Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Fernanda E. Bocutti T6 - Principais medicamentos: Glicocorticóide Beta-2 agonista Anticolinérgico Antibiótico Anti-inflamatórios esteroidais (glicocorticoides) O corticóide age na célula induzindo ou suprimindo diversos genes envolvidos na produção de citocinas, moléculas de adesão e receptores relevantes na inflamação. É usado no alívio rápido das crises e para melhora significativa da inflamação e função pulmonar, que ocorre em dias ou semanas, modificando a hiper responsividade brônquica ao longo de vários meses. Ex: dexametasona; hidrocortisona; prednisona Mecanismos de ação Ocorre então a repressão e a indução de genes específicos responsáveis pela síntese de proteínas envolvidas na inflamação (COX-2, citocinas, NOS, lipocortina-1). Agem sobre os mediadores inflamatórios: diminuição na produção e ação das citocinas, diminuição da produção de prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos, diminuição da produção de IgG, diminuição dos componentes do complemento no sangue. Menor produção de histamina. - O GC livre, por ser lipofílico, atravessa por difusão passiva a membrana celular da célula-alvo; -No citoplasma se liga a receptores protéicos específicos; - O complexo glicocorticóidereceptor sofre transformação estrutural e se torna capaz de penetrar no núcleo celular; No núcleo o GC se liga a regiões promotoras de certos genes e então: - TRANSATIVAÇÃO Induz a síntese de proteínas anti- inflamatórias, como a lipocortina-1 e IkB - TRANSREPRESSÃO Interagem com fatores de transcrição como proteína ativadora 1 (AP-1) e fator nuclear kB (NF-kB) por interação proteína-proteína e promovem efeito inibitório de suas funções. Por essa via, por exemplo, a síntese de citocinas pró- inflamatórias como fator de necrose tumoral a (TNF-a), interleucina 6 (IL6), IL-2 e prostaglandinas é reduzida Para o tratamento da via aérea inflamada, dá-se preferência ao uso de corticóides na forma inalatória. Exemplos: beclometasona, budesonida, flunisolida, fluticasona e triancinolona - Beclometasona - Budesonida - Fluticasona - Fluticasona + salmeterol - Dipropionato de Beclometasona, Sulfato de Salbutamol - Propionato De Fluticasona, Xinafoato De Salmeterol - Dipropionato De Beclometasona, Fumarato De Formoterol Diidratado - Budesonida, Fumarato De Formoterol Di Hidratado A concentração sistêmica do corticóide inalatório é a soma do que é absorvido topicamente pelo pulmão e pela boca e tubo digestivo, considerando- se a inativação hepática. Spray, 10% distribuem-se topicamente no pulmão, e 80% na orofaringe. Os corticosteroides inalatórios (CI) são os mais eficazes antiinflamatórios para tratar asma crônica sintomática, em adultos e crianças. Corticosteroides sistêmicos (Cs) Pacientes com asma grave frequentemente necessitam de cursos de corticoterapia sistêmica. Corticosteroides VO, usados por curto período, podem também ser efetivos no tratamento de crises de rinite alérgica com intenso bloqueio nasal. Exemplo: Prednisona e prednisolona Farmacologia aplicada ao sistema respiratório 2 Fernanda E. Bocutti T6 Espaçadores, 20% vão para as vias aéreas e 70% a 80% para a orofaringe. Turbohaler, 40% vão para a orofaringe e maior porção é absorvida topicamente no pulmão. lnaladores pressurizados de dose calibrada Os pMDI são dispositivos de pequenas dimensões, pressurizados, que libertam uma dose fixa de fármaco (um ou dois fármacos) e propelente através de uma válvula de dose calibrada Câmaras expansoras com pMDI Inaladores de pó seco (dry power inhaler – DPI) Os DPI são dispositivos pequenos, discretos, facilmente transportáveis e ativados pela inspiração. Estes contém o fármaco sob a forma micronizada, misturado com partículas de maiores dimensões, os transportadores. Principais dispositivos inalatórios disponíveis no mercado brasileiro - Nebulímetro - Espaçador - Aerolizer/ aerocaps/ CDM haler - Dikus - Nexthaler - Turbohaler - Respimat - Ellipta Broncodilatadores Broncodilatadores agem através de seu efeito direto relaxante sobre a célula muscular lisa. Eles pertencem a três classes farmacológicas: • Agonistas dos receptores β2-adrenérgicos (Simpatomiméticos), • Metilxantinas (Teofilina) • Antagonistas muscarínicos (ou anticolinérgicos inalatórios) Broncodilatadores B2 agonistas Os β2-agonistas são potentes broncodilatadores e podem ser administrados pelas vias inalatoria, oral ou intravenosa, sendo a primeira a preferida. Os β2-agonistas são divididos em dois grupos: - De ação curta - De ação prolongada. Mecanismo de ação A ação broncodilatadora dos β2-agonistas se dá através da ativação do receptor β2-adrenergico (Rβ2A) acoplado a proteína G na superfície celular levando ao relaxamento da musculatura lisa e a broncodilatação. Agonistas Beta-2 adrenégicos de curta ação Os beta-2 adrenérgicos de ação curta são os fármacos de escolha para a reversão de broncoespasmo em crises de asma em adultos e crianças. 3 Fernanda E. Bocutti T6 Quando administrados por aerossol ou nebulização, levam a broncodilatação de início rápido, em 1-5 minutos, e o efeito terapêutico dura de 2-6 horas Curta duração: fenoterol salbutamol e terbutalina. Agonistas beta-2 adrenérgicos de longa ação (LABA) Salmeterol e formoterol são agonistas dos receptores beta- 2 adrenérgicos, cujo efeito broncodilatador persiste por até 12 horas. Longa duração: formoterol, salmeterol - LABA +corticóide inalatória - LABA +corticosteroide sistêmico: cronicamente sintomáticos - LABA + anticolinérgico Combinações: fluticasona+salmeterol; budesonida+ formoterol Efeitos colaterais de B2-agonistas - Tremor muscular (efeito direto sobre os receptores B2 do músculo esquelético) - Taquicardia (efeito direto sobre B2, receptores atriais, efeito reflexo do aumento da vasodilatação periférica via B2 receptores) - Hipopotassemia (efeito B2 direto sobre a captação de K+ do músculo esquelético) - Inquietação - Hipoxemia (aumento do desequilíbrio V/Q causado por reversão da vasodilatação pulmonar hipóxica) Broncodilatadores Metilxantinas Atualmente, as metilxantinas são recomendadas para aqueles asmáticos que não atingem o controle com o emprego regular de corticosteroides e β2-agonistas inalatórios de ação prolongada ou para aqueles que não tem acesso a esses medicamentos. - Faixa terapêutica estreita - Mecanismo:Vários mecanismos propostos - Ação broncodilatadora - Exemplo :Teofilina (Aminofilina –sal de teofilina) Broncodilatadores anticolinérgicos Os antagonistas muscarínicos, ou anticolinérgicos inalatórios, usados no tratamento do asmático são os brometos de ipratropio (BI) e de tiotropio (BT). Broncodilatador adicional em pacientes asmáticos não controldos com LABA Fármacos anticolinérgicos nebulizados são eficazes na asma aguda grave Combinações: ipratrópio+salbutamol Os broncodilatadores de ação rápida são mais usados no tratamento de alívio dos sintomas agudos enquanto os de ação prolongada são mais bem usados no tratamento de manutenção. Os β2-agonistas são os broncodilatadores mais usados no tratamento da asma Os anticolinergicos tem início de ação mais lento e menos efeito sobre a função pulmonar, quando comparados aos betas 2 agonistas, sendo mais usados no tratamento de portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Esses reduzem o aprisionamento de ar e melhoram a tolerância ao exercício em pacientes comDPOC. Antibióticos Os agentes antimicrobianos, utilizados para o tratamento de infecções bacterianas, podem ser classificados, também, de acordo com o principal mecanismo de ação. Existem cinco principais modos de atuação: 1) inibição da síntese da parede celular; 2) inibição da síntese de proteínas; 3) desestabilização da membrana da célula bacteriana; 4) interferência na síntese de ácido nucleico;5) inibição da síntese de folato ß-Lactâmicos Núcleo estrutural: anel ß-lactâmico é importante para a atividade bactericida. Conforme a característica da cadeia lateral definem-se seu espectro de ação e suas propriedades farmacológicas. Pertencem a este grupo: 4 Fernanda E. Bocutti T6 • Penicilinas • Cefalosporinas • Carbapenens • Monobactans O mecanismo de ação dos antimicrobianos ß-lactâmicos resulta em parte da sua habilidade de interferir com a síntese do peptideoglicano (responsável pela integridade da parede bacteriana). Mecanismo de ação: Penetra na bactéria através das porinas presentes na membrana externa da parede celular bacteriana; 2. Não devem ser destruídos pelas ß-lactamases produzidas pelas bactérias; 3. Devem ligar-se e inibir as proteínas ligadoras de penicilina (PLP) responsáveis pelo passo final da síntese da parede bacteriana. Resistência: A. Produção de ß–lactamases: é o meio mais eficiente e comum das bactérias se tornarem resistentes aos antimicrobianos ß–lactâmicos; B. Modificações estruturais das proteínas ligadoras de penicilina (PLP) codificadas pelo gene mecA; C. Diminuição da permeabilidade bacteriana ao antimicrobiano através de mutações e modificações nas porinas, proteínas que permitem a entrada de nutrientes e outros elementos para o interior da célula. • Penicilinas Benzilpenicilinas ou penicilinas naturais: - Penicilina cristalina ou aquosa - Penicilina G procaína - Penicilina G benzatina - Penicilina V Aminopenicilinas (penicilinas semissintéticas) Espectro de ação mais amplo, em relação às benzilpenicilinas. Apresentam boa absorção, tanto oral como parenteral. - Ampicilina - Amoxicilina Penicilinas resistentes às penicilinases; - Oxacilina: Disponível apenas para uso endovenoso. Penicilinas de amplo espectro, obtidas por associação com inibidores de ß-lactamase. - Amoxicilina - ácido clavulânico - Ampicilina – sulbactam - Piperacilina – tazobactam Cefalosporinas Cefalosporinas de primeira geração: São muito ativas contra cocos gram-positivos e têm atividade moderada contra E. coli, Proteus mirabilis e K. pneumoniae adquiridos na comunidade. - Cefalexina; Cefazolina; Cefalotina; Cefadroxila Cefalosporinas de segunda geração: apresentam uma maior atividade contra H. influenzae, Moraxella catarrhalis, Neisseria meningitidis, Neisseria gonorrhoeae. - Cefoxitina, cefuroxima, cefuroxima axetil e cefaclor. Cefalosporinas de terceira geração: São mais potentes contra bacilos gram-negativos facultativos, e têm atividade antimicrobiana superior contra S. pneumoniae, S. pyogenese outros estreptococos - Ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima Cefalosporinas de quarta geração: conservam a ação sobre bactérias gram-negativas, incluindo atividade antipseudomonas, além de apresentarem atividade contra cocos gram-positivos, especialmente estafilococos sensíveis à oxacilina - Cefepima Carbapenens Apresentam amplo espectro de ação para uso em infecções sistêmicas e são estáveis à maioria das ß– lactamases. Imipenem, meropenem e ertapenem não são absorvidos por via oral, devem ser administrados por via endovenosa ou intramuscular. Monobactans 5 Fernanda E. Bocutti T6 Caracterizados por um anel monocíclico em sua estrutura. Têm ação bactericida e atuam como as penicilinas e cefalosporinas, interferindo com a síntese da parede bacteriana. No Brasil, temos disponível o aztreonam. Não é absorvido por via oral. Pode ser administrado por via intramuscular ou endovenosa. Aminoglicosideos A estreptomicina foi o primeiro aminoglicosídeo obtido a partir do fungo Streptomyces griseus em 1944. As principais drogas utilizadas atualmente em nosso meio, além da estreptomicina, são: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina Mecanismo de ação: penetram na célula bacteriana através de um sistema de transporte de oxigênio. Ligam-se então irreversivelmente aos ribossomos e inibem a síntese proteica (Inibidores da síntese de proteínas bacterianas) Macrolídeos São um grupo de antimicrobianos quimicamente constituídos por um anel macrocíclico de lactona, ao qual ligam-se um ou mais açúcares. Azitromicina, claritromicina, eritromicina, espiramicina, miocamicina, roxitromicina Sua ação ocorre através da inibição da síntese protéica dependente de RNA, através da ligação em receptores localizados na porção 50S do ribossoma, particularmente na molécula 23S do RNA, impedindo as reações de transpeptidação e translocação. (Inibidores da síntese de proteínas bacterianas). Tetraciclinas Espectro moderadamente amplo, utilizadas no tratamento de infecções intracelulares. Normalmente ministradas via oral. Exemplo tetraciclina, doxiciclina e minociclina. Ligam-se reversivelmente a subunidade 30S do ribossomo de tal maneira que bloqueiam a ligação do RNA de transferência do complexo RNA mensageiro-ribossomo, impedindo a adição de novos aminoácidos à cadeia peptídica em crescimento. Tetraciclinas são usadas principalmente no tratamento de infecções causadas por Rickettsia, Chlamydia e Mycoplasma, bem como uma variedade de bactérias atípicas gram- negativas e gram-positivas Quinolonas Inibidores da síntese do ácido desoxirribonucleico das bactérias Anos 60: ácido nalidíxico Anos 80 (flúor no anel quinolônico, surgiram as fluorquinolonas) Ciprofloxacina = aumento do espectro, para os bacilos gram- negativos e boa atividade contra alguns cocos gram- positivos, porém, pouca ou nenhuma ação sobre Streptococcus spp., Enterococus spp. e anaeróbios. Novas quinolonas: levofloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina. Mecanismo de ação: Inibem a atividade da DNA girase ou topoisomerase II, enzima essencial à sobrevivência bacteriana São bem absorvidas pelo trato gastrintestinal superior. Biodisponibilidade é superior a 50% Alimentos não reduzem substancialmente a absorção, mas retardam o pico da concentração sérica. A ligação protéica está normalmente entre 15 e 30%. O volume de distribuição geralmente é alto. Resistência: Pode ocorrer por mutação cromossômica nos genes que são responsáveis pelas enzimas alvo (DNA girase e topoisomerase IV) ou por alteração da permeabilidade à droga pela membrana celular bacteriana (porinas). Glicopeptídeos Os principais representantes deste grupo são: vancomicina, teicoplanina e ramoplanina. Apresentam um múltiplo mecanismo de ação, inibindo a síntese do peptideoglicano, além de alterar a permeabilidade da membrana citoplasmática e interferir na síntese de RNA citoplasmático. Desta forma, inibem a síntese da parede celular bacteriana.
Compartilhar