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Teologia SistemAtica II_ Cristologia, Antropologia e Hamartiologia

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Hamartiologia
Prof. Alexandre de Paula Amorim
2a Edição
teologia 
SiStemática ii: 
criStologia, 
antropologia e
Elaboração:
Prof. Alexandre de Paula Amorim
Copyright © UNIASSELVI 2021
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
A524t
 Amorim, Alexandre de Paula
 Teologia sistemática II: cristologia, antropologia e hamartiologia. 
/ Alexandre de Paula Amorim – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 180 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-885-0
 ISBN Digital 978-65-5663-886-7
1. Teologia dogmática. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 230
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Teologia Sistemática II: 
Cristologia, Antropologia e Hamartiologia. Uma Teologia Sistemática, por definição, 
é uma exposição da doutrina cristã, por isso, de forma econômica, apresentaremos 
apenas um panorama, ressaltando os temas clássicos mais importantes.
Na Unidade 1, entenderemos os aspectos sobrenaturais do nascimento de 
Cristo e identificaremos os apontamentos teológicos sobre a humanidade de Cristo, 
sobre a divindade de Cristo, bem como os aspectos das duas naturezas de Cristo, 
habitando individualmente uma única pessoa. Também serão abordadas as doutrinas 
da impecabilidade e pecabilidade de Cristo, os aspectos dos ofícios de Jesus e de sua 
obra redentora. Outros temas que serão discutidos estão relacionados com os aspectos 
de sua ressurreição, ascensão e da segunda vinda de Jesus.
Na Unidade 2, veremos que o Deus que criou o ser humano e lhe deu a capacidade 
de crer e pensar, pode nos ensinar, pela Sua Palavra, como usar a razão para o nosso 
bem, para o progresso da humanidade e para a glória Dele. Veremos também aspectos 
da criação da humanidade e poderemos identificar os apontamentos teológicos sobre 
a imagem de Deus no ser humano, entendendo os aspectos material e imaterial do 
homem, ainda abordaremos os aspectos da essência da natureza humana.
Na Unidade 3, conheceremos o que é o pecado e qual a sua origem, e 
compreenderemos a respeito da natureza pecaminosa no homem, verificando como 
o ser humano recebeu a herança pecaminosa do casal primitivo (Adão e Eva) e assim 
identificar as consequências do pecado, percebendo o poder que o pecado exerce sobre 
a raça humana e como o ser humano é justificado por Cristo para que a marca que o 
pecado exerce não o condene eternamente.
Bons estudos!
Prof. Alexandre de Paula Amorim
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa 
facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como 
um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você 
a entender melhor o que são essas informações adicionais 
e o porquê você poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que 
complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual 
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo 
o espaço da página – o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por 
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto 
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este 
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a 
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, 
tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual 
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de 
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os 
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, 
possa continuar os seus estudos com um material atualizado 
e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é uma 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - CRISTOLOGIA – DOUTRINA BÍBLICA DE CRISTO ........................................... 1
TÓPICO 1 - A HUMANIDADE E A DIVINDADE DE CRISTO: UMA PESSOA, DUAS 
NATUREZAS ...........................................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................3
2 O NASCIMENTO DE CRISTO ................................................................................................4
2.1 O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO .............................................................................................4
2.1.1 Salvação ........................................................................................................................................ 6
2.1.2 Duas naturezas ........................................................................................................................... 6
2.1.3 Impecabilidade ..............................................................................................................................7
3 A UNIDADE DA PESSOA DE CRISTO ..................................................................................8
3.1 UNIÃO HIPOSTÁTICA ............................................................................................................................8
3.1.1 Por que era necessário que Cristo fosse plenamente Deus? ........................................... 9
3.1.2 Por que era necessário que Cristo fosse plenamente homem? ..................................... 9
3.2 IMPECABILIDADE DE CRISTO ........................................................................................................... 11
3.2.1 O testemunho acerca da impecabilidade de Cristo .......................................................... 11
3.2.2 O debate acerca de impecabilidade e pecabilidade de Cristo ......................................12
3.2.3 O caráter das tentações de Cristo.........................................................................................123.2.4 Os problemas inerentes ao conceito da pecabilidade de Cristo .................................. 13
3.3 INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE KENOSIS .................................................................................. 14
3.3.1 O significado do conceito da kenosis .................................................................................. 14
3.3.2 Teorias falsas sobre o conceito da kenosis ........................................................................17
RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................18
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 - JESUS, SEUS OFÍCIOS E SUA OBRA ............................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21
2 O QUE SÃO OS OFÍCIOS DE CRISTO ................................................................................. 21
2.1 PROFETA ................................................................................................................................................23
2.2 SACERDOTE .........................................................................................................................................24
2.3 REI ..........................................................................................................................................................24
3 O QUE É A OBRA DE CRISTO ............................................................................................ 25
3.1 PROPICIAÇÃO .......................................................................................................................................26
3.2 EXPIAÇÃO PURIFICADORA ...............................................................................................................26
3.3 REDENÇÃO ...........................................................................................................................................26
3.4 RECONCILIAÇÃO ................................................................................................................................ 27
3.5 VITÓRIA CÓSMICA............................................................................................................................... 27
3.6 A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO ............................................................................................................. 27
3.6.1 Teorias e modelos sobre a expiação .....................................................................................28
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 31
TÓPICO 3 - JESUS: RESSURREIÇÃO, ASCENSÃO E SEGUNDA VINDA ........................... 33
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 33
2 A IMPORTÂNCIA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS ........................................................... 35
2.1 EVIDÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO DE JESUS ................................................................................ 37
3 A ASCENSÃO DE JESUS: EVIDÊNCIAS E IMPORTÂNCIA............................................... 40
4 COMO SERÁ A SEGUNDA VINDA DE CRISTO ................................................................... 41
4.1 O PROPÓSITO E OS RESULTADOS DECORRENTES DA SEGUNDA VINDA DE JESUS .........43
4.1.1 O futuro da igreja .......................................................................................................................43
4.1.2 O futuro de Israel .......................................................................................................................43
4.1.3 O futuro das nações .................................................................................................................44
4.1.4 O futuro da Terra ........................................................................................................................44
4.2 DOIS ASPECTOS DA SEGUNDA VINDA DE JESUS .....................................................................44
4.2.1 A vinda de Cristo para a Igreja ...............................................................................................46
4.2.2 A vinda de Cristo com a Igreja...............................................................................................46
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................47
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 56
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 61
UNIDADE 2 — ANTROPOLOGIA – DOUTRINA BÍBLICA DO HOMEM .................................. 65
TÓPICO 1 — A CRIAÇÃO DO HOMEM E SEU OBJETIVO E A “IMAGO DEI” REVELADA NA 
HUMANIDADE ......................................................................................................................67
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................67
2 A CRIAÇÃO DO HOMEM .................................................................................................... 68
2.1 OBJETIVO DA CRIAÇÃO DO HOMEM ..............................................................................................68
3 A “IMAGO DEI” REVELADA NA HUMANIDADE .................................................................70
3.1 O SER HUMANO ....................................................................................................................................71
3.2 FEITOS À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS ............................................................................ 72
3.3 IMAGEM E SEMELHANÇA MANCHADAS ....................................................................................... 73
3.4 IMAGEM E SEMELHANÇA RESTAURADAS ................................................................................... 73
3.5 POR QUE DEUS CRIOU O SER HUMANO COMO “MACHO E FÊMEA”? .................................... 75
3.5.1 Relações interpessoais harmoniosas ................................................................................... 76
3.5.2 Igualdade em termos de pessoalidade ............................................................................... 76
3.6 A QUESTÃO DA AUTORIDADE E DOS PAPÉIS DIFERENTES PARA HOMENS E MULHERES ....78
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 82
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 84
TÓPICO 2 - O SER MATERIAL E IMATERIAL ........................................................................87
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................87
2 A ESSÊNCIA DA NATUREZA HUMANA, AS CONCEPÇÕES DICOTÔMICAS E 
TRICOTÔMICAS E UMA BREVE DEFESA DA DOUTRINA DA DICOTOMIA .........................87
3 TEORIAS DA TRANSMISSÃO DA ALMA ........................................................................... 92
3.1 PREEXISTÊNCIA DA ALMA (PREEXISTENCIALISMO) ..................................................................92
3.2 CRIACIONISMO ....................................................................................................................................94
3.3 TRADUCIONISMO ................................................................................................................................963.4 CONCLUSÃO SOBRE AS TEORIAS DA TRANSMISSÃO DA ALMA ............................................98
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................99
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................100
TÓPICO 3 - A CONSCIÊNCIA DO HOMEM ..........................................................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................103
2 A VISÃO BÍBLICA DA CONSCIÊNCIA HUMANA ............................................................. 104
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................111
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................117
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 119
UNIDADE 3 — HAMARTIOLOGIA – DOUTRINA BÍBLICA DO PECADO ..............................123
TÓPICO 1 — A REALIDADE DO PECADO DESDE O COMEÇO.............................................125
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................125
2 O QUE É O PECADO E QUAL A SUA ORIGEM? ................................................................ 127
3 NATUREZA PECAMINOSA ..............................................................................................132
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................135
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 137
TÓPICO 2 - A QUEDA DO HOMEM ......................................................................................139
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................139
2 ADÃO, O REPRESENTANTE FEDERAL DA HUMANIDADE ............................................ 140
3 O PECADO ORIGINAL .................................................................................................... 140
4 EFEITOS NOÉTICOS DO PECADO .................................................................................. 147
5 DEPRAVAÇÃO TOTAL ......................................................................................................149
5.1 BASE BÍBLICA PARA O CONCEITO DE DEPRAVAÇÃO TOTAL .................................................150
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................153
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................155
TÓPICO 3 - HERANÇA ADÂMICA DO PECADO E A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ ................. 157
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 157
2 IMPUTABILIDADE DO PECADO ......................................................................................159
3 O PODER DO PECADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS......................................................... 161
4 A REMISSÃO DOS PECADOS ..........................................................................................163
5 A IMPUTAÇÃO DA JUSTIÇA DE CRISTO ........................................................................164
6 A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ .............................................................................................165
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................169
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 177
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 179
1
UNIDADE 1 -
CRISTOLOGIA – 
DOUTRINA BÍBLICA DE 
CRISTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender sobre os aspectos sobrenaturais do nascimento de Cristo;
• identifi car apontamentos teológicos sobre a humanidade de Cristo;
• identifi car apontamentos teológicos sobre a divindade de Cristo;
• entender os aspectos das duas naturezas de Cristo, habitando individualmente uma 
única pessoa;
• entender as doutrinas da impecabilidade e pecabilidade de Cristo;
• entender os aspectos dos ofícios de Jesus e sua obra redentora;
• entender os aspectos de sua ressurreição, ascensão e segunda vinda.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoati-
vidades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A HUMANIDADE E A DIVINDADE DE CRISTO: UMA PESSOA, DUAS NATUREZAS
TÓPICO 2 – JESUS, SEUS OFÍCIOS E SUA OBRA
TÓPICO 3 – JESUS: RESSURREIÇÃO, ASCENSÃO E SEGUNDA VINDA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
HUMANIDADE E A DIVINDADE DE CRISTO: 
UMA PESSOA, DUAS NATUREZAS
1 INTRODUÇÃO 
Um dos assuntos mais debatidos, em termos de cristologia, é a questão das 
duas naturezas de Cristo, ou seja, sua humanidade completa e complexa, com toda 
sua materialidade e imaterialidade, e sua divindade completa e imbuída em todos os 
aspectos atributivos.
Este (Jesus) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a 
criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre 
a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, 
quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e 
para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a 
cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre 
os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a 
Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz 
pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo 
todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós outros 
também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento 
pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo 
da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele 
santos, inculpáveis e irrepreensíveis (BÍBLIA SAGRADA, Cl 1.15-22).
A historiografia cristã contém diversos momentos em que a divindade e 
humanidade de Cristo foram questionadas. Existem, ainda hoje, pessoas que negam 
categoricamente a visão bíblica cristã da união das duas naturezas em uma única 
Pessoa.
Controvérsias acerca da figura de Cristo se estenderam pelos séculos e, à medida 
que as controvérsias cresciam e eram vivenciadas pelos cristãos, também aumentava 
o interesse pelo estudo teológico para elucidar tais controvérsias. Nesse ambiente 
opulento de debates e argumentos, surgem os primeiros concílios e seus credos da fé 
cristã, tentando pavimentar, com solidez teológica, as estradas dos cristãos comuns.
Então, em uma busca acadêmica, e sustentados pela sabedoria dada por 
Deus, os primeiros teólogos, vezes em períodos mais reversos, vezes em períodos mais 
amistosos, administraram uma “dieta” teológica que nutriu, ao longo dos tempos, a fé 
dos crentes, ajudando, assim, em uma compreensão mais linear do “esqueleto teológico” 
comum que sustenta a fé evangélica. 
TÓPICO 1 - A UNIDADE 1
https://www.bibliaonline.com.br/ara/cl/1/15-22+4
Concílio: é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo 
de discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé e 
costumes. Os concílios podem ser ecumênicos, plenários, nacionais, 
provinciais ou diocesanos, consoante o âmbito que abarquem.
Credo: conhecido também como confissão, símbolo ou declaração 
de fé, é uma asseveração das crenças compartilhadas da comunidade 
religiosa ou secular, na forma de uma fórmula fixa que resume os seus 
princípios fundamentais.
NOTA
2 O NASCIMENTO DE CRISTO
O nascimento de Cristo constitui, para os cristãos, o acontecimento mais 
importante na história e que mudou, para sempre, a formatação do mundo em termos 
cronológicos, sociais, culturais e religiosos. O tempo passou a ser contado em antes e 
depois de Cristo. A sociedade obteve um vislumbre maior de unidade e equanimidade. A 
cultura se reestabeleceu na beleza e na majestosidade e a religião dirimiu os panteões 
e sustentou o monoteísmo.
O natalício de Jesus é um sinônimo de esperança – o foi no passado e ainda 
o é – de nova vida, de novos tempos, de eternidade. Esperança de descanso da fatiga 
imposta pelo tempo.
2.1 O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO
Orr (1915), em seu artigo “The Virgin Brith of Christ” (em português: O nascimento 
virginal de Cristo), sentencia que:
É plenamente reconhecido que os últimos [...] anos têm sido 
marcados por determinada rejeição a respeito da verdade do 
nascimento virginal de Cristo […]. O resultado disso é que em todos os 
lugares o nascimento virginal é abertamente tratado como fábula, e 
a crença nessa doutrina é ridicularizada como indigna da inteligência 
do século XX (ORR, 1915, p. 268).
Isso não se encapsulou, ficando restrito ao século passado, muito pelo 
contrário; o apontamento “fabuloso” se intensificou, a ponto de cristãos professos de 
denominações tradicionais e de ratificada teologia adentrarem por esse caminho. No 
entanto, o grande problema em se rejeitar essa doutrina é o fato de ela ser a base para 
outras doutrinas importantes na confecção teológica de cunho salvífico.
5
Berti (2017) afirma que teólogos reconhecem as dificuldades da doutrina do 
nascimento virginal, embasados em arcabouços céticos que apontam a improbabilidade 
de um nascimento nesses moldes, perguntando-se como uma doutrina tão fundamental 
para o cristianismo apresenta tão poucas evidências disso nas Escrituras. Ainda afirmam 
que o nascimento virginal de Jesus nada mais é que uma reedição de antigos mitos e 
questionam acerca de como os relatos bíblicos se divergem e, em divergindo, como 
pode haver neles veracidade.
Os apontamentos céticos citados são pertinentes, mas o que precisamos 
lembrar é que, da mesma forma que surgem questões de difíceis resoluções, surgem 
também respostas satisfatórias que moldam e amparam a doutrina.
Em termos de exemplificação na crença de um nascimento virginal, atenta-se 
que, além dos textos conhecidos do Novo Testamento, que estão no primeiro capítulo 
de Mateus e Lucas, há autores cristãos modernos, como Macdowel (1996) que, em seu 
livro Evidências que exigem um veredicto, afirma que: 
A Igreja Apostólica nunca teve dúvida sobre esta questão. Diz ainda, 
que os primeiros líderes da Igreja cristã, conhecidos como Patriarcas 
Cristãos ou Pais da Igreja, corroboraram os ensinos apostólicos e cita 
exemplos: “Em 110 A.D. Inácio escreve: “Pois nosso Deus Jesus Cristo 
[…] foi concebido no ventre de Maria [...] pelo Espírito Santo. Pois a 
virgindade de Maria e Aquele que dela nasceu […] são os mistérios mais 
comentados em todo o mundo […]”. Este Inácio, é tradicionalmente 
aceito, como um dos discípulos e talvez o mais próximo, do apóstolo 
João. Aristides, em 125 A.D., fala do nascimento virginal de Jesus: 
“Ele é o próprio Filho do Deus excelso que se manifestou pelo 
Espírito Santo, desceu dos céus e, nascido de uma virgem hebreia, 
se encarnou a partir da virgem […]”. Em 150 A.D. Justino oferece uma 
gama de provas a favor da ideia do nascimento miraculoso do Cristo: 
“Nosso mestre Jesus Cristo, que é o primogênito de Deus Pai, não 
nasceu como resultado de relações sexuais […] O poder de Deus, 
descendo sobre a virgem, cobriu-a com sua sombra e fez com que, 
embora ainda virgem, concebesse […]”. Tertuliano, um advogado 
convertido, talvez o primeiro cristão de maior influência no segundo 
século da era cristã, nos informa que, em seus dias (200 A.D.) “existia 
não apenas um credo cristão estabelecido, sobre o qual todas as 
igrejas concordavam […]” em seus escritos é citado esse credo quatro 
vezes, o qual inclui as palavras – ex virgine Maria – que significa “da 
Virgem Maria”, claramente aludindo a Cristo como nascido de uma 
mulher virgem (MACDOWEL, 1996, p. 116).
Sobre as “sombras” dos mitos, o historiador e erudito Brown (1973 apud 
MARTINEZ, 2017, s.p.) comenta que: 
Paralelos não judaicos têm sido encontrados nas religiões mundiais (O 
nascimento de Buda, de Krishna e do filho de Zoroastro), na mitologia 
greco-romana, nos nascimentos dos faraós (com o deus Amon-Rá 
agindo através do seu pai) e nos nascimentos sensacionais dos 
imperadores e filósofos (Augusto, Platão etc.). Mas esses ‘paralelos’ 
sempre envolvem um tipo de hieros gamos em que um macho 
divino, em forma humana ou outra, insemina uma mulher, seja 
6
através do ato sexual normal, seja por meio de uma forma substituta 
de penetração. Eles não são realmente semelhantes à concepção 
virginal não sexual que está no âmago das narrativas da infância 
de Jesus, concepção esta, em que nenhum elemento ou deidade 
macho insemina Maria […]. Portanto, nenhuma busca por paralelos 
nos tem dado explicação verdadeiramente satisfatória de como os 
primitivos cristãos chegaram à ideia de uma concepção virginal – a 
menos, é claro, que ela realmente tenha acontecido historicamente.
Entendendo que o nascimento virginal aconteceu e se estabelece, ainda 
na atualidade, como ponto fundamental para os desdobramentos doutrinários que 
sustentam a fé cristã, teremos como base os escritos de Grudem (1999), apontando a 
sua importância em, ao menos, três áreas distintas, como será visto a seguir.
2.1.1 Salvação 
O nascimento virginal de Cristo demonstra que a salvação deve vir do Senhor, 
exatamente como Deus havia prometido em Gênesis (BÍBLIA SAGRADA, Gn 3.15), em que 
a “semente” da mulher (Jesus) acabaria por destruir a serpente (Diabo). O nascimento 
virginal de Cristo inequivocamente lembra que a salvação jamais virá por meio de 
esforços humanos, mas por obra do próprio Deus. Desse modo, a salvação se deve 
à obra sobrenatural de Deus e isso é evidenciado no início da vida de Jesus, quando, 
segundo o apostolo Paulo, em sua epístola ao Gálatas, diz que: “[...] Deus enviou seu 
Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam sob a 
lei, para que recebêssemos a adoção de filhos” (BÍBLIA SAGRADA, Gl 4.4-5).
2.1.2 Duas naturezas 
O nascimento virginal de Cristo trouxe a possibilidade de a união da plena 
divindade e da plena humanidade se realizar em uma única pessoa. Essa foi a metodologia 
empregada por Deus para enviar ou trazer seu Filho ao mundo como um ser humano 
(BÍBLIA SAGRADA, Jo 3.16; Gl 4, 4). Ao pensar em outras formas possíveis de Cristo 
ter vindo ao mundo, nenhuma uniria com tamanha perceptibilidade à humanidade e 
à divindade em uma única pessoa. Deus poderia criar Jesus como um ser humano 
completo e enviá-lo do céu à terra sem a interferência de nenhum progenitor humano? 
Sim, poderia, mas, nesse caso, seria dificílimo que Jesus fosse visto como plenamente 
humano, assim como são os homens, e ele não descenderia fisicamente da raça humana 
iniciada em Adão.
Em contrapartida, provavelmente, seria possível, para Deus, gerar Jesus e fazê-
lo adentrar ao mundo usando genitores humanos e, miraculosamente, unir a natureza 
divina a sua natureza humana em certo momento da vida de Cristo. Entretanto, então, 
haveria dificuldade para se compreender como Ele seria plenamente Deus, uma vez 
que se originoucomo qualquer um dos homens em termos de concepção. Quando se 
7
observam essas possibilidades mais acuradamente, é possível entender melhor como 
Deus ordenou uma combinação de extensão humana e divina no nascimento de Cristo, 
de modo que sua plena humanidade se evidencia pelo seu nascimento humano e 
comum, por meio de uma mulher, e sua plena divindade é evidenciada por uma obra 
espiritual, mediada pelo Espírito Santo, em Sua concepção, no ventre de Maria.
2.1.3 Impecabilidade
O nascimento virginal também possibilita a verdadeira humanidade de Cristo 
sem a herança pecaminosa adâmica (de Adão). Segundo apontamentos teológicos mais 
ortodoxos, os seres humanos, em sua totalidade, herdaram a culpa legal e uma natureza 
moral corrompida do primeiro homem, Adão. Para essa situação, por vezes, nomeia-se 
de Pecado Herdado ou Pecado Original. Assim, o fato de Jesus não ter apresentado um 
pai humano significa que a linha de descendência de Adão é parcialmente interrompida, 
ou seja, pode-se dizer que Jesus não descendeu de Adão exatamente como todos os 
seres humanos. Diante disso, compreende-se por que a “culpa legal” e a “corrupção 
moral”, que pertencem a todos os outros seres humanos, não pertencem a Cristo.
Em face dessas poucas asseverações, tanto a história quanto a Bíblia e também 
a teologia moderna ensinam claramente e sem ambiguidades o nascimento virginal de 
Cristo. Os apóstolos, os Pais da Igreja e a igreja primitiva aceitaram e ensinaram essa 
doutrina, assim como uma infinidade de teólogos modernos aceitam e permanecem 
ensinando a doutrina do nascimento virginal de Cristo. Suas instruções ecoam e: 
apontam para o Cristo nascido de uma mulher, também para sua 
humanidade e sua manifestação como o novo ou segundo Adão. O 
fato de Jesus ter nascido sem uma paternidade humana corrobora 
sua natureza divina como o Filho de Deus. Em contra perspectiva, a 
negação do nascimento virginal geralmente está ligada à negação 
dos elementos sobrenaturais ou miraculosos das Escrituras (SPROUL, 
2019, p. 48).
Hieros gamos: é um termo atribuído ao ritual sexual que representava 
um casamento entre um deus e uma deusa, ou entre um(a) deus(a) e 
um(a) humano(a), resultando no nascimento de um semideus, tendo 
um significado simbólico ou mitológico.
Ortodoxia: interpretação, doutrina ou sistema teológico implantado 
como único e verdadeiro pela Igreja.
NOTA
8
3 A UNIDADE DA PESSOA DE CRISTO
Em paralelo ao nascimento virginal, mostra-se a plenitude da divindade e da 
humanidade de Cristo. Em se tratando da doutrina das duas naturezas de Cristo, a 
cristologia bíblica dá conta de que, na encarnação, essas naturezas, a divina e a humana, 
permanecem distintas e são unidas por completo em uma única pessoa.
Algumas passagens bíblicas da Escritura que evidenciam a glória divina e a 
humildade humana de Jesus em conjunto são:
• “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus 
ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, 
Príncipe da Paz” (BÍBLIA SAGRADA, Is 9.6).
• “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (BÍBLIA 
SAGRADA, Lc 2.11).
• “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a 
sua glória, glória como do unigênito do Pai” (BÍBLIA SAGRADA, Jo 1.14).
• “com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi 
designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição 
dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” (BÍBLIA SAGRADA, Rm 1.3-4).
• “sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a 
tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (BÍBLIA SAGRADA, 
1Co 2.8).
• “vindo, porém, a plenitude do tempo,  Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, 
nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos 
a adoção de filhos” (BÍBLIA SAGRADA, Gl 4.4-5).
Esses versículos apresentam o profundo mistério do eterno e infinito Filho de 
Deus adentrando no tempo e no espaço e assumindo a natureza humana. Não existe 
pensamento mais grandioso no qual possamos ponderar do que esse. A crença de que 
Jesus é uma pessoa com duas naturezas, humana e divina, tem um grande significado 
para a possibilidade de pessoas pecadoras entrarem em um relacionamento com Deus. 
Cristo deve ser, ao mesmo tempo, Deus e homem, para que possa ser o mediador entre 
Deus e o homem, fazer expiação pelo pecado, e ser um Sumo Sacerdote empático 
(PIMENTEL, 2012).
3.1 UNIÃO HIPOSTÁTICA 
Sobre a doutrina das duas naturezas de Cristo, uma das doutrinas cristãs 
que mais produziu debates nos primeiros séculos, Cheung (2003), em sua Teologia 
Sistemática, indica que: 
9
o cristianismo afirma que Cristo possui duas naturezas, que Ele é 
tanto divino quanto humano. Ele existe com Deus o Pai na eternidade 
como segunda pessoa da Trindade, mas tomou a natureza humana 
na encarnação. O que resulta disso não compromete ou confunde a 
natureza divina com a humana, de modo que Cristo é totalmente Deus 
e totalmente homem e permanecerá nesta condição eternamente. 
Às duas naturezas de Cristo subsistindo em uma única pessoa se dá 
o nome de União Hipostática (CHEUNG, 2003, p. 118).
A Confissão de fé de Westminster (1643-1646) corrobora isso, bem como a visão 
bíblica da unidade, afirmando que: 
as duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas – a divindade e a 
humanidade – foram inseparavelmente unidas em uma só Pessoa, 
sem conversão, composição ou confusão; essa Pessoa é verdadeiro 
Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador 
entre Deus e o homem (ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER, 1943-1946, 
p. 8).
Na encarnação, como ensinado em A Confissão de Fé de Westminster, “o eterno 
Filho de Deus tomou sobre si uma verdadeira natureza humana. Desde então, Jesus 
Cristo é, e sempre será, uma Pessoa (isto é, um Deus-homem), com duas naturezas 
autoconscientes: uma divina e uma humana” (CRAMPTON, 2000 apud ARAÚJO NETO, 
2005).
3.1.1 Por que era necessário que Cristo fosse plenamente 
Deus?
Porque só alguém que fosse Deus infinito poderia arcar com toda a pena de 
todos os pecados de todos os que cressem nEle – qualquer criatura finita não seria 
capaz de arcar com tal pena; a salvação vem do Senhor (BÍBLIA SAGRADA, Jo 2.9) e 
toda a mensagem das Escrituras é moldada para mostrar que nenhum ser humano ou 
nenhuma criatura jamais conseguiria salvar o homem – “só Deus mesmo poderia; e só 
alguém que fosse verdadeira e plenamente Deus poderia ser o mediador entre Deus 
e o homem (BÍBLIA SAGRADA, 1Tm 2.5), tanto para nos levar de volta a Deus como 
também para revelar Deus de maneira mais completa a nós (BÍBLIA SAGRADA, Jo 14.9)” 
(GRUDEN, 1999, p. 456-457).
3.1.2 Por que era necessário que Cristo fosse plenamente 
homem?
Para possibilitar uma obediência representativa, uma vez que Jesus 
representou a humanidade e, em obediência, tomou o lugar dela naquilo em que Adão 
falha e desobedece. Enxerga-se isso no paralelismo entre a tentação de Jesus (BÍBLIA 
10
SAGRADA, Lc 4.1-13) e a prova de Adão e Eva no jardim do Éden (BÍBLIA SAGRADA, Gn 
2.15-3.7), o que também é verificado claramente na discussão proposta pelo apóstolo 
Paulo, ao apontar os paralelos entre Adão e Cristo, nas questões da desobediência de 
Adão e obediência de Cristo (BÍBLIA SAGRADA, Rm 5.18-19).
Para ser um sacrifício substitutivo, pois, se Jesus não tivesse encarnado e 
nascido como um homem, de maneira alguma poderia ter morrido no lugar dos homens, 
substituindo-os na cruz e, assim, pagando a penalidade, pela culpa, que aos homens 
cabia. Na carta aos Hebreus, vemos que: 
Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a 
descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as 
coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso 
e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer 
propiciação pelos pecados do povo (paralelosentre Adão e Cristo, nas 
questões da desobediência de Adão e obediência de Cristo (BÍBLIA 
SAGRADA, Hb 2.14;16-17).
Para ser o único mediador entre Deus e os homens. Os homens estavam 
separados de Deus por causa do pecado, havia, então, a necessidade de que alguém 
se colocasse entre Deus e os homens e, assim, os direcionasse de volta a Ele. Como 
humanos caídos, à igualdade de Adão, os homens precisavam, e precisam, de um 
mediador que os representassem, e os representem, diante de Deus e que pudesse 
representar a Deus para Eles. Só houve e, permanece havendo, uma pessoa que 
preenche esses requisitos representativos: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador 
entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (BÍBLIA SAGRADA, 1Tm 2.5).
Para cumprir a função de administrador sobre as coisas criadas. Jesus 
deveria envergar plenamente a humanidade, para cumprir o propósito original de Deus 
em relação ao homem, que se constitui em dominador sobre a criação. Deus colocou o 
ser humano sobre a terra, segundo apontamentos no livro de Gênesis, para subjugá-la e 
dominá-la como seu representante. No entanto, o homem não cumpriu esse propósito 
cabalmente, pois cedeu ao pecado. Em Hebreus, vemos que Deus pretendia que tudo 
fosse sujeitado ao homem, mas reconhece: “[...] Agora, porém, ainda não vemos todas 
as coisas a ele sujeitas” (BÍBLIA SAGRADA, Hb 2.8b). Então, quando Jesus vem como 
homem, Ele é capaz de efetuar essa obediência a Deus e, assim, ter o direito de dominar 
a criação como o homem deveria ter feito, cumprindo, Jesus, o propósito original de Deus 
ao colocar o homem sobre a terra, o que é reconhecido em Hebreus quando diz que agora 
“vemos [...] Jesus” em posição de autoridade sobre o universo, “coroado de glória e de 
honra” (BÍBLIA SAGRADA, Hb 2.9), o que também pode ser visto no versículo 7.
Para ser exemplo e padrão de vida. O apóstolo João diz: “[...] aquele que diz que 
permanece nEle, esse deve também andar assim como ele andou” (BÍBLIA SAGRADA, 1Jo 
2.6), e traz à lembrança de todos que, “quando Ele se manifestar, seremos semelhantes 
a Ele” e que essa esperança futura de conformidade com o caráter de Cristo confere aos 
homens, mesmo agora, pureza moral cada vez maior à vida (BÍBLIA SAGRADA, 1Jo 3.2-
11
3). O apóstolo Paulo indica que os homens continuamente estão sendo “transformados 
[...] na sua própria imagem” (2Co 3.18), avançando, assim, ao alvo para o qual Deus salva 
os homens: que é ser “conformados à imagem de seu Filho” (BÍBLIA SAGRADA, Rm 8.29). 
O apóstolo Pedro informa que, especialmente no sofrimento, é necessário considerar 
o exemplo de Cristo: “pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos 
exemplo para seguirdes os seus passos” (BÍBLIA SAGRADA, 1Pe 2.21).
Para ser o padrão da redenção corpórea. O apóstolo Paulo ensina que, 
quando Jesus ressuscitou dos mortos, ressuscitou num novo corpo “na incorrupção 
[...] ressuscita em glória [...] ressuscita em poder [...] ressuscita em um corpo espiritual” 
(BÍBLIA SAGRADA, 1Co 15.42-44). Esse novo corpo ressurreto que Jesus possuía, quando 
ressurgiu dos mortos, é o padrão que se dará também para os homens quando forem 
ressuscitados dos mortos, porque Cristo representa “as primícias” (BÍBLIA SAGRADA, 
1Co 15.23), ou seja, uma alusão ao trabalho agrícola que alude à primeira amostra da 
colheita.
 Para compadecer-se como sumo sacerdote. O autor de Hebreus instrui que 
“naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que 
são tentados” (BÍBLIA SAGRADA, Hb 2.18) – sugerimos conferir também Hebreus (BÍBLIA 
SAGRADA, Hb 4.15-16). Se Jesus não existisse na condição de homem, não seria capaz 
de conhecer, por experiência, aquilo que os homens sofrem em suas tentações e lutas 
nessa vida terrena. Todavia, porque viveu como homem, ele é capaz de se compadecer 
mais plenamente dos seres humanos em suas experiências.
3.2 IMPECABILIDADE DE CRISTO
“Impecabilidade significa que Jesus jamais fez qualquer coisa que desagradasse 
a Deus, que violasse a lei ou que tenha deixado de demonstrar a glória de Deus em sua 
vida (BÍBLIA SAGRADA, Jo 8.29)” (RYRIE, 2004).
 3.2.1 O testemunho acerca da impecabilidade de Cristo
As Escrituras testemunham sobre a vida sem pecado de Jesus, que foi chamado 
santo desde seu nascimento (BÍBLIA SAGRADA, Lc 1.35). Em determinado momento, 
Jesus desafiou seus inimigos a provarem que Ele tinha pecado (BÍBLIA SAGRADA, 
Jo 8.46). Nada nas expressões de fala de Jesus pode lhe acusar justamente (BÍBLIA 
SAGRADA, Mt 22.15). Ele guardava os mandamentos (BÍBLIA SAGRADA, Jo 15.10). 
Nos momentos antecedentes à crucificação, Ele foi declarado inocente onze vezes 
(BÍBLIA SAGRADA, Mt 27.4;19;24;54; Lc 23.14;15;22;41; Jo 18.38; 19.4-6). Paulo atestou a 
impecabilidade de Jesus Cristo (BÍBLIA SAGRADA, 2Co 5.21), assim como os apóstolos 
Pedro (BÍBLIA SAGRADA, 1Pe 1.19; 2.22), João (BÍBLIA SAGRADA, 1Jo 3.5), bem como o 
autor de Hebreus (BÍBLIA SAGRADA, Hb 4.15; 7.26-27).
12
 3.2.2 O debate acerca de impecabilidade e pecabilidade de 
Cristo 
Há uma série de discussões teológicas, antigas e modernas, sobre a possibilidade 
ou não de Jesus cometer pecados em seu ministério terreno. O conceito de que Jesus 
não podia pecar se chama “impecabilidade” (non posse peccare – “não poder pecar”) 
e o conceito de que ele podia pecar, mas não o fez, é denominado “pecabilidade” 
(posse non peccare – “poder não pecar”).
Na rejeição da ideia da pecabilidade e defesa da impecabilidade, estão os 
que argumentam que a impecabilidade não anula o ato da tentação, assim como a 
impossibilidade de um lutador profissional de MMA pesando 100 quilos ser vencido por 
uma criança de oito anos pesando 25 quilos não invalida os golpes do minúsculo infante. 
Segundo esse ponto de vista, a impecabilidade não depende da “ausência de tentação”, 
mas da “ausência de vontade de pecar”. William Shedd é um dos seus defensores. 
Na defesa da pecabilidade e rejeição da impecabilidade de Cristo, estão os 
que o fazem baseados na afirmação de que, “se ele foi tentado, é porque poderia pecar” 
e, “se isso não fosse possível, não poderia ser dito que a tentação foi real”; entre os 
defensores desse ponto de vista está o teólogo Charles Hodge.
William Shedd: foi o maior sistematizador, depois de Charles Hodge, 
da teologia calvinista americana entre a Guerra Civil e a Primeira 
Guerra Mundial. 
Charles Hodge: foi professor, exegeta, escritor, pregador e pastor 
Presbiteriano norte-americano e um dos maiores expoentes e 
defensores do calvinismo histórico nos Estados Unidos durante o 
século XIX.
NOTA
3.2.3 O caráter das tentações de Cristo
A Bíblia afirma que Cristo foi tentado da mesma forma que qualquer ser humano 
(BÍBLIA SAGRADA, Hb 4.15). A dificuldade de algumas linhas teológicas aceitarem essa 
afirmação se dá pelo fato de Tiago, o líder da igreja em Jerusalém, irmão de Jesus 
e escritor bíblico, afirmar que Deus não pode ser tentado (BÍBLIA SAGRADA, Tg 1.13). 
Aparentemente, diante disso, seria preciso resolver a questão de que ou Cristo não é 
Deus ou não foi tentado.
13
Segundo Tronco (2009, s.p.), “é certo que nenhum teólogo conservador está 
disposto a atacar a divindade de Cristo, então a discussão é sobre se Cristo foi ou não 
tentado e se ele podia ou não ceder à tentação”.
As tentações, de fato, ocorreram e foram apropriadas ao Deus-homem, visto 
que um homem qualquer não é tentado a transformar uma pedra em pão, por exemplo. 
Mesmo assim, Jesus foi tentado à semelhança dos homens comuns, então, o que se 
discute é a eficácia dessas tentações, visto que, se elas não pudessem influenciar Cristo 
a pecar, seriam ineficazes em suas implicações. Contudo, diante das explicações sobre 
pecabilidade e impecabilidade, pode-se perceber que a questão da eficácia não se 
realiza em “cair” ou “não cair” nas tentações, mas em sentir o peso ou a força dessas 
tentações, mesmo que Ele não tivesse vontade de pecar.
Diante disso, é que Jesus se compadece dos homens, pois Ele pode sentir o 
pesoou a força das tentações, mesmo não tendo nenhuma possibilidade de pecar, pois, 
segundo as Escrituras, Ele é Deus e Deus não tem a possibilidade de pecar, e o pecado 
não procede de Deus; o apóstolo João, em sua primeira epístola afirma: “porque tudo 
que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba 
da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (BÍBLIA SAGRADA, 1Jo 2.16).
A seguir, será possível observar as implicações que ocorreriam dada a 
possibilidade de pecado em Jesus.
3.2.4 Os problemas inerentes ao conceito da pecabilidade de 
Cristo
Variadas implicações indesejáveis se originam da defesa da pecabilidade de 
Cristo:
• A imutabilidade – se Cristo pudesse pecar, sua divindade estaria em risco antes 
mesmo do pecado existir, pois Ele não seria “imutável” (BÍBLIA SAGRADA, Is 9.6; Ml 
3.6; 2Tm 2.13; Hb 13.8).
• A soberania – se Cristo pudesse pecar, Ele nem seria Deus, pois nEle habitaria o mal, 
nem o Pai seria o Deus soberano, pois seria evidenciado que Ele não tem poder para 
controlar a história nem para manter seus planos (BÍBLIA SAGRADA, At 4.27-28).
• As profecias  – caso Jesus cometesse algum pecado, ficaria evidenciada a 
inexistência da onisciência e da presciência de Deus; assim, todas as profecias sobre 
a obra de Cristo e a redenção dos homens seriam ineficazes. No caso, se Cristo 
pudesse pecar e não o fez, as profecias sobre sua obra e redenção dos homens não 
passariam de mero otimismo (BÍBLIA SAGRADA, Mq 5.2; Is. 53.6-9) e todos os textos 
que falam de determinações prévias de Deus sobre os redimidos teriam perdido por 
completo seu sentido (BÍBLIA SAGRADA, Mt 25.34; Ef 1.4). Diante disso, sem a plena 
convicção de que tais prenúncios realmente aconteceriam, Deus estaria enquadrado 
entre os mentirosos (BÍBLIA SAGRADA, Tt 1.2; Hb 6.18).
14
• A confiabilidade da redenção –  se Jesus pudesse pecar, nenhum ser humano 
pode ter uma justa confiança na redenção divina e ela esteve em risco de falhar. Isso 
se distancia da clara esperança nas promessas de Deus (BÍBLIA SAGRADA, Gn 12.3).
3.3 INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE KENOSIS 
A palavra kenosis tem por significância o conceito de “autoesvaziamento” 
e está contida em Filipenses (BÍBLIA SAGRADA, Fp 2.7). No origjnal em grego, “ἀλλὰ 
ἑαυτὸν ἐκένωσεν μορφὴν δούλου λαβών, ἐν ὁμοιώματι ἀνθρώπων γενόμενος· καὶ σχήματι 
εὑρεθεὶς ὡς ἄνθρωπος” (NESTLE et al., 2001), que, em português, significa “Antes, a 
si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de 
homens; e, reconhecido em figura humana” (BÍBLIA SAGRADA, Fp 2.7) – a questão 
central aqui é a seguinte: “Ele se esvaziou do quê?”.
O Sínodo de Antioquia (341 A.D.) afirmou que Cristo se esvaziou de “ser igual a 
Deus”, mas continuou defendendo, em seu escopo, a divindade absoluta de Cristo. Já 
a Reforma Protestante discutiu se Cristo teria se esvaziado de seus atributos, como 
onipotência, onipresença e onisciência sem, porém, afetar sua completa divindade 
e a Teologia do século XVIII, ou Teologia Liberal, afirma, por meio de alguns de seus 
estudiosos, que Cristo se tornou menos ou menor que Deus.
Sínodo: assembleia periódica de bispos de todo o mundo que, 
presidida pelo papa, se reúne para tratar de assuntos ou problemas 
concernentes à Igreja Universal.
Protestantismo: foi um movimento religioso que se voltou contra 
ações e regras da Igreja Católica. O principal agente da Reforma foi o 
monge alemão Martinho Lutero (1483-1546).
Teologia liberal: é um movimento teológico que surgiu da reação ao 
racionalismo iluminista e da valorização da experiência e da essência 
pelo romantismo dos séculos XVIII e XIX, principalmente entre igrejas 
protestantes europeias e seu correspondente no catolicismo, o 
modernismo teológico.
NOTA
3.3.1 O significado do conceito da kenosis 
A passagem central da kenosis é: 
15
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo 
Jesus, 6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou 
como usurpação o ser igual a Deus; 7 antes, a si mesmo se 
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança 
de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se 
humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9 Pelo 
que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está 
acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo 
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse 
que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (BÍBLIA SAGRADA, 
Fp 2.5-11).
A natureza original de Cristo: Filipenses apresenta Cristo antes da encarnação 
(BÍBLIA SAGRADA, Fp 6.2), existindo em “forma de Deus”. A palavra usada na sua 
forma original grega  μορφή  (morphé) significa “natureza”, “forma visível” (SWANSON, 
1997),  “forma” (STRONG, 1996, p. 1519),  “forma pela qual uma pessoa ou uma coisa 
atingem a visão”, “a aparência externa” (THAYER, 2000, p. 419), “a natureza ou o caráter 
de algo, com ênfase na forma interna e externa” (LOUW; NIDA, 2000, p. 732).  Em 
outras palavras, é a “substância de um ser ou de algo” (LOUW; NIDA, 2000, p. 732). A 
mesma palavra aparece em  Marcos: “Depois Jesus apareceu noutra forma (μορφή 
– morphé) a dois deles, estando eles a caminho do campo” (BÍBLIA SAGRADA, Mc 
16.12). Nesse caso, a μορφή (morphé) aponta para uma forma diferente da qual Jesus era 
habitualmente reconhecido. Todavia, no fato de Deus não possuir uma forma corpórea, 
a palavra μορφή  (morphé), nesse caso, revela que Jesus é da mesma substância ou 
natureza de Deus, concluindo que Jesus não existia na pré-encarnação (antes de seu 
nascimento em forma de homem) como um ser que não fosse “exatamente Deus”, ou 
seja, natural e substancialmente da mesma forma, μορφή (morphé), de Deus.
O autoesvaziamento de Cristo foi uma situação que o próprio Cristo impôs a 
si mesmo; envolve todas as coisas e situações que Ele fez e passou para morrer na 
cruz, incluindo assumir a forma de servo. Ao fazer isso, Jesus foi encontrado em figura 
humana. A palavra original grega para “figura” é σχήμα  (skema). Isso indica que Ele 
tinha, além da aparência de um homem, uma vida como a de um homem, assim, sendo 
completamente Deus em toda a sua integridade, Jesus passou a ser em tudo como 
um homem, também em sua integridade, com exceção apenas do pecado. Sobre os 
conceitos de μορφή e σχήμα, para Lightfoot (1898, p. 132-133):
Sendo assim, que sentido nós devemos associar à “forma de Deus”, 
na qual nosso Senhor preexistia? Nas  Homilias de Clemente, 
o apóstolo Pedro é representado como insistindo em passagens 
antropomórficas nas  Escrituras  e sustentando, assim, que Deus 
tem uma “forma” concreta (μορφή – morphé). Diante da objeção do 
seu oponente de que, se Deus tem uma “forma” (μορφή – morphé), 
deve ter também uma “figura”, uma aparência (σχήμα  – skema), o 
apóstolo é forçado a responder aceitando a inferência: “Deus tem 
uma  σχήμα (skema); Tem os olhos e as mãos e os pés como um 
homem; não obstante, não tem nenhuma necessidade de usá-los” 
(Clemente. Hom. xvii. 3,7,8). Não era essa a concepção do apóstolo 
Paulo com respeito a Deus. Ele não poderia falar nesse sentido sobre 
a  μορφή (morphé) nem poderia falar nesse sentido sobre a  σχήμα 
16
(skema), daquele que é o “Rei dos reis e o Senhor dos senhores, o 
único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem 
homem algum jamais viu, nem é capaz de ver (BÍBLIA SAGRADA, 1Tm 
6.15-16)”. 
Permanece então que μορφή (morphé) deve aplicar-se aos atributos 
da divindade. Ou seja, é usado substancialmente no mesmo sentido 
que carrega na filosofia grega. Sugere a mesma ideia que é expressa 
de outra maneira em João por ὁ λόγος τoῦ θεοῦ (o (ro) logos tou teou 
– “o Verbo de Deus”), em escritores cristãos das épocas seguintes 
por υἱός θεοῦ ὢν θεός (uios (ruios) Teou on Teos – “o Filho de Deus 
que é Deus”) e no  Credo Niceno  por  θεός ἐκ θεοῦ (teos ek teos – 
“Deus de Deus”). Ao aceitar essa conclusão não é necessário supor 
que o apóstolo Paulo derivou conscientementeseu uso do termo 
de alguma nomenclatura filosófica. Havia especificidade suficiente, 
mesmo em seu uso popular, para sugerir esse sentido quando isso 
foi transferido dos objetos dos sentidos às concepções da mente. 
Ainda que o apóstolo João tenha adotado  λόγος  (logos – “palavra”) 
e o próprio apóstolo Paulo tenha adotado εἰκών  (eikon – “imagem”) 
e πρωτότοκος (protótokos – “primogênito”) da linguagem das escolas 
teológicas existentes, parece muito longe do improvável que a 
expressão análoga  μορφὴ θεοῦ  (morphé teou – “forma de Deus”) 
tenha sido derivada de uma fonte similar. As especulações dos 
judaísmos alexandrino e gnóstico formaram um meio pelo qual os 
termos filosóficos da Grécia antiga foram trazidos ao alcance dos 
apóstolos de Cristo. Assim na passagem sob a consideração, o μορφή 
(morphé) é contrastado com o σχῆμα (skema), como aquele que é 
intrínseco e essencial com aquele que é acidental e para fora. E as três 
cláusulas implicam respectivamente a natureza divina verdadeira 
de nosso Senhor (morphé teou – μορφὴ θεοῦ – “forma da Deus”), a 
natureza humana verdadeira (morphé doulos – μορφὴ δούλου – 
“forma de servo”), e  o exterior da natureza humana  (skemati os 
antropos – σχήματι ὡς ἄνθρωπος – “figura humana”). 
O autoesvaziamento de Cristo é todo o caminho percorrido por Ele, como citado 
anteriormente, saindo da glória e majestade celeste e findando a jornada em humilhação 
e vergonha na cruz do Calvário, sobre o Gólgota. E, por todo esse processo, está inclusa 
a encarnação como o meio de levá-lo à morte substitutiva.
Em nada esse processo afetou a divindade de Jesus nem o uso dos seus 
atributos divinos. Na verdade, o autoesvaziamento contempla o verdadeiro Deus que 
morreu em humilhação, na condição de um homem real e completo, para salvar homens 
completamente perdidos.
“Portanto, na kenosis Cristo se esvaziou e abriu mão de manter sua condição 
condizente com a divindade, ou seja, viver na glória celestial, e assumiu a humanidade 
para que pudesse morrer” (TRONCO, 2009, s.p.).
17
3.3.2 Teorias falsas sobre o conceito da kenosis 
Algumas teorias, tal qual a teoria Kenótica, apontam que Cristo renunciou a 
alguns ou todos os seus atributos divinos. Essas ideias não são sustentáveis por várias 
razões: primeiro, Jesus, em carne, afirmou ser igual a Deus (BÍBLIA SAGRADA, Jo 10.30); 
segundo, se Jesus passou a ser menos divino, houve, então, uma alteração na pessoa 
de Deus, conceito que colocaria a própria divindade em xeque, já que “Deus não muda” 
(BÍBLIA SAGRADA, Tg 1.17); terceiro, o aspecto substitutivo da morte de Jesus exige 
que ele seja perfeito homem, ao mesmo tempo que os aspectos propiciatórios (que 
significam satisfazer as exigências de Deus) e redentor (Aquele que resgata por meio de 
pagamento) da sua morte exigem que Ele seja perfeito Deus, a fim de sanar um débito 
das dimensões do próprio Deus.
Outra teoria, chamada de gnosticismo, diz que Cristo apenas parecia ser 
homem, pois disfarçava sua divindade ou apenas a refletia em forma humana. Cristo não 
disfarçou ou refletiu sua divindade, Ele apenas assumiu a humanidade. As Escrituras 
demonstram que a divindade podia ser reconhecida nEle (BÍBLIA SAGRADA, Jo 1.14; 
14.9; Hb 1.3).
Teologia Kenótica: surgiu com variados teólogos na Alemanha, entre 
1860 e 1880, e na Inglaterra, entre 1890 e 1910, que basicamente 
interpretaram Filipenses (BÍBLIA SAGRADA, Fp 2.5-7) ensinando que 
Jesus deixou de ser Deus no seu autoesvaziamento.
Gnosticismo: da palavra grega gnose (“conhecimento”) pregava 
que o mundo havia sido criado por uma divindade imperfeita e que, 
por isso, a vida na terra era apenas uma forma maléfica usada para 
aprisionar o espírito humano e que o bem só seria alcançável em 
um nível espiritual. Também, por isso, acreditavam que não havia 
porque nos culparmos pelos males existentes na terra, uma vez que 
tudo isso era propiciado pela prisão material da qual deveríamos nos 
libertar e que fora criada pelo deus mal que criara a terra.
NOTA
18
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O nascimento de Jesus, o Cristo, é de suma importância para o cristianismo, pois foi 
um acontecimento que dividiu a cronologia em antes e depois dEle e que também 
trouxe uma maior unidade e equanimidade social, além do estabelecimento de beleza 
cultural e sustentação do monoteísmo, diante dos panteões politeístas. 
• O fato de Cristo ter sido gerado e nascido de forma virginal, ou seja, sem a 
interferência de um pai humano, constitui-se em ponto de sustentação teológica 
para as doutrinas das duas naturezas de Cristo, a humana e a divina, bem como para 
as doutrinas da impecabilidade e salvação, entre outras.
• As duas naturezas de Jesus se constituem em condição pétrea, no sentido em que 
possibilita a todo homem, pecador, relacionar-se com Deus por intermédio de Cristo, 
como mediador entre o homem pecador e o Deus Santo.
• O conceito da união hipostática ou união das duas naturezas de Cristo, humana e 
divina, subsistindo separadas e distintamente em uma única pessoa, demonstra a 
importância teológica de Jesus ser o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem para as 
divinas pretensões salvíficas.
• Existem conceitos e apontamentos que destacam a possibilidade ou a não 
possibilidade de pecado por parte de Jesus. Existem teóricos debatendo até os 
dias de hoje sobre o assunto.
• A “Kenosis” é uma espécie de “autoesvaziamento”, sendo que existe uma pergunta 
que norteia essa questão: “esvaziamento ou esvaziado do que?”.
• Kenosis foi conceituada e que também há formas de responder à questão norteadora 
do conceito “kenosis” – o “esvaziamento ou esvaziado do quê?” –, demonstrando, 
assim, que Jesus foi esvaziado, em resumo, de sua glória, e não de seus atributos 
divinos. Em algumas teorias, no entendimento de uma cristandade mais conservadora, 
constituem-se em falácias e falsidades acerca da doutrina do autoesvaziamento.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
1  Em termos de o nascimento virginal sendo visto como fundamental para os 
desdobramentos doutrinários que sustentam a fé cristã, aponte ao menos três áreas 
teológicas de suma importância que essa doutrina sustenta e resuma cada uma 
delas.
2 O conceito da união hipostática ou união das duas naturezas de Cristo, humana e 
divina, subsistindo separadas e distintamente em uma única pessoa, demonstra a 
importância teológica de Jesus ser o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem para as 
divinas pretensões salvíficas. Diante disso, responda: o que é a união hipostática?
3 Alguns teóricos confirmam a possibilidade de pecado por parte de Jesus, enquanto 
outros combatem ferrenhamente a contrariedade a essa afirmação. Em termos de 
impecabilidade e pecabilidade, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para 
as falsas:
( ) Na defesa da impecabilidade teólogos argumentam que a impecabilidade anula a 
tentação.
( ) A impecabilidade não depende da “ausência de tentação”, mas da “ausência de 
vontade de pecar”.
( ) O argumento acerca da pecabilidade se firma na sentença que se segue: “se ele foi 
tentado, é porque poderia pecar”.
( ) Os defensores da impecabilidade de Cristo insistem que se Jesus não pudesse pecar, 
não poderia ser dito que a tentação foi real.
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) V – F – V – F.
4 Kenosis é o autoesvaziamento “provocado” por Jesus quando renuncia a sua glória, 
e não a seus atributos divinos. Analise as expressões originais gregas e associe os 
itens, utilizando o código a seguir:
( ) μορφὴ θεοῦ (morphé teou).
( ) μορφὴ δούλου (morphé doulos).
( ) σχήματι ὡς ἄνθρωπος (skema os antropos).
I- A natureza divina verdadeira de Jesus.
II- A natureza humana verdadeira de Jesus.
III- O exterior da natureza humana de Jesus.
AUTOATIVIDADE
20
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) II – I – III.
c) ( ) III – II – I.
d) ( ) II – III – I.
5 Durante os primeiros séculos da igreja cristã, muitas teorias surgiram apontando apessoa de Cristo apenas como uma figuração do divino, tirando dEle a preeminência 
de Deus encarnado. Com base nas supostas falsas teorias Kenótica e Gnóstica, 
associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Teoria Kenótica.
II- Teoria Gnóstica.
( ) Cristo, apenas, parecia ser homem.
( ) Cristo abriu mão de todos os seus atributos divinos.
( ) Cristo disfarçava sua divindade.
( ) Cristo abriu mão de alguns atributos divinos.
( ) Refletia a forma humana.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) II – I – II – I – II.
b) ( ) I – II – II – I – II.
c) ( ) II – II – I – II – I.
d) ( ) II – II – I – I – II.
21
JESUS, SEUS OFÍCIOS E SUA OBRA
Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu 
e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna 
para todos os que lhe obedecem tendo sido nomeado por Deus sumo 
sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (BÍBLIA SAGRADA, 
Hb 5.8-10).
1 INTRODUÇÃO
Timothy George (1994) ajuda a entender os aspectos dos ofícios e da obra de 
Cristo, através de uma leitura mais acurada da obra de João Calvino, o reformador de 
Genebra, e afirma que:
mais importante que conhecer a essência de Cristo é conhecer com 
que propósito ele foi enviado pelo Pai. Calvino explicou a obra de Cristo 
em conexão com o seu tríplice ofício de Profeta, Rei e Sacerdote, 
todos os quais eram ungidos no Antigo Testamento, prefigurando o 
Messias.
Como Profeta, ele foi ungido pelo Espírito para ser arauto e 
testemunha da graça de Deus, fazendo-o através do seu ministério 
de ensino e pregação. Na qualidade de Rei, Cristo atua como o vice 
regente do Pai no governo do mundo; um dia sua vitória e senhorio 
se manifestarão plenamente. Em seu ofício sacerdotal, ele foi um 
Mediador puro e imaculado que aplacou a ira de Deus e fez perfeita 
satisfação pelos pecados humanos.
Calvino observa que Deus poderia resgatar os seres humanos de 
outra maneira, mas quis fazê-lo através do seu Filho. Ele dá ênfase 
não tanto à justiça de Deus, mas à sua ira e amor, ambas ilustradas 
na obra de Cristo. Não somente a morte de Cristo tem efeito redentor, 
mas toda a sua vida, ensinos, milagres e sua contínua intercessão 
nos céus, à destra do Pai. A obra expiatória de Cristo tem também 
um aspecto subjetivo, pelo qual somos chamados a uma vida de 
obediência (GEORGE, 1994, p. 219).
2 O QUE SÃO OS OFÍCIOS DE CRISTO
O sacrifício de Cristo na cruz e sua ressurreição, em geral, são vistos como sua 
obra salvadora. É certo que fossem o foco central da sua missão, mas a obra de Cristo 
não se resume somente a estes aspectos. O múnus triplex, ou o tríplice ofício de 
Cristo, observa a natureza multifacetada de sua obra salvífica.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
https://www.bibliaonline.com.br/ara/hb/5/8-10+
22
Múnus: a palavra múnus tem origem do latim munus, que significa “dever”, 
“ônus”, “função” e “encargo”. É principalmente utilizado dentro do âmbito 
jurídico, como um conjunto de obrigações de um indivíduo.
Teocracia: um termo de origem grega que significa “governo divino”; trata-
se de um governo em que justificativas de natureza religiosa orientam a 
formação do poder instituído. Na maioria dos casos, o chefe político é visto 
como um representante direto de alguma divindade ou chega a assumir a 
condição de divindade encarnada.
NOTA
NOTA
No Israel bíblico, fora por Deus estabelecido três ofícios de cunhos político 
e religioso. Eram eles: o Profeta, o sacerdote e o Rei. Esses ofícios eram distintos e 
exercidos cada qual por uma pessoa diferente.
Os profetas traziam revelação divina acerca da Palavra de Deus, por meio 
do Espírito Santo, mostrando qual a vontade de Deus para o povo. Os sacerdotes 
funcionavam como uma espécie de mediadores entre o povo e Deus, ofereciam 
sacrifícios para expiar o pecado do povo e intercediam por eles diante de Deus. Os reis 
eram legítimos representantes de Deus, legisladores que governavam o povo.
O Antigo Testamento efetua os três ofícios separadamente, mas também previa 
que haveria alguém no futuro que uniria em si mesmo os três ofícios principais da vida 
teocrática judaica.
Acredita-se que o cumprimento da previsão profética do Antigo Testamento 
se dá em Cristo, pois o Antigo Testamento, nas palavras de Moisés, profeta de primazia 
inestimável para os judeus, adverte que o Senhor levantaria um profeta igual a ele 
(Moisés) e lhe poria na boca as Suas palavras e ele falaria tudo o que Ele, Deus, o 
ordenasse que falasse (BÍBLIA SAGRADA, Dt 15.15-18).
O Antigo Testamento também indica o surgimento de um sacerdote diferente de 
todos os que o antecederam. O profeta Samuel profetiza as palavras de Deus dizendo: 
“Então, suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho 
23
no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e andará ele diante do meu 
ungido para sempre” (BÍBLIA SAGRADA, Sm 2.35).
Além de apontar para expectativa do surgimento de um rei da linhagem do 
rei Davi, do rei Salomão e dos seus sucessores. O reinado dEle seria eterno (BÍBLIA 
SAGRADA, Sl 89.28-36).
2.1 PROFETA
Jesus, segundo os escritores do Novo Testamento, é Aquele que viria e seria 
“o Profeta”. Ele fora assim reconhecido pela mulher da cidade de Samaria (BÍBLIA 
SAGRADA, Jo 4,19) e pelo homem que era cego de nascença (BÍBLIA SAGRADA, Jo 9, 
1-17). O evangelista Mateus escreve que havia uma impressão muito forte de que Jesus 
fosse “algum dos profetas” (BÍBLIA SAGRADA, Mt 16.14). Ao citar o livro de Deuteronômio 
(BÍBLIA SAGRADA, Dt 18.15), Pedro o identifica como Aquele profetizado por Moisés 
(BÍBLIA SAGRADA, At 3.22-24).
Tal qual os profetas veterotestamentários, Jesus falava ao seu povo acerca das 
palavras de Deus: “Ouviste o que foi dito [...] Eu, porém vos digo [...]” (BÍBLIA SAGRADA, 
Mt 5 – no sermão do monte ou da montanha) e seguia, assim, estabelecendo-se como 
intérprete fundamentado nos escritos do Antigo Testamento e também transmitindo 
uma nova revelação através da pregação do Evangelho. E a pregação do Evangelho foi 
o foco principal de seu ministério profético (BÍBLIA SAGRADA, Mt 4.17, 23; Mc 1.15-17; Lc 
4.43).
Além de apenas transmitir as palavras de Deus, Jesus, como Profeta, revelava 
as obras do Criador. Ele diz, conforme escreve João (BÍBLIA SAGRADA, Jo 5.36): “As 
obras que o Pai me concedeu realizar, são exatamente as que realizo” (paráfrase do 
autor), ou seja, as obras do Filho revelam as obras do Pai.
 Jesus como Profeta não só revelou as palavras e as obras de Deus, como 
também revelou o próprio Deus. Quando em conversa com um de seus discípulos, 
Felipe, Jesus afirma que: “[...] Quem vê a mim, vê o Pai [...]” (BÍBLIA SAGRADA, Jo 14.9). 
Assim, de fato, Jesus, o Filho encarnado de Deus, é, segundo Hebreus, “[...] a expressão 
exata do Seu (Deus) Ser [...]” (BÍBLIA SAGRADA, Hb 1.3).
Ele é Profeta, então, revelando a Palavra de Deus, manifestando as obras de 
Deus, e por ser o próprio Deus, revelando Deus ao Seu povo. 
24
2.2 SACERDOTE
Ele é o “Sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque” (BÍBLIA 
SAGRADA, Hb 5.6; 6.20; 7.3;17;21). É assim que o Novo Testamento apresenta Jesus, 
em termos sacerdotais, aludindo a profética sentença de Salmos (BÍBLIA SAGRADA, Sl 
110.4).
Particularmente, Jesus é o Sumo Sacerdote, embora, em significância, Ele se 
diferencie dos seus antecessores, por sua impecabilidade, pois os sumos sacerdotes 
veterotestamentário eram pecadores e precisavam, além de oferecer sacrifícios pelo 
povo, oferecer sacrifícios por si mesmos (BÍBLIA SAGRADA, Hb 7.26-27).
Em segundo lugar, havia outra diferença latente entre os sumos sacerdotes 
antigos e Cristo: a natureza de sua oferta. Enquanto aqueles precisavam oferecer 
continuamente sacrifícios pelos pecados populares e seus, Cristo definitivamente se 
oferece como sacrifício pelos pecados dos homens.
Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já 
realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito 
por mãos, quer dizer, não desta criação,não por meio de sangue de 
bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo 
dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção (BÍBLIA 
SAGRADA, Hb 10.12-14).
Jesus, em seu ofício sacerdotal, orou por seu povo (BÍBLIA SAGRADA, Jo 17). 
Ele ainda continua exercendo o ministério da intercessão (BÍBLIA SAGRADA, Hb 7.24-25; 
Rm 8.34). Em sua oração sacerdotal, Jesus abençoa seu povo, em particular, os pobres 
de espírito, os humildes, os misericordiosos etc. (BÍBLIA SAGRADA, Mt 5.1-12).
Ele é Sacerdote, então, oferecendo o sacrifício soberano e intercedendo pelo 
seu povo.
2.3 REI
O Novo Testamento corrobora a afirmação de Jesus como Rei. Uma das histórias 
mais conhecidas dos escritos neotestamentários é aquela em que o rei Herodes manda 
matar os recém-nascidos de uma cidade pequena, chamada Belém. Ao fazer isso, o 
rei Herodes credita a Jesus, o recém-nascido, a afirmação de que Ele é Rei. Herodes 
procurava matá-lo, pois julgava, baseado nas profecias do profeta Miqueias (BÍBLIA 
SAGRADA, Mq 5.2; Mt 25.6), que, daquela pequena cidade, viria aquele que guiaria o 
povo de Israel como seu líder primaz (BÍBLIA SAGRADA, Mt 2.1-8). Outro significativo 
cumprimento profético acerca da realeza de Jesus é Sua entrada triunfal em Jerusalém 
(BÍBLIA SAGRADA, Mt 21.1-11; Zc 9.9).
25
Em Sua morte, pesou sobre sua cabeça a acusação: Iesus Nazarenus Rex 
Iudaeorum – “Jesus Nazareno Rei dos Judeus” (BÍBLIA SAGRADA, Mt 27.37).
Em termos de linhagem Davídica (de Davi), Jesus era o Rei há muito esperado; 
os evangelistas Mateus, João e Lucas apontam Jesus como “Filho de Davi”, o que o 
coloca em posição de sucessão real (BÍBLIA SAGRADA, Mt 1.1; 9,27; Jo 7.42; At 13.22a-
23). Também era o “Filho de Deus”, situação que o coloca em reinado eterno (BÍBLIA 
SAGRADA, Mc 1.1; Lc 3.38; Mt 16.16). O Novo Testamento ainda faz uma junção dessas 
duas identidades: real e divina (BÍBLIA SAGRADA, Lc 1.32;35; At 13.22-23;33; Rm 1.3-4).
A regência governamental de Jesus está intrinsecamente associada à Sua 
posição de exaltação celeste. Em liderança cósmica, Cristo reina sobre todas as coisas 
criadas, de forma geral, e sobre a igreja, de forma particularizada (BÍBLIA SAGRADA, Ef 
1.19-23).
Segundo o livro do Apocalipse ou livro das revelações dos últimos 
acontecimentos, quando Cristo retornar, Ele será coroado em glória como “Rei dos reis 
e Senhor dos senhores” (BÍBLIA SAGRADA, Ap 17.14).
Assim, Jesus é Rei governando toda a criação e particularmente a igreja.
3 O QUE É A OBRA DE CRISTO
A obra de Cristo é definida pelas realizações em Sua vida, para obter a salvação 
dos homens, incluindo Sua morte na cruz e o que essa morte realizou. Essa obra 
comumente é chamada de expiação.
Diante da pecaminosidade humana, faz-se indispensável que haja um sacrifício 
para evitar a condenação que o pecado impõe e restaurar o relacionamento dos seres 
humanos com Deus.
No Antigo Testamento, baseados em uma antiga aliança de Deus com os homens, 
eram necessários sacrifícios expiatórios de cunho provisório, os quais abrangiam a morte 
de animais. Esses sacrifícios de animais foram totalmente inutilizados, dado o advento 
do Cristo e Sua morte na Cruz. Esse evento implicou que os sacrifícios expiatórios 
provisórios fossem definitivamente dispensáveis, diante do sacrifício completo e eficaz 
que a morte de Jesus trouxe.
Na essência nuclear da morte de Cristo, está a substituição penal, sustentada 
em algumas afirmações resumidas, mas contundentes de Allison (2021). A expiação 
é firmada na santidade de Deus. Sendo Ele totalmente Santo, é certo que odeia e 
pune o pecado, requerendo, assim, a expiação. É uma obra de objetividade, e não de 
subjetividade. A expiação é o que Cristo realizou por meio de sua morte, e não o que Ele 
26
aplicou. A penalidade pelo pecado deve ser paga. E deve ser paga na integralidade. 
Nenhum pecador poderá pagar por seu pecado e ser salvo. 
Aqui, a pena aplicada é o contrário da salvação, ou seja, a morte. Somente 
Deus pode pagar pela penalidade imputada pelo pecado aos homens e, assim, 
resgatá-los do pecado. Diante disso, seria necessário que Ele mesmo participasse 
da natureza humana, o que se vê na encarnação de Cristo. O Deus-Homem, Jesus, 
o Cristo, pagou pela penalidade imputada aos homens. Tendo Ele nascido de uma 
mulher, abrangendo, em uma única pessoa, as duas naturezas – humana e divina –, foi 
condicionado a pagar o resgate. E, para encerrar, a expiação deveria ser efetuada da 
maneira que foi.
A expiação ainda consiste em cinco aspectos distintos: propiciação, expiação 
purificadora, redenção, reconciliação e vitória cósmica.
3.1 PROPICIAÇÃO
A propiciação significa, em termos abrangentes, que a morte de Cristo aplacou 
a ira de Deus contra os homens pecadores. No núcleo da propiciação, encontra-se 
a justiça retributiva, que consiste em que Deus, sendo justo, tem de punir total e 
cabalmente o pecado e isso aconteceu de forma completa e eficaz quando Ele, Deus 
o Pai, aplica misericordiosamente essa punição (justiça retributiva) ao derramar sua ira 
sobre o seu Filho, Jesus Cristo (BÍBLIA SAGRADA, Lv 16.11-17; 1Jo 2.2; Rm 3.25-26).
3.2 EXPIAÇÃO PURIFICADORA
A expiação purificadora consiste em a morte de Cristo ter removido a 
responsabilidade penal de sofrer o castigo eterno por causa do pecado e da culpa, 
imputados a toda raça humana pelo primeiro homem, Adão. Assim, a morte de Cristo, 
como expiação purificadora, é o ato de purificar pessoas pela remoção e pelo perdão de 
pecados (BÍBLIA SAGRADA, Lv 16; Hb 9.6-15; 10.5-18).
3.3 REDENÇÃO
Redenção significa que, nesse aspecto da morte de Cristo, é destacado o pano 
de fundo que rivaliza contra a escravidão impetrada pelo pecado imputado a todos os 
homens. Todos os homens, inequivocamente, nascem escravos do pecado. Com base 
nessa asseveração, é mister dizer que todo homem necessita que haja um pagamento 
pelo “resgate” que o alforrie dessa escravidão, pois, sendo o homem o próprio escravo, 
está então desprovido de poder, de qualquer sorte, efetuar esse pagamento. Necessita 
o homem de alguém que o faça em seu lugar.
27
Segundo a doutrina da expiação, é através da redenção que Cristo Jesus oferece 
seu sangue como pagamento pela liberdade do homem. A redenção, como libertação 
da escravatura que o pecado impõe, começa nessa vida e se perpetua na ressurreição 
do corpo (BÍBLIA SAGRADA, Mc 10.45; 1Pe 1.19; Ef 1.7). 
3.4 RECONCILIAÇÃO 
Reconciliação é o aspecto da morte de Cristo que se impõe contra a inimizade 
gerada pelo pecado entre Deus e o homem.
Por conta do pecado, estabeleceu-se a hostilidade entre Deus e todos aqueles 
que prospectam a sua imagem. Assim, faz-se necessário que alguém remova a 
incompatibilidade gerada e restaure a paz entre as partes conflitantes.
A reconciliação é o aspecto que elenca Cristo como o mediador, fazendo de 
Sua morte na cruz o meio para a retomada da amizade entre Deus e as Suas criaturas 
(BÍBLIA SAGRADA, Cl 2.20; 1Tm 2.5).
3.5 VITÓRIA CÓSMICA
Vitória cósmica é o aspecto da morte de Cristo que destaca a Sua vitória sobre o 
pecado, a morte, a maldição da lei, Satanás e os demônios (BÍBLIA SAGRADA, 1Co 15.26; 
Rm 4.15; 5.20; 8.8-11; Hb 2.14-15).
3.6 A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO
Em se tratando de expiação, o debate mais abrangente e de proporções 
históricas é o debate acerca das expiações limitada e ilimitada.
Na perspectiva da expiação limitada, Cristo morreu com a intenção real 
e certa de salvar somente os eleitos, isto é, aqueles que Deus “predestinou”, ou seja, 
destinou previamente, para a salvação. Eles são chamados assim porque essa palavra 
denota o conceito de escolher. Já a expiação ilimitada aponta para uma salvação 
mais ampla, em que Cristo morreu para salvar todos quantos quisessem ser salvos, isto 
é, sua morte é o pagamento pelo pecado de todos os homens; em um conceito mais 
simplista, significa que os homens escolhem ser salvos por Deus. 
Existe ainda uma tese recente denominada “tese das múltiplas intenções”, 
que basicamente afirma

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