Buscar

8- Direitos e Deveres Individuais e Coletivos I.pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Marcos Soares da Mota e Silva
Pós-graduado em Direito Tributário pelo Ins-
tituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e 
em Direito Processual Tributário pela Universi-
dade de Brasília (UnB). Graduado em Engenha-
ria Mecânica pela Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ) e em Direito pela Universida-
de do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Profes-
sor de Direito Tributário e Direito Constitucional 
no Centro de Estudos Alexandre Vasconcellos 
(CEAV), Universidade Estácio de Sá, Faculdade 
da Academia Brasileira de Educação e Cultu-
ra (Fabec) e em preparatórios para concursos 
públicos. Atua como auditor fiscal da Receita 
Federal.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Direitos e deveres 
individuais e coletivos I 
Direito fundamentais 
As expressões “direitos fundamentais” e “direitos humanos” são quase 
sinônimas.
A expressão “direitos fundamentais” surgiu na França (1770), no movi-
mento que deu origem à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
(1789).
Embora não haja um consenso sobre a diferença entre direitos humanos 
e direitos fundamentais, pode-se dizer que eles contemplam em planos dife-
rentes os direitos relacionados, principalmente, à liberdade e à igualdade.
Enquanto os direitos humanos constam dos tratados e convenções inter-
nacionais (plano internacional), os direitos fundamentais estão positivados 
nas constituições de cada país (plano interno).
Os direitos fundamentais representam, via de regra, um direito subjetivo 
do indivíduo frente ao Estado.
As constituições modernas, ao darem aos direitos fundamentais uma po-
sição de destaque, passaram a considerar o homem como o principal titular 
dos direitos constitucionais.
Cabe destacar, ainda, que os direitos fundamentais, ou pelo menos parte 
deles, são atualmente considerados cláusulas pétreas em muitas constitui-
ções do mundo.
Classificação na Constituição Federal 
A Constituição Federal ao tratar dos direitos fundamentais, no seu Título 
II, divide-os em cinco capítulos, assim denominados:
33
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
34
Direitos e deveres individuais e coletivos I
3535
direitos individuais e coletivos; �
direitos sociais; �
nacionalidade; �
direitos políticos; �
partidos políticos. �
Classificação da doutrina 
Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados pela doutri-
na como:
Direitos de 1.ª geração ou dimensão (liberdades clássicas); �
Direitos de 2.ª geração ou dimensão (direitos sociais); �
Direitos de 3.ª geração ou dimensão (direitos coletivos e difusos). �
Os direitos de primeira geração objetivam dar ao homem o direito à li-
berdade na vida civil e o direito de participação política na vida do Estado. 
São os direitos e garantias individuais clássicos (direitos civis e políticos). Eles 
vieram para proteger o cidadão em face do próprio Estado.
Um dos primeiros registros a respeito de um documento que tenha im-
posto uma restrição ao poder do soberano diante dos seus súditos é a Magna 
Carta, elaborada pelos barões ingleses e imposta ao rei João “Sem Terra”, em 
15 de junho de 1215.
A Magna Carta objetivava garantir os direitos individuais dos nobres 
frente ao Poder Público.
Do teor da Carta, cabe destacar o seu artigo 39, conhecido como cláusula 
do law of the lands, em que se estabelece que “nenhum homem livre será 
detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, 
ou exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem 
mandaremos proceder contra ele, senão mediante um julgamento regular 
pelos seus pares ou de harmonia com as leis do país.”
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
35
Direitos e deveres individuais e coletivos I
35
Assim, os direitos dos barões ingleses anteriormente mencionados só 
poderiam ser restringidos mediante a observação da lei do país, da Lei da 
Terra.
Os direitos de segunda geração abrangem os direitos sociais, econômicos 
e culturais. Esses direitos foram reconhecidos, principalmente, no início do 
século XX, quando surgiram os direitos sociais (direito ao trabalho, previdên-
cia social etc.).
Os direitos de terceira geração estão ligados ao princípio da fraternida-
de, eles têm por objetivo proteger a coletividade, ou seja, todo o gênero 
humano, de forma indeterminada, e não especificamente os interesses de 
um indivíduo ou grupo identificado.
Os direitos de terceira geração refletem uma preocupação com as gera-
ções presentes ou futuras. São exemplos de direitos fundamentais de tercei-
ra geração: o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ao pa-
trimônio comum da humanidade, à comunicação, à paz, ao progresso etc.
Os direitos de primeira, segunda e terceira gerações realçam os ideais 
clássicos da Revolução Francesa: liberdade (primeira geração), igualdade 
(segunda geração) e fraternidade (terceira geração).
Macete!
LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE
Novos desafios e problemas clamam por novas gerações de direitos. Seria 
uma 4.ª ou até mesmo uma 5.ª geração de direitos, mas isso ainda não é um 
consenso.
Alguns autores defendem que a 4.ª geração de direitos englobaria o direi-
to à democracia, ao pluralismo e à informação. Outros ressaltam os direitos 
ligados à biotecnologia e aos avanços científicos. De qualquer forma, uma 
quarta (ou mesmo uma quinta) geração de direitos fundamentais ainda não 
é uma unanimidade.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
36
Direitos e deveres individuais e coletivos I
3737
Eficácia jurídica 
Os direitos fundamentais têm, em regra, aplicabilidade imediata (CF, 
art. 5.º, §1.º).
Os direitos e garantias fundamentais deverão ter a máxima eficácia possí-
vel, imediatamente a partir da Constituição.
Entretanto, nem todos foram assegurados por meio de normas de eficá-
cia plena. Alguns direitos fundamentais estão na dependência da elabora-
ção de normas infraconstitucionais para adquirirem sua plenitude e outros 
admitem restrições em seu conteúdo, desde que razoáveis, consistindo em 
normas de eficácia contida ou restringível.
Cabe destacar, todavia, que mesmo as normas constitucionais de efi-
cácia limitada produzem um mínimo efeito, ou seja, elas têm, ao menos, o 
efeito de vincular o legislador infraconstitucional aos seus vetores e de não 
permitir a recepção de normas anteriores à Constituição e contrárias a tais 
dispositivos.
Por fim, é oportuno fazer algumas observações:
os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros �
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos trata-
dos internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte, 
de acordo com o disposto no §2.º do artigo 5.º;
os direitos fundamentais não devem ser vistos como normas absolu- �
tas, haja vista que poderão ter aplicação restringida na medida em que 
se compatibilizam com outros direitos fundamentais;
a doutrina discute se os direitos fundamentais como um todo estão inse- �
ridos entre as cláusulas pétreas, uma vez que o artigo 60, §4.º, inciso IV, da 
CF, arrola entre as cláusulas pétreas os “direitos e garantias individuais”.
O Supremo Tribunal Federal (STF), quando declarou que o princípio da ante-
rioridade tributária gozava dessa proteção, deixou consignado que a expressão 
direitos e garantias individuais engloba não apenas os direitos e garantias ins-
critos no artigo 5.o da Constituição Federal, podendo atingir direitos e garantias 
contemplados em outros dispositivos do texto maior. Com isso, o fato de os 
direitos fundamentais estarem previstos em diversos artigos da Constituição 
não impede que a eles não se reconheçaa condição de cláusula pétrea.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
37
Direitos e deveres individuais e coletivos I
37
Boa parte da doutrina é favorável à tese de que os direitos fundamentais, 
e não apenas os direitos e garantias individuais, gozam de proteção cons-
titucional na condição de cláusula pétrea. O STF, entretanto, ainda não se 
pronunciou acerca do enquadramento dos direitos fundamentais como um 
todo, ainda que de caráter individual, na previsão do artigo 60, §4.º, IV, da CF, 
de modo que a questão ainda não admite conclusão definitiva.
Dos direitos e deveres 
individuais e coletivos 
O caput do artigo 5.º da CF diz que são titulares dos direitos e garantias 
fundamentais os brasileiros e estrangeiros residentes no país. E quanto aos 
estrangeiros não residentes? Não são titulares de quaisquer dos direitos e 
garantias fundamentais? É claro que são!
A declaração de direitos fundamentais da Constituição abrange diver-
sos direitos vinculados à dignidade do homem – princípio que o artigo 1.º, 
inciso III, da CF considera como um fundamento da República Federativa 
do Brasil. O respeito à dignidade de todos os homens não se excepciona 
em função da nacionalidade. Logo, os estrangeiros não residentes no país 
também estão protegidos por diversos dos direitos fundamentais pre-
vistos no artigo 5.º e em outros artigos da Constituição. Não seria lógico 
interpretar-se de outra forma.
Entretanto, alguns direitos são dirigidos ao indivíduo como cidadão bra-
sileiro. Assim, por exemplo, os direitos políticos pressupõem a nacionalidade 
brasileira, o direito ao trabalho, em regra, não se estende aos estrangeiros 
sem residência no país etc.
Direito à vida (CF, art. 5.º, caput) 
O direito à vida é um pré-requisito para o exercício dos demais direitos, 
devendo ser considerado sob dois aspectos principais, o direito de continuar 
vivo e o de viver com dignidade.
Em função do primeiro aspecto é proibida a pena de morte, salvo em caso 
de guerra declarada, nos termos do disposto no artigo 84, inciso XIX. Logo, 
nem por emenda constitucional será permitida a instituição da pena de morte 
no Brasil, sob pena de ferir a cláusula pétrea do artigo 60, §4.º, inciso IV, da CF.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
38
Direitos e deveres individuais e coletivos I
3939
O segundo aspecto está ligado à garantia das necessidades vitais básicas 
do ser humano e à proibição de qualquer tratamento indigno, como tortura, 
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis etc.
Princípio da igualdade 
(CF, art. 5.º caput e inciso I) 
Obedecer ao princípio da igualdade é tratar de maneira igual os iguais e 
de maneira desigual os desiguais, na medida das suas desigualdades.
O princípio da igualdade vincula tanto o legislador como os aplicadores 
da lei, no sentido de que:
o legislador, ao elaborar a lei, deve dar tratamento isonômico àqueles �
que se encontram em situação equivalente;
o aplicador da lei, ao aplicá-la aos casos concretos, não deve tratar de �
forma desigual os seus destinatários.
Cabe ressaltar que o princípio da igualdade não veda o tratamento discri-
minatório entre indivíduos, quando há razoabilidade para a discriminação.
Diante de um concurso público, por exemplo, são admitidas restrições 
(ou favorecimentos) a determinados grupos de indivíduos, como:
reserva de vagas aos candidatos portadores de deficiência física; �
estabelecimento de idade mínima e máxima para o ingresso no cargo, �
dependendo das características específicas das atribuições do cargo;
 O Supremo Tribunal Federal tem considerado legítimo, por exemplo, o 
estabelecimento de idade máxima para os cargos de agente de polícia, 
agente penitenciário e delegado de polícia. Por outro lado, não consi-
derou legítima, por falta de razoabilidade, a fixação de idade mínima 
para o cargo de fiscal de tributos estaduais, professor universitário etc.
estabelecimento de altura mínima para o ingresso no cargo, a depen- �
der das características específicas das atribuições do cargo;
	 O STF considera legítima a fixação de altura mínima para os cargos 
de agente de polícia, agente penitenciário etc. Mas o próprio STF já 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
39
Direitos e deveres individuais e coletivos I
39
considerou inconstitucional a exigência de altura mínima para o in-
gresso no cargo de escrivão de polícia.
discriminação entre homens e mulheres em concurso público. �
	 Também é legítimo o tratamento discriminatório entre homens e mu-
lheres diante de concurso público, desde que tal discriminação seja 
justificável, em face das atribuições do cargo. Não há ofensa ao prin-
cípio da igualdade, por exemplo, na abertura de um concurso públi-
co exclusivamente para mulheres, para o preenchimento do cargo de 
agente penitenciário numa prisão feminina.
Não há que se falar em ofensa ao princípio da igualdade se o tratamento 
discriminatório é admitido pela própria Constituição.
Assim, se a própria Constituição estabelece que a lei deverá proteger o 
mercado de trabalho da mulher, mediante a concessão de incentivos espe-
cíficos (CF, art. 7.º, XX), é porque não há nessa hipótese uma ofensa ao prin-
cípio da igualdade.
Podemos citar, ainda, a previsão de aposentadoria da mulher com menor 
tempo de contribuição (CF, art. 40), reserva de certos cargos públicos para 
brasileiros natos (CF, art. 12, §3.º), previsão de tratamento favorecido às mi-
croempresas e empresas de pequeno porte (CF, art. 179) etc.
Entendemos ter sido desnecessário o disposto no inciso I do artigo 5.º, 
haja vista que o caput já havia falado que todos são iguais e assegurado a 
igualdade.
Além disso, cabe lembrar que a dignidade da pessoa humana é um fun-
damento da República Federativa do Brasil, e não há dúvidas de que um tra-
tamento discriminatório iria ferir tal fundamento, o que não seria possível, 
mas em função da nossa realidade discriminatória em relação à mulher, o 
legislador constituinte preferiu pecar pelo excesso.
Princípio da legalidade (CF, art. 5.º, II) 
O princípio da legalidade visa assegurar que só por meio das normas, de-
vidamente elaboradas conforme as regras do processo legislativo previsto 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
40
Direitos e deveres individuais e coletivos I
4141
na própria Constituição, podem-se criar obrigações para o indivíduo, pois 
estas são expressão da vontade geral.
O princípio da legalidade não se confunde com o princípio da reserva 
legal, já que o primeiro significa a submissão e o respeito à lei, ao Direito, 
ou à atuação dentro do que fora estabelecido pelo legislador, enquanto o 
segundo consiste na exigência de que a regulamentação de determinadas 
matérias há de ser feita necessariamente por lei formal.
Proteção contra a tortura, tratamento 
desumano ou degradante (CF, art. 5.º, III) 
Art. 5º [...]
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
[...]
A lei considerará crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia a 
prática de tortura.
O repúdio à tortura decorre do processo histórico brasileiro, uma vez que, 
no passado, governos ditatoriais se utilizaram dessa prática para desarticular 
seus opositores.
A Lei 9.455/97 define os crimes de tortura. Quanto ao tratamento desu-
mano e degradante não há uma definição legal do que seja, mas com a uti-
lização do bom senso é possível identificar o seu significado. De qualquer 
forma, para fins de prova, é importante ter ciência de que a Constituição da 
mesma forma o proíbe.
Entendemos também aqui ter sido desnecessário o dispostono inciso III 
do artigo 5.º, em função de a dignidade da pessoa humana ser um funda-
mento da República Federativa do Brasil, mas em função da nossa realidade 
(cabe ressaltar que alguns dos parlamentares que integraram a assembleia 
constituinte nacional sofreram torturas e tratamento degradante), o legisla-
dor constituinte preferiu, mais uma vez, pecar pelo excesso.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
41
Direitos e deveres individuais e coletivos I
41
Liberdade de manifestação de 
pensamento, vedado o anonimato (CF, art. 5.º, IV) 
O legislador constituinte achou importante assegurar a liberdade de ma-
nifestação do pensamento, até mesmo em função de ter vivenciado um pe-
ríodo de muita censura.
Mas há que se considerar que a liberdade de manifestação do pensamen-
to pode dar ensejo a abusos, que serão passíveis de responsabilização civil e 
penal, quando outros direitos fundamentais forem desrespeitados, como a 
honra ou a vida privada.
Para que haja equilíbrio entre os direitos, é vedado o anonimato, o que 
garante ao lesado o direito de defesa, em uma dupla perspectiva:
preventiva – o autor da manifestação deve adotar uma postura �
responsável;
repressiva – possibilita ao ofendido o direito de resposta, proporcional ao �
agravo além de indenizações por danos materiais, morais e à imagem.
A proibição do anonimato indica que não pode a manifestação ser não 
identificada, mas não impede o uso de pseudônimos. Tal vedação também 
não veda que os cidadãos anonimamente comuniquem às autoridades pú-
blicas a ocorrência de ilícitos.
Direito de resposta e indenização (CF, art. 5.º, V) 
O direito de resposta deve ser encarado sob duas perspectivas: dá ao 
ofendido o direito de retificação da informação incorreta, mas também serve 
para estabelecer uma espécie de contraditório pelo qual se pode esclarecer 
algum mal-entendido ou distorções da informação.
O direito de resposta é sempre proporcional ao agravo e poderá ser cumu-
lado com indenização por danos materiais, morais ou à imagem.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
42
Direitos e deveres individuais e coletivos I
4343
Liberdade de consciência e de crença; livre 
exercício dos cultos religiosos; proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias (CF, art. 5.º, VI) 
Desde o advento da República que há uma separação entre o Estado e a 
Igreja, sendo o Brasil um país laico, leigo ou não confessional, não havendo, 
portanto, qualquer religião oficial.
Em consonância com isso foi reconhecida a inviolabilidade da liberdade de 
consciência e de crença sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
Há que se destacar que a inviolabilidade da liberdade de consciência e 
de crença, e a garantia do livre exercício dos cultos religiosos foi prevista em 
uma norma de eficácia plena, enquanto a proteção aos locais de culto e suas 
liturgias foi feita por meio de uma norma jurídica de eficácia limitada depen-
dente até os dias de hoje de regulamentação.
Assistência religiosa nas entidades 
de intervenção coletiva (CF, art. 5.º, VII) 
Entendeu o legislador constituinte ser importante assegurar como um di-
reito fundamental a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva.
Já existe regulamentação desse inciso em relação às Forças Armadas (Lei 
6.923/81) e aos estabelecimentos prisionais (Lei 7.210/84 – Lei de Execução 
Penal).
Escusa ou imperativo de 
consciência (CF, art. 5.º, VIII) 
Esse inciso não se restringe ao serviço militar obrigatório, mas, sem 
dúvida, é o melhor exemplo.
De acordo com o artigo 143 da CF, o serviço militar é obrigatório para 
os homens nos termos da lei. Entretanto, o §1.º do referido artigo dispõe o 
seguinte:
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
43
Direitos e deveres individuais e coletivos I
43
Art. 143. [...]
§1.º às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em 
tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como 
tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem 
de atividades de caráter essencialmente militar.
O direito à objeção de consciência foi assegurado na Constituição, desde 
que seja prestado o serviço alternativo.
O serviço alternativo à prestação do serviço militar obrigatório já foi regu-
lamentado em lei (Lei 8.239, de 04/10/91), entretanto não foi implementado 
pelas Forças Armadas. Muitos jovens já manifestaram objeção de consciên-
cia em relação à prestação do serviço militar obrigatório, todavia, até o mo-
mento, ninguém efetivamente prestou tal serviço alternativo.
O artigo 3.º da Lei 8.239/91 dispõe o seguinte:
Art. 3.º O Serviço Militar inicial é obrigatório a todos os brasileiros, nos termos da lei.
§1.º Ao Estado-Maior das Forças Armadas compete, na forma da lei e em coordenação com os 
Ministérios Militares, atribuir Serviço Alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, 
alegarem imperativo de consciência decorrente de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.
§2.º Entende-se por Serviço Alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo, 
assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às atividades de caráter 
essencialmente militar.
§3.º O Serviço Alternativo será prestado em organizações militares da ativa e em órgãos 
de formação de reservas das Forças Armadas ou em órgãos subordinados aos Ministérios 
Civis, mediante convênios entre estes e os Ministérios Militares, desde que haja interesse 
recíproco e, também, sejam atendidas as aptidões do convocado.
Segundo o procurador da República em Santa Maria (RS)1 o serviço alternati-
vo não foi implantado, apesar de as normas necessárias para sua efetivação esta-
rem vigentes há algum tempo. Em função disso, o Ministério Público Federal e o 
Ministério Público Militar em Santa Maria ajuizaram uma ação civil pública.
Na ação se pleiteia a implantação do serviço alternativo e que seja infor-
mado à população o direito ao cumprimento do serviço alternativo em cam-
panha publicitária com “no mínimo, 30% (trinta por cento) do material publi-
citário utilizado sobre o serviço militar em todos os meios de divulgação 
(televisão, rádio, jornais, cartazes etc.)2”.
Para fins de prova o que importa é que se o jovem se negar a cumprir 
o serviço militar e, também se negar a cumprir a prestação alternativa, ele 
poderá ser privado de direitos, de acordo com o disposto no artigo 15, inciso 
IV, da CF, que dispõe:
1 Disponível em: <http://
noticias.pgr.mpf.gov.br/
noticias/noticias-do-site/
copy_of_direitos-do-ci-
dadao/>. Acesso em: 27 
abr. 2011.
2 AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
2008.71.02.000356-3, 2.ª 
Vara Federal de Santa 
Maria (RS).
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
44
Direitos e deveres individuais e coletivos I
4545
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos 
casos de:
[...]
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do 
art. 5º, VIII;
[...]
Liberdade de expressão (CF, art. 5.º, IX) 
A liberdade de expressão é o direito de manifestar livremente opiniões, 
ideias e pensamentos. É um conceito básico nas democracias modernas nas 
quais a censura não encontra respaldo.
Entretanto, o respeito à dignidade pessoal e também o respeito aos va-
lores da família impõem um limite à liberdade de programação de rádios e 
televisão,conforme o disposto no artigo 221 da CF, que diz:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos 
seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que 
objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais 
estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Concluindo, cabe registrar que o ser humano não pode ser exposto à 
mera curiosidade alheia, nem ser tomado como um simples instrumento de 
divertimento, ferindo-se a sua dignidade. Em casos assim, não será legítimo 
o exercício da liberdade de expressão.
Inviolabilidade da vida privada, 
da honra e da imagem (CF, art. 5.º, X) 
Conforme dispôs Marcelo Novelino (2009, p. 396): “A Constituição prote-
ge a privacidade (gênero) ao reconhecer como invioláveis a vida privada, a 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
45
Direitos e deveres individuais e coletivos I
45
intimidade, a honra e a imagem das pessoas (espécies), assegurando o direi-
to à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
O conceito de vida privada é mais amplo do que o de intimidade da 
pessoa. Pode-se dizer que a vida privada é composta de informações, as 
quais cabe somente ao seu titular escolher se as divulga ou não. Já a inti-
midade está relacionada ao modo de ser da pessoa, à sua identidade, que 
pode, muitas vezes, ser confundida com a vida privada. Pode-se dizer, por-
tanto, que dentro da vida privada ainda há a intimidade da pessoa.
Quanto à questão da imagem cabe citar a súmula 403 do Superior Tribu-
nal de Justiça, de 28/10/2009, que trata da indenização pela publicação não 
autorizada da imagem de alguém, tem o seguinte teor:
N. 403. Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da 
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
A respeito do tema cabe registrar que, no ano 2000, a 3.ª Turma do STJ 
garantiu a uma atriz famosa o direito a receber indenização por dano moral 
de um jornal carioca, devido à publicação não autorizada de uma foto da 
atriz retirada de ensaio fotográfico feito para uma revista masculina3.
Para aceitar o trabalho, a atriz impôs, em contrato escrito, as condições 
para cessão de sua imagem, fixando a remuneração e o tipo de fotos que 
seriam produzidas, demonstrando preocupação com a sua imagem e a qua-
lidade do trabalho, de modo a restringir e a controlar a forma de divulgação 
de sua imagem despida nas páginas da revista. No entanto, o jornal carioca 
estampou uma das fotos, extraída do ensaio para a revista em página inteira, 
sem qualquer autorização.
Para a Turma, a atriz foi violentada em seu crédito como pessoa, pois cedeu 
o seu direito de imagem a um determinado nível de publicação e poderia 
não querer que outro grupo da população tivesse acesso a essa imagem. Os 
ministros, por maioria, afirmaram que ela é uma pessoa pública, mas nem 
por isso deve aceitar que sua imagem seja publicada em lugar que não au-
torizou, e deve ter sentido raiva, dor, desilusão, por ter visto sua foto em uma 
publicação que não foi de sua vontade. Por essa razão, deve ser indenizada.
3 Disponível em: <www.
bombini.adv.br/home.asp
?pag=Noticias&chave=26
8&ftr=2011>. Acesso em: 
27 abr. 2011.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
46
Direitos e deveres individuais e coletivos I
4747
Sigilo bancário 
O sigilo bancário tem sido tratado pelo STF e pelo STJ como tema sujeito 
à proteção da vida privada dos indivíduos.
Consiste na obrigação imposta a bancos e seus funcionários de discri-
ção, a respeito de negócios de pessoas com que lidaram, abrangendo dados 
sobre abertura e fechamento de contas e sua movimentação.
O direito ao sigilo bancário, todavia, não é absoluto. A jurisprudência4 
admite que o sigilo bancário pode ser quebrado:
por decisão judicial fundamentada; �
por decisão de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), desde que �
tomada por maioria absoluta dos seus membros e devidamente fun-
damentada;
por autoridade fiscal da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos �
Municípios, desde que observados os procedimentos legais (Lei Com-
plementar 105/2001, art. 6.º).
Em relação ao terceiro item acima cabe registrar que, em 15/12/2010, foi 
noticiado no sítio do STF o seguinte5:
STF nega quebra de sigilo bancário de empresa pelo Fisco sem ordem judicial
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu provimento 
a um Recurso Extraordinário (RE 389808) em que a empresa GVA Indústria e Comércio 
S/A questionava o acesso da Receita Federal a informações fiscais da empresa, sem 
fundamentação e sem autorização judicial. Por cinco votos a quatro, os ministros 
entenderam que não pode haver acesso a esses dados sem ordem do Poder Judiciário.
O caso
A matéria tem origem em comunicado feito pelo Banco Santander à empresa GVA Indústria 
e Comércio S/A, informando que a Delegacia da Receita Federal do Brasil – com amparo 
na Lei Complementar nº 105/2001 – havia determinado àquela instituição financeira, em 
mandado de procedimento fiscal, a entrega de extratos e demais documentos pertinentes 
à movimentação bancária da empresa relativamente ao período de 1998 a julho de 2001. 
O Banco Santander cientificou a empresa que, em virtude de tal mandado, iria fornecer os 
dados bancários em questão.
A empresa ajuizou o RE no Supremo contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional 
Federal da 4.ª Região, que permitiu “o acesso da autoridade fiscal a dados relativos à 
movimentação financeira dos contribuintes, no bojo do procedimento fiscal regularmente 
instaurado”. Para a GVA, “o poder de devassa nos registros naturalmente sigilosos, sem a 
4 STF-RE 219780/PE, Rel. 
Min. Carlos Velloso, 2.a T., 
j. 13/04/1999.
5 Disponível em: <www.
stf.jus.br/arquivo/cms/
publ icacaoI nformati -
voTema/anexo/5 ._ I n-
f o r m a t i v o _ m e n s a l _
dezembro_2010.pdf>; 
< w w w. j u s b ra s i l . co m .
br/not ic ias/2510539/
stf-nega-quebra-de-sigi-
lo-bancario-de-empre-
sa-pelo-fisco-sem-ordem-
judicial>. Acesso em: 27 
abr. 2011.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
47
Direitos e deveres individuais e coletivos I
47
mínima fundamentação, e ainda sem a necessária intervenção judicial, não encontram 
qualquer fundamento de validade na Constituição Federal”. Afirma que foi obrigada por 
meio de Mandado de Procedimento Fiscal a apresentar seus extratos bancários referentes 
ao ano de 1998, sem qualquer autorização judicial, com fundamento apenas nas 
disposições da Lei 10.174/2001, da Lei Complementar 105/2001 e do Decreto 3.724/2001, 
sem qualquer respaldo constitucional.
Dignidade
O ministro Marco Aurélio (relator) votou pelo provimento do recurso, sendo acompanhado 
pelos ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso. O 
princípio da dignidade da pessoa humana foi o fundamento do relator para votar a favor 
da empresa. De acordo com ele, a vida em sociedade pressupõe segurança e estabilidade, 
e não a surpresa. E, para garantir isso, é necessário o respeito à inviolabilidade das 
informações do cidadão.
Ainda de acordo com o ministro, é necessário assegurar a privacidade. A exceção para 
mitigar esta regra só pode vir por ordem judicial, e para instrução penal, não para outras 
finalidades. “É preciso resguardar o cidadão de atos extravagantes que possam, de alguma 
forma, alcançá-lo na dignidade”, salientou o ministro.
Por fim, o ministro disse entender que a quebra do sigilosem autorização judicial banaliza 
o que a Constituição Federal tenta proteger, a privacidade do cidadão. Com esses 
argumentos o relator votou no sentido de considerar que só é possível o afastamento 
do sigilo bancário de pessoas naturais e jurídicas a partir de ordem emanada do Poder 
Judiciário.
Já o ministro Gilmar Mendes disse em seu voto que não se trata de se negar acesso às 
informações, mas de restringir, exigir que haja observância da reserva de jurisdição. Para 
ele, faz-se presente, no caso, a necessidade de reserva de jurisdição.
Para o ministro Celso de Mello, decano da Corte, o Estado tem poder para investigar e 
fiscalizar, mas a decretação da quebra de sigilo bancário só pode ser feita mediante ordem 
emanada do Poder Judiciário.
Em nada compromete a competência para investigar atribuída ao poder público, que 
sempre que achar necessário, poderá pedir ao Judiciário a quebra do sigilo.
Divergência
Os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ayres Britto e Ellen Gracie votaram pelo 
desprovimento do RE. De acordo com o ministro Dias Toffoli, a lei que regulamentou 
a transferência dos dados sigilosos das instituições financeiras para a Receita Federal 
respeita as garantias fundamentais presentes na Constituição Federal. Para a ministra 
Cármen Lúcia, não existe quebra de privacidade do cidadão, mas apenas a transferência 
para outro órgão dos dados protegidos.
Em regra, o Ministério Público não pode decretar a quebra do sigilo ban-
cário. Segundo a jurisprudência do STF, o Ministério Público somente pode 
quebrar o sigilo bancário diante do emprego de verba pública, em respeito 
ao princípio da publicidade.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
48
Direitos e deveres individuais e coletivos I
4949
Inviolabilidade do domicílio (CF, art. 5.º, XI) 
A “casa” do indivíduo foi protegida pela Constituição contra a invasão 
por parte de terceiros: somente com o consentimento do morador pode-se 
adentrar em sua “casa”, ressalvadas as estritas hipóteses previstas na própria 
Constituição.
Quanto a esta questão cabem os seguintes registros:
em caso de flagrante delito (prática atual de um crime), desastre (desa- �
bamento, incêndio etc.) ou para prestar socorro (exemplo: o morador 
estar desmaiado) a Constituição autoriza o ingresso a qualquer hora, 
durante o dia ou durante a noite, independentemente de autorização 
judicial;
por ordem judicial só é permitido o ingresso durante o dia; �
	 Não há consenso doutrinário sobre o que seja “dia” para a Constituição 
Federal. Alguns defendem que seja obedecida a regra do Código de 
Processo Civil, que considera dia o período entre 6 e 20h; outros au-
tores (entre eles, José Celso Mello Filho, 1986, p. 442) entendem que o 
importante é ainda estar claro, sendo irrelevante a hora.
a expressão “casa”, utilizada na Constituição, tem alcance amplo, abran- �
gendo não apenas a residência fixa do morador, mas também outras 
dependências não abertas ao público, ainda que de natureza não resi-
dencial (exemplo: escritório profissional, consultório médico etc.);
após a Constituição Federal de 1988, as buscas e apreensões adminis- �
trativas, nesses ambientes, tornaram-se inconstitucionais.
Sigilo das correspondências (CF, art. 5.º, XII) 
Pela leitura do inciso XII do artigo 5.º podemos ter a impressão de que a 
inviolabilidade só poderá ser excepcionada no caso das comunicações tele-
fônicas, por ordem judicial. Pode parecer que as demais inviolabilidades – da 
correspondência, das comunicações telegráficas e de dados – seriam absolu-
tas, não se admitindo sua quebra nem mesmo por ordem judicial.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
49
Direitos e deveres individuais e coletivos I
49
Porém, dois aspectos merecem ser ressaltados:
em situações excepcionais, a própria Constituição admite restrições �
ao direito ao sigilo de correspondência, de comunicação telegráfica e 
telefônica, como nos casos de estado de defesa e estado de sítio (CF, 
arts. 136 e 139);
o constitucionalismo contemporâneo refuta a ideia de qualquer liber- �
dade individual absoluta, que não admita ressalvas em face de outras 
garantias constitucionais. O STF já se manifestou no sentido de ser 
possível, respeitados determinados parâmetros, a interceptação das 
correspondências e comunicação telegráficas e de dados sempre que 
tais liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como instrumento 
de salvaguarda de práticas lícitas (STF, HC 70.814)6.
No caso das comunicações telefônicas, o próprio texto constitucional já 
admite expressamente a possibilidade de sua violação, mediante intercep-
tação telefônica, desde que após ordem judicial e nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces-
sual penal.
São, portanto, três os requisitos necessários para a violação das comuni-
cações telefônicas (interceptação telefônica):
ordem judicial; �
somente para fins de investigação criminal ou instrução processual �
penal;
somente nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer. �
A atuação do magistrado na autorização da interceptação telefônica é li-
mitada pela CF, haja vista que ele só pode autorizar a interceptação para fins 
de investigação criminal ou instrução processual penal e, ainda assim, nas 
estritas hipóteses e nos termos que a lei estabelecer.
Caso haja uma autorização judicial para interceptação telefônica para fins 
de investigação administrativa (por exemplo no caso de um processo admi-
nistrativo disciplinar ou fiscal), ela será inconstitucional, e a prova resultante 
desta interceptação será ilícita (teoria dos frutos da árvore envenenada7).
6 HC 70814/SP, Rel. Min. 
Celso de Mello 1.a T., j. 
01/03/1994.
7 A teoria dos frutos da 
árvore envenenada foi 
criada pela Suprema Corte 
dos Estados Unidos, que 
fez uma analogia ao dizer 
que da mesma forma 
que os vícios da planta 
são transmitidos aos seus 
frutos, os vícios de uma 
determinada prova conta-
minam as demais provas 
que dela se originaram.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
50
Direitos e deveres individuais e coletivos I
5151
A regulamentação desse dispositivo foi feita pela Lei 9.296/96. Até a 
edição dessa Lei, o STF considerou inconstitucionais todas as interceptações 
telefônicas autorizadas pelos magistrados e determinou a retirada dos autos 
das provas obtidas por meio da medida, por serem provas ilícitas.
A Lei 9.296/96 veio legitimar a interceptação das comunicações telefôni-
cas como meio de prova, estendendo também a sua regulação à intercep-
tação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática 
(e-mail etc.).
Liberdade de exercício 
profissional (CF, art. 5.º, XIII) 
A Constituição assegura a liberdade de exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer. Essa é 
uma típica norma constitucional de eficácia contida, podendo a norma in-
fraconstitucional limitar seu alcance, fixando condições ou requisitos para o 
pleno exercício da profissão.
Por exemplo, para exercer a profissão de médico existe uma norma jurídi-
ca que impõe os requisitos necessários para tanto, por exemplo, ter concluído 
a graduação, ter feito residência, estar inscrito no CRM etc., logo quem não 
preencher os requisitos previstos na norma regulamentadora não poderá 
exercer a profissão de médico. No caso da profissão de artesão não existe 
qualquer exigência prevista em lei para o seu exercício, o que não impede 
que no futuro venha a existir tal norma jurídica de modo a restringir o direito 
ao livre exercício profissional.
Amplo acesso à informação (CF, art. 5.º, XIV) 
Até o século XV, o mundo ocidentalestava preso à monarquia absolutista 
e às instituições feudais. Essa forma de governo se caracterizou pela concen-
tração total do poder nas mãos de um só indivíduo ou, excepcionalmente, 
nas mãos de um grupo de indivíduos.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
51
Direitos e deveres individuais e coletivos I
51
Nesse cenário, era difícil exercer qualquer tipo de liberdade, ainda mais a 
de informação.
A igreja, juntamente com o soberano, destruía qualquer tipo de docu-
mento, livro ou informação que pudesse abalar os poderes absolutos.
Somente no século XVI foi possível o aparecimento dos primeiros jornais. 
Com o passar do tempo, a importância da informação passou a ser reconhe-
cida e discutida em várias partes do mundo.
Em 1945, as Nações Unidas concluíram que a liberdade de intercâmbio de 
ideias e a necessidade de desenvolver os meios de comunicação entre os povos 
são essenciais à humanidade. Seguindo este posicionamento, editou uma re-
solução em que recepcionou a liberdade de informação como sendo um direi-
to fundamental do homem e a pedra de toque de todas as liberdades.
Outros textos como a declaração universal dos direitos humanos fizeram 
o mesmo. O acesso à informação é o direito que todos têm de buscar as in-
formações, bem como o de procurar diretamente as fontes de informação 
nas quais confia.
Dessa forma, o cidadão não pode ser impedido de se informar, e isto foi 
assegurado pelo legislador constituinte, sendo vedado ao poder público in-
terferir nesse direito, exceto, é claro, nas matérias sigilosas previstas no artigo 
5.º, XXXIII, parte final, da CF.
A este respeito, destaca-se o Decreto 4.553/2002, que regula o artigo 23 
da Lei 8.159/91, que diz
Art. 23. Decreto fixará as categorias de sigilo que deverão ser obedecidas pelos órgãos 
públicos na classificação dos documentos por eles produzidos.
§1.º Os documentos cuja divulgação ponha em risco a segurança da sociedade e do 
Estado, bem como aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da 
vida privada, da honra e da imagem das pessoas são originariamente sigilosos.
§2.º O acesso aos documentos sigilosos referentes à segurança da sociedade e do Estado 
será restrito por um prazo máximo de 30 (trinta) anos, a contar da data de sua produção, 
podendo esse prazo ser prorrogado, por uma única vez, por igual período.
§3.º O acesso aos documentos sigilosos referente à honra e à imagem das pessoas será 
restrito por um prazo máximo de 100 (cem) anos, a contar da sua data de produção.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
52
Direitos e deveres individuais e coletivos I
5353
Atividades de aplicação
Julgue os itens a seguir como certo ou errado.
1. (Cespe) O livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, des-
de que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer, é 
norma constitucional de eficácia contida; portanto, o legislador ordinário 
atua para tornar exercitável o direito nela previsto.
2. (Cespe) Sendo os direitos fundamentais válidos tanto para as pessoas fí-
sicas quanto para as jurídicas, não há, na Constituição Federal de 1988 
(CF), exemplo de garantia desses direitos que se destine exclusivamente 
às pessoas físicas.
3. (Cespe) A dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da Repúbli-
ca Federativa do Brasil, apresenta-se como direito de proteção individual 
em relação ao Estado e aos demais indivíduos e como dever fundamental 
de tratamento igualitário dos próprios semelhantes.
Dicas de estudo
Use todo tempo disponível para estudar, tenha sempre o material im- �
presso para ler no transporte, ao esperar em filas etc.
Tenha uma Constituição Federal e leia todos os artigos, relacionados à �
matéria que pretende estudar, repetidas vezes.
Adote um bom livro de Direito Constitucional. �
Sempre inicie o estudo das disciplinas antes mesmo de ver as videoau- �
las, desta forma ao assistir as videoaulas você já terá tido algum conta-
to com a matéria e elas serão muito mais produtivas.
Acompanhe a jurisprudência, principalmente a do STF, e em especial �
em questões polêmicas.
Imediatamente após o estudo de cada tópico faça exercícios sobre o �
tema estudado.
Faça muitos exercícios! Resolva todas as provas anteriores (conheça �
profundamente a banca examinadora e leia, atentamente, o edital).
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
53
Direitos e deveres individuais e coletivos I
53
Abuse das marcações nos livros e use esquemas, planilhas e mapas �
mentais. Utilize-se de processos mnemônicos. Tudo isso auxilia na 
memorização.
Ao rever a matéria, leia só as marcações e faça os exercícios que você já �
assinalou antes. Faça isso, inclusive, na véspera da prova.
Esteja ciente de que por melhor que sejam as videoaulas assistidas o �
que garante a aprovação é a dedicação do aluno.
Boa sorte e sucesso!
Referências
MELLO FILHO, José Celso. Constituição Federal Anotada. 2. ed. São Paulo: Sarai-
va, 1986.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Método, 2009.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplica-
do. 4. ed. São Paulo: Método, 2009.
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 7. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2007.
______. Curso de Direito Constitucional Positivo. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 
2003.
Gabarito
1. Errado. A primeira parte do enunciado está correta, pois o livre exercício de 
qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer, é norma constitucional de eficácia conti-
da. Mas ao concluir dizendo “portanto, o legislador ordinário atua para tor-
nar exercitável o direito nela previsto” o enunciado faz referência a uma nor-
ma de eficácia limitada. Quanto a este tema, cabe o seguinte registro: José 
Afonso da Silva (2007) classificou as normas jurídicas constitucionais quanto 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
54
Direitos e deveres individuais e coletivos I
a sua eficácia em três modalidades que são: 1) Normas de eficácia plena – 
produzem os seus plenos efeitos com a entrada em vigor da Constituição, 
independentemente de qualquer regulamentação por lei. Portanto, são do-
tadas de aplicabilidade imediata (estão aptas a produzir efeitos imediata-
mente), direta (não dependem de qualquer norma regulamentadora para 
produzir efeitos) e integral (produzem seus integrais efeitos). 2) Normas de 
eficácia contida – também estão aptas a produzir seus plenos efeitos com a 
promulgação da Constituição (aplicabilidade imediata), mas podem ser res-
tringidas. O direito nelas previsto é imediatamente exercitável, mas poderá 
ser restringido no futuro. Além de serem dotadas de aplicabilidade imediata, 
tem aplicabilidade direta (não dependem de norma regulamentadora para 
produzir efeitos), mas não integral (porque estão sujeitas à imposição de res-
trições). As restrições às normas de eficácia contida podem ser impostas: i) 
pela lei (art. 5.o, XIII, da Constituição, que prevê que restrições ao exercício de 
trabalho, ofício ou profissão poderão ser impostas pela lei que estabelecer 
as qualificações profissionais); ii) por outras normas constitucionais (art. 139 
da CF, que estabelece restrições ao exercício de certos direitos fundamen-
tais, durante o período de estado de sítio); iii) por conceitos ético-jurídicos 
geralmente aceitos (art. 5. º, XXV, da CF, no qual o conceito de “iminente 
perigo público” atua como uma restrição imposta ao poder do Estado de 
requisitar propriedadeparticular). 3) Normas de eficácia limitada são aque-
las que produzem seus plenos efeitos apenas depois de regulamentadas. 
Elas asseguram um dado direito, mas esse não poderá ser plenamente exer-
cido enquanto não for regulamentado pelo legislador infraconstitucional. 
Portanto, são dotadas de aplicabilidade mediata (só produzirão seus efeitos 
essenciais depois da regulamentação por lei), indireta (dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus plenos efeitos) e reduzida (com a pro-
mulgação da Constituição possuem apenas eficácia “negativa”).
2 . Errado. Vários direitos fundamentais destinam-se tanto a pessoas físicas como 
jurídicas, como a inviolabilidade da honra e da imagem. Entretanto, alguns des-
tinam-se exclusivamente a pessoas físicas, como a proteção contra a tortura, 
tratamento desumano ou degradante ou a vedação à pena de morte.
3. Certo. A dignidade da pessoa humana é um fundamento da República 
Federativa do Brasil (CF, art. 1.º, III). Tal fundamento gera desdobramen-
tos ao longo de toda a Constituição, manifestando-se de diversas formas, 
entre elas, como proteção que o particular possui frente ao Estado e em 
face, também, dos demais particulares. A dignidade da pessoa humana 
também não se coaduna com tratamentos desiguais entre semelhantes.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes