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Vict�ria K. L. Card�so Febre de �rigem indeterminada Introdução Conceito geral: ● TAX > 37,8ºC, em várias ocasiões, por no mínimo 3 semanas e após 1 semana de investigação hospitalar infrutífera. ● Quanto ao tempo de propedêutica: ○ 3 dias de investigação hospitalar ou 3 consultas em ambulatório. Importante - medicações em uso: ● Toda a medicação indispensável deverá ser suspensa, a não ser que o fármaco seja de uso indispensável, para se ter certeza de como a febre se comporta integralmente. Classificações da FOI: ● FOI clássica: ○ TAX ≥ 37,8ºC, em várias ocasiões, por no mínimo 3 semanas sem diagnóstico, após 3 dias de investigação hospitalar ou 3 consultas ambulatoriais. ● FOI nosocomial (hospitalar): ○ Para pacientes internados → TAX ≥ 37,8ºC, sem infecção ou com doença incubada à admissão e ausência de diagnóstico após 3 dias. ■ Apesar de investigação adequada (incluindo 48h de cultura microbiológica). ○ Ocorre em situações associadas a hospitalizações, tais como: ■ Procedimentos cirúrgicos. ■ Sondagem urinária. ■ Intubação endotraqueal. ■ Cateteres. ■ Medicamentos. ■ Imobilização associada à embolia pulmonar por repetição. ■ Colite por Clostridium difficile. ● FOI em pacientes neutropênicos: ○ Neutrófilo < 500 mm³, com febre ≥ 37,8ºC e ausência de diagnóstico após 3 dias. ■ Apesar de investigação adequada (incluindo pelo menos 48h de cultura microbiológica). ● FOI em HIV: ○ Infecção pelo HIV confirmada, com febre ≥ 37,8ºC e duração ≥ 4 semanas (regime ambulatorial) ou Vict�ria K. L. Card�so ≥ 3 dias em pacientes internados, na ausência de diagnóstico. ■ Apesar de investigação adequada (incluindo pelo menos 48h de cultura microbiológica). ○ Nesses casos, as associações são: ■ Infecções oportunistas. ■ Febre pelo próprio HIV. ■ Neoplasias. ■ Reações a drogas. Obs: na fase aguda do HIV, a febre com outros sintomas (mialgia, erupção cutânea, cefaléia, linfadenopatia) ocorre por uma síndrome semelhante à de mononucleose infecciosa. Febre no idoso: é como uma subclassificação da FOI e não uma classificação em si. ● Nos pacientes idosos a febre está ausente ou de forma mínima em 20-30% dos casos, até mesmo no caso de infecções graves. ○ Assim, a febre nesses casos indica infecção grave e geralmente bacteriana. ● Quando o paciente idoso é considerado febril: ○ Temperatura corpórea > 37,2ºC de forma persistente, caso acima da temperatura basal. ○ Elevação ≥ 1,3ºC na temperatura basal, em qualquer sítio. ○ Temperatura oral ou timpânica > 37,2ºC. ○ Temperatura retal > 37,5ºC em várias ocasiões. ● Abordagem da FOI no idoso: ○ Anamnese e exame físico: devem ser detalhados e bem feitos, focando nos sinais e sintomas de doenças intra-abdominais, doenças cardíacas, tuberculose, desordens músculo-esqueléticas e tumores. ○ Exames complementares: ■ Radiografia de tórax. ■ Exames laboratoriais básicos. ■ Estudos de imagem do abdome. ■ Hemoculturas. ■ Ecocardiograma. ○ Importante: todas as drogas dispensáveis deverão ser interrompidas. Etiologia Principal causa: infecções. ● Seguida de: doenças neoplásicas e inflamatórias. Febre factícia: é rara, ocorre principalmente entre profissionais de saúde e seus familiares do sexo feminino. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● O paciente que realiza a indução de febre precisa de tratamento psiquiátrico. Hipertermia habitual: ● Ocorre principalmente em mulheres jovens e com reação psiconeurótica. ● Temperatura entre 37,2ºC e 37,8ºC a tarde, com queixas vagas e que desaparecem junto com a remoção do problema precipitante ou após administração de tranquilizantes. Aspectos que sugerem infecção: ● Menor tempo de duração da síndrome febril. ● Diagnóstico da síndrome infecciosa no primeiro trimestre de estudo. ● Proteína C-reativa > 100 mg/L → infecção bacteriana. ● Teste com naproxeno negativo → infecção bacteriana. ● Leucocitose com desvio à esquerda → infecção bacteriana. Aspectos que sugerem neoplasia: ● Maior tempo de duração da síndrome febril. ○ As neoplasias são mais raras quando a febre tem duração > 1 ano. ● Diagnóstico após o primeiro trimestre de estudo. ● Teste com naproxeno positivo → febre de origem neoplásica. ● Perda de > 1 kg por semana. ● Eosinofilia → pode sugerir helmintose (principalmente esquistossomose) ou neoplasia (principalmente doença de Hodgkin). Características clínicas 1. Certificar que o paciente tem febre. 2. Realizar um exame clínico sistematizado, minucioso e repetido sempre que possível. 3. Excluir doenças potencialmente graves e tratáveis. 4. Excluir febre por medicamentos. 5. Excluir imunodepressão subjacente. 6. Realizar exames complementares de qualidade. 7. Pensar em associação de doenças. 8. Definir critérios para a indicação de terapêutica de prova e laparotomia exploradora. 9. Estar presente quando outros colegas forem avaliar e opinar sobre o caso. 10. Manter uma boa relação médico-paciente. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Anamnese e exame físico: ● Devem ser completos e repetidos periodicamente. ○ É importante valorizar os dados da história, do exame físico ou do exame complementar minimamente alterado. ● Anamnese completa e abrangente: não se limita aos dados orgânicos, inclui aspectos profissionais, viagens, moradia, contato com pessoas doentes ou animais e endemias locais. ○ Outras investigações: história pregressa, pesquisa de tratamentos (medicamentos, transfusões sanguíneas e acupuntura), doenças anteriores e cirurgias, inclusive dentárias. ● História familiar: pesquisar sempre doenças semelhantes às do paciente e doenças de origem genética. ● Exame físico: pesquisa completa, com procura de lesões cutâneas (exantemas, petéquias e nódulos), lesões de orofaringe, seios paranasais, dentes, visceromegalias, linfadenomegalias, massas abdominais ou pélvicas, sopros cardíacos, exame de fundo de olho, boca, orofaringe, dentes, região anal e reto. ○ Repete-se diariamente até o diagnóstico. Diagnósticos e exames complementares Exames complementares: ● Deve-se colher, logo após se reconhecer a FOI, uma amostra de sangue que será conservada a 4ºC. ○ Objetivo: comparação futura dos títulos sorológicos, permitindo saber se os níveis de anticorpos estão subindo ou caindo durante a doença atual. ● Deve-se iniciar os exames dos menos invasivos aos mais invasivos, de acordo com a necessidade. ○ Obs: não se deve realizar reações sorológicas de forma rotineira, por conta da baixa especificidade de algumas reações. ● Principais exames a se pedir na FOI: ○ Hemograma e hematoscopia. ○ Velocidade de eritrosedimentação (30 e 60 min). ○ Gota espessa. ○ Transaminases, fosfatase alcalina (muito útil), bilirrubinas. ■ Fosfatase → sua elevação relata acometimento hepático; ○ Eletroforese de proteínas. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Hemoculturas. ○ Exame parasitológico das fezes. ● Teste cutâneo importante: PPD ● Exames de imagem mais importantes: ○ Radiologia: tórax, abdômen, coluna vertebral, ossos longos, crânio → pouco úteis; dentes, seios e paranasais → muito úteis. ○ Ultrassonografia: pesquisa de massas e coleções líquidas das regiões cervical, torácica, abdominal e pélvica. ○ Ecocardiografia: muito útil na endocardite bacteriana. ○ Tomografia computadorizada: muito eficiente na detecção de massas e coleções líquidas no crânio, tórax, abdômen e pelve. ○ Ressonância magnética: muito útil, mas com disponibilidade restrita. Biópsias: ● As mais pedidas: linfonodos, medula óssea e hepática. ○ Linfonodos infartados devem ser sempre biopsiados nesses casos. ● Apenas se realizam biópsias caso haja evidências da doença. ● Biópsia de medula: realiza-se com frequência na FOI, mesmo na ausência de alterações no sangue periférico. Laparoscopia: ● Apenas em últimas circunstâncias → muito útil quando há evidências de doenças intra-abdominais. Terapêutica de prova: ● Geral: devem ser em condições bem definidas. ○ Não existe motivo para utilizar a terapêutica de prova, quando órgãos vitais, como coração, pulmão, rins oucérebro, não estão seriamente comprometidos. ● Indicações - doenças graves: ○ São rapidamente progressivas, com ameaça à estabilidade de sistema fisiológico principal. ● Indicações - doenças crônicas: ○ São mais progressivas, mesmo após propedêutica exaustiva. ○ A maioria das possibilidades diagnósticas foi excluída, restando uma ou duas mais prováveis, sendo que existe tratamento eficaz para pelo menos uma delas. @p�sitivamed
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