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Resumo - manejo de queimaduras
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QUEIMADURAS “Todas as lesões térmicas necessitam de identificação e tratamento das lesões mecânicas associadas e da manutenção da normalidade hemodinâmica com reposição volêmica, além do controle de temperatura e transferência.” Definição de queimadura: lesão tecidual decorrente de trauma (térmico, elétrico, químico, radioativo), que destrói parcialmente ou totalmente a pele e seus anexos, podendo alcançar camadas mais profundas como o tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. Redução da mortalidade: atendimento primário (ou pré-hospitalar) com abordagem de via aérea e início da reposição volêmica + atendimento especializado (centro de tratamento de queimados). A qualidade do atendimento não melhora apenas a sobrevida do paciente, mas também na recuperação da funcionalidade do segmento atingido e na manutenção do aspecto estético (equipe de cirurgia plástica especializada) Prognóstico: depende da extensão da Superfície Corporal Queimada (SCQ), da profundidade e localização da lesão, da presença de comorbidades e idade do paciente. Mortalidade bimodal: imediatamente após a lesão ou semanas em geral por sepse (disfunção orgânica) ou choque séptico (falência de órgãos) • Evitar e identificar possíveis complicações das lesões térmicas: rabdomiólise e arritmias cardíacas (eletricidade). MEDIDAS IMEDIATAS PARA SALVAR A VIDA DO PACIENTE QUEIMADO • Prioridade: (1) controle de via aérea, (2) interromper o processo de queimadura e (3) acesso venoso. • Observação: a vítima de queimadura grave é uma vítima de trauma, portanto, seu atendimento é sistematizado. Via aérea: As queimaduras, principalmente de face e por inalação, podem causar edema de via aérea superior e resultar em obstrução. Os sinais de obstrução podem ser inicialmente sutis até o doente entrar em crise. A avaliação precoce da necessidade de intubação endotraqueal é essencial. • Como identificar lesão por inalação - indicadores clínicos de lesão por inalação incluem: *A presença de qualquer um desses achados sugere lesão inalatória aguda e a necessidade de intubação traqueal Conduta: transferência imediata do doente; se o tempo de transporte for prolongado realizar IOT na cena; na presença de estridor realizar a IOT. Queimaduras circunferenciais do pescoço podem produzir edema dos tecidos ao redor da via aérea. Portanto, nessa situação, indica-se a intubação precoce; rebaixamento do nível de consciência (ECGlasgow <8) é indicativo de IOT. A rouquidão é considerada por alguns autores como indicativo de IOT. • Comprometimento da via aérea: o Lesão térmica: lesão por altas temperaturas da via área geralmente se estende até as cordas vocais. Os indivíduos em risco são aqueles com envolvimento de face e pescoço por queimaduras que ocorrem em ambiente fechado. O edema da mucosa e submucosa, assim como sangramento e ulcerações são fatores que podem comprometer agudamente a ventilação. De forma que a presença de rouquidão ou estridor são indicações de acesso definitivo à via aérea. o Lesão pulmonar por inalação: quando a fumaça produzida pela combustão alcança a via aérea infraglótica, ocasionando lesão em brônquios, bronquíolos e alvéolos. Durante a ausculta pode-se perceber a presença de sibilos e expectoração de muco e escarro carbonáceo. Em geral, as vítimas encontram-se em ambiente fechado. Tipicamente, a evolução para insuficiência respiratória não ocorre antes de 24h. o Intoxicação por monóxido de carbono (CO): deve se suspeitar em todo paciente que inalou fumaça, principalmente vítimas que se encontravam em ambiente fechado. O monóxido de carbono possui maior afinidade à Hb que o oxigênio. As manifestações clínicas dependem do nível de carboxi-hemoglobina no sangue. Quando se suspeita de intoxicação, deve-se administrar oxigênio a 100%, em alto fluxo, através de máscara unidirecional, sem recirculação. O oxímetro de pulso não é capaz de sugerir a exposição ao CO. o Intoxicação por cianeto: o cianeto é gerado pela combustão de alguns elementos (poliuretano, náilon, lã e algodão). Esse composto inibe o metabolismo aeróbico. Ao passo que as manifestações clínicas são inespecíficas, logo seu tratamento deve ser iniciado de forma empírica na suspeita clínica (ambiente fechado) de intoxicação. A conduta é a administração de tiossulfato de sódio e hidroxicobalamina. o Restrição à expansão torácica: queimaduras de terceiro grau que resulta em perda da elasticidade completa do local lesionado. Quando toda ou quase toda a circunferência do tórax é envolvida o paciente pode evoluir com insuficiência respiratória por restrição à expansão torácica. Essa condição deve ser reconhecida rapidamente. O tratamento é a escarotomia da lesão, ou seja, a incisão da área queimada até o subcutâneo, procedimento que restabelece a expansibilidade do tórax. Interrupção do processo de queimadura: toda a roupa e joias devem ser retiradas do doente para interromper o processo de queimadura e prevenir a constrição por edema. A roupa aderente à pele não deve ser arrancada. Substâncias químicas devem ser removidas de forma mecânica (escova) e com cuidado. A superfície corporal comprometida deve ser enxaguada copiosamente com água corrente (exceto em lesões químicas) ou com uso de compressas de gazes umedecidas com solução salina a 12°C, por 15 a 30 minutos. O doente deve ser coberto com lençóis quentes, limpos e secos para evitar a hipotermia. Acesso venoso (periférico): qualquer paciente com queimaduras >20% da SCQ necessita de reposição volêmica. Após cumprir as etapas anteriores, o próximo passo é obter acessos venosos com cateter de grosso calibre (≥16 G) introduzido em veia periférica. Se a extensão da queimadura não permitir a introdução do cateter através de pele íntegra, isso não deve impedir a punção de veia acessível através da pele queimada. Prefere-se os mmss aos mmii (flebites e flebites sépticas). Inicia-se a infusão com solução cristaloide isotônica (Ringer Lactato). AVALIAÇÃO DO DOENTE QUEIMADO: História + estimar SCQ + profundidade da lesão História: tem como objetivo identificar • Lesões associadas, principalmente relacionadas à tentativa da vítima em fugir das chamas. Por exemplo, explosões podem arremessar o doente causando fraturas ou lesões internas (SNC, miocárdicas, pulmonares e abdominais). • Na existência de queimaduras em ambientes fechados: suspeitar de inalação de compostos tóxicos e lesão cerebral por anóxica. • Interrogatório sobre comorbidades: diabetes, hipertensão, doença cardíaca, pulmonar e/ou renal e uso de medicamentos; alergias/hipersensibilidade; imunização contra tétano. Área de Superfície Corporal Queimada (SCQ): Regra dos Nove é uma regra prática e útil para determinar a extensão da queimadura. Esse cálculo é de importância fundamental, pois além de ser proporcional à gravidade também é utilizado na determinação da reposição volêmica. O corpo de um adulto é dividido em regiões anatômicas que representam 9% (ou múltiplos de 9%) da área de superfície corporal (ASC). Em crianças o raciocínio é diferente. Na criança, a cabeça corresponde a uma percentagem maior. De forma a auxiliar nessa avaliação, a palma da mão do doente (incluindo os dedos) representa aproximadamente 1% de sua superfície corpora. • Regra dos Noves: utilizada na avaliação da gravidade das queimaduras e na determinação da reposição hídrica Profundidade da área queimada: sua determinação auxilia na avaliação da gravidade, planejamento do tratamento e prevenção dos resultados funcionais e estéticos (ver figura acima à direita) • Queimadura de primeiro grau: são superficiais e limitadas à epiderme. Manifestam-se como eritema (devido à vasodilatação), dor moderada (receptores nervosos preservados), não ocorre formação de bolhas e nem o comprometimento de anexos cutâneos (folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas). Não há fibrose