Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY AULA 9- NEUTROPENIA FEBRIL ▪ Toda vez que o paciente se apresenta com febre, e, tem um hemograma com neutropenia grave ou muito grave, ele vai ser diagnosticado como portador de neutropenia febril, e, veremos a abordagem que será feita. ▪ 37,8°, 37,9° de temperatura axilar já seria equivalente ao 38° oral. Então, na prática, não esperamos 1 hora para ver se a temperatura vai cair um pouco para não considerarmos. Na prática, mediu 38°, prosseguimos como neutropenia febril. NADIR DA NEUTROPENIA: Se fizemos quimioterapia no paciente hoje, e, amanhã fizermos hemograma, esse vai estar normal, visto que, ainda não deu tempo da mielotoxicidade daquele quimioterápico. Ele vai bombardear a medula, e, ela vai ficar alguns dias sem conseguir produzir, com isso, tudo que tem no hemograma vai cair. Mas no dia seguinte, dois dias depois, ainda tenho as células produzidas pela medula alguns dias atrás, antes de parar a produção pela mielotoxicidade daquele remédio, então, o hemograma ainda não estará ruim. Depois de 5 dias, 1 semana, dependendo de qual quimio foi feita, aí sim o hemograma vai cair, e, então, para cada esquema quimioterápico teremos um período que esse paciente vai ficar neutropênico. - Na oncologia, em geral, os quimioterápicos têm esquemas mais leves, e, o período de neutropenia é curto. - Na hematologia, na maioria dos esquemas, temos um período de neutropenia superior a 7 dias. EXEMPLO: Paciente fez quimio há 5 dias, chegou na emergência com febre, e contagem de neutrófilos de 700, está entre 500 e 1000, mas eu imagino que amanhã estará mais baixo que o 700 que eu tenho hoje, isso é a “expectativa de queda para menos de 500 nas próximas 48 horas’’. CLASSIFICAÇÃO Isso é em número absoluto, e, a contagem de neutrófilos de uma pessoa é definida por: BASTÕES + SEGMENTADOS Do hemograma daquele dia, em números absolutos. ATENDENDO NA EMERGÊNCIA Exemplo: Paciente fazendo quimio, teve febre, e veio diretamente para emergência, conforme foi orientado por sua hematologista. Faremos então o exame físico completo. Não esquecer da oximetria de pulso, e, pelo menos, hemograma, função renal, eletrólitos, hepatograma, isso, se o paciente estiver clinicamente bem. 1. Oximetria de pulso (NÃO ESQUECER). 2. Hemograma (diferencial de leucócitos/ plaquetas); 3. Função renal; 4. Eletrólitos; 5. Função hepática (pelo menos). Se o paciente tiver critérios clínicos para sepse (hipotensão, taquicardia, família relatar que teve diminuição do débito urinário, se ele estiver desidratado). 6. Grande risco de evoluir para sepse. Por isso, ao receber o paciente, sempre levantar a possibilidade de que ele esteja fazendo sepse. Lembrar dos critérios clínicos para sepse. Á direita, temos os critérios SOFA, que são os critérios laboratoriais que usamos quando estamos avaliando paciente com suspeita de sepse para definir se ele realmente está com sepse naquele momento ou não. - Critérios renais: débito urinário e nível sérico de creatinina. - Critério neurológico: escala de coma de Glasgow. - Critério cardiológico/ hemodinâmico: PAM, no caso aqui, hipotensão, choque. - Critério hepático: dosagem de bilirrubinas. - Critério hematológico: contagem plaquetária e medida do INR. - Critério respiratório: relação entre pressão arterial de O2 sobre fração expirada de O2 na gasometria arterial. Pego a gasometria arterial e analiso, se o paciente colheu a gasometria em ar ambiente. Se a gasometria deu, por exemplo, 100 de pressão arterial de O2, se em ar ambiente, por exemplo, qual a fração expirada de O2 dele? 21%. Pego quanto a gasometria deu de pressão arterial de O2, divido por 21, e, tenho por exemplo a P/F de um paciente que está em ar ambiente. Consideraríamos como alarmante, se essa conta der menor que 300. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Então, se tiver qualquer suspeita de disfunção orgânica, de sepse, tem que colher o laboratório, e ver tanto os critérios clínicos quanto laboratoriais, para fazer o SOFA completo. 7. Pelos menos 2 “sets” de hemoculturas: periférica e cateter (PORT-A-CATH ou PICC); 8. Culturas de outros líquidos biológicos conforme necessidade; Se tiver alguma suspeita de infecção urinária, colher cultura de urina. Outros líquidos biológicos, se tiver um abscesso posso culturar o líquido daquele abscesso, aí depende de cada caso. 9. Tomografia de tórax se houver sintomas respiratórios (falta de ar/ tosse/ hemoptise); Não é para perder tempo fazendo rx, já que a sensibilidade do rx no paciente imunodeprimido é muito baixa, lesões pequenas irão passar. 10. EAS + urocultura em caso de sintomas urinários. MASCC SCORE Na hemato, quase não usamos o MASCC score, já que a maioria dos pacientes tem alguns dos critérios que invalidam esse questionário. Isso é mais para o paciente do tumor sólido. Se ele é um paciente que tem tudo para evoluir muito bem, poderíamos em princípio trata-lo em casa, desde que, seja um paciente com ótimo nível sócio-cultural, e, ele entende quais os critérios de gravidade, e, a urgência dele voltar para o hospital caso ele desidrate, tem que ter aparelho de pressão em casa para medir a pressão, tem que saber contar a frequência cardíaca, e, qualquer sinal de alarme, se por exemplo ele começar a ficar com a urina mais escura, ele tem que voltar para o hospital, desde que seja próximo da sua casa também. ANTIBIOTICOTERAPIA, POSSIVELMENTE, AMBULATORIAL SE MASCC > 21 1. Amoxicilina/ Clavulanato (500mg 8/8h) + Ciprofloxacino (500mg 12/12h); NÃO SERVE A DOSE DE AMOXICILINA DE LIBERAÇÃO PROLONGADA QUE DURA 12 HORAS. 2. Moxifloxacino (400mg 24/24h); 3. Levofloxacino (750 mg 24/24h). PASC < 21, NEUTROPENIA GRAVE ESTIMADA > 7 DIAS, MUCOSITE GRAVE, INDUÇÃO DE LEUCEMIA, PÓS TMO 11. Internação + Antibiótico VENOSO de amplo espectro com cobertura para Gram negativos resistentes (Pseudomonas sp.). Nem adianta aplicar MASCC score, nesses casos, internamos de qualquer forma. Antibiótico deve ser obrigatoriamente bactericida, já que paciente tem grande chance de evoluir para sepse. Pseudomonas é o germe mais prevalente de causar infecção nesses pacientes. 12. Início de antimicrobianos: máximo em até 1 hora que o paciente foi admitido no hospital. Opção de antimicrobianos: 1. Cefepime 2000mg, IV, 8/8 horas; Betalactâmico. Penicilina de 4° geração. Não é efetivo contra anaeróbios intestinais, nesse caso, poderíamos acrescentar Metronidazol. Pode ser causador de algum sintoma neurológico (*não esquecer). 2. Piperacilina/ Tazobactam: 4,5 gramas, IV, 6/6 horas. Betalactâmico. Penicilina de 4° geração com inibidor de betalactamase. Não tem boa penetração no SNC, então, se preciso tratar SNC, não será boa opção. Entretanto, pega germe intestinal, que Cefepime não pega. 3. Imipenem 500mg, IV, 6/6 horas; Betalactâmico. Até tem penetração no SNC, mas a penetração do Meropenem é melhor. Portanto, para infecção do SNC, de preferência, Cefepime ou Meropenem. Pega germe intestinal. 4. Meropenem 1000mg, IV, 8/8 horas. Betalactâmico. Pega germe intestinal. QUANDO HOUVER FORTE SUSPEITA DE INFECÇÃO POR GRAM + Associar Vancomicina 30mg/kg/dia BID (BID= duas tomadas diárias): - Instabilidade hemodinâmica, disfunção orgânica; - Cateteres de longa permanência, lesões de pele “feias” (celulite, etc); - Gram + MRSA na hemocultura. A recomendação em 2021 é que a dose de Vanco seja prescrita pelo peso, mesmo no adulto. QUANDO HOUVER FORTE SUSPEITA DE INFECÇÃO POR GRAM + RESISTENTE A VANCOMICINA E TEICOPLAMINA Associar Linezolida 600mg, IV, 12/12 horas: - Instabilidade hemodinâmica, disfunção orgânica; - Cateteres de longa permanência; - Gram + resistente a Vancomicina na hemocultura. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY SE INFECÇÃO CONFIRMADA POR CLOSTRIDIUM DIFFICILLE: Associar Vancomicina 125 mg, VO, 6/6 horas; Não existe Vancomicina oral, nesse caso, ela está tendo efeito apenas tópico na luz do intestino (como se fosseuma pomada). - Para infecções graves: Vancomicina VO + Metronidazol IV, 500 mg 8/8 horas. O perfil de sensibilidade do Brasil, ainda permite Metronidazol IV sozinho, ao invés da Vancomicina oral. Só que na literatura estrangeira, a população já está com uma maior faixa de resistência. SE O PERFIL DE RESISTÊNCIA DO SERVIÇO TEM ALTA PREVALÊNCIA DE MICRORGANISMOS MULTIDROGAS RESISTENTES (MDROs) Associar Aminoglicosídeos: - Amicacina: 15 a 20 mg/kg/dia MID; - Gentamicina: 5 a 7 mg/kg/dia MID. Antibióticos com nefrotoxicidade que tem que ser considerada, mas com excelente cobertura para GRAM -. E, por conta da nefrotoxicidade, nos últimos anos foram pouco utilizados, já que outros atb pegam GRAM -, e, tem perfil de toxicidade melhor. Por ser pouco utilizado, as bactérias não são resistentes a eles, e, por isso, apresentam excelente perfil de sensibilidade. Essas bactérias, as vezes, são resistentes a carbapenêmicos, mas são sensíveis a Amicacina, nesse caso, uso em associação, Meropenem + Amicacina. PARA CONCLUIR O ASSUNTO Temos que pensar em Aspergilose pulmonar, principalmente.
Compartilhar