Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MARIANA MARQUES – T29 INTRODUÇÃO • Também conhecida como aumento prostático benigno, é um problema urinário comum que afeta os homens e dificulta o ato de urinar. • Diagnóstico é histológico devido à proliferação do músculo liso e das células epiteliais da zona de transição da próstata. • Pode causar obstrução do esvaziamento vesical devido ao aumento tecidual e do tônus e resistência da musculatura lisa. • A próstata é responsável pelo armazenamento e secreção de um que compõe cerca de 10-30% do volume do fluido seminal. • Pode estar associada a sintomas do trato urinário inferior (STUI ou LUTS), pois, o crescimento prostático pode ocluir o canal uretral. EPIDEMIOLOGIA • Prevalente em homens acima de 45 anos. • Os sintomas do trato urinário inferior pioram com o avanço da idade. • O PSA apresenta-se aumentado de acordo com o crescimento da próstata. • Há influência de fatores socioeconômicos (rendas altas apresentam mais casos, pois buscam ajuda médica de forma precoce). • Atividades físicas regulares e ingestão moderada de álcool parecem atenuar as manifestações clínicas indesejáveis da HBP. FISIOPATOLOGIA • A HPB se instala na zona transicional, situada em torno da uretra, onde ocorre a proliferação de nódulos formados por tecido glandular ou estroma fibromuscular. • A HPB possui um processo complexo e multifatorial, podendo estar associada a estímulos distintos, tais como hormônios andrógenos e estrógenos, fatores de crescimento, teoria linfocitária, redespertar embriológico e genéticos. HORMÔNIOS ADRENÉRGICOS: • A testosterona é produzida principalmente pelas células de Leydig dos testículos e, uma pequena parte pelas glândulas adrenais. • A testosterona circulante se liga à albumina e às globulinas. • A forma livre corresponde a apenas 2-5% da testosterona circulante. • A DHT, um metabólito mais potente que a testosterona, liga-se aos receptores androgênicos no citoplasma (complexo DHT-RA). • Esse complexo é transportado ao núcleo e se liga a sítios específicos DNA, estimulando a proliferação celular e o crescimento da próstata. PROCESSO FISIOPATOLÓGICO: • O processo de obstrução uretral decorre do efeito mecânico causado pelo crescimento prostático e de um efeito funcional. • O aumenta o número de células no órgão promove crescimento do órgão, ou seja, do epitélio ductal e do estroma (musculatura lisa), assim, a próstata cresce, fechando a uretra e dificultando a saída de urina devido ao aumento da resistência uretral. • Causas do aparecimento de sintomas miccionais: ➔ Obstrução uretral: aumento da resistência uretral (cápsula). ➔ Hiperatividade muscular lisa (adrenérgica) ➔ Resposta vesical à obstrução: o detrusor, sofre hipertrofia, preservando o fluxo urinário nas fases iniciais da obstrução, mas reduzindo a complacência e a capacidade vesical → causa urgência, polaciúria e ↓ do volume miccional. Hiperplasia Prostática Benigna MARIANA MARQUES – T29 QUADRO CLÍNICO • A obstrução provocada pela HPB leva a alterações do trato urinário: hipertrofia da musculatura detrusora e formação de divertículos. • O aumento da resistência uretral é responsável pelos sintomas de esvaziamento (obstrutivos), e fatores dinâmicos, pelos de armazenamento (irritativos). • Sintomas de armazenamento: são os que mais ocorrem/ ocorrem primeiro. ➔ Noctúria: aumento da frequência noturna (é o primeiro sintoma que aparece). ➔ Polaciúria: aumento da frequência diurna. ➔ Urgência: vontade súbita de urinar. ➔ Disúria: desconforto/ardência durante a micção ➔ Dor suprapúbica: dor na região do hipogástrio. • Sintomas de esvaziamento: ➔ Jato fraco: dificuldade para urinar (↓ pressão). ➔ Esforço miccional: fazer força para urinar. ➔ Intermitência: micção em etapas (faz e para). ➔ Sensação de esvaziamento incompleto: ato de urinar e ainda sentir vontade de urinar. ➔ Gotejamento terminal: parada não abrupta do jato urinário, ou seja, vai gotejando urina até parar de sair. ➔ Hesitação: tempo elevado para iniciar a micção. SINTOMAS DE ESVAZIAMENTO SINTOMAS DE ARMAZENAMENTO Jato fraco Noctúria Esforço miccional Polaciúria / frequência Intermitência Urgência Sensação de esvaziamento incompleto Disúria Gotejamento terminal Dor suprapúbica Hesitação Incontinência urinária paradoxal DIAGNÓSTICO • O diagnóstico é clínico e inclui anamnese, história de cirurgias prévias do trato geniturinário, avaliação da função sexual, medicações usuais e exame físico com toque retal e palpação abdominal suprapúbica. • A avaliação da severidade dos STUI pode ser realizada através do IPSS (Escore Internacional de Sintomas Prostáticos). - 0 e 7: definem a sintomatologia leve (LUTS leve). - 8 e 19: sintomatologia moderada (LUTS moderado). - 20 e 35: sintomatologia severa (LUTS severo). Observação: pacientes com pontuação IPSS > 8 quase sempre têm indicação de tratamento. EXAMES LABORATORIAIS: • Urina tipo I, urocultura, PSA, creatinina e ureia. PSA: • Consiste no Antígeno Prostático Específico, é uma enzima produzida pelas células da próstata cujo aumento da concentração pode indicar alterações na próstata. • NÃO tem valor de referência pois depende do tamanho da próstata. • Análise por idade (conforme a próstata cresce, aumenta o PSA e, como a próstata cresce com a idade, o PSA também cresce). • Densidade do PSA: massa de PSA dividido pelo volume de próstata (cada grama de próstata benigna produz 0,1 ng de PSA). MARIANA MARQUES – T29 • Velocidade de crescimento: o tanto que o PSA aumenta de um ano para o outro (na HPB = velocidade de crescimento de até 0,75 ng/ano). • Valores de crescimento do PSA acima de 0,75 ng/ano pode indicar comportamento maligno. • Relação livre/total: consiste na fração livre de PSA dívida pela fração total. ➔ Válida quando o PSA total está dentro da zona cinzenta (PSA total entre 4 e 10). ➔ Em normalidade o valor da relação livre/total normal é maior que 18%, assim, valores menores são indicativos de câncer de próstata enquanto, valores maiores, indicam HPB. • PSA x idade: ➔ até 40-50 anos = 2,5; ➔ 50-60 anos = 3; ➔ 60-70 anos = 4,5; ➔ 70-80 anos = 6,5; EXAMES DE IMAGEM: • Ultrassonografia da próstata via abdominal: útil para avaliar as dimensões da próstata (não preciso), a presença do lobo mediano e as características do trato inferior (espessamento da parede vesical, cálculos e resíduo pós-miccional). • Ultrassonografia de Rins e Vias Urinárias: útil para avaliar dilatações do sistema coletor (dilatação dos cálices e pelve renal - hidronefrose) associadas ou não à dilatação ureteral (uretero-hidronefrose). • Urofluxometria: caracteriza grosseiramente o grau de obstrução infravesical. • Estudo Urodinâmico Completo: o tem por objetivo mensurar a capacidade vesical (normal de 400 a 500 ml), a complacência vesical (capacidade de armazenar urina em baixa pressão), presença de hiperatividade detrusora, estudo fluxo-pressão e demonstrar o resíduo pós-miccional. COMPLICAÇÕES • Na presença de complicações, a indicação deve ser cirúrgica. • Retenção urinária aguda (RUA): paciente para de urinar, mesmo sentindo vontade, indica-se a passagem de sonda. • Hematúria macroscópica recorrente: próstata crescida pode sangrar. • ITU recorrente: devido estase urinária (urina parada = meio de cultura). • Litíase vesical: forma um cálculo na bexiga devido a estase urinária. • Urina fica represada dentro da bexiga: rim não consegue mais drenar a urina (dilatação do TUS). • Infecção renal de origem pós-renal: causa elevação da creatinina. TRATAMENTO • O tratamento da HPB é indicado em pacientes sintomáticos cujo LUTS tenha impacto sobre a qualidade de vida ou naqueles que apresentem complicaçõesdecorrentes da evolução da doença. TRATAMENTO CLÍNICO: ALFA-BLOQUEADORES: • São antagonistas do receptor adrenérgico-α1 • Bloqueiam a musculatura lisa da próstata; • Possui início de ação rápido; • Menos efeitos colaterais e maior eficácia. • Fármacos: ➔ Doxazozina – 2 e 4 mg; ➔ Tansulosina – 0,4 mg; ➔ Alfuzozina – 2,4 e 10 mg. INIBIDORES DA 5-Α REDUTASE: • Bloqueiam a enzima conversora da testo (DHT); • Atuam diminuindo a proliferação celular e aumentando a apoptose → diminui volume da próstata. • Indicações: próstata acima de 40 g ou quando quer evitar retenção urinária ou para evitar uma cirurgia. • Início lento de ação: começa a ter efeito máximo depois de 6 meses de uso • Reduz PSA pela metade após de 6 meses de uso. • Principal efeito colateral: disfunção erétil. • Fármacos: ➔ Finasterida 5mg; MARIANA MARQUES – T29 ➔ Dutasterida 0,5mg. Observação: os fármacos das duas classes medicamentosas podem ser usados em associação. Em geral, o inibidor da 5-alfa redutase não é usado sozinho. TRATAMENTO CIRÚRGICO: • Indicado quando há falha do tratamento clínico, e os sintomas da obstrução alteram a qualidade de vida do paciente ou em caso de complicações devido a obstrução, como: ➔ Insuficiência renal pós-renal secundária à HPB (hidronefrose e/ou uremia); ➔ Infecção recorrente do trato urinário; ➔ Hematúria macroscópica recorrente; ➔ Cálculos vesicais; ➔ Retenção urinária aguda. RESSECÇÃO TRANSURETRAL DE PRÓSTATA (RTUP): • É o tratamento cirúrgico mais comumente utilizado, idealmente para pacientes com volumes prostáticos menores que 80g. • Realizado por via endoscópica. • Pode causar a síndrome da intoxicação hídrica (SIH), que causa desorientação, náuseas, vômitos, hipertensão arterial e bradicardia. • Complicações da cirurgia: hematúria perioperatória perfuração da cápsula, retenção urinária pós- operatória, tamponamento por coágulos, infecção do trato urinário, ejaculação retrógrada (principal), esclerose do colo vesical, incontinência urinária e disfunção erétil. PROSTATECTOMIA ABERTA: • Realizada em pacientes com próstatas superiores a 80-100g. • A via de acesso à próstata pode ser transvesical (abertura da bexiga e acesso à próstata pelo colo vesical) ou retropúbica (abertura da cápsula prostática para acesso à próstata). • É a cirurgia mais eficaz dentre todas as possibilidades de tratamento cirúrgico pois apresenta resultados duradouros, maiores taxas de sucesso, melhora da qualidade de vida e aumenta as taxas do fluxo urinário em mais de 300%.
Compartilhar