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Eutanásia: História, Classificação e Legalização

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INTRODUÇÃO
 Há muita discussão sobre a eutanásia no mundo, o assunto, lida com um dos aspectos mais profundos e misteriosos da vida do homem. O presente trabalho tem a função de ilustrar alguns cenários históricos, e a possibilidade da adequação da eutanásia no sistema de leis brasileiras, em virtude uma análise dos princípios, e observará, igualmente, as legislações estrangeiras, e se a eutanásia é ou não existente nestas. 
            
EUTANÁSIA
O termo eutanásia foi criado no século XVII (em1623) pelo filósofo Francis Bacon em sua obra “Historia vitae et mortis” para designar o tratamento adequado as doenças incuráveis e eutanásia significa etimologicamente “boa morte” que deriva da semântica grega “eu” (boa ou bom) e “thanatos”(morte). O termo pode ter ainda diversas interpretações como, por exemplo: “morte sem sofrimento”, “morte sem dor”, “morte tranquila”: é a morte prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável (terminal ou não), a seu pedido e em razão do seu insuportável sofrimento, de maneira controlada ou assistida. O ato que causa a morte é praticado por um terceiro. 
 HISTÓRIA
A prática da eutanásia vem desde os tempos da Grécia Antiga, quando os cidadãos que estavam exaustos da carga do Estado e da sua existência, solicitavam ao magistrado uma autorização para sua morte e mediante os motivos expostos pelo requerente, o juiz decidia ou não que essa prática fosse cometida.
Em Esparta, já havia meios de evitar o sofrimento de pessoas que nasciam com algum tipo de moléstia, a qual não podia ser curada, inclusive o Estado não fornecia nenhuma garantia para o cidadão que não fosse útil. Além do mais a família da pessoa acometida da doença, era colocada em situação vergonhosa. O homicídio na sociedade espartana não era considerado crime, salvo se fosse perpetrado em honra aos deuses e os idosos eram assassinados quando assim pediam aos seus filhos.
Em Atenas, o Senado detinha o poder de tirar a vida dos doentes e idosos incuráveis, através de uma bebida venenosa.
Na Roma Antiga, os deficientes mentais eram lançados ao mar. Já o imperador Júlio Cesar decretou que os gladiadores feridos após batalha no circo romano só seria mortos se os césares voltassem o seu polegar para baixo, pois estes já se encontravam em profunda agonia devido aos ferimentos e a morte configurava-se como uma prática de eutanásia. As pessoas condenadas à morte tomavam uma bebida que os deixavam em sono profundo para que pudessem morrer sem dor.
Na Idade Média, os guerreiros que eram feridos nos combates eram crucificados com golpes de punhal que era inserido na articulação do indivíduo e por baixo do gorjal da armadura, pois desta forma evitava-se a desonra e o sofrimento da pessoa.
CLASSIFICAÇÃO
São inúmeras as classificações encontradas para a eutanásia na doutrina mundial. 
a)    Eutanásia ativa – Consiste no ato de provocar a morte do paciente sem sofrimento. Ocorre quando o agente fornece substância capaz de provocar a morte instantânea e indolor.
b)    Eutanásia passiva ou indireta – Não provoca a morte instantânea como na eutanásia ativa, porém, depois de um determinado tempo o agente deixa de fornecer quaisquer meios que prolonguem a vida do individuo vindo este assim a falecer.
c)    Eutanásia de duplo efeito – Ocorre quando a morte é acelerada como uma consequência indireta nas ações médicas realizadas com o objetivo de aliviar o sofrimento de um paciente em estado terminal.
d)    Eutanásia eugênica – Tem caráter eliminador. Visa eliminar recém-nascidos degenerados e enfermos que são portadores de doenças contagiosas onde o principal objetivo é preservar os humanos de graves problemas biológicos.
EUTANÁSIA PARA MEDICINA
Para a medicina, a prática da eutanásia consiste em atenuar o sofrimento das pessoas que se encontram enferma e em estado de coma irreversível sem possibilidade de sobrevivência. Dessa forma é apressada a morte ou proporcionados os meios para conseguir o objetivo. Deve-se levar em conta o relevante valor moral que diz respeito aos interesses individuais e este caso envolve entre eles os sentimentos de piedade e compaixão.
EUTANÁSIA NO MUNDO JURÍDICO
Juridicamente, entende-se o direito de matar ou o direito de morrer, em virtude de razão que possa justificar semelhante morte, em regra, provocada para término de sofrimentos, ou por medida de seleção, ou de eugenia. 
A eutanásia provocada por outrem, ou a morte realizada por misericórdia ou piedade, constitui homicídio ou crime eutanásico, considerado como a suprema caridade. 
LEGALIZAÇÃO ESTRANGEIRA
Holanda
Na Holanda, a eutanásia é legalizada desde o dia 10 de abril de 2001 quando foi aprovada, mas só veio vigorar em abril de 2002. Em seu texto legal, a lei admite este tipo de procedimento apenas quando: a) o paciente tiver doença incurável e sofrer com dores insuportáveis; b) o paciente tiver pedido, voluntariamente para morrer; c) um segundo médico tiver emitido sua opinião sobre o caso.
Bélgica
A Bélgica legalizou a eutanásia em 16 de maio de 2002 e sua vigência teve inicio em 22 de setembro de 2002. A lei belga é mais limitativa que a holandesa, a diferença fundamental é a da garantia do anonimato presente na legislação e a outra é a exclusão da possibilidade de pessoas menores de 18 anos solicitarem este tipo de prática. Na Bélgica existe a garantia de que uma pessoa que não disponha de recursos possa ter a sua disposição os meios fornecidos pelo Estado para a realização da eutanásia. Ainda, a eutanásia pode ser solicitada por uma pessoa que não esteja em estado terminal, neste caso é necessário que se tenha a participação de um terceiro médico que emita a sua opinião.
Estados Unidos 
Alguns estados dos norte-americanos legalizaram a prática da eutanásia, são eles:
a)    Oregon – em 08 de novembro de 1994, o estado de Oregon aprovou a Lei sobre morte digna que foi a primeira legalização de suicídio assistido. Essa lei estabelece todos os critérios a serem atingidos para que uma pessoa possa ter o acesso a prescrição dos medicamentos e de informações que lhe possibilitarão morrer. O médico deve chamar um colega consultor para a confirmação do diagnóstico, além disso, podem ser feitas avaliações da capacidade da pessoa que está solicitando o procedimento, por um profissional habilitado.
b)    Washington – aprovada em um referendo, essa legislação permite que os médicos possam prescrever o comando de doses fatais de medicamentos aos pacientes para os quais se vaticinem menos de seis meses de vida.
 EUTANÁSIA NO BRASIL
No Brasil a eutanásia é considerada como sendo homicídio.
 POSSIBILIDADE DA EXISTÊNCIA DA EUTANÁSIA EM NOSSO ORDENAMENTO
            Nosso país não possui uma legislação que trate da eutanásia, especificamente. Atualmente, o entendimento é de que o ato, se perpetrado, será enquadrado como homicídio, nos termos do Art. 121 do Código Penal, porque constituiu-se em ato que resultou na morte de uma pessoa (portanto enquadrado na seção “Dos Crimes contra a Pessoa” e subseção “Dos Crimes contra a Pessoa” do Código Criminal). 
Entretanto, em seu parágrafo 1º: “Se o agente cometeu o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um a terço”.
            Nos termos do parágrafo 1º do Art.121, a eutanásia se enquadra, de acordo com a faculdade do juiz, como atenuante da pena do infrator. De igual sentido com a lei penal Uruguaia, isto não descaracteriza o ato em si, decaindo assim de tipificação. De acordo com o art. 5º da Constituição Federal, a vida é um bem inviolável, assim a lei brasileira não permite ao indivíduo dispor de sua vida pela sua própria vontade, visto que tal direito é irrenunciável.    
            É salutar compreender, entretanto, que não há a figura de um “homicídio piedoso”, na legislação brasileira. É indiferente se houve ou não pedido do paciente. Não importam os motivos peloqual se matou, se responde por isso. 
            O Código de Ética médica prevê em seu Art. 66, a eutanásia ativa e o suicídio assistido como proibidos. O artigo 54 do mesmo código exemplifica, e o Art.61, em seu parágrafo 2º introduz o que muitos estudiosos acreditam ser a real missão dos médicos no tratamento de saúde. Os vemos reproduzidos abaixo:
            Art. 54. Fornecer meios, instrumentos, substância, conhecimento ou participar, de qualquer maneira, na execução de pena de morte.
             Art.61, §2º. Salvo por justa causa, comunicada ao paciente ou aos seus familiares, o médico não pode abandonar o paciente por ser este portador  de moléstia crônica ou incurável, mas deve continuar a assisti-lo ainda que apenas para mitigar o sofrimento físico ou psíquico.
 Art. 66. Utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal. (SAMPAIO, 2002, p.98-101).
                Maria Helena Diniz (2002, p.358) transcorre sobre o assunto:
É direito do Médico, pelo art. 28 do Código de Ética Médica, recusar a realização de atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência. Logo, pelo bom-senso, deve o profissional da saúde concluir, sempre que o tratamento for indispensável, estando em jogo o interesse de seu paciente, pela prática de todos os atos terapêuticos que sua ciência e consciência impuserem. Trata-se do direito à objeção de consciência, que, baseado no principio de autonomia da pessoa, implica, por motivo de foro íntimo, a isenção de um dever geral e a recusa a uma ordem ou comportamento imposto.
Estes artigos do Código de Ética demonstram a descendência das escolas médicas brasileiras da tradição hipocrática, segundo a qual o dever do médico é sempre salvar ou tentar curar, mas é impossibilitado a ele, de realizar qualquer ato que venha a prejudicar o paciente, ainda que haja aí um consentimento ou pedido expresso.
            O Conselho Federal de Medicina emitiu a resolução n°1346 em 1991, a fim de dirimir as dúvidas restantes no tocante aos critérios do momento exato em que possam ser desligados os aparelhos que mantêm viva a pessoa. Este momento deve ser o mais exato possível (Abundans cautela non nocet) impedindo ato que possa ser considerado uma “eutanásia” e em virtude dos avanços alcançados nesta área.
MELO, Rafael Tages. Eutanásia - um breve estudo. Conteúdo Jurídico, Brasilia-DF: 11 nov. 2009. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=1055.25419&seo=1>. Acesso em: 01 abr. 2012.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O artigo 5º da Constituição Federal garante que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Dessa forma, é assegurado o direito à vida e não é admitido que o paciente seja obrigado a se submeter ao tratamento. O direito do paciente de não se submeter ao tratamento ou até mesmo interrompê-lo é a consequência da garantia constitucional dada através de sua liberdade, autonomia jurídica e inviolabilidade de sua vida privada. Além disso, o inciso XXXV do Art. 5º garante o direito da apreciação do Poder Judiciário a qualquer lesão ou ameaça a direito. 
 CONCLUSÃO
No Brasil, à legalização da eutanásia é um caminho muito longo, já que confronta vários princípios e valores morais. A ainda há impedimentos e várias divergências, mas é a mais provável ser adequada ao nosso ordenamento.
É difícil sustentar a existência de um direito de morrer. Apesar disso, a medicina e a tecnologia contemporânea são capazes de transformar o processo da morte em uma jornada mais longa e sofrida do que o necessário, em uma luta contra a natureza e o ciclo natural da vida.
 
A Constituição ainda é o único instrumento capaz de promover a justiça e democracia onde indivíduo ativo e participativo exerça sua autonomia decidindo sobre sua vida ou morte digna. 
 
A eutanásia é a sentença de morte determinada por um indivíduo desprovido de consciência exata da situação, visando apenas uma ação, objetivando resultar o cessar instantâneo da aflição momentânea pela qual passa.

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