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ÁREA DE GESTÃO E INVESTIGAÇÃO SANITÁRIA Fatores que Interferem na Qualidade de Vida dos Idosos que Frequentam Centros de Dia da Cidade da Praia Dissertação para obtenção do grau de: Mestre em Ciências de Enfermagem com Especialização em Gestão Sanitária Apresentado por: Beatriz da Silva CVGIMEGS1207755 Orientador: Verónica Alexandra Pelejão Lopes PRAIA, CABO VERDE 31 DE JULHO DE 2021 BEATRIZ DA SILVA CVGIMEGS1207755 Fatores que Interferem na Qualidade de Vida dos Idosos que Frequentam Centros de Dia da Cidade da Praia Dissertação apresentada ao programa de mestrado da Universidad Europea del Atlántico, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Ciências de Enfermagem com Especialização em Gestão Sanitária Área: Gestão e Investigação Sanitária Orientador: Verónica Lopes PRAIA, CABO VERDE 2021 i “Mais importante do que acrescentar dias à sua vida, é acrescentar vida aos seus dias!” (Benjamin, 2009) ii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Dai e Frank (in memoriam), que sempre estiveram comigo e cuidaram de mim até ao último dia de suas vidas. Com certeza estariam orgulhosos com a realização desta pesquisa. iii AGRADECIMENTOS A concretização deste projeto foi desde o início um desafio, no qual depositei todas as minhas expectativas. Porém, tenho a plena consciência que sem a ajuda destes intervenientes, não seria possível finalizá-lo. Assim, agradeço às minhas filhas pelo amor, dedicação incondicional, paciência, compreensão e pelo suporte que diariamente dão à minha vida. Vocês são a razão da minha existência. Às minhas irmãs, pelo carinho, pela amizade e sempre a certeza na minha vitória. À minha Orientadora, Verónica Lopes, pela oportunidade de crescimento, avaliação sempre criteriosa do meu trabalho, e, principalmente, pelo exemplo de pesquisadora. Um muito obrigado à FUNIBER, por me dar a oportunidade de me formar na área em que pretendia, e aos professores, por partilharem o vosso conhecimento. Um agradecimento muito especial aos idosos que participaram no estudo, que prontamente colaboraram com a realização desta pesquisa. Aos responsáveis e funcionários dos Centros de Dia da Cidade da Praia, pelo apoio. Expresso também a minha gratidão à Cruz Vermelha de Cabo Verde, e à Vereadora da Ação Social, E.C. que prontamente me receberam e me acolheram. Um muito obrigado à colega E.N. que me acompanhou nas visitas realizadas nas residências dos inquiridos. Ao meu Colega M. A. por acreditar sempre no meu triunfo. À minha colega do N. B. grande companheira durante todo esse percurso. Por fim, agradeço a todos que estiveram ao meu lado, direta ou indiretamente, e contribuíram para que este sonho se tornasse realidade. iv TERMO DE COMPROMISSO Eu, Beatriz da silva, declaro que: O conteúdo do presente documento é original e constitui um reflexo de meu trabalho pessoal. Manifesto que, perante qualquer notificação de plágio, autoplágio, cópia ou falta da fonte original, sou responsável direto legal, económico e administrativo, sem afetar ao Orientador do trabalho, à Universidade e as demais instituições que tenham colaborado em tal trabalho, assumindo as consequências derivadas de tais práticas. Assinatura: v Praia, julho 2021 AT: Direção Académica Venho por este meio autorizar a publicação eletrónica da versão aprovada de meu Projeto Final com título “Fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos que frequentam Centros de Dia da Cidade da Praia”, no Campus Virtual e em outras mídias de divulgação eletrónica desta Instituição. Informo abaixo os dados para descrição do trabalho: Título Fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos que frequentam os Centros de Dia da Cidade da Praia. Autor Beatriz da Silva, orientada por Verónica Alexandra Pelejão Lopes. Resumo Trata-se estudo transversal, descritivo e correlacional de natureza exploratória, com abordagem quantitativa em que foi aplicado um questionário The world health organization quality of life-versão cabo-verdiana (eqv-cv), e outro contendo aspetos sociodemográficos, económicos e clínicos, com o objetivo de identificar os fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos que frequentam Centros de dia da Cidade da Praia. Programa Mestrado em Enfermagem com Especialização em Gestão Sanitária. Palavras- chave Idosos; Qualidade de Vida; Centros de dia; Envelhecimento ativo. Contato btrz.slv@gmail.com / b.silva@han.gov.cv Atenciosamente, Assinatura: mailto:btrz.slv@gmail.com mailto:b.silva@han.gov.cv vi ÍNDICE GERAL INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------------17 MARCO TEÓRICO 1. ASPETOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO - --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20 1.1. Envelhecimento sociodemográfico ----------------------------------------------------20 1.1.1. Envelhecimento mundial ----------------------------------------------------------------21 1.1.1.1. Situação do envelhecimento demográfico em Cabo Verde ----------------------26 1.1.2.1. Envelhecimento demográfico no concelho da Praia -----------------------------29 2. POLÍTICA DE ENVELHECIMENTO ATIVO PARA OS IDOSOS- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 32 2.1. Envelhecimento ativo ---------------------------------------------------------------------32 2.2. Políticas públicas e serviços de apoio aos idosos em Cabo Verde -----------34 2.3. Atenção à saúde da pessoa idosa em Cabo Verde --------------------------------36 3. QUALIDADE DE VIDA ------------------------------------------------------------------39 3.1. Qualidade de vida na população idosa ----------------------------------------------39 3.2. Envelhecimento ativo e qualidade de vida ----------------------------------------41 3.3. Fatores determinantes da qualidade de vida em idosos -----------------------42 4. CENTROS DE DIA --------------------------------------------------------------------------44 4.1. Perspetivas históricas dos centros de dia para idosos ------------------------- 44 4.2. Centros de Dia em Cabo Verde, implantação, desenvolvimento e atualidade --------------------------------------------------------------------------------------45 MARCO EMPÍRICO 5. QUADRO METODOLÓGICO -------------------------------------------------------48 5.1. Introdução -----------------------------------------------------------------------------------48 5.2. Local de estudo -----------------------------------------------------------------------------49 5.2.1. Localização geográfica ------------------------------------------------------------------49 5.2.2. Clima----------------------------------------------------------------------------------------50 vii 5.2.3. Atividade Económica ---------------------------------------------------------------------51 5.2.4.Proteção social-----------------------------------------------------------------------------51 5.2.5. Caraterização dos centros de dia onde o estudo foi realizado ---------------------52 5.3. Tipo de estudo-------------------------------------------------------------------------------54 5.4. Variáveis--------------------------------------------------------------------------------------54 5.5. Amostra---------------------------------------------------------------------------------------54 5.6. Instrumentos de Medição e Técnicas-------------------------------------------------56 5.7. Procedimentos ------------------------------------------------------------------------------57 5.8. Hipóteses de trabalho---------------------------------------------------------------------58 6. RESULTADOS --------------------------------------------------------------------------------60 7. DISCUSSÃO-------------------------------------------------------------------------------------76 7.1. Discussão dos resultados da caracterização sociodemográfica, económica e clínica------------------------------------------------------------------------------------------76 7.2. Discussão dos resultados da avaliação da qualidade de vida através do WHOQOL-BREF -versão Cabo-verdiana-------------------------------------------79 7.2.1. Qualidade de vida de acordo com os domínios: físico, relações sociais, ambiente e sexualidade----------------------------------------------------------------------------------81 8. CONCLUSÕES GERAIS ----------------------------------------------------------------84 9. RECOMENDAÇÕES ----------------------------------------------------------------------87 BIBLIOGRAFIA ---------------------------------------------------------------------------------------90 ANEXOS-----------------------------------------------------------------------------------------------------99 viii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1. Evolução da População Idosa no Mundo......................................................24 Figura 1.2. População absoluta e relativa de idosos no Mundo......................................25 Figura 1.3. Velocidade de Envelhecimento de População Idosa no Mundo...................28 Figura 1.4. Conselhos de Cabo Verde com maior percentagem de idosos......................31 Figura 1.5. Crescimento da População da Praia ao longo do Tempo.............................33 Figura 2.1. Determinantes do envelhecimento ativo........................................................36 Figura 2.2. Problemas identificados na atenção às pessoas idosas..................................41 Figura 5.1. Distribuição Territorial do arquipélago de Cabo Verde..............................53 Figura 5.2. Proporção da população abrangida pela Pensão Social................................56 Figura 5.3. Definição dos Construtos formados................................................................60 ix ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1.1. População absoluta e relativa de idosos no Mundo ................................... 27 Tabela 1.2. População Residente em Cabo Verde, por concelho....................................30 Tabela 1.3. Evolução do Índice de Longevidade, Concelho da Praia, segundo Sexo….34 Tabela 1.4. Evolução do Índice de Envelhecimento, no Concelho da Praia..................34 Tabela 6.1. Caracterização da amostra por género..........................................................64 Tabela 6.2. Caracterização da amostra por idade............................................................65 Tabela 6.3. Caracterização da amostra por grupo etário................................................65 Tabela 6.4. Caracterização da amostra por estado civil..................................................66 Tabela 6.5. Caracterização da amostra por nível de escolaridade..................................66 Tabela 6.6. Caracterização da amostra por coabitação...................................................67 Tabela 6.7. Caracterização da amostra por pensão social...............................................67 Tabela 6.8. Caracterização da amostra por rendimento familiar...................................68 Tabela 6.9. Caracterização da amostra por agregado familiar......................................68 Tabela 6.10. Caracterização da amostra por perceção de doença..................................69 Tabela 6.11. Caracterização da amostra por patologia coexistente................................69 Tabela 6.12. Caracterização da amostra por tempo de permanência da patologia…..69 Tabela 6.13. Caracterização da amostra por regime de tratamento da patologia........70 Tabela 6.14. Caracterização da amostra por uso de medicamentos...............................70 Tabela 6.15. Caracterização da amostra por condição física..........................................70 Tabela 6.16. Estatística descritiva da faceta geral de qualidade de vida.......................71 Tabela 6.17. Avaliação dos idosos relativamente à qualidade de vida...........................72 Tabela 6.18. Avaliação dos idosos relativamente à saúde...............................................72 Tabela 6.19. Média de qualidade de vida percebidos pelos idosos.................................73 Tabela 6.20. Coeficiente de correlação entre os diferentes domínios e a faceta geral de qualidade de vida ........................................................................................... 74 Tabela 6.21. Análise de regressão dos domínios e a qualidade de vida dos idosos…...75 Tabela 6.22. Resultado do teste de Mann-Whitney para a variável género..................76 x Tabela 6.23. Resultado do teste de correlação de Spearman para a variável idade….76 Tabela 6. 24. Resultado do teste de Kruskal-Wallis para a variável estado civil..........77 Tabela 6.25. Resultado do teste de Kruskal-Wallis para a variável nível de escolaridade................................................................................................... 78 Tabela 6.26. Resultado do teste de Kruskal-Wallis para a variável rendimento familiar...........................................................................................................79 Tabela 6.27. Resultado do teste de Kruskal-Wallis para a variável doença coexistente......................................................................................................79 xi ÍNDICE DE ANEXOS ANEXO 1: Autorização da autora da Qualidade de Vida-Versão Cabo-verdiana …99 ANEXO 2: Parecer da Universidad Europea del Atlántico………………………...…..100 ANEXO 3: Autorização da Cruz Vermelha de Cabo Verde (Centro de Dia).….........101 ANEXO 4: Autorização da Câmara Municipal da Praia (Centro de Dia) …….....….102 ANEXO 5: Autorização da Comissão Nacional Proteção de dados (CNPD)…..……..103 ANEXO 6: Parecer do Comité Nacional de Pesquisa em Saúde de Cabo Verde….....104 xii ÍNDICE DE APÊNDICES APÊNDICE 1: Termo de Consentimento Livre Esclarecido...........................................106 APÊNDICE 2: Questionário Sociodemográfico, Económico e Clínico do Idoso….....109 APÊNDICE 3: Questionário de Qualidade de Vida-Versão Cabo-verdiana…..….…111 xiii RESUMO Neste projeto final pretendemos estudar os “Fatores que Interferem na Qualidade de Vida de Idosos que Frequentam Centros de Dia da Cidade da Praia”, sendo o principal objetivo: identificar os fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos, que frequentam Centros de Dia da Cidade da Praia. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e correlacional de natureza exploratória, com abordagem quantitativa, em que foi utilizadaa escala The World Health Organization Quality of Life-Versão Cabo-verdiana, adaptada para idosos Cabo-Verdianos. A recolha de dados efetuou-se entre novembro e dezembro de 2020. Participaram nesta investigação 56 idosos. Os resultados evidenciaram que todos os domínios se correlacionaram de forma significativa com a faceta geral de qualidade de vida, com exceção do domínio ambiente. Observou-se, que ao nível da escolaridade, houve apenas diferenças estatisticamente significativas em relação ao domínio físico (χ2 = 7,78 e p = 0,02). Em relação às doenças coexistentes, existem diferenças estatisticamente significativas no domínio relações sociais (χ2 = 16,77 e p = 0,00), no domínio sexualidade (χ2 = 12,04 e p = 0,02). A variável idade evidencia a existência de uma associação estatisticamente significativa nos domínios físico (r = - 0,281) e sexualidade (r = - 0,270). Da variável estado civil constatou-se que existem diferenças estatisticamente significativas dos domínios físico (χ2 = 11,23 e p = 0,02) e sexualidade (χ2 = 21,95 e p = 0,00). Concluiu-se, que os fatores sociodemográficos económicos e clínicos podem influenciar de forma negativa os diversos domínios da qualidade de vida, com exceção do género e rendimento familiar. Ressalta-se a necessidade de conhecer e intervir nestes fatores promovendo ações com enfoque na melhoria de qualidade de vida dos idosos que frequentam centros de dia da cidade da Praia. Palavras-chave Idosos; Qualidade de Vida; Centros de dia; Envelhecimento ativo. xiv ABSTRACT In this final project we intend to study the "Factors that interfere in the quality of life of the elderly who attend Day Centers in Praia", with the main objective: to identify the factors that interfere in the quality of life of the elderly who attend Day Centers in City of Praia. This is a cross-sectional, descriptive and correlational study of exploratory nature, with a quantitative approach, in which the scale The World Health Organization Quality of Life-Cape Verdean Version was used, adapted for elderly Cape Verdeans. Data collection took place between November and December 2020. 56 elderly people participated in this investigation. The results showed that all domains were significantly correlated with the general aspect of quality of life, with the exception of the environment domain. It was observed that the level of education, there were only statistically significant differences in relation to the physical domain (χ2 = 7.78 and p = 0.02). Regarding coexisting diseases, there are statistically significant differences in the social relationships domain (χ2 = 16.77 and p = 0.00), in the sexuality domain (χ2 = 12.04 and p = 0.02). The variable age shows the existence of a statistically significant association in the physical (r = - 0.281) and sexuality (r = - 0.270) domains. From the marital status variable, it was found that there are statistically significant differences in the physical (χ2 = 11.23 and p = 0.02) and sexuality (χ2 = 21.95 and p = 0.00) domains. It was concluded that sociodemographic, economic and clinical factors can negatively influence the various domains of quality of life, with the exception of gender and family income. The need to know and intervene in these factors is highlighted, promoting actions focused on improving the quality of life of the elderly who attend day centers in the city of Praia. Keywords Elderly; Quality of life; Day centers; Active aging. xv LISTA DE SIGLAS APA - American Psychiatric Association BOCV - Boletim Oficial de Cabo Verde CETI - Centro Emergencial da Terceira Idade CMP - Câmara Municipal da Praia CNPS - Centro Nacional de Pensões Sociais CV- Cabo Verde CVCV - Cruz Vermelha de Cabo Verde DECRP - Documentos de Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza FUNIBER - Fundação Universitária Iberoamericana IMC - Inquérito Multiobjectivo Contínuo INE-CV- Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde INPS - Instituto Nacional da Providencia social INSP- Instituto Nacional da Saúde Publica MSSS - Ministério da Saúde e da Segurança social NIA - National Institute on Aging PCES - Pacote de Cuidados Essenciais de Saúde PENEASI - Plano Estratégico Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saúde do Idoso PEDRHS - Plano Estratégico de Desenvolvimento dos Recursos Humanos da Saúde PNS - Política Nacional de Saúde PNDS - Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário PORDATA - Base de Dados Portugal Contemporâneo OIT - Organização Internacional do Trabalho OMS - Organização Mundial da saúde ONU - Organização das Nações Unidas OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde ONGs - Organizações Não Governamentais QV - Qualidade de Vida xvi USA - United States of América SNS - Sistema Nacional de Saúde SBGG - Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SPSS - Statistical Package for the Social Sciences TIC - Tecnologias da Informação e Comunicações UCCLA - União da Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-asiáticas UNEATLANTICO - Universidad Europea del Atlántico WHOQOL - World Health Organization Quality of Life-Group 17 INTRODUÇÃO O presente trabalho surge no âmbito do mestrado em Ciências de Enfermagem com Especialização em Gestão Sanitária da Universidad Europea del Atlántico, cujo tema “Fatores que Interferem na Qualidade de Vida de Idosos que Frequentam Centros de Dia da Cidade da Praia”. O aumento da população idosa tem gerado transformações e impactos para a sociedade, em todo mundo. Tal aumento tem ocorrido de forma progressiva, tornando-se alvo de debate governamental e levando à formulação de novas políticas sociais e de saúde, bem como à reestruturação das redes de apoio e proteção destes dois setores, de forma integrada. Nas últimas décadas, Cabo Verde tem vindo a registar intensas alterações demográficas, marcadas pelo aumento da longevidade da população idosa, pela redução da natalidade, do número de jovens e pelo aumento do número de mulheres, o que levou à introdução de novas políticas sociais, tendo em vista o bem-estar dos idosos e, consequentemente, uma melhoria da qualidade de vida dos mesmos. Do ponto de vista demográfico, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde (INE-CV, 2017), cerca de 7,8% da população cabo-verdiana, já é considerada idosa. Assim, a população deve estar preparada para enfrentar os desafios desta transição demográfica e adaptar as políticas públicas, com o intuito de limitar e reduzir os efeitos causados por estas transformações. O processo do envelhecimento é intrínseco a todos os seres vivos. No entanto, o que difere de um indivíduo para outro são os sentimentos, as carências, as expectativas, as vontades, as dificuldades e, independentemente de cada contexto, o objetivo das políticas públicas é ter um envelhecimento ativo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) o Envelhecimento Ativo é o processo pelo qual há uma melhoria das possibilidades de saúde, participação e segurança, com o propósito de melhorar a qualidade de vida, conforme as pessoas envelhecem. Nesse contexto, o Ministério da Saúde e da Segurança Social de Cabo Verde (MSSS), no que tange ao Envelhecimento Ativo e Saudável, desenvolveu o Programa Nacional de Saúde do Idoso (2017). Para tanto, elaborou- se o Plano Estratégico Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saúde do Idoso (PENEASI), para horizonte 2017-2021, com a finalidade de salvaguardar os Direitos Humanos e Sociais, no intuito de alcançar um envelhecimento ativo e saudável, além de garantir cuidados adequados à pessoa idosa. Sendo o envelhecimento da população, uma realidade na Cidade da Praia, torna-se cada vez mais relevante encontrar formas de harmonizar o envelhecimento com qualidade de vida, pois de nada vale a longevidade se os anosganhos não forem vividos em plenitude, excelência e com sentido. Idealmente, os centros de dia constituem-se como espaços de atendimento especializados para a população idosa dependente, com uma oferta de espaços de assistência, reabilitação e convívio, além de oferecerem atividades de cultura e lazer para os idosos que possuem autonomia e independência. 18 Porém, nem todos os centros de dia têm as condições e os recursos (humanos e materiais) necessários para garantir a assistência adequada aos seus clientes. Estudos internacionais realizados evidenciaram a institucionalização como um dos fatores de vulnerabilidade para baixos escores na qualidade de vida de idosos (Chang et al., 2010). Deste modo, considera-se pertinente a realização de pesquisas nestas estruturas de apoio, pois poderão contribuir para a efetivação de novos recursos e a implementação de planos inovadores, adequados às necessidades desta população, de forma a garantir o seu envolvimento ativo, bem como a sua dignidade, respeito e os seus direitos de proteção e participação social. Face ao exposto, considera-se relevante estudar os fatores que interferem na qualidade de vida de idosos que frequentam centros de dia da Cidade da Praia, tema deste projeto final de mestrado. A escolha do tema advém, por um lado, da constatação da aceleração do processo de envelhecimento cabo-verdiano, do reconhecimento de que a existência humana não está limitada à velhice, mas sim à descoberta de novas oportunidades, vivências destas descobertas, possibilidades de participação na vida comunitária, e, da consciência de que é fundamental a promoção do envelhecimento ativo. Por outro lado, prende-se também, com o interesse em identificar os fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos que frequentam centros de dia da Cidade da Praia, uma vez que até ao momento não foram realizados estudos acerca da qualidade de vida dos idosos, ao nível destas estruturas de apoio social, nem antes, nem após a implementação do PENEASI, no que tange à qualidade de vida dos idosos e envelhecimento ativo. Certamente, a Cidade da Praia, sendo o maior centro urbano do país, a problemática do envelhecimento assumirá neste concelho algumas particularidades, devido à migração das pessoas do meio rural para o meio urbano, e ao aumento da taxa de pessoas com idades avançadas. De acordo com o INE-CV (2016), ocorreu um aumento da taxa de idosos de 9,6% para 11,4% em dez anos. Já a escolha dos centros de dia, prende-se com o fato destas respostas sociais serem cada vez mais procuradas, sendo provavelmente aquelas que atualmente abrangem o maior número de idosos em Cabo Verde, pelo que deverão corresponder às suas necessidades e solicitações, promovendo um envelhecimento ativo e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida. Assim, considerando esta problemática, emergiu a seguinte questão de investigação: Quais os fatores que interferem na qualidade de vida de idosos que frequentam centros de dia da cidade da Praia em Cabo Verde? Para responder a esta questão delineou-se o seguinte objetivo geral: identificar os fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos que frequentam os centros de dia da Cidade da Praia. Com o intuito de subsidiar o objetivo geral, definiram-se os seguintes objetivos específicos: - Caracterizar o perfil sociodemográfico da amostra de idosos selecionados; 19 - Avaliar a qualidade de vida dos idosos que frequentam centros de dia na Cidade da Praia em Cabo Verde; - Identificar os fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos no contexto em análise. Mediante o exposto, pensa-se que a identificação dos fatores que interferem na qualidade de vida dos idosos que frequentam centros de dia da cidade da Praia, poderá auxiliar na elaboração de intervenções alternativas e promover ações para a melhoria das políticas de saúde, procurando atender às demandas da população idosa que frequenta centros de dia de Cabo Verde. Posto isto, julga-se que este estudo terá uma contribuição teórica valiosa, uma vez que pode servir de alicerce para outras pesquisas, pois conhecendo a realidade, suscita-se a produção de novas pesquisas científicas, que são escassas a nível nacional e até agora quase inexistentes nos centros de dia do país. Deste modo, a dissertação que se apresenta encontra-se estruturada em nove capítulos distintos. Os capítulos 1 a 4 são consagrados à abordagem teórica com o objetivo de enquadrar o estudo, sendo estes capítulos compostos por quatro subcapítulos principais. Primeiramente, explora-se os aspetos sociodemográficos do envelhecimento, tanto a nível mundial, nacional, como local. De seguida, no capítulo 2 fala-se da Política do Envelhecimento Ativo para o Idoso. Já no capítulo 3 aborda-se o conceito da qualidade de vida, faz-se uma ponte entre qualidade de vida e o envelhecimento ativo; no fim deste capítulo fala-se dos fatores determinantes da qualidade de vida nos idosos, como elementos importantes na promoção da qualidade de vida. O último capítulo, da abordagem teórica, está destinado aos centros de dia, enquanto resposta social, contemplando-se a perspetiva histórica, em particular dos centros de dia de Cabo Verde, sua implantação, desenvolvimento e funcionamento desde a criação dos primeiros centros até à atualidade. O capítulo 5 é dedicado à metodologia do estudo e os capítulos 6 e 7, à apresentação, análise e discussão dos resultados. A dissertação culmina com uma reflexão sobre o estudo desenvolvido, em que são apresentadas as principais conclusões, limitações e algumas sugestões, no sentido de reforçar as políticas sociais para esta população e promover a melhoria contínua da qualidade de vida dos idosos que frequentam centros de dia. 20 MARCO TEÓRICO 1. ASPETOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO Este capítulo, objetiva situar o leitor sobre os aspetos sociodemográficos do envelhecimento, bem como aumentar o conhecimento sobre o processo de envelhecimento a nível mundial, nacional, em Cabo Verde, e nomeadamente na Cidade da Praia, onde o estudo é realizado. Ainda aborda alguns fatores históricos, sociais, económicos, políticos, culturais e até naturais do território cabo-verdiano, com o propósito de melhor entender o fenómeno envelhecimento, neste país. 1.1. Envelhecimento sociodemográfico O envelhecimento demográfico define-se em termos proporcionais, como um aumento da população idosa em detrimento ao número de jovens em um determinado país. Desse modo, está relacionado com o aumento da taxa média de idade dos habitantes, podendo ser um indicativo da redução da população economicamente ativa (Base de Dados Portugal Contemporâneo [PORDATA], 2016). O processo de envelhecimento social, desenvolve de forma progressiva, porém é suscetível de mudança, podendo ser retardado ou até evitado. “Para que isso ocorra, algumas medidas devem ser tomadas no decorrer da vida, motivando o idoso a convivência em sociedade, seja orientando-o a uma alimentação saudável ou à prática de exercícios físicos “(Brunnet et al. 2013, p.102). Dantas e Santos (2017, p.19), no livro” Aspectos Biopsicossociais do Envelhecimento e a Prevenção de Quedas na Terceira Idade” destacam que “O envelhecimento é um fenómeno natural, universal, irreversível e não ocorre de forma simultânea e igualitária nos seres humanos. Envelhecer faz parte da vida e, visto à luz dos conhecimentos atuais, nada é possível fazer para alterar esse processo”. Sabe-se também que o envelhecimento está interligado diretamente à diminuição da natalidade, ao aumento de expectativa de vida, bem como à infertilidade e não afeta somente o ser humano, como também a sociedade, a família e a comunidade. Na perspetiva de Dantas e Santos (2017, p.40), a taxa de fecundidade vem diminuindo significativamente a cada ano e é considerada um fenómeno global. Ainda osmesmos autores, afirmam que vários países têm vindo a apresentar baixíssimas taxas de crescimento populacional, porém, no que diz respeito à população idosa, verifica-se um elevado aumento. https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/o-conceito-populacao-economicamente-ativa-pea.htm 21 O aumento da esperança de vida ao nascer e a redução da taxa de nascimento podem representar um problema demográfico. Dessa forma, pode ser vista de maneira positiva quando é consequência de melhorias no que diz respeito ao acesso à saúde, à alimentação e ao saneamento básico. Em contrapartida, pode ser encarada também de forma negativa, do ponto de vista financeiro, para o Estado, uma vez que o aumento da esperança de vida leva a um aumento insustentável dos custos de saúde, aumentando as demandas sociais e económicas para fazer face a esse fenómeno (Knappe, 2016). Estudos realizados, relatam que um dos melhores indicadores para avaliar o envelhecimento em termos sociodemográficos é a diferença entre a população jovem até 15 anos e a população idosa. Nos estudos, nota-se que cada um classifica, de forma diferente, uma população envelhecida. Por exemplo, alguns apontam como padrão admissível de uma população envelhecida quando a parcela de pessoas acima de 65 anos situa-se entre 8 e 10% da população total, entretanto outros definem como população jovem, aquela em que com o índice de pessoas idosas, é menor que 15%; a nível mediano entre 15 e 30% e uma população considerada idosa acima de 30% (Berzins, 2003). A OMS (2015) destaca que são consideradas idosas as pessoas com idade cronológica acima de 60 anos se residentes em países em desenvolvimento, e acima de 65 anos, se vivem em países desenvolvidos. A população idosa cresce constantemente em países que adotam o conceito de envelhecimento da OMS. Cabo Verde sendo um país de desenvolvimento médio, não foge á regra, sendo que a esperança média de vida ronda os 72,2 anos para o sexo masculino e 80,2 para o sexo feminino. Entretanto, esse indicador tende a aumentar ao longo do tempo (INE-CV, 2017). Nesta sequência, autores defendem que o fenómeno envelhecimento é algo a ser refletido, pois causa um aumento de demandas sociais e económicas em todo o mundo. Contudo, a pessoa idosa é muitas vezes rejeitada como recurso, quando na verdade, constitui uma solução importante para a estrutura da nossa sociedade. Não obstante há que levar em conta que se não houver mudanças demográficas, haverá com certeza uma carência no que concerne à população ativa (Botti e Garcia, 2019). Na perspetiva de Costa (2017, p.5), “o fenómeno do envelhecimento demográfico ou populacional atinge atualmente todos os países” 1.1.1. Envelhecimento mundial O envelhecimento da população é um dos fenómenos de grande relevância a nível mundial e é nessa faixa etária que surgem vários problemas que obriga o Estado, a família e a sociedade em geral, a refletir sobre várias questões tais como a qualidade de vida, a solidão, bem como, a idade de reforma, 22 os meios de sobrevivência na velhice, a saúde, o financiamento das pensões, entre outros (INE-CV, 2015). A OMS (2015), no seu Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, destaca que a população idosa cresce progressivamente a nível global. O mesmo relatório ainda revela que é a primeira vez na história da humanidade que se observa esse fenómeno no que concerne à esperança média de vida, como mostra a Figura 1.1. Figura 1.1 Evolução da População Idosa no Mundo. Nota: WHO, World Health Statistics Annual, Geneve, (1987). Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde. Por outro lado, a Organização das Nações Unidas (ONU, 2019), contesta ao afirmar que as novas projeções populacionais a nível mundial, bem como para todos os países, não diferem muito das anteriores. No entanto, por ter levado em conta indicadores demográficos mais recentes, os números são mais atualizados. Na figura 1.2 percebe-se que o crescimento registado e projetado surpreende no período de 150 anos, entretanto na segunda metade do século anterior, a velocidade de envelhecimento que ainda estava num ritmo um pouco lento, acelerou no decorrer deste século (ONU, 2019). 23 Figura 1.2 População absoluta e relativa de idosos no Mundo (ONU, 2019). Nota: Essa figura mostra o crescimento da população idosa tanto global e percentual subdividido em 60 anos ou mais, 65 anos ou mais e 80 anos ou mais. UN Pop Division, Word Population Prospects (2019) in http://population.un.org/wpp.2019/ De acordo com a UN Pop Division, World Population Prospects: Esses gráficos mostram estimativas e projeções probabilísticas da faixa etária da população especificada para países ou áreas com uma população de 90.000 ou mais em 2019, juntamente com agregados geográficos e grupos de renda do Banco Mundial, conforme definido em Definição de Regiões. As projeções populacionais são baseadas nas projeções probabilísticas de fertilidade total e expectativa de vida ao nascer. Essas projeções probabilísticas de fertilidade total e expectativa de vida ao nascer foram realizadas com um modelo hierárquico bayesiano. Os números mostram a mediana probabilística e os intervalos de previsão de 80 e 95% das projeções populacionais probabilísticas, bem como a variante alta e baixa (determinística) (+/- 0,5 filho) (ONU, 2019, p.5). A mesma fonte ainda ressalta que em 1950, a população total era de 2,5 bilhões de habitantes, entretanto em 2020 houve um aumento para 7,8 bilhões e de acordo com as projeções, em 2100 chegará a 10,9 bilhões. Observa-se que em 150 anos o crescimento absoluto foi de 4,3 vezes. Por conseguinte, nota-se que o crescimento da população idosa em relação ao crescimento da população mundial foi http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ 24 muito maior. Neste contexto, o número de idosos de 60 anos e mais era de 202 milhões em 1950 e em 2020 aumentou para 1,1 bilhão e segundo as projeções poderá alcançar 3,1 bilhões em 2100. Diante disso é possível observar que o crescimento absoluto foi 15,2 vezes maior. Ainda no estudo pode-se notar que em 1950 em relação à população idosa de 60 anos e mais, que representava 8% passou para 13,5% em 2020 e de acordo com as projeções deve atingir em 2100, cerca de 28,2% (no horizonte 1950 a 2100, um aumento de 3,5 vezes no percentual). Na tabela 1.1 observa-se que em termos relativos, a população idosa de 65 anos e mais representava em termos percentuais, cerca de 5,1% do total de habitantes em 1950. Porém, houve um aumento de 1,4% em relação a 1950, em 2020. Contudo, deve atingir 22,6% em 2100 (um aumento de 4,5 vezes no horizonte de 1950 a 2100). Da mesma forma nota-se que em termos relativos, a população idosa de 80 anos e mais que equivalia somente 0,6% do total de habitantes em 1950 passou para 1,9% em 2020 e segundo projeções deve atingir 8,1% em 2100 (um aumento de 14,4 vezes no horizonte 1950 a 2100). Tabela 1.1. População Absoluta e Relativa de Idosos no Mundo (ONU, 2019). Anos Total 60 anos e + 65 anos e + 80 anos e + 60 e + % 65 e + % 80 e + 1950 2.538381 202.157 128.709 14.281 8,0 5,1 0,6 2000 6.145.494 610.886 422.209 71.715 9,9 6,9 1,2 2020 7.796.819 1.049.748 727.606 145.504 13,5 9,3 1,9 2050 9.735.034 2.079.639 1.548.852 426.267 21,4 15,9 4,4 2100 10.874.902 3.069.374 2.456.436 881.008 28,2 22,6 8,1 2100/1950 4,3 15,2 19,1 61,7 3,5 4,5 14,4 Nota: Projeção de população absoluta e relativa de pessoas idosas no mundo entre os anos de 1950 a 2100, em 60 anos ou mais, 65 anos ou mais e 80 anos ou mais. UN Pop Division, Word Population Prospects (2019) in http://population.un.org/wpp.2019/ De 2015 a 2030, o índiceda população idosa a nível global crescerá 56%, passando de 901 milhões para mais de 1,4 bilhão, realçando que esse crescimento é mais expressivo nos países em desenvolvimento em relação aos desenvolvidos. Segundo as projeções, esse aumento será de 71% na América Latina e no Caribe, porém na Ásia será de 66%, na África 64%, na Oceânia 47%, América do Norte 41% e Europa 23% (ONU, 2015). http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ 25 De acordo com a OMS (2015), nos últimos 100 anos a população mundial tem sofrido grandes mudanças demográficas. Tais mudanças estão relacionadas com a natalidade, a mortalidade e as migrações. Segundo estimativas da mesma fonte, no horizonte 2015 a 2050 poderá verificar-se uma duplicação da população idosa, no que tange a idade superior a 60 anos. Em termos percentuais, este aumento pode ser de 10%, o que corresponde a quarta parte da população mundial. Verifica-se que Cabo Verde também não foge a regra, que de acordo com United Nations Population Division: World Population Prospects (2019) poderá observar um aumento de 10,4% da população idosa nessa faixa etária. A figura 1.3 representa bem o fenómeno da velocidade do envelhecimento da população mundial. Estudo liderado pela National Institute on Aging (NIA 2015, p.11), aponta que “a França teve um período de adaptação para essas mudanças de em média 120 anos, dentro de um percentual de 10% para 20% da população com essa faixa etária”. Contudo, outros países representados na tabela terão um período de adaptação superior à França. Podemos confirmar essa velocidade do envelhecimento da população, através de estudo da NIA-United States of America (USA), que aponta a velocidade de envelhecimento da população com idade igual e/ou superior a 65 anos de 7% para 14%, nos anos correspondentes. Figura 1.3. Velocidade de Envelhecimento de população idosa no Mundo (ONU, 2019) Nota: A figura mostra a velocidade de envelhecimento da população (anos para que a população acima de 65 anos aumenta de 7% para 14% do total). National Institute on Aging – USA/ UN Pop Division, Word Population Prospects 2019 in http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ http://population.un.org/wpp.2019/ 26 1.1.1.1. Situação do envelhecimento demográfico em Cabo Verde Na perspetiva de Silva e Neto (2020, p.3), a estrutura populacional de um determinado lugar, ao longo do tempo varia de acordo com alguns fatores. Esses fatores podem se apresentar de maneira diferenciada em cada país e podem ser de carácter cultural, histórico, económico, social, político, ou natural e o crescimento dessa população depende desses fatores. A República de Cabo Verde é um país insular localizado num arquipélago formado por dez ilhas vulcânicas na região central do Oceano Atlântico. As ilhas foram descobertas e colonizadas por portugueses no século XV. Após a descoberta de Cabo Verde, os portugueses acharam que a sua localização era perfeita para o comércio de escravos no Atlântico. Assim, o arquipélago desenvolveu, e por conta disso, muitas vezes chegou a atrair corsários e piratas, entre eles Sir Francis Drake, em 1580. Sabe-se também que as ilhas também foram visitadas pela expedição de Charles Darwin em 1832. Entretanto, conforme a colónia cresceu em termos populacionais, desenvolveu também a importância entre as principais rotas de navegação entre Europa, Índia e Austrália, o que levou a um aumento sucessivo da população. Contudo, Cabo Verde deixou de ser Colónia portuguesa ao conquistar a sua independência em 1975. Dessa forma, os cabo-verdianos emigraram para o mundo inteiro, de tal forma que a população no século XXI com mais de meio milhão de pessoas nas ilhas é superior na diáspora cabo-verdiana na Europa, na América e nos restantes países da África. A análise feita pelo INE-CV (2016), por concelho indica que Praia e São Vicente apresentam maior concentração da população, representando em 2015, 28,9% e 15,4% do total, respetivamente. As menores concentrações da população foram registadas nos Concelhos de Tarrafal de S. Nicolau (1%) e Santa Catarina do Fogo (1,1%). Em 2015 foi estimado um número de 524.833 pessoas residentes, acréscimo de 6.336 indivíduos em relação ao ano 2014, correspondendo a uma taxa de crescimento de 1,23%, como está representado na tabela 1.2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADs_insular https://pt.wikipedia.org/wiki/Divis%C3%A3o_administrativa_de_Cabo_Verde https://pt.wikipedia.org/wiki/Divis%C3%A3o_administrativa_de_Cabo_Verde https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_Atl%C3%A2ntico https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_de_escravos https://pt.wikipedia.org/wiki/Cors%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Pirata https://pt.wikipedia.org/wiki/Sir_Francis_Drake https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin https://pt.wikipedia.org/wiki/Europa https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia https://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1lia https://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1spora https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica 27 Tabela 1.2. População Residente em Cabo Verde, por Concelho (INE-CV, 2015). Concelho 2011 2012 2013 2014 2015 Cabo Verde 499.929 505.953 512.173 518.467 524.833 Ribeira Grande 28.532 18.128 17.748 17.375 17.017 Paúl 6.809 6.616 6.433 6261 6.099 Porto Novo 17.931 17.807 17.681 17.556 17.432 S. Vicente 77.389 78.325 79.241 80.140 81.014 Ribeira Brava 7.515 7.431 7.347 7.262 7.182 Tarrafal S. Nicolau 5.257 5.256 5.254 5.249 5.242 Sal 27.534 29.096 30.655 32.208 33.747 Boavista 10.226 11.262 12.313 13.372 14.451 Maio 6.952 6.934 6.932 6.947 6.980 Tarrafal 18.558 18.488 18.424 18.467 18.314 Santa Catarina 43.741 44.052 44.387 44.775 45.123 Santa Cruz 26.654 26.579 26.509 26.436 26.360 Praia 136.237 139.993 143.787 147.607 151.436 S. Domingos 13.912 13.936 13.970 14.004 14.037 Calheta de Miguel 15.481 15.271 15.067 14.867 14.671 S. Salvador do Mundo 8689 8.680 8.680 8.661 8.652 S. Lourenço dos Órgãos 7.344 7.228 7.233 7.179 7.127 Ribeira Grande Santiago 8.363 8.372 8.385 8.399 8.415 Mosteiros 9.512 9.468 9428 9.394 9.364 Filipe 22.035 21.806 21.587 21.384 21.194 S. Catarina do Fogo 5.316 5.307 5.299 5.290 5.279 Brava 5,951 5.887 5.823 5.760 5.698 Nota: População residente em Cabo Verde, por concelhos de 2011 a 2015. INE-CV (2015, p.36) in http://ine.cv/publicacoes/anuario-estatistico-cabo-verde-2015/ http://ine.cv/publicacoes/anuario-estatistico-cabo-verde-2015/ http://ine.cv/publicacoes/anuario-estatistico-cabo-verde-2015/ 28 Em relação à população idosa, a mesma fonte revela que Cabo Verde tem 31.444 pessoas com 65 anos ou mais. Cerca de 12.306 (39,3%) são do sexo masculino e 19.037 (60,7%) são do sexo feminino. A população idosa constitui cerca de 5,9% da população total. A idade média dos idosos é de 77,2 anos. Cerca de 36,93% dos idosos já é viúvo, 12.306 (39,3%) do sexo masculino e 19.037 (60,7%) do sexo feminino (INE-CV, 2015). Relativamente às condições de vida e pobreza, 66,1% é representante do agregado familiar; 14,9% vive sozinho; 10,8% vive somente com o conjugue; 11,9% ainda trabalha (87,7% são inativos); 59,3% beneficia de um sistema de Segurança Social; 44,3% dos idosos é pobre, enquanto 14,4% é muito pobre (INE-CV, 2015). No que concerne à educação, 63,9% não sabe ler nem escrever (44,5% do sexo masculino, 76,4% do sexo feminino); 54,2% não possui nenhum nível de instrução, enquanto apenas 2,6% possui nível superior (INE-CV, 2016). No que diz respeito à prática de atividade física, 2,2% (1,5% do sexo masculino 3,5% do sexofeminino) dos idosos pratica alguma atividade física (INE-CV, 2015). No que tange às Tecnologias da Informação e Comunicações (TIC), 30,6% dos idosos tem um Telemóvel, 4,4% dos idosos usa Computador ou Tablete; 6,0% dos idosos usa Internet (INE-CV, 2016). Figura 1.4. Concelhos de Cabo Verde com maior percentagem de idosos (INE-CV, 2016). Nota: A figura mostra os concelhos de Cabo Verde com maior número de idosos. INE-CV (2016) in http://www.ine.cv/wp- content/uploads/2016/11/analise-populacao-idosa-censo-2016.pdf 29 As ilhas do Sal, da Boa Vista e de Santiago, apresentam uma percentagem de idosos abaixo da média nacional, pois são ilhas que por apresentarem mais oportunidades de emprego, recebem muitos indivíduos ainda em idade ativa, oriundos de outras ilhas e do exterior, além disso, são ilhas que recebem maior número de turistas. As demais ilhas, sendo menos atrativas, perdem população em idade ativa que migram para as ilhas com maiores oportunidades de emprego ou mesmo para o exterior, pelo que apresentam percentagens de idosos superiores à média nacional, com destaque para Santo Antão e São Nicolau (INE-CV, 2016). 1.1.2.1. Envelhecimento demográfico no concelho da Praia Devido à urbanização, à migração das pessoas do meio rural para o meio urbano, e ao aumento da taxa de pessoas com idades avançadas, as cidades deparam-se com um desafio importante, que origina inúmeras implicações ao nível das políticas públicas (INE-CV, 2015). As cidades estão a envelhecer rapidamente. “O envelhecimento da população e a urbanização são o culminar do bem-sucedido desenvolvimento humano durante o século passado” (OMS, 2007, p.4). Assim tornou-se uma questão importante para a política pública a compreensão da relação entre o envelhecimento da população e a mudança urbana (Buffel & Phillipson, 2016). De acordo com os dados estatísticos disponíveis, a Cidade da Praia, por ser a Capital do País, agrega um maior número de habitantes, em relação aos outros concelhos e cidades do País, com um total de 151.436 habitantes e representa 29,2% do país. A idade média da população é de 26,78 anos e tem 40,573 agregados familiares. A população com 65 anos e mais, representam 3,7% do total e a população dos 35 a 64 anos representam 28.6% (INE-CV, 2015). A figura 1.5 ilustra o crescimento da população da Praia ao longo do tempo. 30 Figura 1.5 Crescimento da população da Praia ao longo do tempo INE-CV (2016). Nota: A figura mostra o crescimento da população da Praia de 1970 a 2016. INE-CV (2016) in http://ine.cv/wp- content/plugins/ine-download-attachments-by-zing-developers/includes/download.php?id=7473 As migrações são tidas como o motivo de crescimento da população na Cidade da Praia. Nesta lógica, a Associação Nacional dos Municípios Cabo-Verdianos (ANMCV) (2015, p.1) relata que “de facto, o Município da Praia continua a ser uma sede atraente para as populações tanto dos municípios do interior da Ilha de Santiago, como de outras ilhas”. Assim, nota-se que a população da Cidade da Praia tende a aumentar, tendo em conta que, de acordo com dados da INE-CV (2015, p.6), “a evolução demográfica do país, permitirá uma visão mais clara dos fatores que irão determinar nos próximos anos a evolução demográfica da população da ilha de Santiago e de forma particular, o município da Praia”. O Índice de longevidade constitui um indicador adicional importante para avaliar o critério do envelhecimento da população. Em Cabo Verde, a população masculina representa metade da população total residente e projeta-se que venha a superar a feminina (Pacote de Cuidados Essenciais de Saúde [PCES], 2016). Contudo, ao envelhecer observa-se o inverso. Já na Cidade da Praia constata-se que o índice de longevidade apresenta maior incidência no sexo feminino, representado na tabela 1.3. Esse processo de feminização da velhice merece destaque dentro dessa transição demográfica global que estamos presenciando, uma vez que as mulheres vivem mais que os homens em CV. 31 Tabela 1.3 Evolução do Índice de Longevidade, Concelho da Praia, segundo o sexo (INE-CV, 2016). Concelho Total % masculino% Feminino% Praia 37,7 31,4 41,7 Nota: Evolução de longevidade no concelho da Praia, segundo o sexo. INE-CV (2016) in http://www.ine.cv/wp- content/uploads/2016/11/analise-populacao-idosa-censo-2016.pdf Na Cidade da Praia houve um aumento da taxa de idosos de 9,6% para 11,4% em dez anos. O aumento do índice de envelhecimento e de longevidade surge em virtude do aumento de esperança de vida da população e da redução contínua do índice de fecundidade, o que pode refletir-se na estrutura da população, aumentando cada vez mais o índice percentual de idosos, relativamente à população em idade ativa. Consequentemente haverá um aumento das despesas do Estado, no que respeita ao orçamento, para fazer face a este fenómeno. A tabela 1.4, representa bem esse aumento. Tabela 1.4 Evolução do Índice de Envelhecimento, no Concelho da Praia (INE-CV, (2016). CENSO 2000 CENSO 2010 65 e mais anos % 65 e mais anos % 4 116 9,6 4 704 11,4 Nota: Evolução do Índice de Envelhecimento no Concelho da Praia de 2000 a 2010. INE-CV (2016) in http://www.ine.cv/wp-content/uploads/2016/11/analise-populacao-idosa-censo-2016.pdf 32 2. POLÍTICA DE ENVELHECIMENTO ATIVO PARA OS IDOSOS Em Cabo Verde, os idosos ocupam um lugar privilegiado na sociedade, portanto são respeitados, detentores de valores culturais tradicionais e constituem a faixa etária com mais experiências e vivências. Assim, os idosos exercem um papel crucial na educação dos netos e na execução de algumas tarefas domésticas. Neste capítulo, abordam-se o conceito do envelhecimento ativo, as políticas públicas e os serviços de apoio aos idosos, bem como a atenção à saúde da pessoa idosa em Cabo Verde. 2.1. Envelhecimento ativo O envelhecimento ativo, na perspetiva de Cohen e Rocha (2019) é uma técnica de aperfeiçoamento e melhorias para a saúde, atuando com segurança com o intuito de melhorar a qualidade de vida esperada, ao longo da sua vida. Para tal, possibilita que o indivíduo perceba a sua aptidão e cuide da sua saúde a nível físico, mental, social ao longo da vida. Para que isso aconteça, de acordo com suas necessidades, o indivíduo deve participar na sociedade e viver da forma que ele se sente bem, e inserido na sociedade. A OMS, no livro “Envelhecimento ativo: uma política de saúde” (2005, p.13) ressalta que “o objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.” Nesta sua obra descreve-se que a sua meta, no que tange ao envelhecimento ativo é reconhecer como as pessoas estão envelhecendo, e recomenda-se ainda que para alcançar um envelhecimento ativo, as pessoas devem participar em atividades na sua comunidade, fazer exercícios físicos, cuidar da sua saúde, no intuito de prevenir ou retardar as doenças crónicas não transmissíveis, tais como a hipertensão arterial, a doença cardíaca congestiva, e diabetes, entre outras. De acordo com o MSSS (2017), o envelhecimento ativo depende de vários fatores que abrangem pessoas, famílias e comunidades, em que o nível de atividade pode ser determinante no aparecimento da dependência, adiando-a o mais possível. Assim, compreendendo esses fatores será mais fácil elaborar políticas e programas com efeito positivo nesta população. Contudo, esses fatores fundamentais devem ser aplicados à saúde do indivíduo, qualquer seja a sua idade, com destaque para a saúde e a qualidade de vida dos idosos. Por https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/Envelhecimento%20ativo:uma%20pol%C3%ADtica%20de%20sa%C3%BAde/103033 conseguinte, deve-se levar em conta os fatores determinantes do envelhecimento ativo da OMS/Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) representados na figura 2.1. Figura 2.1 Determinantes do envelhecimento ativo (OMS/OPAS, 2005). Nota: A figura mostra, os determinantes do envelhecimento ativo de acordo com a OMS/OPAS (2005) Neste contexto, a mesma fonte afirma que esses determinantes devem nortear a tomada de decisões e a execução das políticas públicas. Para isso recomenda engrandecer a pessoa idosa, suas tradições culturais e promover o seu convívio. Além disso, propõe-se aumentar as formas de suporte social; estimular hábitos saudáveis; enfrentar as desigualdades de géneros; erradicar a pobreza; providenciar o acesso à água potável e saneamento básico do meio; promover a educação ao longo de toda a vida; garantir condições de trabalho e reforma; promover uma cultura de previdência e por fim a implementação de uma política de cuidados continuados. 34 Tendo em conta a longevidade ativa, o Sistema Nacional de Saúde de Cabo Verde (SNS) promete assegurar a sustentabilidade do sistema cabo-verdiano de saúde a longo prazo e oferecer um cuidado digno e de excelência. Por conseguinte, o MSSS (2017) tem como meta: Aumentar a capacidade de atendimento na atenção primária, reorganizando os serviços dando ênfase aos cuidados continuados e manter em conexão com outros sectores e as políticas sociais. Priorizar a condição de saúde da população, fazendo diagnóstico da condição socio sanitária. A nível nacional deve-se manter as práticas nos serviços de saúde de forma holística. O Plano Estratégico Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saúde do Idoso (PENEASI) deve ser deve ser contemplado em todos os planos estratégicos na área das políticas sociais e de saúde. Mapear os recursos disponíveis no território. Deste modo preconiza-se que o desenvolvimento de estratégias locais, só é possível com a abordagem do envelhecimento ativo a nível nacional e global sobre a população que está envelhecendo. 2.2. Políticas públicas e serviços de apoio aos idosos em Cabo Verde As políticas públicas para os idosos em Cabo Verde fundamentam-se num Plano Estratégico, segundo a Constituição do país, à qual em seu artigo 71º compete ao Estado, a criação de uma rede adequada de cuidados de saúde e das condições económicas, sociais, culturais e ambientais que promovam e facilitem a melhoria da qualidade de vida da população, através do SNS, apoio das Organizações Não Governamentais (ONGs) na prestação de cuidados de saúde (Boletim Oficial de Cabo Verde [BO-CV], 2010). Já o artigo 77º, da mesma constituição, que é totalmente consagrado aos direitos dos idosos, estabelece alguns direitos aos idosos que são: 1. Os idosos têm direito a especial proteção da família, da sociedade e dos poderes públicos. 2. Para garantir a proteção especial dos idosos e prevenir a sua exclusão social, cabe aos poderes públicos, designadamente: a) Promover as condições económicas, sociais e culturais que facilitem aos idosos a participação condigna na vida familiar e social; b) Sensibilizar a sociedade e a família quanto aos deveres de respeito e de solidariedade 35 para com os idosos, fomentando e apoiando as respetivas organizações de solidariedade; c) Garantir aos idosos prioridade no atendimento nos serviços públicos e a eliminação de barreiras arquitetónicas e outras no acesso a instalações públicas e a equipamentos sociais (BO-CV, 2010). Existem ainda outras leis referentes à proteção social do idoso: ✔ O Decreto-Lei Nº 53/2016, que estabelece a estrutura, a organização e as normas do MSSS, cuja visão de futuro é a entrega de um cuidado de excelência e de um envelhecimento digno aos cidadãos cabo-verdianos. São valores explícitos da Política Nacional de Saúde (PNS): “a salvaguarda da dignidade humana” e “a solidariedade entre todos para garantir esse direito”; ✔ O Decreto-Lei Nº 54/2016, que estabelece a estrutura, a organização e as normas de funcionamento do Ministério da Família e Inclusão Social; ✔ O Decreto-Lei Nº 54/2016, que estabelece a estrutura, a organização e as normas de funcionamento do Ministério da Educação, considerando que lhe compete articular-se com o MSSS em matéria de educação para a saúde e formação no domínio da saúde; ✔ O Decreto-Lei Nº 38/VIII/2013, que aprova o desenvolvimento do Regime Geral da Proteção Social ao nível da Rede de Segurança prevista na Lei Nº 131/V/2001, designado de Proteção Social do Regime Não Contributivo; ✔ O Plano Estratégico de Desenvolvimento dos Recursos Humanos da Saúde (PEDRHS, 2015- 2020); ✔ O Plano Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN, 2015-2020); ✔ Os Documentos de Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza, I, II e III (DECRP); ✔ O Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário (PNDS, 2017-2021); ✔ A Carta de Política Nacional para a Terceira Idade (Resolução Nº 49/ 2011); ✔ O Programa do Governo da IX Legislatura para o horizonte 2016-2021; ✔ O Programa de Governo e Moção de Confiança para o horizonte 2016-2021. Cabo Verde encontra-se ainda no princípio do processo de descentralização de políticas sociais. Para tanto, criou-se uma estratégia para tornar o Estado capaz de proporcionar acesso adequado aos serviços direcionados para cada realidade, pois a maior conquista da humanidade é um grande desafio, em termos de políticas públicas. Assim, em relação à Administração Pública, verifica-se uma transferência de poder dos níveis centrais para os periféricos, isto é, a descentralização do poder. Nesse sentido cada município será privilegiado em termos práticos. No entanto, para que a descentralização se estabeleça e fique mais forte, é importante que se estabeleça um diálogo entre os 36 setores, apoiada nas políticas sociais com projetos elaborados pelas instituições intersectoriais. As políticas públicas e sociais com essa conceção ainda são recentes em Cabo Verde, porém o tema envelhecimento é de tal modo transversal o que possibilita tratá-lo numa perspetiva intersectorial. As políticas públicas têm objetivos a cumprir que englobam melhorar a qualidade de vida na velhice, as relações entre a pessoa idosa e os serviços locais sociais e de saúde, sensibilizar e mobilizar a sociedade civil para assumir a família, a comunidade, entre outros (MSSS, 2017). Nessa perspetiva, o MSSS, através da Direção Nacional da Saúde (DNS), no âmbito do Envelhecimento Ativo e Saudável implementou o Programa Nacional de Saúde do Idoso (2017). Para tal elaborou-se o PENEASI, para horizonte 2017-2021, que serve como ferramenta para afirmar os Direitos Humanos e Sociais, um envelhecimento ativo saudável com êxito e de cuidados à pessoa idosa em Cabo Verde. No entanto, a sua consolidação na prática só será possível com a descentralização das ações e a inclusão de todos os sectores a nível local. Para tal, conta com a parceria nesse processo das Delegacias de Saúde, das Câmaras Municipais e da Assistência Social. Ainda a mesma fonte destaca que, a avaliação dos programas deve ser realizada mediante acordo estabelecido entre a implementação dos mesmos e a indicação de prioridades e do orçamento disponível em cada nível governamental. Além da avaliação, deve-se verificar o impacto do PENEASI na melhoria da qualidade de vida da população e, portanto, na defesa dos direitos humanos e sociais, na promoção do envelhecimento ativo e saudável, bem como de cuidados dignos na pessoa idosa. O MSSS (2017, p.44), no PENEASI 2017-2021, estabeleceu um conjunto de intervenções junto dos seus serviços de apoio, nos seus programas, as políticas de Direitos Humanos, Desporto, Educação, Assistência Social (CNPS), Cultura, Trabalho, entre outras, na intenção de apresentar as melhores oportunidades à pessoa humana, ao longo de toda a sua vida. 2.3. Atenção àsaúde da pessoa idosa em Cabo Verde Na perspetiva de Alcântara, Camarano e Giacomin (2016), a população em processo de envelhecimento exige cuidados e intervenções multidimensionais e multissetoriais que envolvem os serviços de saúde, políticas que promovam a saúde e concede ao indivíduo a possibilidade de ter um envelhecimento saudável e, não obstante, cuidados dignos a todos. De acordo com a OMS o envelhecimento saudável é: 37 O processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem- estar em idade avançada. Portanto, não se trata de um limiar ou nível específico do funcionamento ou da saúde, mas de um processo dinâmico que sempre pode ser aperfeiçoado. A dimensão central no processo de envelhecimento é a funcionalidade, ou seja, a interação dinâmica entre os estados de saúde (doenças, perturbações, lesões, etc.) e os fatores contextuais (fatores ambientais e pessoais), da qual resulta a dependência/ independência de cada um no autocuidado (OMS, 2015, p.13). Levando em conta a subjetividade do conceito do envelhecimento saudável, vale salientar que para diminuir as comorbidades na velhice é fundamental promover a saúde ao longo de toda a vida. Para que isso aconteça deve garantir-se às pessoas e famílias, a sustentabilidade do sistema de saúde, bem como os cuidados sócios sanitários. Segundo Silva (2016), as pessoas pensam erroneamente que cuidar de pessoas idosas é apenas controlar as doenças crónicas. Essa ideia deve ser superada na medida em que, de acordo com a OMS, "a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Este conceito da OMS desde 1947 vai ao encontro do modelo holístico e reforça o real significado positivo da saúde. No entanto, alguns críticos não estão de acordo ao relatarem que este conceito depende da cultura de cada um e não considera as diferentes dimensões. Contudo devemos lembrar que este conceito realça que a “saúde” não é da inteira responsabilidade do setor da saúde, mas também de outros setores e da população em geral. Deste modo, levando em conta o fenómeno envelhecimento saudável e o conceito da saúde dada pela OMS, a dimensão funcional assume um papel preponderante. De fato facilitar serviços de saúde e/ou facultar medicamentos, são importantes. No entanto, por si só não garantem um cuidado de excelência à pessoa idosa. Além disso, para que o cuidado em saúde se concretize é necessário contar com o apoio da comunidade e das pessoas, pois o estado por si só não consegue oferecer uma vida saudável às pessoas. Ser solidário é dever de cada um. Isso inclui o dever dos colaboradores de saúde em cuidar da pessoa humana. Essa reciprocidade da comunidade e dos profissionais no sistema de saúde, inclusive na organização e no controle social das ações, favorece a expansão da cobertura e o melhoramento dos recursos humanos e materiais (MSSS, 2017). Nesse contexto, Alves (2019) relata que muitas vezes a atuação do sistema de saúde é pouco eficiente, e chega tardiamente à pessoa necessitada. Porém, é possível evitar, se o sistema de saúde estiver em conexão com a comunidade, pois muitas vezes o idoso não está cadastrado no sistema de saúde. Para tanto, há que implementar novos planos, novas práticas, e garantir excelência no cuidado. 38 O MSSS (2017) faz referência que em Cabo Verde, para que o cuidado seja de excelência ao longo da vida é imprescindível o engajamento das equipes de saúde e da gestão dos serviços para identificar e combater os principais problemas na atenção às pessoas idosas, representado na figura 2.2. Figura 2.2 Problemas identificados na atenção às pessoas idosas (MSSS, 2017). Nota: A figura mostra os problemas identificados na atenção às pessoas idosas de acordo com o MSSS (PENEASI 2017- 2021), (2017). Com o aumento da sobrecarga de cuidados, das demandas denominadas urgentes de utentes de todas as idades, a perspetiva do envelhecimento ativo e os cuidados aos idosos doentes, ficam em déficit. Diante disso, o serviço de saúde em Cabo Verde, atua somente quando é “chamado”. Ao contrário, poderiam fazer visitas domiciliares antecipando o problema. Não obstante, para solucionar esse contratempo, toda a equipe multidisciplinar deve estar engajada. Embora, os profissionais de saúde cabo-verdianos sejam qualificados de uma formação a nível superior, que facilita a troca de experiências, abrindo novos horizontes o que contribui para uma melhoria na qualidade dos cuidados de saúde, verifica-se uma enorme carência a nível de formação gerontológica. Mesmo assim, devem estar preparados para a prestação de cuidados à população idosa, de modo a assegurar as ações preventivas, assistenciais e de reabilitação para problemas de caráter funcional, orgânico ou social (MSSS, 2017). 39 3. QUALIDADE DE VIDA Embora, definir a qualidade de vida (QV) seja algo complexo, a maioria das pessoas percebem à priori o que é ter QV. Algumas relacionam a QV com a sensação de bem-estar. Contudo, a sua definição é ampla e engloba não só a saúde física como a psicológica; as relações com as pessoas em casa, no meio laboral e, de modo geral, na sua comunidade. A QV é interpretada por vários autores, cada um com uma perceção diferente. Nobre (1995, p. 299) refere que, a QV é uma estratégia que tem como finalidade avaliar a satisfação de um individuo, no que tange aos fatores que favorecem a melhoria do bem-estar, tanto físico como espiritual do ser humano na sociedade. Para tal, implica estar bem fisicamente, espiritualmente, psicologicamente e emocionalmente. No entanto, o conceito da World Health Organization Quality of Life-Group (WHOQOL) é sem dúvida o mais completo e define a QV como “A percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e suas preocupações” (OMS, 1997, p.3). Este capítulo procura apresentar ao leitor, uma visão sobre a QV referente a um grupo bastante vulnerável, a população idosa, assim como a relação entre o envelhecimento ativo e a qualidade de vida. No final, procuram-se descrever os fatores determinantes da qualidade de vida em idosos, de acordo a literatura. 3.1. Qualidade de vida na população idosa Ao contrário do que se possa pensar, ter QV na velhice é possível. As mudanças em todos os níveis acontecem, no entanto, é possível intervir para que a pessoa humana, envelheça com qualidade. Neste contexto, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) (2019), salienta que a QV na velhice, está associada a uma vida ativa, e, para que tal aconteça, deve-se adquirir hábitos saudáveis como ter uma alimentação saudável, exercitar o corpo e a mente, ter contactos saudáveis com a família, amigos, comunidade etc. Diante disso, é importante ressaltar que: As ações além de terem o propósito de contribuir para uma reflexão e mudanças no estilo de viver, na procura pela prevenção e promoção da saúde para uma melhor qualidade de vida, contribui também com o vínculo entre a comunidade, […] observa-se também que os idosos se sentem felizes e valorizados com esses encontros e as trocas de conhecimento consiste em uma riqueza impressionante (da Silva et. al., 2019, p.261). 40 De acordo com Ferreira (2018), outro quesito muito enfatizado respeitante à QV da pessoa idosa é a participação da família na velhice. A família tem um papel importante na promoção da saúde do idoso, na medida em que é a estrutura que o apoia na execução de todas as atividades de vida diárias, em função do grau de dependência, em acordo com as orientações dos profissionais de saúde. Contudo, há um conjunto de intervenções que podem ser desenvolvidas nessa fase de vida, que englobam o exercício físico realizado em casa e no exterior (natação), atividadesde lazer como a dança e o artesanato que ajudam na melhoria da QV. Neste contexto, sabe-se que, para além da família, conviver com vizinhos e amigos também é de crucial importância, uma vez que facilita a manutenção de relações de amizade que favorecem a qualidade de vida. Diante disso, é necessário frisar que a partilha de conhecimentos entre jovens e a pessoa idosa, propicia o convívio e melhora o bem-estar deste, já que o idoso aprecia partilhar sua experiência vivida com os mais jovens. Por outro lado, estudos enfatizam que estar sempre em movimento, praticando exercícios físicos, contribui também para uma velhice com qualidade. Segundo Meirelles (2015, p.78), “[...] o idoso ativo vive melhor, pois através das atividades físicas, ocorre a preservação e minimização das algias corporais debilitantes e alterações orgânicas justamente à não atividade física.” De acordo com MSSS (2017), promover a saúde desde o início do ciclo da vida, é fundamental para o desenvolvimento sustentável do sistema nacional da saúde. Portanto é de realçar que adotar rotinas de hábitos saudáveis, estimulando a independência funcional e a autonomia, influencia positivamente na QV da pessoa idosa promovendo um envelhecimento saudável. Neste contexto, Freitas, Neri, Cançado, et al. (2011) afirmam que a necessidade de avaliar a QV surgiu após verificar o aumento de sobrevida e longevidade. Desta forma, a QV tem sido sem dúvida um dos propósitos mais importante da assistência em saúde. Vários estudos na área da saúde destacam a importância da análise subjetiva tais como a satisfação, a felicidade, o bem-estar e defendem não somente a mensuração de parâmetros vitais, como particularidades clínicas centradas em doença e sintomas. Assim, falar de QV exige estar vinculado com a saúde, uma vez que na prática não seria possível estudar o processo de envelhecimento sem ter esse vínculo, pois a QV tem grande impacto na vida das pessoas. Ainda os mesmos autores referem que, o envelhecimento populacional é uma vitória a nível global. No entanto, há uma contradição, ao ser considerado um problema por alguns políticos e planeadores, pela sociedade, e até pelo próprio estado. Essa contradição deve-se ao fato de que a longevidade e os anos adquiridos podem levar a pessoa a sofrer, devido às incapacidades, às comorbidades e à dependência, e assim levar à infelicidade (Freitas et al., 2011). 41 Um estudo realizado em idosos em Cabo Verde, concluiu que “A maioria dos idosos cabo-verdianos percebe a sua qualidade de vida como nem má nem boa. Enquanto em relação à satisfação com a sua saúde, mais de 40% dos idosos sentiam-se satisfeitos ou muito satisfeitos com a mesma” (Semedo, 2017, p.120). 3.2. Envelhecimento ativo e qualidade de vida Assim como a QV, o envelhecimento ativo tem sido bastante abordado em diversos estudos, o que comprova que estão diretamente interligados. O termo “envelhecimento ativo” tem-se tornado uma expressão cada vez mais usada por todo lado, nomeadamente pelos profissionais no seu dia-a-dia (Cohen et al., 2019). A OMS (2002, p.14) conceituou o envelhecimento ativo a indivíduos e a grupos populacionais, como um processo de consolidação das oportunidades para a saúde, a participação e segurança, com o intuito de melhorar a qualidade de vida, à medida que as pessoas envelhecem. O Envelhecimento ativo concede ao indivíduo cuidados e segurança quando este precisa. Ultimamente pesquisas sobre QV e envelhecimento ativo têm-se aumentado de tal forma que muitos consciencializaram de que não interessa a longevidade se os anos adquiridos não forem vividos com qualidade, autonomia, participação na sociedade. Nessa perspetiva, segundo pesquisadores, o envelhecimento deve ser vivido com prazer, de forma saudável, eliminando a tese de que ser velho significa ser invalido e assim tendo um envelhecimento bem-sucedido (Silva. H, Lima. A & R, Galhardoni, 2010). Neste contexto, em consonância com Teixeira e Neri (2008), o termo envelhecimento bem-sucedido vem desde o ano 1961, quando o químico Robert J. Havighurst, desenvolveu a teoria da atividade, também conhecida como teoria implícita do envelhecimento, teoria normal do envelhecimento e teoria leiga do envelhecimento. Essa teoria propõe que o envelhecimento bem-sucedido ocorre quando os adultos mais velhos permanecem ativos e mantêm interações sociais. Ainda o autor considera que o processo de envelhecimento é retardado e a QV é melhorada quando os idosos permanecem socialmente ativos. Relatou também que as participações das pessoas nas atividades estavam relacionadas com a satisfação, a preservação da saúde e o papel que o idoso desempenha na sociedade que levava a um envelhecimento saudável. Já em 1964, Bernice Neugarten afirmou que a satisfação na velhice dependia da manutenção ativa de relacionamentos e esforços pessoais. 42 Porém, após 20 anos, Rowe kahn (1998), citado por Silva, et al. (2010), acrescentaram a esse conceito a ideia de que ter capacidade funcional e cognitiva e hábitos saudáveis são fatores determinantes para um envelhecimento com qualidade, o que levam a baixo risco de desenvolvimento de patologias. 3.3. Fatores determinantes da qualidade de vida em idosos Falar de QV é algo complexo. Quando se fala de fatores que determinam a QV do idoso, deve-se incluir não só os fatores relativos à saúde física, mas também os relacionados ao bem-estar emocional e psíquico. Existem componentes, tais como: relações com amigos, conviver com a família, que são também importantes no quotidiano da pessoa (Gill & Feinstein, 1994). Por conseguinte, compreender o seu conceito, implica avaliar cada indivíduo, pois cada um tem a perceção do significado de QV diferente. Não obstante, existem alguns fatores que são apontados como determinantes para a “avaliação” da QV, com o intuito de chegar a alguma conclusão, embora que esta não seja no seu todo provável devido às características de cada pessoa. Para Brajković, Godan e Godan (2009), os fatores que influenciam a QV em idosos podem estar relacionados com o meio ambiente, qualidade de vida percebida, desenvolvimento pessoal, aptidão, comportamento do indivíduo (incluindo a saúde física e mental), bem-estar emocional (incluindo satisfação com a vida), perceção e avaliação física, material, social, e atividade proposital. Assim, estes domínios são determinados pelo sistema de valores pessoais do próprio indivíduo. Na mesma linha de pensamento, alguns estudos realizados por Llobet, Ávila, Farràs e Canut (2011), sobre QV demonstraram que fatores tais como a autonomia, a saúde, a personalidade, a solidão, o meio em que vive, o isolamento social, a autoestima, a dignidade a privação económica, são importantes para ter ou não uma vida com qualidade. E ainda concordam, que o conceito de QV tem evoluído. A princípio, possuía uma base materialista, em que o que definia a QV eram itens como bens materiais. Posteriormente foram considerados aspetos subjetivos como essenciais. Todavia constataram que esses constructos têm carácter multifuncional e incluem aspetos objetivos e subjetivos. Vários são os estudos realizados sobre fatores que interferem na qualidade de vida. Sabe-se que Curtis (2011), no seu estudo relata que a artrite e a osteoporose têm uma relação com a QV em idosos. Antonini et al. (2012) concluíram também que a doença de Parkinson e a QV estão interligadas. Mais tarde em 2013, alguns pesquisadores evidenciaram a existência de uma relação entre QV dos idosos e algumas doenças crónicas típicas como neoplasias (Wheelwright et al., 2013), doença de Alzheimer 43 (Conde-Sala et al., 2013), diabetes mellitus (Campbell et al., 2013), hipertensão arterial (HTA), e doenças cardiovasculares (Allen et al., 2013). Fernandes et al. (2012, p.174) destaca no seu estudo que o nível médio de QV dos idosos no meio rural é superior que
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