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1.1 Ética Ética x Deontologia Ethos – comportamento: está relacionado com o conceito de eudemonismo, que se trata da finalidade envolvida na busca da felicidade. A ética, enquanto área do conhecimento humano, é derivada da filosofia. Antes de Aristóteles não havia a discussão de ética como conceito formal. A ideia de ética, na perspectiva aristotélica, está intimamente relacionada com a busca do equilíbrio, a renúncia aos instintos e a busca da felicidade. Deontologia Existe o conceito deontológico, que está relacionado, principalmente, com a filosofia de Kant e diz respeito ao entendimento de que devem ser seguidos ritos morais para se ter uma atuação ética diante a vida. Porém, nós não iremos utilizar esse conceito. Iremos usar o conceito derivado, que vem da ética médica: seguir as obrigações profissionais. Fala-se do conjunto de normas que o profissional médico veterinário deve seguir na sua atuação profissional. 1.2 Ética e Medicina Veterinária Ética na medicina veterinária A medicina veterinária é uma atividade humana, e assim está sujeita a uma avaliação de conduta. A ética se relaciona a veterinária de diversas formas. O próprio objeto de preocupação, que são os animais, são um ponto de partida importante do que são os aspectos éticos na profissão. Uma forma de começar essa discussão, é se fazendo a pergunta: ‘’o que sentimos em relação aos animais?’’ Renée Decartes acreditava que os animais eram máquinas e que as suas manifestações de dor quando os animais eram utilizados, eram apenas reflexos autómatos. A história da ética com relação aos animais foi impactada pelo pensamento de Betan, que colocou os animais na perspectiva de seres que sentem. E na ética utilitarista, não faz sentido diferenciar entre espécies e pessoas com relação ao objeto da conduta ética. Na perspectiva do utilitarismo, é necessário haver preocupações éticas acerca de todos os seres que sentem. Essas preocupações éticas podem ser no sentido de evitar a dor ou no sentido de maximizar o prazer. A outra perspectiva da ética utilitarista, é que há o cálculo moral a ser feito para uma conduta ética (ex.: trem que pode matar 5 pessoas, ou trem que mata apenas uma). Na base da ética utilitarista surge o movimento de proteção aos animais. Atualmente existe um filósofo utilitarista controverso, chamado Peter Singer, que defende a ética utilitarista no tratamento dos animais. 1.3 Ética para médicos veterinários Falar em ética para médicos veterinários implica em fazer uma análise ética do mundo que nós vivemos na atualidade. Zygmunt Bauman fala sobre a fluidez dos valores, a mudança contínua que os valores éticos sofrem. Isso provoca a ideia de que a ética atual é líquida, no sentido de que ela é moldável, e tem uma relação com a sociedade de consumo em que vivemos. Bauman parte sua análise do holocausto, em que ele diz que as pessoas que aceitaram fazer parte do ‘’holocausto’’, não eram necessariamente más, mas partiam da premissa de que devem ser úteis e eficientes acima de tudo, sem fazer análise do seu trabalho, devido a uma sociedade capitalista. E devido à sociedade do consumo, onde os valores morais são vinculados ao que os grupos são capazes de consumir. Hoje, não podemos falar em ética sem falar das redes sociais. Elas aceleraram os processos de fluidez do comportamento ético humano, que tem um impacto que ainda está sendo avaliado na sociedade. 1.4 Deontologia A deontologia trata das obrigações profissionais. As normas que regem o exercício médico veterinário são de 3 tipos: • Lei 5517, que regulamenta a profissão e o exercício profissional; • Código de ética do médico veterinário – resolução número 1138, de 16 de dezembro de 2016; • Resolução do sistema CFMV/CRMVs. As obrigações não podem ser superiores ao regramento da vida em sociedade, como a constituição federal, os códigos penal e civil, CLT e o código de defesa do consumidor. Algumas obrigações de médicos veterinários, principalmente os que trabalham em serviço público, são dados por leis: • Lei 8112: fala sobre o regime jurídico dos servidores públicos. • Leis orgânicas estaduais e municipais. A profissão de médico veterinário tem a sua importância vinculada ao cuidado com a saúde dos animais, mas também é uma atividade imprescindível ao progresso econômico e saúde humana. Além disso, tem seu papel em relação a sociedade. Indubitavelmente, a profissão está relacionada com o bem estar dos animais. A medicina veterinária é uma área que exige formação, conhecimento e contínuo aprimoramento profissional. Mantendo uma conduta profissional e pessoal idônea. 2 Lei 5517 É a lei que regulamenta a profissão de médico veterinário e a ação dos conselhos profissionais de medicina veterinária. Essa não foi a primeira lei vigente, em 1934 Getúlio Vargas sancionou o decreto 23 133 que foi o primeiro documento regulador da profissão, reconhecendo a profissão dentro do território nacional. A lei 5517 foi sancionada em 23 de outubro de 1968, no auge do regime militar. A lei fala sobre a profissão, do exercício profissional, detalha com mais clareza as áreas de atuação do médico veterinário, dos conselhos, das anuidades e taxas, das penalidades, e etc. No capítulo segundo, no segundo artigo, destaca-se que só será permitido o exercício da profissão de médico veterinário aos portadores de diplomas expedidos por escolas oficiais ou reconhecidas, e aos profissionais diplomados no estrangeiro que tenham revalidado e registrado seu diploma no Brasil. No artigo terceiro, fala que só será permitido o exercício aos portadores da carteira profissional. Com relação ao exercício profissional, outro capítulo importante, artigo quinto, trata das competências privativas. Coloca-se que: Ou seja: em qualquer lugar, seja público ou privado, algumas atividades são privativas do médico veterinário. Ex.: a prática da clínica em todas as suas modalidades. O artigo seis fala sobre algumas competências do médico veterinário que são compartilhadas por outros profissionais. Por exemplo.: produção animal, PADRONIZAÇÃO e CLASSIFICAÇÃO dos produtos de origem animal (INSPEÇÃO não).
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