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Infecção do Trato Urinário

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MARIANA MARQUES – T29 
CIRURGIA: UROLOGIA 
INTRODUÇÃO 
• Infecção urinária consiste na colonização (não há 
multiplicação bacteriana, assim, não causa danos 
ao tecido) e proliferação (colonização seguida de 
multiplicação do agente bacteriano) bacteriana 
na urina. 
• Essas infecções geralmente acometem o trato 
urinário baixo (cistites) e não costumam ser grave. 
• Em menor prevalência, podem atingir o trato 
urinário alto (pielonefrites), que, em geral, são 
mais graves. 
• Pode ser causada por bactérias ou fungos. 
 
ANATOMIA DO TRATO URINÁRIO 
TRATO URINÁRIO INFERIOR: 
• É formado pela bexiga, uretra, próstata, pênis, 
testículos e escroto. 
➔ Bexiga: armazena a urina (capacidade 500 mL) 
➔ Uretra: é dividida na porção anterior (da 
membrana perineal até o meato uretral distal) 
e na porção posterior (do colo vesical até a 
membrana perineal). No homem a uretra pode 
ser dividida em quatro porções: prostática, 
membranosa, bulbar e peniana. 
➔ Próstata: posicionada inferiormente à bexiga, 
no seu interior passa a uretra prostática. É 
dividida em três zonas (periférica, central e de 
transição). 
 
 
➔ Pênis: composto por dois corpos cavernosos 
(responsáveis pela ereção) e um corpo 
esponjoso. 
➔ Testículos: órgãos com funções reprodutivas e 
endócrinas que ficam alojados no escroto. 
TRATO URINÁRIO SUPERIOR: 
• O trato urinário superior está contido dentro do 
compartimento retroperitoneal, cavidade virtual 
localizada entre os músculos e ossos da parede 
abdominal posterior e o peritônio parietal. 
• É formado pelos rins e ureteres. 
➔ Rins: formados pelo córtex e pela medula, local 
de filtração e formação da urina. 
➔ Ureteres: levam a urina dos rins para a bexiga, 
podendo medir, em adultos, de 22 a 30 cm. é 
dividido em abdominal (da JUP até o 
cruzamento com as ilíacas), pélvico (do 
cruzamento até a bexiga) e intramural 
(JUV/parede vesical). 
 
 
 
REGIÕES ANATÔMICAS IMPORTANTES: 
• São importantes pois representam os principais 
pontos de impactação de cálculos: 
➔ Junção ureteropiélica (JUP): cruzamento sobre 
os vasos ilíacos. 
➔ Junção ureterovesical (JUV): separa o trato 
urinário inferior do trato urinário superior. 
 
COMPLEXIDADE DAS INFECÇÕES 
ITU NÃO COMPLICADA: 
• Consiste numa cistite (ITU baixa), que atinge uma 
mulher adulta, não grávida e com trato urinário 
normal. 
• Escherichia coli é a principal bactéria (80%). 
Infecção do Trato Urinário 
 
 
MARIANA MARQUES – T29 
CIRURGIA: UROLOGIA 
ITU COMPLICADA: 
• Consiste numa ITU que acomete crianças, homens, 
idosos, imunocomprometidos e grávidas. 
• Espectro amplo de bactérias envolvidas (G+ e G-). 
 
FATORES DE RISCO 
• Sexo feminino; 
• Gestante; 
• Atividade sexual; 
• Inicio do estrógeno (inicio da menstruação); 
• Falta do estrógeno (menopausa); 
• Sondagem vesical de longa duração (não deve 
deixar a sonda por muito tempo no trato urinário 
pois aumenta o risco de infecção); 
• Recém-nascido (patologia congênita); 
• Homem idoso (hiperplasia prostática benigna); 
 
EPIDEMIOLOGIA 
• Mais comum infecção bacteriana; 
• Predomínio em meninas > 1 ano; 
➔ Fase pré-escolar: 20x mais comum. 
➔ Adultas: acomete principalmente mulheres com 
vida sexual ativa. 
• Homens: distribuição bimodal (bebês e idosos). 
➔ Deve-se investigar, não é comum em homens 
(possuem a uretra maior, dificultando o acesso 
das bactérias à bexiga e vias urinarias). 
Observação: a micção é fator protetivo para as ITUs, 
pois o ato de urinar promove o clearance bacteriano, 
carreando as bactérias para fora do organismo antes 
de aderirem. 
 
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO BAIXO - CISTITE 
CARACTERÍSTICAS GERAIS: 
• Definida como uma resposta inflamatória do 
urotélio do trato urinário inferior frente à invasão 
bacteriana, cursando com a presença de leucócitos 
e bactérias no exame de urina tipo I (piúria e 
bacteriúria), associada a urocultura positiva. 
• Gera sintomas urinários como disúria, polaciúria e 
urgência miccional, mas não causa febre. 
• Difere-se da bacteriúria pois, nesse caso, há 
ausência de sintomas, mesmo na presença de 
bactérias na urina → não se realiza tratamento 
(exceto em gestantes e em pacientes que haverá 
manipulação do trato urinário). 
PATOGÊNESE: 
• O agente mais comum associado à ITU baixa é o 
Escherichia coli, proveniente do trato intestinal. 
• A infecção se dá principalmente pela via 
ascendente, a bactéria adentra pela vagina 
seguindo pela uretra até alojar-se na bexiga. 
• As bactérias aderem as células umbrella através 
da produção de adesinas (fimbrias) e realizam 
internalização das células, onde realizarão 
proliferação, desenvolvendo-se em comunidades 
estruturadas, coordenadas e funcionais (biofilme). 
• Quando a proliferação bacteriana atinge um pico 
de replicação, ocorre a lise celular e as bactérias 
deixam o interior da célula umbrella para 
atingirem o interior da bexiga, gerando o processo 
inflamatório e perpetuando a infecção. 
 
QUADRO CLÍNICO: 
• Principais sinais e sintomas: polaciúria (aumento 
da frequência), urgência miccional, disúria 
(ardência ou desconforto para urinar) e hematúria 
terminal (pode ocorrer como consequência da 
contração do trígono e colo vesical inflamados). 
• A presença de febre indica infecção do trato alto. 
 
DIAGNÓSTICO: 
• Avalia-se o quadro clínico, atentando-se aos sinais 
e sintomas característicos da doença. 
• Exames complementares: 
➔ Urina tipo I: 
- Alterações: presença de leucocitúria, 
hematúria e bacteriúria e nitrito positivo. 
- A coleta de urina para análise pode ser feita 
através do jato urinário médio ou punção 
suprapúbica. 
➔ Urocultura. 
➔ Exames de imagem: usados na presença ou 
suspeita de complicações (USG de rim e vias 
urinárias e TC de abdome). 
 
TRATAMENTO: 
• Visa a erradicação do microrganismo causador da 
infecção com antibióticos (quilonas, macrodantina, 
cefalosporinas e sulfas). 
• Mulheres hígidas com ITU não complicada: 
tratamento máximo de 3 dias de antibiótico. 
• Homens: tratamento mínimo de 5-7 dias. 
MARIANA MARQUES – T29 
CIRURGIA: UROLOGIA 
PROFILAXIA: 
• Há 2 tipos de ITU de repetição: 
➔ Causado por persistência bacteriana: a 
bactéria persiste viável e não tratada → 
realiza-se uma investigação detalhada do 
trato urinário a procura de anomalias (litíase 
obstrutiva, cálculo coraliforme, hiperplasia 
prostática benigna). 
➔ Oriundos de reinfecção: a bactéria é debelada 
e reinfecta o hospedeiro (pode ser causada 
tanto pelo mesmo agente, como por outro 
microorganismo). 
• Em relação ao uso de antibióticos, existem 3 
formas de emprego: 
➔ Antibioticoterapia: uso do antibiótico para 
tratamento, ou seja, erradicação do agente 
etiológico e da infecção. 
➔ Antibioticoprofilaxia: uso do antibiótico com o 
objetivo de diminuir reinfecções, ou seja, o uso 
do antibiótico em indivíduos livres de infecção 
para preveni-las. 
➔ Antibioticossupressão: uso do antibiótico com 
o intuito de evitar complicações, mas não de 
erradicar a infecção. 
Observação: profilaxia com antimicrobianos – usada 
em casos de procedimentos urológicos (cirurgias), deve 
ser iniciada de 30 a 120 minutos antes do início do 
procedimento, sendo mantida por até 24h ou até a 
retirada da sonda vesical de demora para prevenir ITU 
em procedimentos invasivos. 
 
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ALTO 
CARACTERÍSTICAS GERAIS: 
• São menos frequentes que infecções que acometem 
o trato urinário baixo (bexiga), porém, quando 
ocorrem são mais graves para o paciente e de 
mais difícil manejo urológico. 
• Sintomas clássicos: febre, calafrios e dor lombar, 
que podem não estar presentes em todos os casos. 
➔ Não são indicativos de severidade / gravidade. 
 
PIELONEFRITE AGUDA 
QUADRO CLÍNICO: 
• Apresentação clássica: início súbito de calafrios, 
febre ≥ 37.9ºC, dor no flanco ou lombar unilateral 
ou bilateral que pode ou não estar associados a 
disúria,aumento da frequência urinária e urgência 
DIAGNÓSTICO: 
• É realizado clinicamente através da história e do 
exame físico (presença do sinal de Giordano 
positivo – característico de processos 
inflamatórios ou infecciosos que acometem o trato 
urinário superior, principalmente rim e pelve renal). 
• Exames laboratoriais: 
➔ Hemograma: pode apresentar leucocitose e 
predominância de neutrófilos, aumento na 
velocidade de hemossedimentação (VHS), 
níveis elevados de proteína C reativa (PCR) e 
creatinina (se insuficiência renal estiver 
presente). 
➔ Clearance de creatinina: diminuído. 
➔ Hemoculturas: podem ser positivas. 
➔ Exame de urina tipo I: pode revelar numerosos 
leucócitos (com ou sem hematúria). 
➔ Urocultura: geralmente positiva identificando 
o agente etiológico. 
• Exames de imagem (USG renal e TC de abdome e 
pelve): geralmente solicitados quando não há 
melhora do quadro após 72 horas de 
antibioticoterapia adequada, podendo mostrar 
➔ Aumento do parênquima renal; 
➔ Parênquima atenuado ou hipoecoico; 
➔ Compressão do sistema coletor; 
➔ Fator obstrutivo: cálculo ureteral; 
➔ Complicações: pionefrose e abscesso renal. 
 
TRATAMENTO: 
• Pielonefrite aguda não complicada: 
➔ Em casos de evolução precoce em pacientes 
hígidos e em bom estado geral: tratamento 
com antibióticos por via oral, em regime 
ambulatorial → usa-se a fluoroquinolona por 
7-10 dias. 
- Na suspeita de Gram-positivos: prescreve-se 
amoxicilina ou amoxicilina/clavulanato. 
➔ Em casos de evolução mais prolongada e que 
cursam com febre alta, desidratação, 
prostração e mal estado geral: tratamento 
com internação para antibioticoterapia 
parenteral – deve solicitar TC sem contraste. 
- Os antibióticos recomendados por via 
parenteral incluem as fluoroquinolonas, 
aminoglicosídeos com ou sem ampicilina ou 
uma cefalosporina de terceira geração com ou 
sem aminoglicosídeo. 
MARIANA MARQUES – T29 
CIRURGIA: UROLOGIA 
- Na suspeita de bactérias Gram-positivas, 
ampicilina/sulbactam com ou sem 
aminoglicosídeo é o antibiótico recomendado. 
- Período de tratamento: de 14-21 dias. 
- Se houver melhora do quadro (clinicamente 
estável) nas primeiras 72 horas e ausência de 
fator complicador, o paciente poderá receber 
alta hospitalar e completar o tratamento em 
regime ambulatorial. 
 
ABCESSO RENAL 
DEFINIÇÃO: 
• É uma coleção organizada de material purulento 
confinado ao parênquima renal. 
 
QUADRO CLÍNICO: 
• O paciente acometido tem história de doença 
(pielonefrite aguda) ou obstrução renal prévia 
(cálculo obstrutivo associado à infecção). 
• Geralmente causado por bactérias gram-negativas 
(stafilococos em 80% dos casos) que acessam o rim 
por via ascendente. 
• Tríade clássica: febre, calafrios e dor lombar, 
podendo estar associada a perda de peso. 
• Fatores complicadores: estase, litíase, gravidez ou 
diabetes tipo II. 
 
DIAGNÓSTICO: 
• Após suspeita, para confirmação é utilizado a 
ultrassonografia renal, a qual apresentará uma 
lesão hipoecoica e de margens indeterminadas na 
fase aguda que, posteriormente, se tornará bem 
definida. 
• Quando disponível, a tomografia computadorizada 
deve ser o exame de escolha pois proporciona 
excelente delineamento do abscesso. 
• Em caso de dúvidas, realiza-se uma biópsia por 
agulha fina. 
 
TRATAMENTO: 
• Tratamento clássico: drenagem cirúrgica aberta ou 
percutânea. 
• Para lesões menores que 3cm ou menores que 5cm 
em pacientes estáveis utiliza-se um tratamento 
conservador com antibiótico intravenoso e 
observação clínica. 
• Na ausência de resposta ao tratamento clínico ou 
em abscessos maiores que 5 cm, a drenagem 
cirúrgica é mandatória. 
• Quando o agente etiológico é Gram-positivo 
instalado por via hematogênica, utiliza-se 
penicilinas de largo espectro ou vancomicina. 
• Se a suspeita é de infecção por agentes Gram-
negativos instalados por via ascendente, utiliza-se 
cefalosporinas de 3ª geração, aminoglicosídeos ou 
penicilinas anti-Pseudomonas. 
Observação: Exames de imagem seriados devem ser 
realizados até resolução do abscesso.

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