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Punibilidade texto complementar

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Texto complementar às aulas da disciplina Extinção da Punibilidade 
Prof. Caupolican 
 1 
 
1. REABILITAÇÃO 
 
1.1 CONCEITO 
 
É possível afirmar que a reabilitação é a declaração judicial de que o 
condenado cumpriu as obrigações impostas na sentença condenatória, estando apto a 
exercitar seus direitos individuais e sociais, assegurando o sigilo sobre o processo e sobre 
a condenação. 
 
O instituto restabelece o exercício de alguns direitos atingidos pela 
sentença condenatória, estimulando a regeneração do condenado, facilitando sua 
readaptação no convívio social. 
 
Em razão da sua natureza e pressupostos, só se fala em reabilitação 
quando houver sentença condenatória com trânsito em julgado. 
 
1.2 EFEITOS DA REABILITAÇÃO 
 
O sigilo sobre a condenação e o processo é o principal efeito da 
reabilitação, porém ele cede em face de ordem judicial, de requisição do Ministério 
Público ou da Autoridade Policial, no caso de processo ou de investigação criminal. 
 
Outro efeito da reabilitação é a suspensão dos efeitos da condenação 
previstos no artigo 92 do CP. Porém no caso de perda de cargo, função ou mandato 
eletivo, bem como a incapacidade para exercer o poder familiar, a tutela e a curatela, é 
vedada a reintegração na mesma situação. Sendo assim, é possível a reabilitação para 
ocupação de cargo, função ou mandato eletivo, desde que não seja o mesmo 
anteriormente ocupado, como também exercer o poder familiar, tutela ou curatela em 
relação a outra pessoa que não tenha sido a vítima da condenação. 
 
A reabilitação não afasta os efeitos da reincidência, deste modo, mesmo 
que reabilitado, mas não decorrido o prazo prescricional da reincidência, o sentenciado 
poderá ser considerado reincidente se cometer novo crime dentro do prazo do artigo 64, 
I do Código Penal. 
 
Boa parte da doutrina penal considera o instituto da reabilitação 
obsoleto, isso em razão do artigo 202 da Lei e Execução Penal – LEP, onde está dito que 
"cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões 
fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou 
referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal 
ou outros casos expressos em lei". Por força desse dispositivo, uma vez cumprida ou 
extinta a pena, o egresso já tem direito ao sigilo, sem precisar aguardar o prazo para 
requerer sua reabilitação. Por isso boa parte da doutrina penal considera obsoleto instituto 
da reabilitação. 
 
Ocorre que o dispositivo do art. 202 da LEP assegura o sigilo quanto a 
condenação, a regra não fala em processo. Já o dispositivo do art. 93 do CP, que define o 
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Prof. Caupolican 
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instituto da reabilitação, assegura o sigilo não só da condenação como também do 
processo, ou seja, é mais abrangente que o texto da LEP. 
 
1.3 PRESSUPOSTOS 
 
Para a concessão da reabilitação é necessário o decurso do prazo de dois 
anos do dia em que for extinta a pena ou do término de sua execução. Para preencher esse 
pressuposto pode ser computado o período de prova do sursis e do livramento 
condicional, desde que não revogados. 
 
Com relação ao prazo para a concessão do beneficio, a lei não faz 
distinção entre o condenado reincidente e não reincidente, em ambos os casos, o prazo é 
de dois anos. 
 
Além desses pressupostos, se torna necessário também os seguintes 
requisitos, todos definidos nos incisos do art. 94 do CP: 
 
CP 
 
Art. 94 (...): 
 
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; 
 
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e 
constante de bom comportamento público e privado; 
 
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a 
absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba 
documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da 
dívida. 
 
 
 A demonstração de bom comportamento nos âmbitos público e 
privado, durante esse prazo, será provada por meio dos atestados, conforme artigo 744 do 
CPP. 
 
A reparação deve se dar da maneira mais completa possível, visando 
recompor o patrimônio do lesado. Porém, no caso de impossibilidade de reparar o dano, 
não é necessário comprovar sua absoluta insolvência, mas demonstrar que no momento 
não tem condições de efetuar o ressarcimento. 
 
1.4 REVOGAÇÃO 
 
A revogação pode se dar por iniciativa do juiz ou a requerimento do 
órgão do Ministério Público. O recurso cabível da decisão que revoga a reabilitação é a 
apelação. 
 
A nova condenação, para ensejar a revogação, deve atribuir pena 
privativa de liberdade ou restritiva de direitos. A aplicação apenas da pena de multa não 
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pode ensejar a revogação da reabilitação. 
 
Desde que preenchidos os pressupostos e requisitos legais, nada 
impede, mesmo diante da revogação, que seja feito novo pedido de reabilitação. 
 
 
2. MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
As medidas de segurança, assim como as penas, são espécies de sanção 
penal, ou seja, uma das reações penais destinadas à prevenção da criminalidade. De 
natureza preventiva, visa preservar a sociedade de condutas consideradas socialmente 
perigosas e recuperar os perigosos com tratamento, evitando que um sujeito perigoso 
cometa novo delito. 
 
Existem várias diferenças entre as penas e as medidas de segurança: 
 
a) a aplicação da pena tem como fundamento a culpabilidade, ao passo 
que a medida de segurança se assenta na periculosidade; 
 
b) as penas possuem natureza preventiva e retributiva. As medidas de 
segurança são apenas preventivas; 
 
c) as penas têm prazo de duração e são fixas, enquanto as medidas de 
segurança não possuem prazos finais de duração, perdurando sua aplicação enquanto não 
for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. Porém nesse caso, 
apesar desse ser o discurso legal, há interpretações jurisprudenciais que fixam prazo às 
medidas de segurança, o que veremos mais a frente; 
 
d) as penas são proporcionais à gravidade da infração praticada ao passo 
que as medidas de segurança têm sua proporcionalidade relacionada com a periculosidade 
do agente; 
 
e) aplicam-se as penas aos imputáveis e aos semi-imputáveis, já as 
medidas de segurança são aplicáveis aos inimputáveis e aos semi-imputáveis que 
necessitarem de tratamento curativo especial; 
 
2.1 SISTEMA ADOTADO NO CÓDIGO PENAL 
 
De acordo com o sistema adotado na lei anterior, as medidas de 
segurança eram aplicadas isoladamente aos inimputáveis, e cumulado com penas, aos 
semi-imputáveis e aos imputáveis considerados perigosos. Esse sistema é conhecido 
como duplo binário. Com a reforma penal, substituiu-se o sistema do duplo binário pelo 
sistema vicariante, que conduz a aplicação ou de medida de segurança ou de pena. Não 
se admite a aplicação e a execução cumulativa das duas reações penais. 
 
2.2 PRINCÍPIOS APLICADOS À MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
Vige em relação às medidas de segurança, a partir de uma interpretação 
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que podemos dizer garantista do sistema penal, os mesmos princípios atinente às penas. 
 
Mesmo sem determinação expressa a respeito, as medidas de segurança 
obedecem ao princípio da tipicidade penal, ou seja, não é possível impor medida de 
segurança a condutas que não estejam previstas anteriormente em lei. 
 
Vige também o princípio da humanidade, pois todas as sanções 
previstas no ordenamento têm a dignidade da pessoa humana como princípio orientador, 
sendo assim, as regras institucionais e constitucionais instituídas em favor do preso e do 
acusado, valem também para o indivíduo submetido a uma medida de segurança. 
 
O princípio da retroatividade da lei mais benéfica também atinge asmedidas de segurança. 
 
2.3 PRESSUPOSTO 
 
A aplicação da medida de segurança tem como pressuposto a prática de 
um fato previsto como crime e a periculosidade do agente. Embora o Código Penal 
referir-se à prática de crime, a medida de segurança também é aplicável no caso de 
contravenções, conforme artigo 13 da Lei de Contravenções Penais. 
 
Por essa forma, se o agente agiu acobertado por uma causa excludente 
de antijuridicidade, não se aplica pena nem medida de segurança, uma vez que não há 
crime a punir. Do mesmo modo, não havendo provas suficientes, seja quanto à autoria ou 
materialidade, não será aplicado medida de segurança. 
 
Extinta a punibilidade do fato delituoso também não se impõe medida 
de segurança, nem subsiste a que foi imposta. 
 
Por essas aduções, é importante registrar que para que uma medida de 
segurança seja atribuída ao agente perigoso, é preciso que fique demonstrado que o fato 
é típico, é ilícito e é punível. 
 
2.4 ESPÉCIES 
 
O Código Penal prevê duas espécies de medidas de segurança. 
 
a) DETENTIVA, que consiste na internação em hospital de custódia e 
tratamento psiquiátrico, ou à falta em estabelecimento adequado. 
 
b) RESTRITIVA, que consiste em sujeição do agente a tratamento 
ambulatorial. 
 
A internação aplica-se obrigatoriamente aos inimputáveis absolvidos 
com fulcro no artigo 26, CP, e que tenham praticado um fato definido como crime 
apenado com reclusão. Facultativamente, aplica-se aos inimputáveis que praticaram fato 
tido como crime, porém, punido com pena de detenção, bem como aos semi-imputáveis. 
Já o tratamento ambulatorial é conferido aos inimputáveis que praticam fato previsto 
como crime punido com pena de detenção. 
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É garantida a liberdade de contratação de médico de confiança, tanto ao 
internado como ao submetido a tratamento ambulatorial, através de seus familiares ou 
dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento. Caso haja divergências entre 
o médico oficial e o particular, estas serão resolvidas pelo Juiz de execução. 
 
2.5 PRAZO 
 
O prazo mínimo de execução da medida de segurança, tanto para a 
internação como para o tratamento ambulatorial, será de um a três anos, independente do 
ilícito praticado. Esse prazo não guarda nenhuma relação com a quantidade da pena 
privativa de liberdade que seria imposta ao autor do fato. É fixado de acordo com o grau 
de periculosidade do agente e o tempo necessário para o tratamento. 
 
A lei estabelece o prazo mínimo, mas não menciona o termo final. 
Segundo o texto legal a medida de segurança deve perdurar enquanto não for averiguada 
a cessação da periculosidade. Em hipótese alguma, pode o juiz fixar um limite mínimo 
inferior ou superior ao previsto em lei. 
 
Apesar de não haver prazo máximo legalmente definido para a medida 
de segurança, a jurisprudência dos tribunais superiores vêm estabelecendo limites para o 
cumprimento da medida. 
 
O STJ editou o enunciado de súmula 527, estabelecendo que: 
 
STJ 
 
Enunciado de Súmula Nº 527: O tempo de duração da medida de 
segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena 
abstratamente cominada ao delito praticado. 
 
É possível observar que o STJ estabeleceu como limite temporal o 
prazo máximo da pena associada ao tipo penal violado. 
 
Já o STF sugere uma outra leitura quanto a esse prazo máximo da 
medida de segurança. Apesar do STF não ter sumulado a matéria, mas sua jurisprudência 
é no limite de que a medida de segurança não deva perdurar por um prazo superior a 30 
(trinta) anos. Veja-se jurisprudência do STF. 
 
STF 
 
1.O entendimento do STF é no sentido de que "a medida de 
segurança deve perdurar enquanto não haja cessado a 
periculosidade do agente, limitada, contudo, ao período máximo 
de trinta anos" (HC 97.621, Rel. Min. Cezar Peluso). 
(...) 
 
 (STF; HC-AgR 201.120; SP; Primeira Turma; Rel. Min. Roberto 
Barroso; DJE 26/08/2021; Pág. 54) 
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É importante ressaltar que para estabelecer esse limite de prazo o STF 
utilizou como argumento o tempo máximo previsto para cumprimento de pena no Brasil, 
que, segundo a redação do artigo 75 do CP antes da reforma de 2019, era de 30 anos. 
Com a reforma do art. 75 do CP, passando o limite máximo de cumprimento de pena para 
40 anos, é possível que o STF aperfeiçoei seu entendimento, no caso fatos realizados após 
a reforma, para, quanto a esses, atualizar seu entendimento de limite máximo para 40 
anos. 
 
Findo o prazo mínimo estabelecido, o agente será submetido à perícia. 
 
Esse procedimento visa verificar a cessação da periculosidade, devendo 
limitar-se apenas à análise da melhora ou não da doença. Constatada a permanência da 
doença, novas perícias serão realizadas de ano em ano ou em face de determinação 
judicial, podendo ainda ocorrer em qualquer tempo se houver elementos que justifiquem 
a antecipação do exame, conforme artigo 176 da LEP. 
 
2.6 LIBERAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
Verificada a ausência de periculosidade, será determinada a 
desinternação ou liberação, concedidas em caráter condicional no prazo de um ano. Se 
durante esse período, o sujeito cometer qualquer fato que indique a persistência da 
periculosidade, será restabelecida a situação anterior. Findo esse período, extingue-se a 
medida de segurança. 
 
3. PUNIBILIDADE 
 
Com a realização da ação proibida surge o "jus puniendi", ou seja, o 
direito subjetivo do Estado de impor a pena ao transgressor da norma penal. Existe um 
debate sobre a punibilidade integrar ou não o conceito de crime. No Brasil a maioria dos 
autores entendem que a punibilidade não integra o conceito de crime. 
 
Há casos ainda que o direito do Estado punir não surge com a prática 
da conduta típica, ilícita e culpável. São as hipóteses denominadas como condição 
objetiva de punibilidade e escusa absolutória. 
 
Todavia, existem situações em que, apesar da punibilidade surgir, essa 
pode ser extinta em razão de causas legalmente definidas. São as chamadas causas 
extintivas da punibilidade. 
 
 
3.1 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
O Código Penal, traz em seu artigo 107, algumas causas extintivas da 
punibilidade. É um rol exemplificativo, visto que existem outras no aludido diploma, 
como também em leis especiais. Um exemplo é a lei dos Juizados Especiais Criminais, 
onde é previsto que decorrido o prazo da suspensão condicional do processo sem sua 
 Texto complementar às aulas da disciplina Extinção da Punibilidade 
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revogação, extingue-se a punibilidade. (artigo 89, parágrafo quinto da Lei nº 9.099/95). 
 
Algumas das causas extintivas de punibilidade decorrem da iniciativa 
do Estado (indulto, graça), outras da vontade do ofendido (perdão, renúncia), ou ainda, 
da vontade do agente (retratação, ressarcimento do dano). Algumas têm origem em 
acontecimentos naturais (morte), outros derivam de fatos complexos como o decurso do 
tempo e a inércia do titular do direito (decadência, prescrição). 
 
Há causas de extinção gerais ou comuns, que podem ocorrer em 
qualquer delito (prescrição) e causas especiais ou particulares, que se referem a 
determinados delitos, como a retratação do agente nos crimes contra honra. 
 
É importante ressaltar que a causa extintiva de punibilidade pode 
ocorrer antes do processo ou em qualquer fase desse, e o Código de Processo Penal diz 
que o juiz poderá reconhecer de ofício ou a requerimento das partes, as causas extintivas 
da punibilidade. (artigo 61, CPP). 
 
Ainda, a extinção da punibilidade pode ocorrer antes da sentença 
condenatória, atingindo o próprio direito de punir, não permanecendo qualquer efeito da 
condenação (como a decadência e a prescrição da pretensão punitiva). Em alguns casos 
pode eventualmente permaneceralguns dos efeitos secundários da condenação, como se 
vê no caso do perdão judicial. Porém, outras ocorrem depois da sentença condenatória, e, 
em regra, apenas o título executivo será extinto, perdurando os efeitos secundários da 
condenação, ou seja, somente a pena não será aplicada. Contudo, em certos casos, todos 
os efeitos da sentença penal condenatória desaparecerão, como na hipótese da anistia e 
da abolitio criminis. 
 
 
3.2 CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PREVISTAS NO ART. 107 DO 
CÓDIGO PENAL 
 
3.2.a) MORTE 
 
A primeira causa extintiva da punibilidade enumerada no artigo 107 do 
CP, é a morte do agente. De acordo com a Constituição Federal, a pena não passará da 
pessoa do condenado (artigo 5º, XLV, CF), e segundo o princípio mors ominia solvit (a 
morte apaga tudo), a morte extingue a punibilidade do agente, independente do momento 
em que ocorra, seja antes ou depois da sentença. 
 
Em razão disso, nenhuma pena poderá ser transferida para os herdeiros. 
Contudo, perduram os efeitos civis a cargo dos herdeiros, pois a morte não extingue a 
obrigação de reparar o dano causado pelo cometimento do crime. Mas, essa transferência 
aos herdeiros, que ocorrerá com a herança, é limitada ao valor e à aceitação da herança. 
 
A prova da morte é obtida através da certidão de óbito, em 
conformidade com o previsto no artigo 62, do CPP. Não bastando a declaração judicial 
de ausência (artigos 22 e seguintes do Código Civil). 
 
Todavia, a extinção da punibilidade pode se dar pela morte presumida, 
 Texto complementar às aulas da disciplina Extinção da Punibilidade 
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 8 
com base no artigo 7º do CC, sem decretação de ausência, quando for extremamente 
provável a morte de quem estava em perigo de vida; ou se alguém, desaparecido em 
campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
 
Se a extinção da punibilidade se deu com base em atestado de óbito 
falso, a literatura penal e parte da jurisprudência entendem que não poderá reverter-se a 
sentença transitada em julgado, pois no nosso ordenamento, não se admite a revisão pro 
societate. Na hipótese, somente seria possível intentar ação penal pelos crimes de 
falsidade ou de uso de documento falso. Porém já existe entendimento jurisprudencial 
que a decisão declaratória extintiva da punibilidade baseada em atestado falso não faz 
coisa julgada, portanto poderia ser revista a qualquer tempo. 
 
Independente do crime cometido, a morte não se comunica aos demais, 
visto que é causa pessoal de extinção da punibilidade. 
 
3.2.b) ANISTIA, GRAÇA E INDULTO 
 
A anistia, a graça e o indulto são formas de indulgência soberana. É o 
beneficio concedido ao autor do crime ou ao condenado por órgãos alheios ao Poder 
Judiciário. A anistia é a forma mais ampla de clemência, visando fazer desaparecer a 
reprovação do fato punível e a perdoar os seus autores, impedindo o reconhecimento da 
reincidência diante de ilícito futuro. 
 
Ressalte-se que a anistia apaga o fato criminoso, permanecendo íntegro 
o tipo penal. Deste modo, embora haja o esquecimento do tipo penal em determinado 
momento histórico, não ocorre à extinção do tipo, devendo ser aplicado normalmente aos 
crimes praticados e não atingidos pela anistia. A anistia destina-se a fatos e não a pessoas. 
 
ANISTIA 
 
Em regra, a anistia aplica-se aos crimes políticos (anistia especial), 
porém, pode abranger outros tipos de ilícitos (anistia comum). Compete à União, através 
do Congresso Nacional, sua concessão, com a sanção do Presidente da República (artigos 
21, XVII e 48, VIII, da CF). 
 
A anistia opera ex tunc, ou seja, retroativos, fazendo desaparecer o 
crime e extinguindo seus efeitos penais. Todavia, os efeitos civis da condenação não 
desaparecem, permanecendo a responsabilidade civil pelos danos causados (dever de 
indenizar, perdimento dos instrumentos ou produtos do crime). 
 
Concedida a anistia, será declarada extinta a punibilidade de oficio pelo 
juiz, a requerimento do interessado ou do Ministério Público, por proposta da autoridade 
administrativa ou do Conselho Penitenciário. 
 
ANISTIA PRÓPRIA, IMPRÓPRIA, PLENA, RESTRITA, CONDICIONADA E 
INCONDICIONADA 
 
A anistia pode ser concedida a qualquer momento. Se concedida antes 
da condenação, ou seja, durante o curso da ação penal ou mesmo antes de sua instauração, 
 Texto complementar às aulas da disciplina Extinção da Punibilidade 
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chama-se própria. Se concedida após a condenação transitada em julgado ou em grau de 
recurso, recebe o nome de imprópria. Se beneficiar os autores de determinado crime 
indistintamente diz-se geral ou plena, caso beneficie determinados autores de crimes 
específicos, a anistia será restrita. Quando concedida sem se estabelecer qualquer 
condição, será incondicionada, caso contrário, será condicionada. A anistia 
condicionada poderá ser recusada por aquele que não concordar com as condições 
impostas pela lei que a concedeu. Uma vez aceita, não poderá ser revogada (CF, artigo 
5º, XXXVI). O descumprimento das condições impostas não ensejará a revogação, 
podendo o anistiado responder pelo ilícito previsto no artigo 359, do CP. 
 
CRIMES INSUSCETÍVEIS DE ANISTIA, GRAÇA E INDULTO 
 
São insuscetíveis de anistia, graça ou indulto, os crimes de tortura, 
tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e os hediondos, consumados ou tentados (CF, 
artigo 5º, XLIII). 
 
 
GRAÇA E INDULTO 
 
A Constituição Federal não se refere mais à graça, tratando apenas da 
figura do indulto (CF, artigo 84, XII). Por este motivo, a Lei de Execução Penal passou a 
tratá-la como indulto individual. Sua principal característica é favorecer pessoa 
determinada. 
 
O indulto individual extingue somente a punibilidade quanto ao crime 
definido no decreto de concessão, permanecendo os demais efeitos, sejam penais ou civis, 
da condenação. Destina-se aos crimes comuns, sendo de competência do Presidente da 
República, só podendo ser concedido depois da condenação. 
 
O indulto individual ou graça pode ser total, caso em que alcança todas 
as sanções impostas pela sentença, extinguido a punibilidade, ou parcial, com a redução 
ou substituição da sanção, operação que recebe o nome de comutação. 
 
Poderá ser provocada por petição do condenado, de qualquer pessoa do 
povo, do Conselho Penitenciário, ou do Ministério Público, ressalvada, entretanto, ao 
Presidente da República, a faculdade de concedê-la espontaneamente. 
 
O indulto propriamente dito é uma medida de caráter coletivo e 
espontâneo, não necessitando de solicitação. A competência para indultar é do Presidente 
da República, podendo delegar essa atribuição ao Ministro do Estado, ao Procurador 
Geral da República ou ao Advogado Geral da União, respeitado os limites estabelecidos 
para tanto, conforme artigo 84, parágrafo único da CF. 
 
O indulto deverá ser apreciado pelo Poder Judiciário a fim de verificar 
se determinada pessoa poderá ser beneficiada. A concessão do indulto não restitui ao 
condenado a condição de primário. 
 
Assim como no indulto individual, poderá ser total, extinguindo a 
punibilidade, abrangendo todas as sanções impostas ao condenado ou ainda, ser parcial, 
 Texto complementar às aulas da disciplina Extinção da Punibilidade 
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quando não há propriamente extinção da punibilidade e sim apenas uma diminuição ou 
substituição da reprimenda (comutação). 
 
Admite-se a soma de penas que correspondam a delitos autônomos para 
a concessão do beneficio. Pode atingir quem esteja no gozo de suspensão condicional da 
pena ou de livramento condicional. 
 
O indulto extingue somente as sanções mencionadas no decreto, 
permanecendo os demais efeitos da sentença. Não pode ser recusado, a não ser que se 
trate de comutação da pena, ou seja, de indulto condicionado. 
 
Pode ser concedido mesmo que a sentença não tenha transitadoem 
julgado para o réu, desde que já tenha transitado em julgado para a acusação. Nesses casos 
o indulto não prejudica o julgamento da apelação. 
 
Concedido, o indulto ou a graça, e anexado nos autos cópia do decreto, 
o juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto no caso de 
comutação. 
 
3.2.c) ABOLITIO CRIMINIS 
 
Traz o inciso III do artigo 107 do CP, a extinção da punibilidade pela 
ocorrência da abolitio criminis, ou seja, a nova lei deixa de tipificar a infração penal, 
devendo retroagir para beneficiar o autor do fato anteriormente tido como delituoso, 
cessando todos os efeitos advindos da aplicação da lei anterior. Não teria sentido manter 
a punição ao fato que não mais atinge a consciência ético-jurídica. 
 
A extinção da punibilidade deve ser declarada de oficio pelo juiz, 
independente da fase em que se encontre o processo (artigo 61, CPP). Ocorrendo a 
abolitio criminis, se tiver havido condenação, o condenado, se preso deverá ser solto, terá 
seu nome riscado do rol de culpados, o fato não poderá constar de sua vida pregressa, não 
deverá cumprir o sursis, voltará à condição de primário, ou seja, todos os efeitos penais 
deverão desaparecer. Ressalvam-se os efeitos civis da condenação, restando obrigado a 
reparar o dano decorrente do crime. 
 
Somente a lei em sentido estrito, emanada originalmente do poder 
legislativo, é possível gerar a abolitio criminis, sendo vedada à ocorrência por meio de 
medida provisória. 
 
3.2.d) DECADÊNCIA 
 
A decadência, outra causa extintiva da punibilidade, nada mais é do que 
a perda do direito de ação pelo decurso do tempo (artigo 103, CP). Quando tratar de ação 
de iniciativa privada, atinge o direito de iniciar o processo através da queixa, ou de 
oferecer a representação, ou a requisição, quando se tratar de ação penal pública 
dependente dessas condições. 
 
Tratando-se de ação pública incondicionada, por força de lei, não se 
opera a decadência. Em conformidade com o artigo 61 do CPP, a decadência deverá ser 
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declarada de ofício pelo juiz. 
 
Em regra, o prazo decadencial é de seis meses, contados do dia em que 
o ofendido tomou conhecimento da autoria do fato, ou no caso de ação penal privada 
subsidiária da pública, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
Esse prazo é fatal, não estando sujeito a nenhuma causa interruptiva. Conta-se de acordo 
com a regra estabelecida no artigo 10 do Código Penal, ou seja, inclui-se o dia do começo. 
 
O instituto da decadência não se confunde com a prescrição, pois esta 
atinge todos as espécies de crimes, salvo os imprescritíveis, antes, durante e após o 
processo. A prescrição pode ser interrompida ou suspensa; e atinge diretamente o jus 
puniendi, ao passo que a decadência refere-se ao direito de ação e indiretamente ao direito 
de punir do Estado. 
 
3.2.e) PEREMPÇÃO 
 
Perempção é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada. Se 
a queixa é subsidiária, não há que se falar em perempção visto que a inércia do queixoso 
faz com que o Ministério Público assuma a ação como parte principal. 
 
A perempção é uma sanção jurídica imposta em decorrência da inércia, 
desídia ou descuido do querelante. As causas, para se considerar perempta uma ação, 
estão previstas no artigo 60 do Código de Processo Penal, de maneira exaustiva: 
 
CPP 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, 
considerar-se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento 
do processo durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo 
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, 
ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, 
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de 
formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
 
Conforme esse dispositivo, uma das causas é deixar o querelante de 
promover o andamento da ação durante trinta dias seguidos, demonstrando o desinteresse 
em ver o autor do fato punido, o que acarreta a perempção e consequentemente a extinção 
da punibilidade. 
 
Também ocorre a perempção diante do não comparecimento em juízo, 
em razão do falecimento ou interdição do querelante, para sucedê-lo, dentro do prazo de 
sessenta dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo. Nesse caso, o direito de 
prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Tratando-se de 
ação personalíssima, a morte, interdição ou ausência, importa em perempção, diante da 
impossibilidade de sucessão processual nesses crimes. 
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Outro caso em que se verifica a perempção, ocorre quando o querelante 
deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar 
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais. Se o 
querelante, devidamente intimado para o ato, deixa de comparecer sem justificativa, 
demonstra o descaso com o processo. Entende-se necessário o pedido de condenação nos 
casos de ação penal privada, e sua ausência extingue a punibilidade. 
 
Por fim, também haverá a perempção quando, sendo o querelante 
pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. A sucessora incumbe prosseguir na 
ação dentro de prazo de sessenta dias, sob pena de torna-se perempta, o que também 
ocorrerá se ela não houver deixado sucessora. 
 
Os prazos são contínuos e peremptórios, não se interrompendo pelo 
decurso de férias forenses 
 
3.2.f) RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA 
 
Como os crimes de ação privada dependem da iniciativa do ofendido 
ou de seu representante, pode, contudo, antes de escoar o prazo decadencial, o ofendido 
renunciar ao direito de queixa, operando como causa extintiva da punibilidade. 
 
A renúncia antecede a propositura da ação, uma vez iniciada, poderá 
ocorrer apenas a perempção ou o perdão do ofendido. 
 
A renúncia pode ser expressa, quando constar de declaração assinada 
pelo ofendido, por seu representante ou por procurador com poderes especiais (CPP, 
artigo 50), ou tácita, quando o querelante praticar ato incompatível com a vontade de 
exercer o direito de queixa (CP, artigo 104, parágrafo único). 
 
Se o crime foi praticado em coautoria, a renúncia ao direito de queixa 
em relação a um dos coautores estende-se a todos, a menos que se trate de desconhecido, 
prevalecendo o princípio da indivisibilidade da ação penal. 
 
No caso de dois titulares da ação privada, o ofendido e seu 
representante, a renúncia de um não se estende ao outro. Não produz efeito como causa 
extintiva da punibilidade a renúncia do representante da vítima menor de dezoito anos 
enquanto este não atingir a maioridade. 
 
Ainda, havendo pluralidade de ofendidos, a renúncia de um não 
prejudica o direito dos outros. 
 
3.2.g) PERDÃO DO OFENDIDO 
 
Proposta a ação, pode o querelante perdoar o querelado em qualquer 
fase da ação penal até o trânsito em julgado da sentença condenatória, inclusive na fase 
recursal. É uma forma de desistência da ação. Diferencia-se da perempção pois no perdão 
o querelante desculpa o querelado. 
 
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Pode ser expresso, quando manifesto em declaração subscrita pelo 
ofendido ou seu representante legal, ou ainda por seu procurador desde que este possua 
poderes especiais para tanto. Ou tácito, quando resulta da prática de ato incompatível 
com a vontade de prossegui na ação. Assim comona renúncia, o perdão tácito admite 
todos os meios de prova. 
 
O perdão concedido a qualquer um dos querelados se estende a todos, 
a exemplo do que ocorre com a renúncia, salvo se o querelado não aceitar, quando 
somente contra esse correrá a ação penal. 
 
Havendo mais de um querelante, o oferecimento do perdão por um dos 
ofendidos não prejudica os outros, preservando o direito de prosseguir na ação. 
 
3.2.h) RETRATAÇÃO 
 
Retratação é a confissão de engano, de equívoco cometido, através de 
declaração contrária à outra anteriormente feita. É desdizer-se. Deverá ser cabal e não 
impor condições para produzir seus efeitos. 
 
Em regra, a retratação do autor não o exime de pena. Contudo, em 
determinadas situações expressamente previstas em lei, a retratação impede a aplicação 
da pena, extinguindo a punibilidade do agente. 
 
Caberá retratação nos crimes de calúnia e difamação (CP, artigo 143), 
e nos crimes de falso testemunho ou falsa perícia (CP, artigo 342, § 2o). 
 
A retratação deve ser feita antes da prolação da sentença. Nos crimes 
contra a honra não se estende aos coautores, porém nos crimes de falso testemunho ou 
falsa perícia, a retratação se comunica ao partícipe. 
 
 
3.2.i) PERDÃO JUDICIAL 
 
Em determinados casos, expressamente definidos em lei, o legislador 
prevê a possibilidade de aplicação do perdão judicial, tendo em vista circunstâncias que, 
no caso concreto, fazem a reprimenda ser desproporcional. O juiz deixa de aplicar a 
sanção ao réu em sentença, cuja natureza não é nem condenatória ou absolutória, mas 
declaratória da extinção da punibilidade. 
 
O perdão judicial é identificado na lei pela expressão “o juiz pode 
deixar de aplicar a pena”. Toda vez que se encontrar essa expressão na lei, é porque é 
admitido o perdão judicial para o crime de que trata o dispositivo. 
 
4. PRESCRIÇÃO 
 
A prescrição é uma das formas de extinção da punibilidade pelo decurso 
do tempo. É a perda do direito de punir o infrator, por não exercê-lo no prazo previamente 
estabelecido em lei. 
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Todos os crimes são suscetíveis de prescrição, com exceção de dois 
casos previstos na regra constitucional. A Constituição Federal estabelece que são 
imprescritíveis a prática do racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares contra 
a ordem constitucional e o Estado de Direito (Constituição Federal, artigo 5º, incisos XLII 
e XLIV). 
 
O interesse do Estado na punição do infrator é chamado de pretensão, 
que pode se apresentar sob duas formas: pretensão punitiva, que é o interesse na 
condenação do autor do crime, e pretensão executória, que é o interesse na execução da 
pena aplicada ao autor do crime. 
 
O que prescreve são essas pretensões estatais. Em razão disso, a 
literatura penal classifica a prescrição em: a) prescrição da pretensão punitiva, e b) 
prescrição da pretensão executória. 
 
4.1 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA 
 
Para todo crime o Estado estabelece uma sanção, variável conforme a 
gravidade do delito praticado. Verificada a infração, surge o jus puniendi, ou seja, o 
poder-dever de punir o transgressor da norma. Vencidos os prazos predefinidos em lei 
sem que se instaure ou encerre o processo, tem-se a prescrição da pretensão punitiva do 
Estado. Ou seja, a prescrição da pretensão punitiva ocorre antes de transitar em julgado a 
decisão condenatória. 
 
A prescrição da pretensão punitiva, segundo a literatura penal, pode se 
dá sob três formas: a) prescrição em abstrato; b) prescrição retroativa; e c) prescrição 
intercorrente ou superveniente. 
 
4.1.a) PRESCRIÇÃO EM ABSTRATO 
 
A prescrição em abstrato da pretensão punitiva do Estado, também 
chamada de prescrição da ação penal, é regulada pelo tempo máximo da pena privativa 
de liberdade cominada ao crime, conforme tabela impressa no artigo 109 do CP. Deve-se 
ressaltar que essa espécie de prescrição ocorre sempre antes de transitar em julgado a 
sentença condenatória, e cessa o direito do Estado à persecução penal. 
 
Exceto a causa de aumento de pena decorrente do concurso de crimes, 
que possui regra específica (artigo 119, CP), as causas de aumento e de diminuição da 
pena, bem como as qualificadoras devem ser levadas em consideração para o cálculo da 
prescrição. Porém, as agravantes e atenuantes genéricas são irrelevantes para o cálculo 
do prazo prescricional, pois não interferem na pena máxima abstratamente cominada para 
o crime. Todavia, sendo o agente menor de vinte e um anos à época dos fatos ou maior 
de setenta anos por ocasião da sentença, o prazo prescricional será reduzido da metade 
(artigo 115, CP). 
 
A competência para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva é do 
juiz da instrução. Contudo, nada impede que o Tribunal reconheça a prescrição em grau 
de recurso, habeas corpus ou em revisão criminal, pois se trata de matéria de ordem 
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pública. Será reconhecida de ofício pelo juiz ou a requerimento das partes conforme artigo 
61 do CPP, em qualquer fase do processo. 
 
A contagem do prazo prescricional obedece à regra do artigo 10 do CP, 
ou seja, inclui-se o dia do começo, não estando sujeito à suspensão em virtude de férias, 
domingos ou feriados e é improrrogável. 
 
4.1.b) PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE OU SUPERVENIENTE 
 
Estabelece o § 1o do artigo 110 do CP que o prazo prescricional será 
regulado pela pena em concreto estabelecida na sentença, desde que não haja recurso da 
acusação ou quando o recurso é improvido. 
 
Chamada de prescrição intercorrente ou superveniente, é contada para 
frente, iniciando-se com a publicação da sentença, e encerrando com o trânsito em julgado 
para acusação e defesa. Sendo uma modalidade de prescrição da pretensão punitiva, não 
gera nenhum efeito. 
 
4.1.c) PRESCRIÇÃO RETROATIVA 
 
O Código Penal, no artigo 110, admite que a prescrição pode ter por 
termo inicial data anterior à condenação, porém em hipótese alguma data anterior à 
denúncia ou à queixa. 
 
A prescrição retroativa ocorre quando se considera o prazo entre o 
recebimento da denúncia ou da queixa e o da condenação, usando-se como referência a 
pena aplicada e não a cominada. Além disso, a súmula 146 do STF, dispõe que "a 
prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há 
recurso da acusação." Sua interpretação significa que a pena concretizada na sentença 
regula a prescrição com efeito retroativo à causa interruptiva anterior a sentença. 
 
4.2 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA 
 
A prescrição da pretensão executória surge após o trânsito em julgado 
da sentença condenatória, atingindo o direito do Estado de executar a pena imposta. Essa 
prescrição atinge somente o efeito principal da condenação, ou seja, a possibilidade de 
aplicação da reprimenda, permanecendo os efeitos secundários. A competência para 
declarar a prescrição executória é do juiz da execução. 
 
4.3 TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL 
 
Termo inicial é quando começa a contar o prazo prescricional. Os 
termos de início de contagem são diferentes para a prescrição da pretensão punitiva e para 
a prescrição da pretensão executória. 
 
No caso da prescrição da pretensão punitiva, o termo inicial de 
contagem do prazo é definido no artigo 111 do Código Penal, que tem uma redação bem 
esclarecedora: 
 
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 16 
 
Código Penal 
 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença 
final, começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou; 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade 
criminosa; 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a 
permanência; 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de 
assentamentodo registro civil, da data em que o fato se tornou 
conhecido. 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e 
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, 
da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a 
esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
 
Já no caso da prescrição da pretensão executória, o termo inicial de seu 
prazo se encontra definido no artigo 112 do Código Penal: 
 
Código Penal 
 
Art. 112 - No caso do artigo 110 deste Código, a prescrição 
começa a correr: 
 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, 
para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena 
ou o livramento condicional; 
 
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o 
tempo da interrupção deva computar-se na pena. 
 
Da leitura do artigo 112, é interessante observar que o trânsito em 
julgado da sentença condenatória para a acusação, que é termo inicial da prescrição 
superveniente, também é termo inicial da prescrição da pretensão executória. Com isso, 
percebe-se que, ao ocorrer o trânsito em julgado para a acusação, ocorre o termo inicial 
de dois prazos prescricionais, o da prescrição superveniente e o da prescrição da pretensão 
executória. Porém, ocorrendo o trânsito em julgado em definitivo, e não prescrevendo o 
delito, apenas o prazo da prescrição da pretensão executória continuará correndo, só 
sendo interrompido com o início de cumprimento da pena. 
 
4.4 PRAZO PRESCRICIONAL 
 
Os prazos prescricionais obedecem a uma tabela, que se encontra 
impressa no artigo 109 do Código Penal: 
 
 
Código Penal 
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Art. 109 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença 
final, salvo o disposto no parágrafo primeiro do artigo 110 deste 
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade 
cominada ao crime, verificando-se: 
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze); 
II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 
(oito) anos e não excede a 12 (doze); 
III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 
(quatro) anos e não excede a 8 (oito); 
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) 
anos e não excede a 4 (quatro); 
V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano 
ou, sendo superior, não excede a 2 (dois); 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) 
ano. 
(...) 
 
Esses prazos prescricionais são reduzidos da metade quando o 
criminoso era ao tempo do crime menor de vinte e um anos, ou maior de setenta na data 
da sentença. 
 
4.5 INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL 
 
Diferentemente do que ocorre na decadência, o prazo prescricional não 
é contínuo, podendo ser interrompido diante da ocorrência de determinadas causas. A 
interrupção implica em extinção do prazo já decorrido, para que comece fluir novamente 
como se estivesse iniciado naquele momento. 
 
As causas de interrupção do prazo prescricional encontram-se previstas 
no artigo 117 do Código Penal: 
 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
II - pela pronúncia; 
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios 
recorríveis; 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
VI - pela reincidência. 
§ 1o - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a 
interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os 
autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do 
mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a 
qualquer deles. 
§ 2o - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V 
deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da 
interrupção. 
 
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Uma das causas interruptivas da prescrição da pretensão punitiva é o 
recebimento da denúncia ou da queixa. A lei refere-se à data do despacho interlocutório 
do juiz que recebe as peças acusatórias, e não o oferecimento ou registro. 
 
Pronúncia é a decisão do juiz de submeter o réu a julgamento pelo 
Tribunal do Júri. Essa decisão também interrompe o prazo prescricional, que se verifica 
a partir de sua publicação. Negando provimento ao recurso da decisão que pronunciou o 
acusado, o prazo será novamente interrompido, bem como a confirmação da decisão de 
pronunciar o réu também o interrompe. 
 
A confirmação da pronúncia é a manifestação do Tribunal que, em 
acórdão, entendeu ser caso de submeter o réu a julgamento pelo Júri, quer seja em 
resposta ao recurso interposto pela defesa ou pela acusação. 
 
No caso de desclassificação para outro delito de competência do juiz 
singular, a decisão da pronúncia continua sendo marco interruptivo da prescrição. Por 
outro lado, a impronúncia ou a desclassificação operada pelo juiz singular não 
interrompem o prazo prescricional. 
 
A sentença condenatória recorrível, proferida pelo juiz singular ou pelo 
Tribunal em grau de recurso, tem o condão de interromper a prescrição. Do mesmo modo 
ocorre no caso de julgamento de infração penal cuja competência originária é do Tribunal, 
o acórdão condenatório recorrível também interrompe o prazo prescricional. 
 
A interrupção se dá na data da publicação da sentença condenatória 
recorrível de acordo com o que rege o artigo 389 do Código de Processo Penal. 
 
O acórdão confirmatório da condenação não interrompe a prescrição. 
Apenas o acórdão condenatório recorrível interromperá e a data dessa interrupção será a 
da sessão do julgamento. Todavia, o acórdão que agravar ou majorar a pena também é 
causa interruptiva da prescrição. 
 
O início e a continuação do cumprimento da pena, interrompem a 
prescrição da pretensão executória, que se iniciou com o trânsito em julgado da sentença 
condenatória para a acusação, ou o dia do trânsito em julgado da sentença que revoga a 
suspensão condicional da pena ou o livramento condicional, ou ainda, o dia da interrupção 
da execução. 
 
Havendo interrupção, o recomeço do curso prescricional devolverá o 
prazo por inteiro, desconsiderado o tempo decorrido antes da interrupção, salvo no caso 
do inciso V do artigo 117 do CP, quando o prazo prescricional não reiniciará por se tratar 
de pena que está sendo executada. 
 
4.6 SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL 
 
Entende-se por suspensão a parada momentânea, o intervalo no curso 
da prescrição, que somente recomeça a correr depois de cessada a causa impeditiva. O 
prazo já decorrido antes da suspensão é reaproveitado, ou seja, é computado quando a 
prescrição começar a fluir novamente. 
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Uma causa suspensiva da prescrição da pretensão punitiva é a 
ocorrência de questão prejudicial que conduz ao sobrestamento da ação penal. O Código 
de Processo Penal trata da questão prejudicial em seus artigos 92 a 94. A suspensão terá 
início com a data da publicação da decisão judicial determinando o sobrestamento da 
ação, e encerra com o trânsito em julgado da sentença sobre a matéria, ou ainda quando 
ordenar o andamento do processo. Enquanto não resolvida a questão prejudicial a 
prescrição não corre. 
 
Ainda, na hipótese do agente estar cumprindo pena no estrangeiro, será 
suspenso o curso da prescrição. Isso porque, via de regra, não seria possível a extradição 
nesses casos, e o condenado não podendo estar à disposição da Justiça Brasileira, dificulta 
ou até mesmo impede a ampla defesa, prejudicando o andamento do processo, não deve 
correr a prescrição. O prazo volta a fluir com a soltura do acusado e a retomada do 
processo penal. 
 
Tem-se, ainda, a suspensão do prazo prescricional se o acusado, citado 
por edital,não comparecer nem constituir advogado. O processo e o prazo prescricional 
ficam suspensos até que ele ou seu procurador intervenham no processo. 
 
Como a lei não estipula um limite para a suspensão do prazo, visando 
evitar a imprescritibilidade, tem se adotado como parâmetro, o lapso temporal referente 
ao tempo máximo da pena abstratamente cominada para o crime. 
 
O prazo prescricional também é suspenso enquanto o acusado é citado 
por carta rogatória, por estar no estrangeiro, em lugar sabido, cessando a suspensão com 
seu cumprimento. 
 
A Lei nº 9.099/95, em seu artigo 89, parágrafo sexto, dispõe que é 
cabível, nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, a 
suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que preenchido os requisitos legais. 
Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo, ou seja, durante o 
período de prova não fluirá o prazo prescricional, obstando a extinção de punibilidade. 
 
Do mesmo modo, fica suspenso o prazo da prescrição da pretensão 
punitiva ocorrendo a sustação da ação penal movida contra Senador ou Deputado, até o 
término ou perda do mandato. Findo o mandato ou restabelecido o processo, o prazo 
prescricional voltará a correr. 
 
A Lei 13.964/19 acrescentou ao art. 116 do CP duas novas causas de 
suspensão do prazo prescricional: a pendência de embargos de declaração ou de recursos 
aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e enquanto não cumprido ou não 
rescindido o acordo de não persecução penal. 
 
O parágrafo único do artigo 116 do CP traz uma causa suspensiva do 
prazo da prescrição da pretensão executória. Estabelece que depois de passado em julgado 
a sentença condenatória, enquanto o sentenciado estiver preso por uma outra razão, não 
corre a prescrição. A prisão pode ter origem em uma sentença condenatória ou ser 
provisória.

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