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Livro - Tecnicas Construtivas no Brasil Colonial

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BUENO, Alexei; TELLES, Augusto da Silva; Cavalcanti, Lauro. Patrimônio 
Construído: as 100 mais belas edificações do Brasil. São Paulo, Capivara, 
2002.
MENDES, Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, Willian. Arquitetura no Brasil 
de Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007.
NEVES, Felipe Paniago Lordelo; Paula, Marcos Vinicius Lopes de; 
PICCOLO, Sara. Técnicas Construtivas do Brasil-colônia. Campo Grande/ 
MS. Trabalho de História e Teoria III, Curso de Arquitetura e Urbanismo, 
UFMS, 2006. 
REIS, Nestor Goulart. Evolução Urbana do Brasil 1500/ 1720. 2 ed. rev. e 
ampl. São Paulo, Pini, 2000.
REIS, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. 4 ed. São Paulo, 
Perspectiva, 1970.
SAIA, Luís. Morada Paulista. 2 ed. São Paulo, Perspectiva, 1976.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro, Objetiva, 
2000.
VILLELA, Clarisse M. Artes e ofícios. A cantaria mineira
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
BIBLIOGRAFIA
Sítio Santo Antônio. São Roque – SP (1640)
Com a chegada da frota de Cabral, iniciava-se oficialmente a 
posse daquele extenso território. Na praia, a receber os 
portugueses, homens pardos, maneira de avermelhados, nus, 
coroados de penas coloridas e ornamentados com colares de 
conchas. Aparentemente dóceis, onde habitavam? Como seriam 
seus povoados?
Légua e meia mata adentro, algumas respostas: casas compridas 
como uma nau, de madeira, cobertas de palha. Aqui se revelavam 
dois importantes materiais que seriam fartamente utilizados na 
construção da Colônia.
A madeira, de excelente qualidade, alem da ótima lenha produziu 
a primeira cruz, lavrada pelos carpinteiros para o espanto dos 
nativos diante das ferramentas de ferro, já que eles utilizavam a 
pedra para o corte e confecção das "lâminas" de suas armas.
Madeira, palha, pedra. Faltava apenas o barro para completar a 
lista de materiais com os quais os portugueses edificaram uma 
nação, agenciando-os de formas variadas, incorporando e 
sincretizando técnicas construtivas de povos conquistados em 
suas viagens ultramarinas.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
Primeira Missa no Brasil (Victor Meirelles – 1861)
Um binômio poderia indicar a opção construtiva, composto pelo 
determinismo geográfico, que definia os materiais disponíveis na 
região. Outro componente resulta de amálgamas culturais, uma fusão 
da qualidade dos mestres-de-obras, trabalhadores livres ou escravos 
disponíveis. Técnicas portuguesas, indígenas e africanas.
Certamente havia alguma forma de definição dos padrões 
de medição. Para estes, ainda prevaleciam as relações do 
corpo humanos comas referenciais: palmos, pés, 
polegadas, sempre adaptados às condições locais. A 
afinidade era tamanha que pode ter gerado desvios, 
considerando regra ou que pode ter ocorrido como 
exceção. A tradição da fabricação de telhas "nas coxas 
escravas" certamente é uum exemplo que associa o 
formato da peca ao correspondente humano, a coxa, 
gerando esta versão popularizada coma absoluta.
Para efeito de conversão, podemos utilizar a seguinte 
tabela, na qual e possível verificar as origens dos termos 
antigos sempre associados ao corpo humano.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
UNIDADES DE MEDIDA
No século XII. o rei Henrique I, 
da Inglaterra, fixou a braça 
coma a distancia entre o seu 
nariz e o polegar de seu braço 
estendido. o que poderia ser 
modificado conforme as 
medidas de um novo rei.
O palmo era a medida obtida 
com a mão toda aberta. 
Consideremos para efeito de 
conversão, um palmo = 
0,22m.
Quadro 1
Jarda 2,2m
Braça 0,91m
Légua 4km/ 5,55m
Légua de sesmaria 6,6 km
Légua marítima 5,5 km
Palmo 0,22 a 0,24 m
Passo ordinário 0,825 m
Pé 0,305 m
Polegada 0,025 m
Um pé correspondia a onze polegadas e meia. Hoje, a medida é doze 
polegadas, o tamanho médio dos pés masculinos. Um pé equivale a 
0,305m.
A polegada tem sua origem na medida realizada com o próprio polegar 
humano, não todo ele, mas distância entre a dobra do polegar e a ponta. 
Urna medida rápida do polegar do ser humano adulto fornece 
aproximadamente 0,025m de comprimento para esta distância.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
FUNDAÇÕES
O processo mais simples e rápido de assentar elementos verticais era o 
pau-a-pique, diretamente apreendido do índio, que o utilizava em suas 
paliçadas. Este consistia no fincamento de varas ou toras, muito 
próximas, cuja base era incinerada para evitar apodrecimento pela 
umidade do terreno .
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
FUNDAÇÕES
No caso das estruturas autônomas, ou gaiolas, a cava de fundação poderia ser 
disposta sob o esteio, apenas para receber as cargas concentradas.
De qualquer forma, abria-se uma vala fio terreno, investigava-se a resistência do 
solo para iniciar o assentamento das pedras brutas, calçadas com pedriscos e 
eventualmente recebendo uma "calda", um tipo de argamassa liquefeita 
composta de barro, cal e algum aglomerante.2(fig. 83)
Para guarnecer a fundação das águas pluviais, a ultima fiada era discretamente 
elevada em relação ao nível do terreno, recebendo uma laje de pedra, disposta ao 
longo de toda a edificação, como um rodapé.
É comum indicar-se o óleo de baleia como aglutinante. No entanto, 
pesquisas mais recentes referem-se à borra ou resíduo do cozimento, já
que o óleo seria muito caro. Portanto, o óleo só seria utilizado como 
hidrorrepelente,
Também foi largamente utilizada a fundação 
corrida, o baldrame, confeccionada de pedras 
brutas, dispostas em uma cava de largura 
variável por 1,50m de profundidade, aplicada 
para receber paredes autoportantes, com 
cargas distribuídas
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ELEMENTOS VERTICAIS
Os elementos verticais podem ser classificados segundo suas características estruturais: paredes 
autoportantes , que acumulam as funções de vedação e sustentação, recebendo todos os 
empuxos da cobertura, descarregando-os de forma distribuída sobre as fundações; estrutura 
autônoma ou gaiola, com esteios descarregando seus esforços de forma concentrada, associada 
as paredes de vedação, de materiais diversos. 
Não é rara a presença das duas técnicas em uma mesma edificação, decorrente de condições 
locais ou a época dos acréscimos ou modificações.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ELEMENTOS VERTICAIS
Estrutura autônoma (sustentação) com alguns elementos utilizados para vedação:
Paredes de vedação
Para abertura de vãos sem comprometer a 
estabilidade da parede, tornava-se 
necessária a execução de arcos em tijolos 
maciços vencendo a largura do vão.
Arcos plenos eram utilizados nos interiores das edificações 
que adotavam a técnica da pedra argamassada, como na 
Casa dos Contos, em Ouro Preto, MG.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
PAREDES AUTOPORTANTES DE PEDRA
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ADOBE E TIJOLO
As peças de adobe ou tijolos eram paralelepípedos de dimensão 
média 0,20m x 0,20m x 0,40 m, maciços e compactos, 
confeccionados de barro, fibras vegetais e água, prensados 
manualmente em formas de madeira.
Tratava-se de um material milenar, já conhecido na Mesopotâmia e 
utilizado pelos romanos em construções de grande porte, pela sua 
grande resistência à compressão.
A principal diferença reside no preparo da peça, pois o adobe é seco 
à sombra, depois ao sol, enquanto os tijolos são cozidos em 
fogueiras ou olarias, apresentando uma maior resistência em 
relação a umidade. A escolha decorria, principalmente, da 
disponibilidade de combustível para a queima, no caso, a madeira.
A execução não se diferencia dos procedimentos contemporâneos:peças superpostas com mata-junta, argamassadas, ajustadas com 
fios de prumo e níveis, configurando paredes com cerca de 0,40m 
de espessura.
Neste caso, a abertura de vãos é facilitada pela possibilidade da 
utilização de arcos de descarga sobre as envasaduras, a feição do 
arco pleno romano, com sua pedra chave.
Casa Primitiva, Mali.
Sua fabricação é bem simples e rápida. Após a 
escolha do barro apropriado, através de 
conhecimento empírico, ele é então amassado 
junto com fibras vegetais e colocado em formas 
retangulares que deviam ser umedecidas para 
fácil soltura da peça e depois colocadas para secar 
ao sol, a secagem leva em torno de 10 dias e deve 
ser virado a cada 2 dias. 
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ADOBE
Depois de seco é assentado sobre 
algum tipo de fundação que deve ter 
no mínimo 60cm, para evitar a 
degradação pela água e então é
erguida a vedação, que pode também 
ter função estrutural. 
A caiação também é indicada para 
evitar que a água enfraqueça a 
parede. A construção pode durar até
20 anos dependendo das condições 
do local.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ADOBE
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ADOBE 
Outra técnica secular do uso da terra, de ampla 
utilização, inclusive encontrada em algumas 
construções aborígines, é a taipa de mão, também 
conhecida coma taipa de sebe, de sopapo, pau-a-
pique ou mesmo sape, conforme a região.
Tratava-se de um entramado de varas, ripas, cipós 
ou bambus, constituindo um estrado vertical, 
engastado na estrutura autônoma que recebia 
uma mistura de barro, água e fibras vegetais, 
amassados pelos construtores, por ambos os lados 
da parede.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE MÃO
Atualmente, as taipas de mão são empregadas nas zonas rurais em 
construções rústicas ou como técnica alternativa nas edificações das 
classes de baixo poder aquisitivo. 
Ainda é encontrada praticamente em todos os estados brasileiros, mas 
a técnica é muito rudimentar e normalmente não possui as 
características de estabilidade, durabilidade e conforto.
Alguns cuidados eram tornados, como o 
afastamento do solo, através da elevação do 
baldrame; o cruzamento das ripas com 
espaçamento nunca maior do que 0,l0m; a 
proteção com beirais, devido as chuvas 
tropicais; sucessivas molhagens no pano da 
parede, recompondo prováveis fissuras e trincas 
ate sua homogeneização, quando era aplicada 
uma ultima camada de argamassa de barro para 
posterior caiação.
Devido à flexibilidade da técnica, facilitava-as a 
definição de vãos, em paredes mais delgadas 
que poderiam chegar a cerca de 0,30m.
Este procedimento pode ser considerado uma 
técnica vernacular, com grande permanência, 
pois ainda é amplamente utilizado por 
populações de poucos recursos e também em 
projetos mais sofisticados que procuram uma 
ligação com a terra ou um comportamento 
politicamente correto
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE MÃO
1. Fixação dos esteios no 
solo
2. Amarração dos esteios aos baldrames e 
frechais; encaixe das varas verticais nos 
elementos horizontais.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE MÃO
3. Amarração das ripas 
horizontais na estrutura de 
pau-a-pique, usando fibras 
vegetais.
A estrutura de madeira é montada com esteios, 
normalmente de forma retangular, enterrada no 
solo a profundidades variáveis, com um tipo de 
fundação formada pela continuidade do tronco 
em que era cortado o esteio. 
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE MÃO
No nível do piso, esses esteios fincados no solo 
recebiam encaixes para a colocação de vigas baldrames 
mais altas que o solo para evitar a penetração da água.
Sobre as vigas se apoiavam os barrotes de sustentação 
dos assoalhados, que era o piso mais empregado nesse 
sistema construtivo. 
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE MÃO
4. Aplicação da argamassa no 
estrado de madeira, utilizando-
se as mãos para prensar a 
mistura na estrurutura.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE MÃO
Após a construção dessa gaiola, ela era fechada com uma 
malha de varas onde era aplicado o barro. Após a 
amarração da trama, a terra previamente escolhida é
transportada até um terreiro onde é preparada a massa. 
Logo depois o taipeiro, responsável pela colocação do 
barro nas paredes, leva a massa do terreiro para perto da 
parede. Então começa a lançar a massa contra a trama de 
varas até a vedação de toda a parede.
O tempo de secagem de uma parede, que varia de 15 a 20 
centímetros de espessura, é de aproximadamente um 
mês, quando então pode receber revestimentos, também 
utilizando a terra para ter aderência à parede. 
As paredes de taipa de mão são empregadas interna ou 
externamente, com predominância de utilização em 
divisórias internas, devido a sua leveza, menor espessura 
e menor tempo de execução, se comparada com a taipa 
de pilão. 
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE MÃO
A técnica da taipa de pilão também é um procedimento 
milenar, registrado em todos os continentes.
Trata-se de uma técnica que utiliza barro, água, fibras vegetais 
e algum tipo de aglomerante, que pode ser o estrume ou 
sangue de animais. Estes componentes são apiloados em uma 
forma de madeira, o taipal, confeccionada por tabuas com 
cerca de 0,40m de altura, dispostas ao longo das fundações 
corridas
A técnica da taipa de pilão também é um procedimento 
milenar, registrado em todos os continentes.
Trata-se de uma técnica que utiliza barro, água, fibras vegetais 
e algum tipo de aglomerante, que pode ser o estrume ou 
sangue de animais. Estes componentes são apiloados em uma 
forma de madeira, o taipal, confeccionada por tabuas com 
cerca de 0,40m de altura, dispostas ao longo das fundações 
corridas
Recebe esta denominação por ser socada (apiloada) com o auxílio de 
um pilão. A forma que sustenta o material durante sua secagem é
denominada de taipal. 
A taipa encontrada no período colonial brasileiro é executada com 
terra retirada de local próximo à construção devido às dificuldades de 
transporte e ao volume grande de material. 
As argilas são escolhidas pelo próprio taipeiro que conhecia de forma 
empírica as propriedades físicas do material.
Após o preparo da argamassa de barro, esta é disposta dentro do 
taipal, em camadas de 10 a 15 centímetros, que depois de 
perfeitamente apiloadas ficam com espessuras menores.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE PILÃO
Como as espessuras das paredes variam de 30cm a 1.2m. O 
apiloamento é interrompido quando a taipa emite um som 
metálico característico, o que significa a mínima quantidade 
de vazios ou que o adensamento manual máximo das argilas 
foi atingido.
Os taipais possuem medidas que variavam de 1m a 1,5m de 
altura por 2m a 4m de comprimento, compostos por tábuas 
presas a um sarrafo formando uma caixa sem fundo.
A primeira parte da parede é apiloada diretamente sobre a 
fundação, que pode ser de pedra ou outro material. Depois de 
terminado o apiloamento até a borda do taipal é retirada o 
mesmo e montado novamente sobre a parte já pronta da 
parede para assim dar continuidade até que se atinja a altura 
desejada. 
A mistura é compactada em camadas de 0,20m, retirando-se 
o excesso de umidade para que a mistura superior possa ser 
assentada, e assim sucessivamente até a altura pré-
determinada através de guias de madeira (fig. 95).
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE PILÃO
Muitas vezes são adicionados reforços de madeira para 
dar maior firmeza à parede, assimcomo as barras de aço 
nas construções modernas de concreto. 
O tempo de secagem é de no mínimo 3 meses e pode 
demorar até 6 dependendo das dimensões da parede.
A abertura dos vãos é previamente determinada com a 
inserção de esteios de pedra ou madeira coma guarnição 
das envasaduras, gerando pequenos nichos internos que 
são ocupados com conversadeiras.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE PILÃO
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE PILÃO
Características da técnica:
· Requer uma mão-de-obra numerosa, pois trata-se de um 
processo artesanal, demorado;
· depende das condições meteorol6gicas, pois não deve ser 
executada em temporada chuvosa;
· as paredes são executadas em grande espessura, nunca 
menor do que 0,60m;
· os vãos devem ser previamente demarcados, devido à
dificuldade de abri-los posteriormente;
· deve ser bem protegida em relação as chuvas e à umidade 
do terreno.
Vulnerável à água, as paredes devem ser protegidas por amplos 
beirais e construídas acima do nível do terreno, preferencialmente 
apoiada em fundações de pedra - "boas botas e um bom chapéu", 
ideais para o c1ima tropical.
As residências do planalto paulista utilizaram a técnica da taipa de 
pilão, inc1uindo todos os elementos protetores em relação ao c1ima 
local, como no sítio do Padre Inácio, de meados do século XVII.
Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
TAIPA DE PILÃO
A pedra natural, enquanto material imediato e acessível, 
utilizada em objetos e construções, tem acompanhado o 
homem desde o período pré-histórico e, em sua perenidade, 
vem registrando a trajetória das civilizações. Inicialmente 
empregada na forma bruta, foi sendo, ao longo do tempo, 
dominada e transformada.
A pedra no Brasil – colônia foi usada mais em construções 
publicas e religiosas. As casas, geralmente, possuíam apenas a 
fundação e ou um barrado de pedra.
Cantaria é a pedra que, tendo sido afeiçoada manualmente, 
com o uso de ferramentas adequadas, apresenta-se pronta 
para ser utilizada em construções e equipamentos. Atua ora 
como elemento estrutural, ora como ornamentação e, muitas 
vezes, atende às duas funções. 
Igreja de Nossa Senhora da Graça (Olinda – 1580) 
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
As alvenarias de pedra, brutas ou aparelhadas, secas ou argamassadas, foram largamente 
utilizadas na Colônia, tanto por sua abundância como pela resistência às intempéries. Alem 
disso, o trabalho em cantaria era tradicional entre os portugueses, oficiais de grande 
domínio no corte da pedra e na arte da estereotomia.
Resultava em muros ou paredes de grande largura, podendo atingir alturas superiores 
aquelas de outras técnicas menos resistentes.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
Em construções de porte médio, as paredes de pedra argamassada 
adotavam cerca de 60 a 80 cm de espessura. 
Para os grandes edifícios (igrejas; conventos e Casas de Câmara e Cadeia) 
sua espessura variava de 1 a 1,5m. 
Tal diferença decorria do aumento das cargas dos telhados sobre as 
paredes perimetrais, evitando-se o comprometimento estrutural.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
Dependendo das características do material in natura, tornava-se 
necessário, alem da mão-de-obra numerosa, o trabalho de oficiais variados 
para o corte das pedras (os mestres canteiros) e para execução da 
alvenaria (mestres pedreiros).
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
Presente em toda a sucessão de estilos da 
arquitetura ocidental, a cantaria começou a ser 
empregada no Brasil na segunda metade do 
século XVI. Escolhido por Dom João III para ser o 
primeiro governador geral da colônia, Tomé de 
Souza trouxe, em 1549, Luís Dias, chamado 
mestre de pedraria. 
Em muitos casos, porém, os projetos vinham já
prontos de Portugal para serem aqui realizados, e 
o mesmo sucedia com pedras, principalmente o 
Lioz, que cortadas e numeradas na metrópole, 
funcionavam como lastro dos navios e eram aqui 
montadas nas construções. 
Solar Ferrão. Salvador, 1690
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
Em seguida, viriam os quartzitos ser amplamente 
empregados em Vila Rica, sobretudo nas partes nobres 
das construções. 
Casa dos Contos (Ouro Preto: cerca de 1780)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
A cantaria em quartzito Itacolomi, aparente, com acabamento refinado e 
união das peças feita por encaixes ou argamassa foi introduzida na 
arquitetura local para as obras do Palácio dos Governadores pelo 
engenheiro militar português José Fernandes Pinto de Alpoim entre os 
anos de 1735 e 1738. 
Paço Imperial. Rio, 1743
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
A terceira fase do uso das rochas nas construções da vila 
teve início por volta de 1755 com o emprego do esteatito, 
conhecido como pedra-sabão. As ornamentações 
encontraram a desejável maleabilidade nesta pedra talcosa 
comum na região. Com ela, o Aleijadinho criou seus 
frontões, portadas e esculturas. 
Durante o século XVIII, o trabalho conjunto de mestres 
portugueses e a primeira geração de artistas mineiros, o 
emprego dos materiais pétreos locais e o aperfeiçoamento 
da arte de construir deram origem às obras de tipologias 
diversas que caracterizaram definitivamente a arquitetura 
colonial de Ouro Preto. 
Já no século XIX, com as mudanças estilísticas e o 
desenvolvimento de novos materiais, houve um declínio do 
emprego da cantaria. 
As alvenarias, que levam canga na alma, revestidas com a 
mais branca cal, fazem fundo para o quartzito rosa dos 
embasamentos, cunhais e cimalhas que delineiam fachadas 
e enquadram ornatos de pedra sabão em uma harmonia 
cromática ímpar, formando a mais pura expressão do 
barroco mineiro. 
Aleijadinho
São Francisco de Assis
(Ouro Preto: 1765)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
A vinda da corte de D. João VI e a chegada da missão francesa, no início 
século XIX, foram decisivos para o declínio da cantaria. 
A adoção do estilo neoclássico, o emprego de novos materiais, a 
preferência pelos tijolos na execução das alvenarias e o fim do trabalho 
escravo levaram o ofício às vias de extinção. 
Conseqüentemente, perdeu-se a mão-de-obra especializada em trabalhar 
a pedra, material agora restrito à pavimentação das ruas, pisos, degraus de 
escadas e revestimento de paredes, em forma de placas.
Grandjean de Montigny / Palácio do Comércio: atual Casa França-Brasil ( Rio: 1819 - 1820)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
CONSTRUÇÕES EM PEDRA
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA
A disponibilidade do material mais uma vez determinou a opção 
para as coberturas. Num primeiro momento, aplicando-se a 
palha, como os nativos. Usavam-se também pequenas seções de 
cascas de árvore, os cavacos.
A palha que poderia ser retirada das folhas de palmeiras e 
também das gramíneas, secas e amarradas no madeiramento, 
tradição que ainda persiste em todo o país, inclusive em 
construções mais sofisticadas
Rugendas/ Ilustração ( séc. XIX)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA
A pedra, disposta em lajeados, mantinha uma tradição européia, mas não era um material adequado 
devido às condições climáticas e ao excesso de peso sobre a estrutura. Só passou a ser utilizada com 
mais freqüência a partir do século XIX, quando a ard6sia recobriu palacetes ecléticos.
Com o inicio efetivo da colonização e a crescente necessidade de construçõesmais duradouras, 
implantaram-se as olarias para produção não apenas de tijolos, mas das telhas capa-e-bica ou capa-
e-canal, verdadeiro marco da arquitetura colonial .
As telhas eram dispostas sobre os madeiramentos predominantemente em duas águas, 
principalmente nas construções urbanas. Porem alguns elementos agregavam-se, com relativa 
freqüência, aos telhados coloniais: águas furtadas, camarinhas ou torreões.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA
Sistema de pontaletes e mãos-francesas como 
elementos de sustentação das coberturas.
Tesoura de linha alta ou caibro armada se caracteriza pela ausência do 
pendural e a elevação da linha ao térreo superior da perna.
Devido às características estruturais dos materiais, não 
era possível vencer grandes vãos. A solução adotada para 
as residências em geral foi o descarregamento do peso do 
telhado através do sistema de pontaletes ou mãos 
francesas.
Em naves das igrejas, para vencer vãos maiores, 
utilizavam-se a tesoura de linha alta (caibro armado) ou as 
aspas francesas ou cruz de Santo André.
Para minimizar os esforços construtivos, era comum a 
utilização destes quadros com pouco espaçamento, não 
mais que 0,80m, descarregando as cargas nos frechais das 
paredes perimetrais. Tratava-se do telhado em cangalha 
ou de cumeeira entalada.
Aspas francesas para vencer vãos maiores.
As telhas de barro são conhecidas do homem há
muito tempo e chegaram ao Brasil junto com os 
portugueses que já conheciam a técnica. Eram 
geralmente empregadas nas construções de casas 
mais abastadas do Brasil - colônia.
A fabricação das telhas era extremamente rústica 
e tosca. Em alguns casos, o barro após escolhido, 
através de conhecimento empírico, pelo 
responsável pela fabricação era amassado até
obter-se a liga desejada, então uma porção era 
separada por um escravo e moldada sobre as 
próprias coxas. 
Em função disso muitos tamanhos e formas de 
telhas podiam ser feitos e os encaixes das telhas 
em sua maioria eram irregulares. Daí vem a frase 
“feito nas coxas”, diz-se de algo que foi mal feito.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA: Telhas Cerâmicas
As telhas são apoiadas sobre madeiramento 
previamente construído.
Esse madeiramento deve ser mais resistente 
que o madeiramento para cobertura vegetal, 
visto que o peso das telhas é superior, 
geralmente feito de madeira de lei.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA: Telhas Cerâmicas
Diante do elevado índice pluviométrico era 
imprescindível a proteção das paredes, quase todas 
compostas de barro em sua execução, material 
perecível se exposto diretamente às chuvas 
tropicais. Recorrendo a práticas já desenvolvidas 
tanto nas possessões na Índia ou Extremo Oriente, 
o português fez uso recorrente de um elemento 
que se tomou um verdadeiro referencial para a 
arquitetura colonial: beirais alongados, com 
curiosos ou exóticos acabamentos .
A experiência lusa no Oriente permitiu mais um 
amálgama cultural associando o exotismo formal 
dos beirais a sua funcionalidade ao proteger as 
construções do elevado índice pluviométrico 
tropical.
Fazenda Colubandê. 
São Gonçalo – RJ (1760)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA: Beirais
Byodo–in (Câmara do Fênix). 
Japão(1053)
Diferente da idéia simplificadora, que atribui aos beirais a 
função de elemento protetor em relação à insolação, tal 
elemento é prioritariamente destinado a proteção contra 
as chuvas e seus efeitos danosos ao panos verticais da 
construção.
São executados de madeira, pedra ou argamassa, aplicados 
coma arremates entre a parede e a projeção das ultimas 
fiadas das telhas. Apresentam algumas formas 
diferenciadas, ainda que permaneçam com sua função 
principal inalterada. São cachorros, cimalhas ou sancas, 
executados com menor ou maior apuro formal, conforme a 
importância da edificação e a mão-de-obra disponível .
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA: Beirais
Sítio do Padre Inácio.
Cotia – SP (1690)
Byodo–in (Câmara do Fênix). 
Japão(1053)
Diferente da idéia simplificadora, que atribui aos beirais a 
função de elemento protetor em relação à insolação, tal 
elemento é prioritariamente destinado a proteção contra 
as chuvas e seus efeitos danosos ao panos verticais da 
construção.
São executados de madeira, pedra ou argamassa, aplicados 
coma arremates entre a parede e a projeção das ultimas 
fiadas das telhas. Apresentam algumas formas 
diferenciadas, ainda que permaneçam com sua função 
principal inalterada. São cachorros, cimalhas ou sancas, 
executados com menor ou maior apuro formal, conforme a 
importância da edificação e a mão-de-obra disponível .
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA: Beirais
Sítio do Padre Inácio.
Cotia – SP (1690)
Byodo–in (Câmara do Fênix). 
Japão(1053)
0 beiral em cachorrada no Sítio do Padre 
Inácio (Cotia – SP , 1690).
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA: Cachorros
O beiral em cachorrada, como é popularmente 
conhecido, trata-se de uma estrutura de madeira 
cujo objetivo é afastar as águas pluviais dos 
panos verticais, daí sua projeção além do 
paramento da parede. Sua aplicação decorre da 
ausência de lajes, necessitando uma amarração 
de pecas independentes para que sua função 
principal seja cumprida. 
Os elementos de acabamento, os cachorros 
propriamente ditos, podem receber um 
entalhamento de marcenaria sofisticada, 
inspirado em modelos advindos do oriente, como 
animais fantásticos os ou peitos de pombo.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
COBERTURA: Cimalhas e Sancas
Cimalhas e sancas são estruturas continuas de arremates dos telhados. 
Confeccionadas de madeira, pedra ou argamassa, podem ser classificadas 
de verdadeiras, quando funcionam coma elementos estruturais de descarga 
dos esforços de cobertura ou falsas, apenas acabamentos .
Em algumas regiões do país apresentavam formas caprichosas, verdadeiros 
rendilhados, com o nome de beira-sobre-beira, que a cultura popular 
chamava de beira-saveira. Existe uma tradição em atribuir status aquele 
proprietário com beirais requintados sob seus telhados. Por oposição, 
aqueles com coberturas sem ornamentação não teriam "eira nem beira”.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
REVESTIMENTOS E PINTURA
Até o século XVIII, quando ocorreram grandes 
transformações nos acabamentos das edificações, pouco se 
alterou nos revestimentos das paredes. Basicamente era 
aplicado um emboco de barro, completado por reboco de 
cal e areia. Sobrevinha-se o processo de caiação, com cal 
retirada da incineração de conchas e mariscos. O aspecto 
dominante, portanto, era de uma cidade monotonamente 
branca, conforme opinião recorrente de diversos visitantes 
estrangeiros, coma Vauthier, Maria Graham, Saint-Hilaire, 
Spix e Von Martius.
Contrastando com o branco, as esquadrias eram pintadas de 
cores vivas, com predomínio do azul, vinho ou amarelo, 
isoladas ou combinadas, a feição de algumas vilas 
portuguesas. Neste caso a base é constituída de cola, 
têmpera ou óleo (mamona ou linhaça), misturada a corantes 
disponíveis no local: do anil, o azul; da cochonilha, o 
escarlate; do açafrão, o amarelo; do urucum, o vermelho-
-vivo e do pau-braúna, o negro.
Casario e Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito
Parati / RJ, séc. XVII.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
PISOS: Terra Batida
Assim coma as coberturas, os revestimentos para 
os pisos evoluíram a medida que a mão-de-obra 
qualificava-se ou valorizavam-se os usos dos 
ambientes de morar, trabalhar ou rezar, as 
principaisatividades coloniais. Os primeiros 
exemplares simplesmente utilizavam materiais no 
seu estado bruto, como a terra batida ou a pedra 
sem nenhum aparelhamento.
A terra batida, ou barro batido, consistia 
demarcação da área a ser pavimentada e a 
aplicação direta de barro ou terra e algum tipo de 
aglomerante rudimentar. A mistura era 
diretamente apiloada, aguardando-se sua cura ou 
seca para utilização .
Debret (Aquarela/ RJ, séc. XIX.)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
PISOS: Pedra
No caso da pedra, eram recolhidos fragmentos de dimensões variadas, 
aplicados diretamente sobre o solo, argamassados com barro. 
Era comum a utilização de pedras menores, seixos rolados de rios, para 
pavimentação de interiores enquanto nas vias aplicavam-se blocos ou 
laminas de maiores dimensões. Ambos os casos receberam a peculiar 
denominação de calçamento pé-de-moleque . Pé-de-Moleque
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
PISOS: Pisos em Tijolo
Com o aperfeiçoamento da mão-de-obra e o trabalho dos canteiros, foi 
possível substituir a pedra bruta pela aparelhada, principalmente em 
locais de maior prestígio, coma átrios de igrejas ou das Casas de Câmara 
e Cadeia. Nos interiores mais sofisticados, o lajeado de pedra já se fazia 
presente, inclusive com desenhos em sua execução. 
Não foi rara a utilização da tijoleira ou peça de barro com dimensões 
variadas, aplicadas em ambientes de menor status. Em algumas 
ocasiões era utilizado o próprio tijolo como revestimento de piso, ainda 
que não apresentasse boa resistência física a tração ou abrasão, 
contando com pouca durabilidade.
Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690)
Casa do Capitão Xerez.Sobral– CR (séc. XVIII)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
PISOS: Madeira
A evolução da marcenaria e carpintaria, associada a utilização 
de novo instrumental, permitiu a aplicação de pisos de 
madeira, o conhecido tabuado corrido, outra referência 
construtiva colonial. Eram peças com cerca de 6m de 
comprimento, 0,40m de largura e 0,05m de espessura (trinta 
ou quarenta palmos x dois palmos x duas polegadas), apoiadas 
em barrotes de madeira, que por sua vez apoiavam-se nos 
baldrames, no caso do pavimento térreo, ou em madres, nos 
pavimentos intermediários.
As grandes tábuas poderiam ser justapostas sem nenhum 
encaixe, as juntas--secas, ou utilizar macho-fêmea, meio-fio ou 
45°, evitando frestas. Toda a madeira utilizada era de ótima 
qualidade, de lei, chibatãs, jacarandás, mognos, sucupiras, 
perobas, porem sem qualquer tratamento para aumentar sua 
durabilidade, nem o cuidado para sua reposição. Continuava a 
devastação das matas e a exaustão das reservas vegetais, sem 
preocupação com o futuro próximo.
Casa da Hera; Vassouras – RJ (séc. XIX)
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
FORROS
Os forros foram utilizados de diferentes formatos para atender a
objetivos muito diferenciados: a diminuição do alto pé-direito, a 
manutenção da ventilação cruzada ou, principalmente, a valorização do 
ambiente social doméstico ou de uso público, como igrejas, lojas ou 
câmaras.
Também como os pisos, evoluíram com a melhoria da mão-de-obra e 
instrumento de marcenaria. Quanto à forma, poderiam ser encontrados 
forros lisos , em gamela, caixotão ou abobadados, com sua peças presas 
diretamente ao madeiramento da cobertura ou barrotes do pavimento 
superior.
Em relação ao material, encontramos peças habitadas sem forros, a 
conhecida telha vã, propícia para a ventilação, porém de acabamento 
precário. Ainda com rusticidade, esteiras de taquara diminuíam o pé-
direito, mantinham a ventilação e poderiam apresentar desenhos em 
seus trançados.
O estuque foi fartamente utilizado, tanto na arquitetura residencial 
quanto em programas mais elaborados. Neste caso, uma trama de 
bambus ou fasquias de madeira era amarrada na estrutura da cobertura 
e sobre ela aplicada uma argamassa composta por pó-de-mármore, areia 
fina e um aglomerante. Também era utilizada a esteira de taquara 
trançada para receber a massa, com posterior pintura.
Forro Liso
Forro Saia-e-camisa
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
FORROS
Entre todos os materiais, no entanto, devido as suas possibilidades, a 
madeira predominou na confecção dos forros. 
Tábuas mais estreitas e finas do que nos pisos, com encaixes mais 
elaborados como o duplo-fêmea, ou a simples superposição, saia-e-
camisa , peças que eram arrematadas nas paredes através de 
caprichosas sancas ou cimalhas.
Forro Caixotão
Solar Ferrão. Salvador, 1690
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ESQUADRIAS: Muxarabi
Casa de Chica da Silva. Diamantina - MG, séc. XVIII
Sobre as ombreiras assentavam-se as esquadrias de madeira, quase 
sempre duplas: os panos cegos e os vazados, peças maciças e 
treliçadas, respectivamente.Pela face interna, tábuas justapostas 
contra ventadas; pelo exterior, fasquias entrecruzadas de influencia 
muçulmana: rótu1as, gelosias e muxarabis .
Estas esquadrias, mais uma vez, atestam a capacidade lusa de 
adaptação, pois as tre1iças tornaram-se ideais como regu1adores 
climáticos, pois propiciavam a venti1açao constante, auxiliada por 
bandeiras sempre vazadas, iluminação disciplinada e a manutenção 
da privacidade. Tais vantagens foram esquecidas ou simplesmente 
desprezadas quando, com a chegada de D.João, as peças foram 
proibidas e proscritas pelo rei para uma cidade que não poderia 
continuar com "góticos costumes”.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
ESQUADRIAS
Sistema de contraventamento interno das janelas
Casario e Igreja de Nossa Senhora do Rosário e S. Benedito
Parati / RJ, séc. XVII.
Deve ser registrado que a utilização do vidro foi muito rara no Período Colonial, já que 
tal produto não era aqui fabricado. Quando necessária sua aplicação em obras de 
grande porte, o mesmo era importado em pequenas peças e inc1uído em caixilharias de 
vidro miúdo, em vitrais ou óculos da arquitetura religiosa.
Após sua proibição, seu uso se popularizou, substituindo as antigas treliças por janelas 
de guilhotina. No entanto, todas as vantagens da esquadria original foram abolidas, 
gerando uma peça que não permitia ventilação adequada, não controlava a 
luminosidade enquanto a antiga privacidade foi mantida com a utilização de generosos 
bordados que protegiam a folha inferior das guilhotinas, mantendo o sigilo do interior 
das moradas em relação as ruas, cujo trafego gradativamente se intensificava .
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
FERRAGENS
Para o fechamento, utilizavam-se ferrolhos, barras colocadas 
verticalmente nas folhas, com funcionamento de cremona, 
semelhante a modelos mais recentes 
Devido às dificuldades de produção -tanto por causa da ausência da 
mão-de-obra quanto pelas condições materiais - as ferragens eram 
precárias, escassas, geralmente fabricadas pelos ferreiros, utilizando o 
ferro forjado, de grande espessura.
Não raramente, eram substituídas por encaixes de madeira ou pedaços 
de couro, muito frágeis para suportar o peso das peças de madeira 
maciça que constituíam as folhas de esquadrias.
As dobradiças tipo machadinha , leme ou cachimbo eram fixadas com 
grossos cravos de ferro, aplicados em peças transversais de madeira.
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
FERRAGENS
Ainda eram aplicadas as aldrabas - alças de metal sobre 
um batente -funcionando como uma campainha primitiva, 
para avisar da presença do visitante. 
Os espelhos das fechaduras, à medida que se 
aproximava o século XVIII, poderiam contar com maior 
cuidado na elaboração, verdadeiras cartelas de gosto 
barroco ou rococó
“ Cada mestre, oficial ou aprendiz – pedreiro, taipeiro,carpinteiro, alvanéu – trazia consigo a 
lembrança da sua província e a experiência do seu ofício, daí a simultânea adoção, logo de 
início, das diferenciadas feições arquitetônicas próprias de cada modo de construir: a taipa de 
sebe, ou de mão – pau-a-pique -, o adobe, a alvenaria de tijolo, a pedra e cal. (...) a taipa de 
pilão, encontrando terreno propício, fixou-se principalmente em São Paulo; a alvenaria de 
tijolo floresceu mais em Pernambuco e na Bahia; nas terras acidentadas de Minas, onde os 
caminhos acompanhavam as cumeadas, com as casas despencando pelas encostas, o pau-a-
pique sobre baldrame de pedra foi a solução natural; já no Rio de Janeiro, a fartura de granito 
marcou a perspectiva urbana com a sequência ritmaa das ombreiras e vergas de pedra –
suporte e arquitrave -, princípio construtivo da Grécia antiga.”
Desenhos de Lucio Costa
Técnicas Construtivas no Brasil Colonial
A EVOLUÇÃO CONSTRUTIVA SEGUNDO LUCIO COSTA

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