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Direito Administrativo III – Estácio de Sá Prof. Gladstone Felippo Santana Aula 7 SERVIDORES PÚBLICOS – PARTE III 1. Concurso Público Procedimento administrativo que tem como objetivo aferir as aptidões pessoais e selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e empregos públicos, quer seja para a Administração Direta, quer seja para a Indireta, incluídas as empresas públicas e Sociedades de Economia Mista. Trata-se, na verdade, do mais idôneo meio de recrutamento de servidores públicos. (inicialmente implantado na França, na época de Napoleão). Verbete n. 685 do STF. Concurso público – art. 37, II, da CRFB/88 – pode ser de provas ou de provas e títulos, porém não é admissível que seja apenas de títulos, porque esta forma de seleção não permite uma disputa em igualdade de condições. STF e STJ entendem que os pontos atribuídos na prova de títulos podem ensejar na reprovação do candidato. Carvalho Filho entende que só poderiam ensejar na classificação, nunca na aprovação ou reprovação. Em tese, não é admissível a transformação de empregos em cargos (art. 243 da Lei n. 8.112/90 – inconstitucional). Questão do art. 19 do ADCT. Até bem pouco tempo, a aprovação em concurso público não criava, para o aprovado, direito subjetivo à nomeação. Tratava-se de mera expectativa de direito. No entanto, várias decisões do STJ alteraram o entendimento. Validade do concurso – 2 anos prorrogáveis por igual período (art. 37, III).2. Exceções ao princípio concursivo O recrutamento de servidores sem concurso público é situação excepcional, admitida apenas nos casos expressamente consignados na CRFB/88. Em relação aos cargos vitalícios – Quinto constitucional (art. 94); membros dos Tribunais de Contas (art. 73, §§1º e 2º); Ministros do STF e STJ (arts. 101, parágrafo único e 104, parágrafo único). No que tange aos cargos efetivos – Ex-combatentes da 2º Guerra (art. 53, I, do ADCT); cargos em comissão e servidores temporários. Por fim, em relação aos cargos de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, previstos no art. 198, §§ 4º e 5º, da CRFB/88, com a redação dada pela Emenda n. 51/06, a par da dúvida suscitada quanto ao processo seletivo, a Lei n. 11.350/06, seu art. 9º, estabeleceu que a contratação de Agentes tais servidores deverá ser precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 3. Resultado do concurso A técnica de elaboração e correção de provas em concursos públicos é discricionária, não podendo o Judiciário intervir. Caso das provas da CESPE/UNB. Contudo, em relação às provas de múltipla escolha, o STF vem entendendo que se houver mais de uma alternativa correta, a questão seria de legalidade, sujeita, portanto ao exame do Judiciário (ex. concurso para Juiz do RN). 4. Invalidação do concurso A invalidação de concurso público está inserida no poder de autotutela da Administração. Contudo, 2 situações precisam ser examinadas: (i) Invalidação do certame antes da investidura dos aprovados – neste caso, não há qualquer garantia de defesa aos aprovados, tendo em vista a mera expectativa de direito que lhes assiste; (ii) Invalidação do certame após a investidura dos aprovados – aqui, na prática, se observa uma demissão por via oblíqua. Assim, têm os aprovados direito a ampla defesa e contraditório. 5. Requisitos de acesso Os requisitos podem ser objetivos e subjetivos. Os primeiros guardam pertinência com as funções do cargo ou emprego e os segundos dizem respeito à pessoa do candidato. A exigência de requisitos objetivos e principalmente subjetivos devem ser fixados em estrita consideração com as funções a serem exercidas pelo candidato. Tanto o legislador quanto o administrador público estão impedidos de criar requisitos de acesso ao serviço público de exclusivo caráter discriminatório. Qualquer requisito subjetivo deve observar a pertinência com as funções atribuídas ao cargo. A questão do momento de se exigir a habilitação legal para o exercício do cargo, inscrição ou posse? – verbete n. 266 do STJ. O tempo de atividade jurídica é contado da conclusão do curso ou da colação? Admiti-se o tempo de pós-graduação nesta contagem? A questão da escolaridade – caso o concurso não esteja concluído e a lei elevar o padrão de escolaridade para o cargo, é licito alterar o edital para adequá-lo a nova exigência legal? PROCESSO RE – 318106-RN Em face do princípio da legalidade, a Administração Pública, enquanto não concluído e homologado o concurso público, pode alterar as condições do certame constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie, uma vez que, antes do provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de direito à nomeação ou, se for o caso, à participação na segunda etapa do processo seletivo. Com base nesse entendimento, a Turma reformou acórdão do TST que, aplicando os princípios do ato jurídico perfeito e do tempus regit actum, considerara que alteração, por lei posterior, do grau de escolaridade exigido, não prejudicaria o aproveitamento de candidato aprovado de acordo com o edital proposto e pelas normas vigentes à época em que realizado o certame. Precedentes citados: RE 290346/MG (DJU de 29.6.2001) e RE 77877/RJ (DJU de 18.4.74). RE 318106/RN, rel. Min. Ellen Gracie, 18.10.2005. (RE-318106).5.1. Sexo e Idade A regra geral estabelece a impossibilidade de eleger estes fatores como requisitos de acesso aos cargos e empregos públicos. Os requisitos fundados em sexo e idade, ao lado da origem e da cor, constituem as chamadas classificações suspeitas, sujeitas sempre ao exame da razoabilidade. Segundo Celso Antonio B. de Mello, “não é inconstitucional estabelecer limite de idade quando o concurso destinar-se a determinados cargos ou empregos cujo desempenho requeira esforços físicos ou cause acentuados desgastas intoleráveis a partir de faixas etárias mais elevadas”. O STF já fixou entendimento no verbete n. 683, no mesmo sentido exposto por Celso Antonio. Assim, os Tribunais têm rejeitado discriminações por força da idade na inscrição em concursos públicos, salvo se a restrição passar no teste da razoabilidade. Aliás, esse princípio faz imperiosa parceria com o da isonomia: embora existam classificações suspeitas como as fundadas em origem, raça, sexo, cor e idade – poderão elas subsistir validamente se atenderem, com razoabilidade, a um fim constitucionalmente legítimo. 5.2. Exame psicotécnico E exigência de exame psicotécnico como requisito de acesso ao serviço público é considerada legítima, desde que justificada pelo real objetivo do teste e que haja previsão de revisão do resultado pelo candidato, a partir de critérios objetivos previstos no edital. O STJ exige 3 requisitos: (i) a existência de previsão legal, (ii) cientificidade e objetividade dos critérios adotados, (iii) bem como a possibilidade de revisão do resultado obtido pelo candidato. Assim, é necessário que a exigência relativa a aferição psíquica do candidato ao concurso esteja prevista em lei. Não basta apenas a previsão no ato administrativo. Tem que haver previsão legal para a exigência do exame psíquico para determinado cargo ou emprego, como estabelece o verbete n. 686 do STF.
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