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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Abdome Agudo em Crianças De uma maneira geral, o Abdome Agudo é uma afecção com manifestações relacionadas ao abdome, cursando com: - Dor abdominal súbita; - Distensão abdominal; - Náuseas / Vômitos; - Parada de eliminação de flatos e fezes. Urgência terapêutica (Clínica ou Cirúrgica). Classificação: Inflamatório; Obstrutivo; Perfurativo; Hemorrágico. Abdome Agudo OBSTRUTIVO Dor abdominal tipo cólica. Vômitos (biliosos e fecalóides quando tardio). Parada de eliminação de gases e fezes. Massa tumoral palpável no local da obstrução. Distensão abdominal. Peristaltismo visível. RX: Distensão de alças; Alças de diferentes calibres; Níveis hidroaéreos. Abdome Agudo PERFURATIVO Dor. Distensão abdominal aguda. Sinais de irritação peritoneal. Vômitos. RX: Pneumoperitônio. Abdome Agudo HEMORRÁGICO Dor abdominal aguda. Sinais de irritação peritoneal. Sinais de choque periférico (taquicardia incialmente, a bradicardia é um sinal tardio, assim como a hipotensão). História prévia de trauma. RX: Sinais de líquido na cavidade abdominal. Abdome Agudo INFLAMATÓRIO Dor abdominal de caráter mais progressivo. Febre. Vômitos. Parada de eliminação de fezes. Sinais de irritação peritoneal. RX: Distensão de alças intestinais e Níveis hidroaéreos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Abdome Agudo RN / LACTENTE Obstrutivo (mais comum): - Hérnia inguinal encarcerada; - Invaginação intestinal; - Estenose Hipertrófica do piloro; - Obstrução intestinal por leite coagulado / Íleo meconial; - Obstrução Duodenal / Volvo de intestino médio / Bridas congênitas; - Atresia jejuno-ileal; - Megacólon congênito; - Anomalias anorretais. Inflamatório: NEC. Perfurativo: NEC e Iatrogênico. Hemorrágico (raro): Trauma (rotura viscerais – trauma de parto). Abdome Agudo PRÉ-ESCOLAR/ ESCOLAR Inflamatório (mais comum): - Apendicite aguda; - Peritonite primária; - Pancreatite aguda; - Colecistite aguda. Obstrutivo: - Bridas pós-op / congênitas; - Invaginação intestinal; - Neoplasia: Linfoma não Hodgkin; - Hérnia inguinal encarcerada; - Áscaris. Perfurativo: Trauma abdominal. Hemorrágico: Trauma abdominal. Apendicite Aguda (AA Inflamatório) Abdome agudo cirúrgico mais comum: - 95% Intraperitoneal; - 5% Extraperitoneal (retrocólico ou retrocecal) não vai gerar peritonite (sem DB +), ou seja, gera um quadro diferente, o que dificulta/ atrasa o diagnóstico. 1/3 com menos de 18 anos. Pico entre 11 e 12 anos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fisiopatologia da Apendicite Aguda Obstrução intraluminal do Apêndice cecal Aumento da pressão intraluminal Drenagem linfática inibida (edema e inchaço) Obstrução venosa com isquemia tecidual (infarto e gangrena) Invasão bacteriana da parede apendicular, gerando inflamação (taquicardia e leucocitose) Exsudato inflamatório da parede apendicular - contato peritônio, iniciando quadro de dor localizada (Ponto de Mc Burney) Ruptura/Perfuração (forma abscesso localizado ou peritonite generalizada), cursando com febre alta / leucocitose > 14000 / Sinais peritonite. Causas de obstrução intraluminal do apêndice cecal Fecalito. Hiperplasia dos folículos linfoides apendiculares: Infestação por parasitas; Infecções virais entéricas; Infecções sistêmicas. Fibrose cística: secreção mucosa alterada. Tumores carcinoides. Corpos estranhos (pinos, sementes de vegetais, caroços). Trauma. Estresse psicológico. Hereditariedade. Clínica da Apendicite Aguda Sintomas GI leves: - Perda de apetite; - Indigestão; - Alterações sutis do hábito intestinal Tenesmo, Sensação de reto cheio, Diarréia de curta duração e pequena quantidade (resulta da irritação do íleo terminal e ceco e pode indicar abscesso pélvico). Lembrar que o principal diagnostico diferencial da apendicite aguda é a GECA. Dor visceral inespecífica: Referida em região periumbilical Distensão apendicular causa ativação de fibras. Náuseas e vômitos leves. Localização da dor em fossa ilíaca direita (DB +). Apresentação da Apendicite Aguda Crianças menores Apendicites complicadas pela inabilidade em dar uma história precisa e baixa suspeita médica (pois não é a faixa etária esperada par ter apendicite). Pré-escolar Vômito seguido de febre e dor abdominal. Progressão da Apendicite Aguda Peritonite difusa e choque Mais comum em bebês (ausência de omento). Infecção isolada com formação de abscesso Plastrão/massa dolorosa; Mais provável em crianças mais velhas e adolescentes. Perfuração Maior duração = maior risco perfurar. Fatores de risco: sexo masculino, extremos de idade e fatores anatômicos (apêndice retrocecal). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Exame físico da Apendicite Aguda Deitam-se na cama com mínimo de movimento. Bebês flexionam a perna D sobre o abdome (posição antálgica). Dor localizada à marcha Recusa para deambular ou Deambulação com marcha antálgica (crianças mais velhas mancam e fletem o tronco). Local da dor depende da localização do apêndice: - Ponto de Mc Burney (mais comum): intraperitoneal pélvico, cursando com Sinal de Blumberg / Rovesing / Psoas / Obturador / Lenander. - Desconforto entre 12ª costela e espinha ilíaca póstero superior: retrocecal. - Irritação do ureter simulando cólica renal: retrocecal. Diagnóstico da Apendicite Aguda - Não passar antibiótico enquanto eu não tiver certeza do diagnóstico de apendicite. Enquanto o diagnóstico ainda estiver incerto, dar apenas medicação para dor e hidratação. - Anamnese e Exame físico seriado já são o suficiente para fazer o diagnóstico. - RX pode pedir em alguns casos. USG apenas se houver dúvida diagnóstica. TC é de exceção (mas se for solicitado, deve ser com contraste). Exames laboratoriais não ajudam muito. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Diagnóstico Diferencial de Apendicite Aguda Adenite mesentérica (adenomegalia do tecido linfóide próximo da válvula ileocecal) – nela há FEBRE ALTA (assim que vou diferenciar da apendicite, que não começa com febre). GECA (nela há diarréia muito volumosa). Diverticulite de Meckel. Pneumonia de lobo inferior D. ITU. Torção / Inflamação / Cisto de ovário D. Cetoacidose diabética. Anemia falciforme. Tratamento da Apendicite Aguda Cirurgia: Apendicectomia - Drenagem depende do caso (fica a critério do cirurgião). - Secagem da cavidade (não lavar!). * Obs.: Pediatras preferem a incisão de Rockey davis do que a de McBurney. Antibióticoterpia complementar: Gentamicina ou Ceftriaxona + Metronidazol. Suporte clínico + hidratação. Classificação da Apendicite Aguda após a cirurgia - Fases I e II são simples (edema e flegmão). - Fases III e IV são complicadas (gangrena e perfuração). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Antibioticoterapia complementar após a cirurgia - Apendicite complicada devo adicionar um terceiro antibiótico (Ampicilina). Complicações da Apendicite Aguda Infecção da ferida (mais comum). Abscesso intra-abdominal (mais em apendicites complicadas) Manejo conservador / Drenagem percutânea guiada / Reabordagem. Íleo prolongado. Brida (Aderências pós-op / Obstrução intestinal pós-operatório) Mais em apendicites complicadas. Tratamento conservador / Reabordagem com lise das aderências. Fístula entero-cutânea (raro). Pileflebite supurativa (raro e grave). Sepse e falência múltipla de órgãos Crianças jovens com diagnóstico tardio. Bridas pós-operatórias (AA Obstrutivo) Aderências intestinais Pode levar a abdome agudo obstrutivo. Mais comum após laparotomia: - Altas taxas após confecção ou fechamento de ileostomia (25%). - < 1% para apendicectomia(mais nas perfuradas). Apresentação: Precoce ou Tardias (após décadas). Clínica das Bridas Dor abdominal em cólica. Anorexia. Vômitos biliosos e tardiamente fecaloides. Obstipação (parada da eliminação de gases e fezes). Sinais tardios: Letargia, Dor abdominal constante e Distensão. Diagnóstico das Bridas Anamnese + Exame físico. Exames de imagem selecionados: - RX simples Sinais de gravidade: Espessamento da parede intestinal, Líquido livre peritoneal, Extensa pneumatose. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - RX contrastado (RX de trânsito intestinal). - TC de abdome e pelve c/c EV. Tratamento das Bridas Sem sinais de isquemia: - Descanso intestinal: Jejum; - Descompressão enteral com SNG; - Ressuscitação agressiva com fluidos; - Correção de anormalidades eletrolíticas (paciente estava vomitando); - Exame abdominal seriado -> Identificar sinais precoces de isquemia intestinal; - Período de observação 24/48hs (estabilização). Sinais de isquemia intestinal / Sem resposta: Cirurgia - Peritonite ao exame físico (DB +); - Piora clínica (Taquicardia / Febre); - Lab. Leucocitose ou acidose lática; - Exames de imagem preocupantes. Divertículo de Meckel (AA Inflamatório ou Obstrutivo) Falha na involução ducto onfalomesentérico. Divertículo verdadeiro (possui todas as camadas daquele órgão): - Borda antimesentérica (borda oposta ao mesentério); - ¾ desligados da parede abdominal; - Maioria a 100 cm da válvula ileocecal; - Comprimento médio de 2 a 3 cm; - Mucosa heterotópica (mucosa que não é normal para aquela região - gástrica mais comum, secretando ácido gástrico em uma mucosa que não está preparada para recebê-lo, gerando sangramento). Anomalia congênita mais comum do trato GI (1,2 a 3%). Tipo B é o mais comum. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Apresentação do Divertículo de Meckel Assintomático (maioria). Sangramento episódico indolor. Quadro inflamatório (simula apendicite) Crianças mais velhas: Presença de tecido heterotópico / Estase de conteúdo no divertículo / Fecalito / CE / Parasita ou outra infecção. Quadro obstrutivo: - Intussuscepção (Mais comum em crianças / Divertículo atua como ponto desencadeador); - Vólvulo (Mais comum em adultos / Aderência do divertículo à parede abdominal / Divertículo muito longo); - Bandas/Remanescentes vitelínicos (Pode criar hérnia interna); - Hérnia de Littre encarcerada; - Aderência por processo inflamatório. Diagnóstico do Divertículo de Meckel Tratamento do Divertículo de Meckel - Ressecção de pequeno segmento ileal com divertículo pela possibilidade de ter mucosa heterotópica. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Invaginação Intestinal / Intussuscepção (AA Obstrutivo) 1 a 4:2000. 2:1 a 3:2 (masculino/feminino). Faixa etária: 3 meses – 3 anos. Causa frequente de obstrução intestinal aguda em bebês. 2ª causa de dor abdominal aguda em lactentes e pré-escolares (1ª constipação). Variação sazonal por infecções virais (respiratória, GI ou ambas). Mais de 20% precedido por doença viral. Associação com vacina rotavírus. Fisiopatologia da Invaginação Intestinal Progressão da invaginação com a peristalse. Angulação dos vasos mesentéricos Edema pela compressão venosa. Congestão e estase com lesão de mucosa e sangramento Fezes em geleia de morango. Progressão com isquemia e necrose Mais de 72hs. Obstrução / Perfuração / Sepse Linha de fraqueza na borda anti-mesentérica. - Ponto desencadeador: neoplasia, pólipo, divertículo de Merckel. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Clínica da Invaginação Intestinal Dor abdominal (cólica / súbita / severa). Náuseas / Vômitos. Massa abdominal. Sangramento retal (geleia). Isquemia intestinal / Bacteremia / Perfuração Febre, Taquicardia e Hipotensão. Diagnóstico de Invaginação Intestinal - PLP: Pontos desencadeador da invaginação. Tratamento da Invaginação Intestinal Ressuscitação fluida. SNG (descompressão / vômitos recorrentes). ATB (comprometimento intestinal e cirurgia). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Redução radiológica: Hidrostática ou pneumática e Guiado por RX ou USG. Redução cirúrgica. Complicações da Invaginação Intestinal Radiológicas: Perfuração intestinal. Cirúrgico: Infecção de ferida, Deiscência de anastomose, Obstrução intestinal. Recidiva (20%): Maioria com 6 meses; 1/3 nas 24hs iniciais; Menos comum após redução cirúrgica ou ressecção; Múltipla recidiva – ponto desencadeador como malignidade oculta. Obstrução por Linfoma 2/3 dos linfomas não Hodgkin são abdominais 60% no intestino delgado (Placas de Peyer do íleoterminal). Predomínio masculino (5:1). Pré-escolares. CLÍNICA: Suboclusão intestinal e Massa palpável. DIAGNÓSTICO: USG (sugere) e Cirurgia (confirma). CONDUTA: Biópsia e Quimioterapia (cura). Complicações Cirúrgicas da Ascaridíase Redução significativa da sua incidência. Obstrução intestinal por novelo de Áscaris intraluminar ou volvo intestinal. Ascaridíase hepatobiliopancreática. Outras: - Apendicite aguda por áscaris; - Peritonite primária; - Peritonite secundária à superinfestação por áscaris; - Fístula enterocutânea. Clínica História de infestação por áscaris (zona rural, condições de saneamento básico precárias). Quadro de obstrução / sub oclusão intestinal. Na Ascaridíase hepatobiliopancreática Vômitos com áscaris, Febre, Icterícia, Peritonite com bloqueio em HCD (Colecistite aguda por Ascaris e Abscessos hepáticos por áscaris). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tratamento
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