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USO DO HTP PARA INVESTIGAÇÃO DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE Amanda Rodrigues de Aquino¹; Carla Danielle Silva Rodrigues¹; Larissa Farias Rodrigues¹; Sarah Cristina Nascimento Moreira Durães¹; Vitória Xavier Borges¹; Laura Lilian Ferreira Silva² 1. Estudante de Psicologia da Faculdade Integrada do Norte de Minas- FUNORTE 2. Professora de Psicologia da Faculdade Integrada do Norte de Minas – FUNORTE Introdução Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade é a segunda condição mental, depois da depressão, com maior incidência de incapacidade na maioria dos países analisados, o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo, 9,3% da população convivem com o transtorno e 5,8% sofrem de depressão. A classificação Internacional de Doenças, o CID-10 classifica a depressão em três graus: leve, moderado ou grave, e apresenta o conceito de Transtorno Misto Ansioso e Depressivo (TMAD), onde ocorre uma sobreposição de ansiedade e depressão. O Teste Projetivo House-Tree-Person (HTP) pode servir como ferramenta para o Processo de Avaliação Psicológica para o estudo da personalidade em que a ansiedade e a depressão estejam presentes. O HPT possibilita identificar aspectos da personalidade do sujeito por meio do desenho, bem como a forma deste indivíduo interagir com as pessoas e com o ambiente. O HTP “estimula a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica e proporciona uma compreensão dinâmica das características e do funcionamento do indivíduo” (BORSA, 2010,p 151). A metodologia da avaliação Psicológica, que é um processo flexível e não padronizado, tem por objetivo chegar a uma determinação sustentada a respeito de uma ou mais questões psicológicas através da coleta, avaliação e análise de dados apropriados ao objetivo em questão (URBINA,2007), a aplicação da técnica projetiva do HTP auxilia no levantamento de indicadores que podem apontar a presença ou não do fenômeno a ser pesquisado. O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre o uso do Teste HTP para investigação da depressão e da ansiedade, verificando os seus alcances e as suas limitações. Métodos O termo depressão surgiu no século 18, no contexto psiquiátrico europeu. Sua origem vem do latim depremere, cujo significado é pressionar para baixo. O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-IV classifica as formas da depressão levando em conta a duração da patologia e sintomas, possibilitando aos profissionais da área da saúde maior segurança no diagnóstico, principalmente aos que fazem usa da testagem psicológica. Ela é classificada como transtorno de humor ou transtorno afetivo, apresentando como característica predominante uma perturbação no humor, alterando de maneira constante os estados emocionais. Os transtornos depressivos incluem o transtorno depressivo maior, o transtorno depressivo distímico e o transtorno depressivo sem outra especificação, com critérios diagnósticos específicos baseados no DSM-IV. O termo ansiedade, que no alemão significa Angst, preocupação, deriva da raiz indo-germânica Angh, que significa diminuir, constrição ou estrangular. Segundo o DSM-V a alguns tipos de transtornos ansiosos, sendo o transtorno de pânico, agorofobia, transtorno de ansiedade generalizada, fobia social, fobias específicas, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo. Segundo o DSM – V o transtorno de pânico refere-se a ataques de pânico inesperados, o ataque é um surto de medo ou desconforto intenso, alcançando minutos no qual ocorrem alguns sintomas como: palpitação, taquicardia, sudorese, coração acelerado, dentre outros. A fobia social de acordo com o DSM – V é o medo ou a ansiedade de um indivíduo frente a uma ou mais situações em que envolvam a avaliação do mesmo por outras pessoas. Os indivíduos temem aparecer ou agir, demonstrando ansiedade, como tremer e tropeçar às palavras. Para o diagnóstico tanto depressivo, tanto ansioso, segundo o DSM-V, precisa de ter sintomas predominantes. O HTP foi criando por John N. Buck, em 1948, tem como objetivo compreender aspectos da personalidade do indivíduo bem como a forma deste indivíduo interagir com as pessoas e com o ambiente. O HTP estimula a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica e proporciona uma compreensão dinâmica das caraterísticas e do funcionamento do indivíduo (Buck,2003). O instrumento é destinado a indivíduos maiores de oito anos e propõe a realização de três desenhos sequenciais, uma casa, uma árvore e uma pessoa, e devem ser desenhados em folhas separadas, utilizando lápis e borracha. O HTP oferece um manual contendo padronização de aplicação e de registro das respostas oriundas do inquérito posterior a casa desenho. Oferece um protocolo com uma lista de conceitos interpretativos para cada desenho, associados a possíveis características psicopatológicas da personalidade. É uma técnica expressiva eficaz, pois observa, por meio dos desenhos e do inquérito, como o sujeito percebe o seu meio e como reage diante dele, permitindo as expressões das vivências emocionais e ideacionais do avaliado. Na avaliação da depressão e ansiedade, alguns aspectos dos desenhos se relacionam aos sintomas depressivos, considerados para tanto, principalmente a localização do desenho, os detalhes e a quantidade da linha. Os elementos da personalidade são projetados durante o desenho. Grassamo (2012) informa que: A produção gráfica revela a concepção revela a concepção e os conflitos inerentes ao manejo espacial, às funções e ao interior do próprio corpo, assim como as ansiedades e fantasias dominantes com relação ao corpo de outras pessoas, construídas a partir das primitivas relações com o objeto. (GRASSANO, 2012,p.133). Resultados e discussão Elsa Grassano, elabora indicadores que possam responder as questões encontradas na tarefa diagnóstica: diferenciação dos graus de patologia, diferenciação das modalidades de personalidade e incidência da biografia na estruturação atual da personalidade. A autora chama neurose da depressão e a ansiedade configura como um dos sintomas principais das neuroses. Indicadores de Neurose Depressiva (GRASSANO, 2012). FIGURA HUMANA CARACTERÍSTICAS GERAIS Figuras fracas, vazias, inseguras e dependente. Pobreza de conteúdo. Maior preocupação e ênfase no tratamento do tronco e da cabeça. Acentuação da simetria. Por ser a depressão um quadro neurótico, diferencia-se da melancolia. a) Gestalt preservada. b) Predomínio do controle obsessivo (figura organizada, acentuação da linha média). c) Mecanismos maníacos compensatórios (sorriso de palhaço, etc.) d) Aspecto mais humanizado quanto ao contato afetivo e capacidade de movimento. e) Expressão triste, diferentemente do abatimento e da extrema impotência expressos pelo melancólico. LOCALIZAÇÃO A localização varia: 1) parte inferior da folha, se predominam sentimentos de derrota e fracasso. 2) parte superior, se mostram submissão a altas exigências internas. Unindo a isso, a sensação de "estar no ar" (insegurança). 3) preocupação por centraliza-las se predominam defesas maníacas e obsessivas. TAMANHO Varia segundo a maior ou menor operação das defesas maníacas. 1) Figuras pequenas (sentimentos de desvalorização). 2) Uma das figuras grande (nutriz, protetora ou então punitiva e persecutória). Ou então ambas figuras fortes, seguras, de tamanho médio (defesa maníaca). MOVIMENTO E EXPRESSÃO Figuras quietas, sem força, com falta de impulso ou esgotas. Em depressões intensas: indivíduos sentados ou reclinados (baixo nível de energia). Os braços estão voltados para si ou atrás das costas. Podem expressar abatimento desenhando primeiro as pernas e os pés. Expressão de tristeza, vazio ou abatimento. Riso forçado (defesamaníaca). Atitude: rígida, contida (mecanismo de controle). DISTORÇÕES. OMISSÕES. ACRÉSCIMOS. ÊNFASES. Ênfase no rosto e no tronco. Pode haver ênfase na região do peito (bolsos, sombreamento, etc.). Carência oral. Omissão da boca: autocrítica, crítica ao objeto ou ênfase na boca (receptiva) ou boca de palhaço (defesa maníaca). Cabelo: desvitalizado, mal enraizado na cabeça. Acentuação da linha média e simetria. Pobreza de conteúdos: presença de botões. TIPO DE TRAÇO. Fraco, inseguro. Pouca diferenciação interno-externo. Pressão: fraca, tênue. Direção: para dentro. Continuidade: cortado, vacilante. Traços curtos, inibidos. CASA CARACTERÍSTICAS GERAIS Simples, vazia, com portas abertas, pobreza de conteúdo. LOCALIZAÇÃO TAMANHO Pequena. MOVIMENTO E EXPRESSÃO DISTORÇÕES. OMISSÕES. ACRÉSCIMOS. ÊNFASES. Casa sozinha, abandonada ou com um entorno frio, inóspito. Preocupação com o telhado (sombreado), com a simetria (controle obsessivo). Portas abertas mas sem acesso (falta de caminho ou caminho cortado). Se há lareira, a fumaça é tênue e fina (controle). TIPO DE TRAÇO. Fraco, tênue, com áreas abertas. ÁRVORE CARACTERÍSTICAS GERAIS Desvitalizado, tênue, desvalido. LOCALIZAÇÃO TAMANHO Pequena. MOVIMENTO E EXPRESSÃO DISTORÇÕES. OMISSÕES. ACRÉSCIMOS. ÊNFASES. Desvitalização: frutos e folhas ralos, ausentes ou caídos. Galhos: fracos, para baixo, em ponta e cobertos por folhagem. Raízes: finas. Tronco: sombreado. Pode haver marcas, cicatrizes. Copa: pequena, falta de expansão e contato. Tipo de copa: salgueiro-chorão ou copa que começa dos dois lados. TIPO DE TRAÇO. Fraco, tênue, com áreas abertas. O manual do HTP propõe avaliar o desenho a partir dos aspectos de proporção, perspectiva, detalhes, qualidade da linha e do uso adequado de cores, quando se utiliza os desenhos cromáticos. Os elementos desenhados pelo participante mostram como é vivenciado sua singularidade. O desenho da casa irá permitir observar e analisar como é o relacionamento do sujeito com os irmãos e pais, principalmente com a mãe. A expressão gráfica da árvore permite observar as associações subconscientes e inconscientes e retrata como o indivíduo reage em seu ambiente, as avaliações críticas em relação a ele e os recursos de personalidade para obtenção de satisfação no e do ambiente. O desenho da pessoa irá indicar e estimular a expressão direta da imagem corporal e refere-se as associações conscientes. (Buck, 2003). Analisar as informações obtidas nos testes, por meio da Avaliação Psicológica, é uma tarefa complexa. Os procedimentos técnicos variam de caso para caso mas, em todos eles, o que se busca é promover uma compreensão mais aprofundada, menos defensiva, mais realista daquilo que está acontecendo com o cliente. Considerações finais As terminologias de depressão e ansiedade são construídas ao longo do tempo, os sentimentos geradores de depressão e ansiedade gera ao homem diversos problemas. O objetivo de uma avaliação psicológica é ajudar o cliente a compreender de si, e restabelecer um vínculo consigo mesmo. No que se refere à aplicação do HTP, recomenda-se o uso no âmbito clínico, já que é nesse contexto que se encontra a possibilidade de aprender as particularidades do indivíduo. O uso do HTP para a investigação da depressão e ansiedade indica ser um grande auxílio para o psicólogo e para o cliente, para compreensão do seu quadro clínico, e de sua personalidade. O HTP não deve ser considerado como um instrumento único para o processo de diagnóstico, mas como um auxílio. Referências BARBOSA, Márcia Valéria Sousa. Colaboração do teste HTP para investigação da depressão e ansiedade em um estudo de caso contexto da avaliação psicológica. UNICEUB. 2014. Disponível em: <https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/235/6169 >. Acesso em: 15 de out. 2021. Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo, classifica a OMS : Os canadenses e os mexicanos, em compensação, são os que menos sofrem do transtorno. VEJA ABRIL. 2019. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/saude/os- brasileiros-sao-os-mais-ansiosos-do-mundo-segundo-a-oms/>. Acesso em: 15 de out. 2021. DSM – V, Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (5º edição, American Psychiatric Association, 2013). GUIMARÃES, A. M. V.; SILVA NETO, A. C. da; VILAR, A. T. S.; ALMEIDA, B. G. da C.; FERMOSELI, A. F. de O.; ALBUQUERQUE, C. M. F. de. TRANSTORNOS DE ANSIEDADE: UM ESTUDO DE PREVALÊNCIA SOBRE AS FOBIAS ESPECÍFICAS E A IMPORTÂNCIA DA AJUDA PSICOLÓGICA. Caderno de Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde - UNIT - ALAGOAS, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 115–128, 2015. Disponível em: <https://periodicos.set.edu.br/fitsbiosaude/article/view/2611>. Acesso em: 20 out. 2021. CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DO TESTE DA CASA-ÁRVORE-PESSOA - HTP. Aval. psicol., Porto Alegre , v. 9, n. 1, p. 151-154, abr. 2010 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677- 04712010000100017&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 out. 2021.
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