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Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 Hepatite aguda Infecção que leva à necroinflamação do fígado Vírus hepatotrópicos: A, B, C, D, E Não hepatotrópicos: citomegalovírus, herpes simples. Espstein-Barr, febre amarela, dengue, sarampo, rubéola, influenza, herpes genital Outras causas: drogas hepatóxicas, autoimune, doença de Wilson, isquemia hepática VÍRUS Ácido nucleico e Família Cronifica Transmissão Diagnóstico Prevenção\proteção\tratamento A RNA Picornaviridae NÃO Fecal-oral Anti-VHA IgM Vacina Imunoglobulina B DNA Hepadnaviridae SIM Sexual Parenteral Vertical Anti-HBc IgM - Ver quadro abaixo Vacina Lamivudina se fulminante *risco oncogênico C RNA Flaviridae SIM Parenteral !! Sexual Vertical Anti-VHC PCR do HCV – RNA - Não específicos Interferon se não tiver clareamento espontâneo até 12 semanas *risco oncogênico D * RNA Deltaviridae SIM Parenteral Anti-VHD IgM E** NÃO Fecal-oral Anti-VHE IgM *Necessita do AgHBs para infectar. Coinfecção ou superinfecção. **Pode ter coinfecção com o A; evolução semelhante. Vírus B – Marcadores sorológicos Antígenos Anticorpos AgHBs Antígeno de superfície + → infecção + Anti-Hbc IgG– crônica + Anti-HBc IgM - aguda Anti-HBs Anticorpo contra o de superfície + → imune Sozinho – vacina + Anti-Hbc - infecção AgHBc Antígeno core, no capsídeo Anti-HBC IgM aparece no início e pode ficar em baixos títulos ao cronificar IgG fica por toda a vida, e não diagnostica aguda AgHBe Antígeno de replicação viral Desaparece na cura Anti-Hbe Indica parada de replicação Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 Período de incubação: de semanas à seis meses; indivíduo assintomático Fase pré-ictérica ou prodrômica: mal-estar, astenia, febre, anorexia, náuseas, vômitos, cefaleia, desconforto abdominal, mialgia, diarreia ou obstipação, rinorreia, tosse, artralgia; dura uma semana, podendo se estender por 3 semanas Período ictérico: Icterícia leve ou intensa acompanhada de prurido (os níveis de bilirrubina são geralmente < 20); a febre tende a desaparecer, mas anorexia e sintomas digestivos permanecem; alcolia fecal que dura 7-14 dias; dura de alguns dias até uma semana. Em crianças pode se estender 4-8 semanas. Fase convalescente: icterícia e transaminases em declínio; paciente assintomático Diagnóstico • Transaminases (elevação precoce >10x o normal) e bilirrubina aumentada (principalmente a BD). Às vezes, também se alteram o tempo de protrombina (em casos graves ou fulminantes), albumina, fosfatase alcalina, leucograma, sumário de urina • Positividade para marcadores sorológicos Hepatite aguda fulminante Síndrome de clínica súbita, em pacientes com fígado previamente normal ou portadores de doença crônica. • ‘’Icterícia progressiva, redução volumétrica do fígado e coma hepático’’, alargamento do tempo de protrombina, hipertransaminasemia, hiperbilirrubinemia, aumento de nitrogênio e amônia, insuficiência hepática grave instalada dentro de 8 semanas desde o quadro clínico • Hipoglicemia, falência de múltiplos órgãos, coagulopatia, distúrbios do SNC (letargia, sonolência, coma) • Índice de mortalidade chega a 80% • Hiperaguda: 7-8 dias depois da icterícia • Aguda: 8-28 dias depois da icterícia • Subaguda: de 29 dias-12 semanas depois da icterícia Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 Etiologias • O vírus A é a causa mais frequente, principalmente quanto maior a idade do paciente Hepatites crônicas Persistência de inflamação sem melhora por, no mínimo, 6 meses. Etiologias: vírus B, C e D (VHE pode persistir em imunossuprimidos); drogas (álcool e medicamentos); autoimune; distúrbios genéticos (doença de Wilson, hemocromatose, deficiência de alfa-1-antitripsina, doença celíaca), esteato-hepatite não alcoólica Tratamento Hepatite B • Interferon alfa – diversos efeitos colaterais, parenteral, alto custo, baixa eficácia • Inibidores da transcriptase reversa: lamivudina (recorrência após a interrupção), adefovir 10mg\dia, entecavir 0,5- 1mg\dia, tenofovir 300mg\dia, telbivudina 600mg\dia Hepatite C • Interferon alfa e ribavirina • Rastreamento do CHC Hepatite D • Interferon alfa em altas doses e tempo prolongado Medicamentosa • Acetaminofeno (paracetamol); Tratar com N-acetilcisteína • Amiodarona, antirretrovirais (ritonavir), carbamazepina, fenitoína, ácido clavulânico, azatioprina, ciclofosfamida, anestésicos inalatórios, isoniazida, metotrexato, AINES, sulfametoxazol etc. Autoimune • Resposta exacerbada por linfócitos B • Hipergamaglobulinemia, autoanticorpos, boa resposta à imunossupressores • Tipo 1: mais comum, principalmente em idosos; autoanticorpo antinuclear (AAN), autoanticorpo antimusculo liso (AAML) • Tipo 2: mais comum na infância; autoanticorpo antimicrossoma fígado-rim (AAMFR-1) Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 • Tipo 3: mais comum em indivíduos mais jovens, com forma aguda e cirrose; autoanticorpo antiantígeno solúvel do fígado (AAAHS ou SLA\LP) • TTO: prednisona isolada ou prednisona + azatioprina o Usar albendazol para evitar estrongiloidiase o Ver risco de desenvolver tuberculose Alcoólica • 40-80g para o homem; 20-40g para as mulheres (diário) • Pode se apresentar desde esteatose até cirrose o Esteatose macrovesicular e inflamação do parênquima, podendo ou não haver corpúsculos de Mallory, fibrose ou cirrose. A cirrose é a fase da DHA considerada irreversível. O padrão inicial pode ser micronodular, mas na fase avançada pode ser macronodular ou misto Diagnóstico • Clínico: hábitos de vida, febre, aranhas vasculares, icterícia, ginecomastia, eritema palmar, hepatoesplenomegalia, entre outros. • Laboratorial: elevação das aminotransferases. AST\ALT igual ou > 1 (AST>ALT); elevação da GGT o Geralmente as transaminases <300U. A AST é maior porque a hepatite alcoólica tem maior lesão mitocondrial, onde é encontrado essa enzima (além de em outros tecidos) • Geralmente tem melhora clínica e laboratorial com a abstinência Cirrose Formação de fibrose difusa, além de micro e macronódulos. Etiologias: hepatites B, D e C, autoimune, alcóolica, obstrução biliar, fármacos, metabólica, vascular, criptogênica (idiopática) Mecanismo: contínua fibrogênese resultante da lesão dos hepatócitos, causada por fatores de crescimento, integrinas, citocinas, colágenos, radicais livres de O2 etc. Fisiopatologia • Aumento dos níveis pressóricos no sistema venoso porta > 5mmHg da VCI → hipertensão portal → circulação colateral → varizes esofágicas • Aumento do débito cardíaco para garantir o fluxo hepático • Diminuição do fluxo sanguíneo renal pela vasoconstricção das arteríolas aferentes → diminuição da TFG → maior reabsorção de sódio e água → retenção de substâncias → síndrome hepatorrenal • Anemia, principalmente nos desnutridos, pela hemólise, deficiência na síntese de ácido fólico e na absorção do ferro • Leucopenia e plaquetopenia por causa do hiperesplenismo • Redução dos fatores de coagulação, com baixa na atividade e alargamento do tempo de protrombina o Sangramentos espontâneos, equimoses e hematomas • O fígado normal produz cerca de 10g de albumina. O cirrótico 4g por dia. Essa hipoalbuminemia altera a pressão coloidosmotica plasmática, que associada com a hipertensão portal e presença de substâncias vasoconstrictoras, leva a menor excreção renal de sódio e água → ASCITE • Alta incidência de infecções bacterianas pela diminuição de alguns constituintes da resposta imune: zinco, albumina, transferrina Clínica 1. Compensada 2. Descompensada Hepatoesplenomegalia e hipertransaminasemia Ascite, encefalopatia hepática, hemorragia digestiva alta Astenia, epistaxe, lentidão, emagrecimento, febrícula, aranhas vasculares, eritema palmar, diarreia, plenitude gástrica, flatulência Fraqueza progressiva, perda ponderal e de massa, bacteremia com febre, hiperpigmentação da pele,dedo hipocrático com unhas esbranquiçadas, telangiectasia aracniformes, eritema palmar, alteração na distribuição de pelos pubianos, ginecomastia, atrofia testicular, petéquias e equimoses, tremor das extremidades, circulação colateral Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 Child-Pugh = BEATA MELD = CIB MELD = 3,78[Ln bilirrubina sérica (mg/dL)] + 11,2[Ln INR] + 9,57[Ln creatinina sérica (mg/dL)] + 6,43 Se MELD = 40 ou mais — significa que há risco de 100% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = 30 a 39 — significa que há risco de 83% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = 20 a 29 — significa que há risco de 76% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = 10 a 19 — significa que há risco de 27% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = <10 — significa que há risco de 4% de mortalidade em 3 meses. Encefalopatia hepática Síndrome neuropsiquiátrica decorrente de complicação da cirrose e das hepatopatias agudas que se acompanham de necrose celular extensa, com comprometimento funcional do parênquima Fisiopatologia: o fígado normal responsabiliza-se pela metabolização e clareamento de substâncias neurotóxicas de origem intestinal. Isso não acontece na insuficiência hepática fulminante, pela redução de massa dos hepatócitos funcionantes e nem na cirrose, pela existência de anastomoses porto-sistêmicas; essas subst. circulam livremente, ultrapassando a BHE. • Amônia, aminoácidos plasmáticos, mercaptanas e ácidos graxos de cadeia curta, ácido gama-aminobutírico, metabolismo oxidativo cerebral, ácido quinolínico, hipertensão intracraniana por edema cerebral Fatores precipitantes Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 1. Hemorragia digestiva alta: o sangue no lúmen produz proteínas que são degradadas e geram substancias neuroativas; pacientes com hipovolemia, baixa perfusão renal e elevação dos níveis séricos de ureia, facilmente transformados em amônia 2. Diuréticos: os ascéticos, tratados com diuréticos, tem risco de hiponatremia, hiper ou hipopotassemia, alcalose hipopotassemica, que inibem a neurotransmissão normal 3. Infecções: acentua o catabolismo proteico e a produção de subst. nitrogenadas, com aumento da ureia e amônia 4. Constipação intestinal: condição favorável para maior produção entérica de substancias neurotoxicas 5. Hipnóticos e ansiolíticos: aumentam a meia vida por causa da baixa do metabolismo hepático, o que facilita a ação GABAérgica 6. Anastomoses portossistêmicas: desvios que facilitam o acesso ao interior da BHE Clínica Tratamento Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 Ascite • Líquido livre na cavidade peritoneal. A paracentese deve ser realizada em todos. • Complicação: peritonite bacteriana espontânea (monobacteriana) – ATB com cefotaxime Etiologias • Cardíaca: IC, pericardite constritiva, cor pulmonale • Renal: síndrome nefrótica, IRC dialítica • Infecciosa: tuberculosa, esquistossomose, fúngica, bacteriana • Neoplasia: metástase peritoneal, mesotelioma, linfoma, pseudomixoma peritoneal • Quilos: obstrução linfática mesentérica • Ginecologia: síndrome de Meigss, endometriose, síndrome de hiperestimulação ovariana • Outras: LES, angioedema hereditário, AR, doença de Whipple, mixedema, gastroenterite eosinofílica, hipoalbuminemia Hipertensão portal Hipertensão portal → vasodilatação esplênica → ativação de vasoconstrictores sistêmicos mediados por barorrecptores e ADH → retenção de sódio → aumento do volume plasmático → retenção persistente de sódio → ASCITE Exame físico • Em pé: atitude lordótica (coluna reta) para contrabalancear o peso, destaque do relevo venoso na parede, hérnias associadas ou isoladas (aparecem nas ascites de grande volume), prolapso genital nas mulheres • Grande volume\tensa: abdome globoso, não se modifica, dispneia por impedir a expansão diafragmática, pode causar atelectasia pulmonar • Médio volume: quando o paciente se deita o líquido escoa para os flancos e o centro do abdome fica plano (‘’abdome de batráquio’’) • Pequeno volume: imperceptível com o paciente deitado; bem identificada na USG Nas ascites de grande volume o diagnóstico é óbvio à inspeção e uma simples manobra de ‘’piparote’’ o confirma • Paciente deitado coloca a margem cubital de sua mão sobre a linha mediana do abdome, exercendo uma pequena pressão • O examinador coloca a mão esquerda espalmada na parede lateral direita do abdome • Com a mão direita, o examinador dá um peteleco com o dedo médio na parede lateral esquerda • As ondas líquidas transmitem-se para o lado oposto, sendo percebidas pela mão esquerda Nas ascites de médio volume, não há esse sinal, já que o líquido se acumula nos flancos. Deitado, a ascite é identificada com uma manobra conhecida como ‘’pesquisa de macicez móvel’’ • Percute o centro do abdome, que tem som timpânico e os flancos, que tem som maciço • Ao colocar o paciente em DL direito e esquerdo, o examinador nota o deslocamento ou mobilidade da massa líquida. Na superior é timpânica e na parte inferior, em contato com o leito, é maciça Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 Características do líquido ascítico Icterícia - amarelo-escuro Neoplasia maligna - hemorrágico, peritonite tuberculosa Turvo ou purulento - infecção bacteriana Comprometimento do sistema linfático - quiloso, leitoso Paracentese Diagnóstico etiológico + alívio terapêutico Julia S Crescencio P5 Clínicas UC 14 • Evitada em pacientes com coagulação intravascular disseminada (CIVD) • No geral, a incidência de sangramento clinicamente significativo é baixa • Não fazer em locais infectados, veias ingurgitadas, cicatrizes, hematomas • Contra-indicações relativas: gravidez, visceromegalia, obstrução do delgado, aderências abdominais • Pode ser usado USG para evitar riscos (pouco usado na prática) Método 1. Explicar o procedimento e riscos (sangramento, infecção, lesão aos órgãos, hipotensão pós-procedimento) 2. Locais recomendados: 2 cm abaixo do umbigo na linha média ou no QID ou QIE (lembrar de deixar a bexiga vazia) 3. Solução antisséptica 4. Anestesia com lidocaína - ir aspirando até o líquido peritoneal aparecer, colocar mais anestésico e sair 5. Trajeto em forma de Z, empurrando o tecido para baixo e colocando a agulha em 90 graus 6. Quando a agulha ultrapassar a resistência e o fluido começar a preencher a seringa, para de avançar, coloque o cateter e remova a agulha Complicações • Hipotensão • Hiponatremia • Falência renal • Baixa da sobrevida • Infecção localizada • Hematoma da parede • Vazamento persistente do líquido • Hemorragia • Lesão à órgãos • Punção da artéria epigástrica inferior Análise GASA (albumina sérica - albumina do líquido ascítico) > 1.1 g\dl → hipertensão portal – transudato (maior albumina sérica) < 1.1g\dl →. câncer, infecção, pancreatite – exsudato (maior albumina no líquido ascítico)
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