (Ouro Preto: cerca de 1780) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA A cantaria em quartzito Itacolomi, aparente, com acabamento refinado e união das peças feita por encaixes ou argamassa foi introduzida na arquitetura local para as obras do Palácio dos Governadores pelo engenheiro militar português José Fernandes Pinto de Alpoim entre os anos de 1735 e 1738. Paço Imperial. Rio, 1743 Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA A terceira fase do uso das rochas nas construções da vila teve início por volta de 1755 com o emprego do esteatito, conhecido como pedra-sabão. As ornamentações encontraram a desejável maleabilidade nesta pedra talcosa comum na região. Com ela, o Aleijadinho criou seus frontões, portadas e esculturas. Durante o século XVIII, o trabalho conjunto de mestres portugueses e a primeira geração de artistas mineiros, o emprego dos materiais pétreos locais e o aperfeiçoamento da arte de construir deram origem às obras de tipologias diversas que caracterizaram definitivamente a arquitetura colonial de Ouro Preto. Já no século XIX, com as mudanças estilísticas e o desenvolvimento de novos materiais, houve um declínio do emprego da cantaria. As alvenarias, que levam canga na alma, revestidas com a mais branca cal, fazem fundo para o quartzito rosa dos embasamentos, cunhais e cimalhas que delineiam fachadas e enquadram ornatos de pedra sabão em uma harmonia cromática ímpar, formando a mais pura expressão do barroco mineiro. Aleijadinho São Francisco de Assis (Ouro Preto: 1765) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA A vinda da corte de D. João VI e a chegada da missão francesa, no início século XIX, foram decisivos para o declínio da cantaria. A adoção do estilo neoclássico, o emprego de novos materiais, a preferência pelos tijolos na execução das alvenarias e o fim do trabalho escravo levaram o ofício às vias de extinção. Conseqüentemente, perdeu-se a mão-de-obra especializada em trabalhar a pedra, material agora restrito à pavimentação das ruas, pisos, degraus de escadas e revestimento de paredes, em forma de placas. Grandjean de Montigny / Palácio do Comércio: atual Casa França-Brasil ( Rio: 1819 - 1820) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial CONSTRUÇÕES EM PEDRA Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA A disponibilidade do material mais uma vez determinou a opção para as coberturas. Num primeiro momento, aplicando-se a palha, como os nativos. Usavam-se também pequenas seções de cascas de árvore, os cavacos. A palha que poderia ser retirada das folhas de palmeiras e também das gramíneas, secas e amarradas no madeiramento, tradição que ainda persiste em todo o país, inclusive em construções mais sofisticadas Rugendas/ Ilustração ( séc. XIX) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA A pedra, disposta em lajeados, mantinha uma tradição européia, mas não era um material adequado devido às condições climáticas e ao excesso de peso sobre a estrutura. Só passou a ser utilizada com mais freqüência a partir do século XIX, quando a ard6sia recobriu palacetes ecléticos. Com o inicio efetivo da colonização e a crescente necessidade de construçõesmais duradouras, implantaram-se as olarias para produção não apenas de tijolos, mas das telhas capa-e-bica ou capa- e-canal, verdadeiro marco da arquitetura colonial . As telhas eram dispostas sobre os madeiramentos predominantemente em duas águas, principalmente nas construções urbanas. Porem alguns elementos agregavam-se, com relativa freqüência, aos telhados coloniais: águas furtadas, camarinhas ou torreões. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA Sistema de pontaletes e mãos-francesas como elementos de sustentação das coberturas. Tesoura de linha alta ou caibro armada se caracteriza pela ausência do pendural e a elevação da linha ao térreo superior da perna. Devido às características estruturais dos materiais, não era possível vencer grandes vãos. A solução adotada para as residências em geral foi o descarregamento do peso do telhado através do sistema de pontaletes ou mãos francesas. Em naves das igrejas, para vencer vãos maiores, utilizavam-se a tesoura de linha alta (caibro armado) ou as aspas francesas ou cruz de Santo André. Para minimizar os esforços construtivos, era comum a utilização destes quadros com pouco espaçamento, não mais que 0,80m, descarregando as cargas nos frechais das paredes perimetrais. Tratava-se do telhado em cangalha ou de cumeeira entalada. Aspas francesas para vencer vãos maiores. As telhas de barro são conhecidas do homem há muito tempo e chegaram ao Brasil junto com os portugueses que já conheciam a técnica. Eram geralmente empregadas nas construções de casas mais abastadas do Brasil - colônia. A fabricação das telhas era extremamente rústica e tosca. Em alguns casos, o barro após escolhido, através de conhecimento empírico, pelo responsável pela fabricação era amassado até obter-se a liga desejada, então uma porção era separada por um escravo e moldada sobre as próprias coxas. Em função disso muitos tamanhos e formas de telhas podiam ser feitos e os encaixes das telhas em sua maioria eram irregulares. Daí vem a frase “feito nas coxas”, diz-se de algo que foi mal feito. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA: Telhas Cerâmicas As telhas são apoiadas sobre madeiramento previamente construído. Esse madeiramento deve ser mais resistente que o madeiramento para cobertura vegetal, visto que o peso das telhas é superior, geralmente feito de madeira de lei. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA: Telhas Cerâmicas Diante do elevado índice pluviométrico era imprescindível a proteção das paredes, quase todas compostas de barro em sua execução, material perecível se exposto diretamente às chuvas tropicais. Recorrendo a práticas já desenvolvidas tanto nas possessões na Índia ou Extremo Oriente, o português fez uso recorrente de um elemento que se tomou um verdadeiro referencial para a arquitetura colonial: beirais alongados, com curiosos ou exóticos acabamentos . A experiência lusa no Oriente permitiu mais um amálgama cultural associando o exotismo formal dos beirais a sua funcionalidade ao proteger as construções do elevado índice pluviométrico tropical. Fazenda Colubandê. São Gonçalo – RJ (1760) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA: Beirais Byodo–in (Câmara do Fênix). Japão(1053) Diferente da idéia simplificadora, que atribui aos beirais a função de elemento protetor em relação à insolação, tal elemento é prioritariamente destinado a proteção contra as chuvas e seus efeitos danosos ao panos verticais da construção. São executados de madeira, pedra ou argamassa, aplicados coma arremates entre a parede e a projeção das ultimas fiadas das telhas. Apresentam algumas formas diferenciadas, ainda que permaneçam com sua função principal inalterada. São cachorros, cimalhas ou sancas, executados com menor ou maior apuro formal, conforme a importância da edificação e a mão-de-obra disponível . Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA: Beirais Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690) Byodo–in (Câmara do Fênix). Japão(1053) Diferente da idéia simplificadora, que atribui aos beirais a função de elemento protetor em relação à insolação, tal elemento é prioritariamente destinado a proteção contra as chuvas e seus efeitos danosos ao panos verticais da construção. São executados de madeira, pedra ou argamassa, aplicados coma arremates entre a parede e a projeção das ultimas fiadas das telhas. Apresentam algumas formas diferenciadas, ainda que permaneçam com sua função principal inalterada. São cachorros, cimalhas ou sancas, executados com menor ou maior apuro formal, conforme a importância da edificação e a mão-de-obra disponível . Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA: Beirais Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690) Byodo–in (Câmara do Fênix). Japão(1053) 0 beiral em cachorrada no Sítio do Padre Inácio (Cotia – SP , 1690). Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA: Cachorros O beiral em cachorrada, como é popularmente conhecido, trata-se de uma estrutura de madeira cujo objetivo é afastar as águas pluviais dos panos verticais, daí sua projeção além do paramento da parede. Sua aplicação decorre da ausência de lajes, necessitando uma amarração de pecas independentes para que sua função principal seja cumprida. Os elementos de acabamento, os cachorros propriamente ditos, podem receber um entalhamento de marcenaria sofisticada, inspirado em modelos advindos do oriente, como animais fantásticos os ou peitos de pombo. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial COBERTURA: Cimalhas e Sancas Cimalhas e sancas são estruturas continuas de arremates dos telhados. Confeccionadas de madeira, pedra ou argamassa, podem ser classificadas de verdadeiras, quando funcionam coma elementos estruturais de descarga dos esforços de cobertura ou falsas, apenas acabamentos . Em algumas regiões do país apresentavam formas caprichosas, verdadeiros rendilhados, com o nome de beira-sobre-beira, que a cultura popular chamava de beira-saveira. Existe uma tradição em atribuir status aquele proprietário com beirais requintados sob seus telhados. Por oposição, aqueles com coberturas sem ornamentação não teriam "eira nem beira”. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial REVESTIMENTOS E PINTURA Até o século XVIII, quando ocorreram grandes transformações nos acabamentos das edificações, pouco se alterou nos revestimentos das paredes. Basicamente era aplicado um emboco de barro, completado por reboco de cal e areia. Sobrevinha-se o processo de caiação, com cal retirada da incineração de conchas e mariscos. O aspecto dominante, portanto, era de uma cidade monotonamente branca, conforme opinião recorrente de diversos visitantes estrangeiros, coma Vauthier, Maria Graham, Saint-Hilaire, Spix e Von Martius. Contrastando com o branco, as esquadrias eram pintadas de cores vivas, com predomínio do azul, vinho ou amarelo, isoladas ou combinadas, a feição de algumas vilas portuguesas. Neste caso a base é constituída de cola, têmpera ou óleo (mamona ou linhaça), misturada a corantes disponíveis no local: do anil, o azul; da cochonilha, o escarlate; do açafrão, o amarelo; do urucum, o vermelho- -vivo e do pau-braúna, o negro. Casario e Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito Parati / RJ, séc. XVII. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial PISOS: Terra Batida Assim coma as coberturas, os revestimentos para os pisos evoluíram a medida que a mão-de-obra qualificava-se ou valorizavam-se os usos dos ambientes de morar, trabalhar ou rezar, as principaisatividades coloniais. Os primeiros exemplares simplesmente utilizavam materiais no seu estado bruto, como a terra batida ou a pedra sem nenhum aparelhamento. A terra batida, ou barro batido, consistia demarcação da área a ser pavimentada e a aplicação direta de barro ou terra e algum tipo de aglomerante rudimentar. A mistura era diretamente apiloada, aguardando-se sua cura ou seca para utilização . Debret (Aquarela/ RJ, séc. XIX.) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial PISOS: Pedra No caso da pedra, eram recolhidos fragmentos de dimensões variadas, aplicados diretamente sobre o solo, argamassados com barro. Era comum a utilização de pedras menores, seixos rolados de rios, para pavimentação de interiores enquanto nas vias aplicavam-se blocos ou laminas de maiores dimensões. Ambos os casos receberam a peculiar denominação de calçamento pé-de-moleque . Pé-de-Moleque Técnicas Construtivas no Brasil Colonial PISOS: Pisos em Tijolo Com o aperfeiçoamento da mão-de-obra e o trabalho dos canteiros, foi possível substituir a pedra bruta pela aparelhada, principalmente em locais de maior prestígio, coma átrios de igrejas ou das Casas de Câmara e Cadeia. Nos interiores mais sofisticados, o lajeado de pedra já se fazia presente, inclusive com desenhos em sua execução. Não foi rara a utilização da tijoleira ou peça de barro com dimensões variadas, aplicadas em ambientes de menor status. Em algumas ocasiões era utilizado o próprio tijolo como revestimento de piso, ainda que não apresentasse boa resistência física a tração ou abrasão, contando com pouca durabilidade. Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690) Casa do Capitão Xerez.Sobral– CR (séc. XVIII) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial PISOS: Madeira A evolução da marcenaria e carpintaria, associada a utilização de novo instrumental, permitiu a aplicação de pisos de madeira, o conhecido tabuado corrido, outra referência construtiva colonial. Eram peças com cerca de 6m de comprimento, 0,40m de largura e 0,05m de espessura (trinta ou quarenta palmos x dois palmos x duas polegadas), apoiadas em barrotes de madeira, que por sua vez apoiavam-se nos baldrames, no caso do pavimento térreo, ou em madres, nos pavimentos intermediários. As grandes tábuas poderiam ser justapostas sem nenhum encaixe, as juntas--secas, ou utilizar macho-fêmea, meio-fio ou 45°, evitando frestas. Toda a madeira utilizada era de ótima qualidade, de lei, chibatãs, jacarandás, mognos, sucupiras, perobas, porem sem qualquer tratamento para aumentar sua durabilidade, nem o cuidado para sua reposição. Continuava a devastação das matas e a exaustão das reservas vegetais, sem preocupação com o futuro próximo. Casa da Hera; Vassouras – RJ (séc. XIX) Técnicas Construtivas no Brasil Colonial FORROS Os forros foram utilizados de diferentes formatos para atender a objetivos muito diferenciados: a diminuição do alto pé-direito, a manutenção da ventilação cruzada ou, principalmente, a valorização do ambiente social doméstico ou de uso público, como igrejas, lojas ou câmaras. Também como os pisos, evoluíram com a melhoria da mão-de-obra e instrumento de marcenaria. Quanto à forma, poderiam ser encontrados forros lisos , em gamela, caixotão ou abobadados, com sua peças presas diretamente ao madeiramento da cobertura ou barrotes do pavimento superior. Em relação ao material, encontramos peças habitadas sem forros, a conhecida telha vã, propícia para a ventilação, porém de acabamento precário. Ainda com rusticidade, esteiras de taquara diminuíam o pé- direito, mantinham a ventilação e poderiam apresentar desenhos em seus trançados. O estuque foi fartamente utilizado, tanto na arquitetura residencial quanto em programas mais elaborados. Neste caso, uma trama de bambus ou fasquias de madeira era amarrada na estrutura da cobertura e sobre ela aplicada uma argamassa composta por pó-de-mármore, areia fina e um aglomerante. Também era utilizada a esteira de taquara trançada para receber a massa, com posterior pintura. Forro Liso Forro Saia-e-camisa Técnicas Construtivas no Brasil Colonial FORROS Entre todos os materiais, no entanto, devido as suas possibilidades, a madeira predominou na confecção dos forros. Tábuas mais estreitas e finas do que nos pisos, com encaixes mais elaborados como o duplo-fêmea, ou a simples superposição, saia-e- camisa , peças que eram arrematadas nas paredes através de caprichosas sancas ou cimalhas. Forro Caixotão Solar Ferrão. Salvador, 1690 Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ESQUADRIAS: Muxarabi Casa de Chica da Silva. Diamantina - MG, séc. XVIII Sobre as ombreiras assentavam-se as esquadrias de madeira, quase sempre duplas: os panos cegos e os vazados, peças maciças e treliçadas, respectivamente.Pela face interna, tábuas justapostas contra ventadas; pelo exterior, fasquias entrecruzadas de influencia muçulmana: rótu1as, gelosias e muxarabis . Estas esquadrias, mais uma vez, atestam a capacidade lusa de adaptação, pois as tre1iças tornaram-se ideais como regu1adores climáticos, pois propiciavam a venti1açao constante, auxiliada por bandeiras sempre vazadas, iluminação disciplinada e a manutenção da privacidade. Tais vantagens foram esquecidas ou simplesmente desprezadas quando, com a chegada de D.João, as peças foram proibidas e proscritas pelo rei para uma cidade que não poderia continuar com "góticos costumes”. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial ESQUADRIAS Sistema de contraventamento interno das janelas Casario e Igreja de Nossa Senhora do Rosário e S. Benedito Parati / RJ, séc. XVII. Deve ser registrado que a utilização do vidro foi muito rara no Período Colonial, já que tal produto não era aqui fabricado. Quando necessária sua aplicação em obras de grande porte, o mesmo era importado em pequenas peças e inc1uído em caixilharias de vidro miúdo, em vitrais ou óculos da arquitetura religiosa. Após sua proibição, seu uso se popularizou, substituindo as antigas treliças por janelas de guilhotina. No entanto, todas as vantagens da esquadria original foram abolidas, gerando uma peça que não permitia ventilação adequada, não controlava a luminosidade enquanto a antiga privacidade foi mantida com a utilização de generosos bordados que protegiam a folha inferior das guilhotinas, mantendo o sigilo do interior das moradas em relação as ruas, cujo trafego gradativamente se intensificava . Técnicas Construtivas no Brasil Colonial FERRAGENS Para o fechamento, utilizavam-se ferrolhos, barras colocadas verticalmente nas folhas, com funcionamento de cremona, semelhante a modelos mais recentes Devido às dificuldades de produção -tanto por causa da ausência da mão-de-obra quanto pelas condições materiais - as ferragens eram precárias, escassas, geralmente fabricadas pelos ferreiros, utilizando o ferro forjado, de grande espessura. Não raramente, eram substituídas por encaixes de madeira ou pedaços de couro, muito frágeis para suportar o peso das peças de madeira maciça que constituíam as folhas de esquadrias. As dobradiças tipo machadinha , leme ou cachimbo eram fixadas com grossos cravos de ferro, aplicados em peças transversais de madeira. Técnicas Construtivas no Brasil Colonial FERRAGENS Ainda eram aplicadas as aldrabas - alças de metal sobre um batente -funcionando como uma campainha primitiva, para avisar da presença do visitante. Os espelhos das fechaduras, à medida que se aproximava o século XVIII, poderiam contar com maior cuidado na elaboração, verdadeiras cartelas de gosto barroco ou rococó “ Cada mestre, oficial ou aprendiz – pedreiro, taipeiro,carpinteiro, alvanéu – trazia consigo a lembrança da sua província e a experiência do seu ofício, daí a simultânea adoção, logo de início, das diferenciadas feições arquitetônicas próprias de cada modo de construir: a taipa de sebe, ou de mão – pau-a-pique -, o adobe, a alvenaria de tijolo, a pedra e cal. (...) a taipa de pilão, encontrando terreno propício, fixou-se principalmente em São Paulo; a alvenaria de tijolo floresceu mais em Pernambuco e na Bahia; nas terras acidentadas de Minas, onde os caminhos acompanhavam as cumeadas, com as casas despencando pelas encostas, o pau-a- pique sobre baldrame de pedra foi a solução natural; já no Rio de Janeiro, a fartura de granito marcou a perspectiva urbana com a sequência ritmaa das ombreiras e vergas de pedra – suporte e arquitrave -, princípio construtivo da Grécia antiga.” Desenhos de Lucio Costa Técnicas Construtivas no Brasil Colonial A EVOLUÇÃO CONSTRUTIVA SEGUNDO LUCIO COSTA
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