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Resenha crítica do artigo Augusto Comte e o positivismo redescoberto

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Faculdade Unyleya
Resenha crítica 
Augusto Comte e o “positivismo” redescobertos
Juliana Costa Bernardes
23/04/2022
Resenha crítica apresentada na disciplina Ensino e pesquisa da tutora Fernanda Beatriz Ferreira de Macedo com pontuação máxima de 10 pontos. 
Resenha crítica do artigo “Augusto Comte e o “positivismo” redescoberto”:
LACERDA, Gustavo Biscaia de. Augusto Comte e o "positivismo" redescobertos. Revista de Sociologia e Política [online]. 2009, v. 17, n. 34, pp. 319-343. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-44782009000300021>.
Apresenta-se uma resenha crítica a partir da leitura do artigo de Gustavo Biscaia de Lacerda, Augusto Comte e o positivismo redescobertos. Lacerda, doutor em sociologia nos convida a revisitar a obra de Augusto Comte propondo uma discussão crítica a partir de Giddens sobre as contribuições do positivismo comteano para a reflexão social e da contemporaneidade política. Traz também uma discussão sobre as variações de significado da palavra “positivismo” e a variações teóricas surgidas posteriormente. 
O ponto de origem do debate em que é apresentada a imprecisão dos conceitos do positivismo e suas variações (“positivismos”) nas ciências encontra-se na introdução do artigo. O caráter negativo do positivismo e relação de Comte com os “positivismos” e abordagem de Comte nas ciências sociais pelas críticas de Giddens são os pontos principais do artigo apresentado. 
No exame de Comte através das obras Giddens, Lacerda tenta recuperar as formas como era abordada o pensamento comteano nas Ciências Sociais. Esse exame foi dividido em partes (subitens) para facilitar a compreensão e a avaliação do pensamento de Comte como afirma o autor e representa (grifo nosso), um método positivista da compreensão dos fatos. Lacerda apresenta todas as críticas para o termo positivismo idealizado por Comte, na visão de Giddens em “Comte como promotor da tecnologia social não-reflexiva, “A retórica da loucura” e em “Filosofia das Ciências”. Aponta como Comte trouxe um paradigma não-reflexivo da sociedade e afirma que várias correntes críticas demonstram essa perspectiva, como o marxismo, o pós-modernismo e a sociologia compreensiva. Giddens torna-se, então, o maior rival do pensamento comteano apresentando críticas intensas e tornando o positivismo comteano combatido ao longo da história do pensamento social e construindo um paradigma antipositivista das ciências. 
No sentindo de elucidar que há inúmeras formas de positivismo que não estão relacionadas à Comte, Lacerda apresenta os 12 pontos de Peter Halfpenny. Também chama atenção que na Filosofia das ciências e na Sociologia não é teoricamente “correto” relacionar o nome de Comte ao positivismo. Ele cita alguns erros metodológicos relacionados a esse uso, como por exemplo, relacionar Comte as ideias do Círculo de Viena. Então, para Lacerda as argumentações de Giddens são frágeis e enviesadas por tratar as obras de Comte de modo superficial, tornando-o apenas um mero cientificista e tecnocrático. 
Lacerda apresenta obras de autores franceses e de um brasileiro para traçar, compreender e recuperar a importância contemporânea do pensamento de Comte. São eles Juliette Grange, Laurenti Fédi e Sérgio Tiski que abordam os elementos do positivismo sem incorrer nos diversos problemas teóricos e metodológicos de Giddens e de outros autores apresentados no texto analisado. Esses autores discorrem sobre temais atuais como ecologia, empirismo, economicismo, religião, historicismo, separação entre Estado e religião, entre outros, e apontam que o positivismo apresenta elementos para todas essas questões atuais, deixando de lado o rótulo do senso comum acadêmico contemporâneo de “positivista”. 
Juliette Grange faz uma apresentação sistemática da obra de Comte e demonstra a aproximação do pensamento comteano às preocupações atuais do mundo como o pacifismo, a mundialização, a ecologia, dentre outros. Já Laurent Fédi retomar o debate original do relativismo positivo da obra de Comte de modo didático e se preocupa também em demonstrar a atualidade do positivismo comteano às questões atuais (inclusão social, separação entre Igreja e Estado, a importância da subjetividade e afetividade humana, deontologia pacifista da sociedade moderna, entre outros). E o autor brasileiro Sérgio Tiski apresenta a ideia central de Comte, a religião. Esse autor é exaustivo, minucioso o que torna sua obra cansativa, embora consiga apresentar de forma clara alguns elementos da obra comteana, como: as relações teóricas, epistemológicas e políticas da religião, da teologia e da positividade; a continuidade na carreira de Comte; a possibilidade de uma religião humana e humanista. Apesar de usar o senso comum para expor as ideias de Comte, gerando muitas vezes confusões e problemas teóricos de compreensão, Lacerda afirma que o conjunto da pesquisa de Tiski não foi prejudicado e apresentou o resultado satisfatório proposto de compreensão do pensamento comteano. 
A propósito, Lacerda atinge seu principal objetivo apresentado ao longo de todo artigo: recuperar a importância contemporânea de Augusto Comte às Ciências Sociais. Apresenta também a importância de Comte de maneira mais ampla nas Ciências sociais e humanas; para ele apesar de todas as críticas e interpretações enviesadas das obras de Comte isso se refere apenas as diferenças entre as várias correntes do pensamento social e político ao longo da história das ciências. Ademais, o positivismo está circunscrito na história, e as sociedades atuais muitas vezes ainda se apoiam em ideias surgidas num passado não tão distante como ordem e progresso, justiça social, responsabilidade social, relações sociais pacíficas e fraternas. Isso não demostraria então uma atualidade do positivismo? Um retorno ao passado cientificista? Assim, a posição de Lacerda estaria apoiada nesse retorno atualizado do positivismo científico e até então renegado pela quebra do paradigma científico da pós-modernidade. Muitos acontecimentos atuais na política e sociedade brasileira retomam esse passado.

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