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Esquizofrenia Definição e Aspectos Epidemiológicos Etiologia Quadro Clínico Comorbidades, curso e prognóstico Abordagens terapêuticas O espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos são definidos por anormalidades em um ou mais dos cinco domínios a seguir: delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado, comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia) e sintomas negativos. - Hipótese dopaminérgica aumento dos níveis de dopamina causaria os sintomas típicos da doença; haveria um aumento dos níveis da dopamina em regiões subcorticais e uma redução em regiões pré-frontais, explicando tanto os sintomas positivos como os negativos. haveria uma alteração funcional da transmissão dopaminérgica com liberações de grandes quantidades fora de contexto, o que alteraria um processo cognitivo denominado saliência (a capacidade de atribuir relevância a um objeto ao mudar o foco atencional) – função essencial à sobrevivência e ao convívio social. A liberação excessiva, fora de contexto, levaria a atribuir saliência de forma errática e inadequada. Em contrapartida, não se atribuiria saliência aos estímulos adequados, o que também causaria uma quebra no padrão de comportamento esperado. O bloqueio de receptores dopaminérgicos D2 pelos antipsicóticos impediria o processo de atribuição aberrante de saliência, mas 1) não reverte os processos que causam a liberação excessiva e fora de contexto; 2) não corrige a redução de atribuição de saliência a estímulos esperados. - Aspectos genéticos Ter um parente de primeiro grau aumenta em 10% a chance de ser afetado. A herdabilidade é uma estimativa de quanto um fenótipo é explicado por fatores genéticos. A herdabilidade da esquizofrenia é uma das mais altas entre os transtornos psiquiátricos, com estimativas normalmente em torno de 80%. doença complexa, com centenas a milhares de variantes, cada uma conferindo um pequeno risco, mas, se uma pessoa herdar uma quantidade de variantes genéticas que componha um risco global que ultrapasse um limiar, passa a ter maior probabilidade de desenvolver o transtorno. - Aspectos psicodinâmicos Curso afetado pelo estresse emocional. Constituição psicológica singular. Existem fatores de exposição ambiental consistentemente associados à esquizofrenia, como complicações obstétricas, migração, urbanicidade, uso de maconha e exposição a eventos traumáticos. A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 1. Delírios. 2. Alucinações. 3. Discurso desorganizado. 4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico. 5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia). B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou profissional). C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse período de seis meses deve incluir no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (i.e., sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em uma forma atenuada (p. ex., crenças esquisitas, experiências perceptivas incomuns). ⇒ Sintomas positivos: delírios (alteração do conteúdo do pensamento) e alucinações (alterações da sensopercepção). Os delírios autorreferentes e persecutórios e as alucinações auditivas são as manifestações mais comuns na esquizofrenia. ⇒ Sintomas negativos: esses sintomas dizem respeito à ausência de determinados comportamentos esperados, mais notadamente na expressão do afeto e da vontade. ⇒Sintomas cognitivos: Praticamente todos os domínios cognitivos podem ser afetados pela doença. Os principais achados apontam para alterações na atenção, na velocidade de processamento, nas funções executivas e na aprendizagem. ⇒ Sintomas de desorganização: O elemento central é a falta do encadeamento lógico esperado para a conclusão de um raciocínio ou ação. ⇒ Sintomas de humor/ansiedade Ex: sintomas depressivos na fase pós-psicótica, quando entram em contato com a crise e suas consequências. Funcionamento/personalidade pré-mórbida: - Anterior à fase prodrômica - Personalidade esquizóide ou esquizotípica - Infancia/adolescencia: evitação do contato interpessoal FASE PRODRÔMICA - Presença de longa data anterior ao diagnóstico - Sintomas negativos - Sintomas somáticos - Mudança de comportamento percebida por terceiros - Interesse em ideias abstratas -Comportamento significativamente peculiar - Afeto anormal - Discurso incomum - Ideias bizarras - Percepções estranhas Fase Progressiva - Primeiro episódio psicótico - Evolução com exacerbações e remissões - Diagnóstico - Permanecem os sintomas negativos Taxas de comorbidade com transtornos relacionados ao uso de substância são elevadas na esquizofrenia. Mais de metade dos indivíduos com esquizofrenia tem transtorno por uso de tabaco e fuma com regularidade. A comorbidade com transtornos de ansiedade é cada vez mais reconhecida na esquizofrenia. A proporção de transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno de pânico é elevada em indivíduos com esquizofrenia em comparação com a população em geral. Transtorno da personalidade esquizotípica ou paranoide pode, algumas vezes, anteceder o início da esquizofrenia. A expectativa de vida é reduzida em indivíduos com esquizofrenia em razão das condições médicas associadas. Ganho de peso, diabetes, síndrome metabólica e doença cardiovascular e pulmonar são mais comuns na esquizofrenia do que na população em geral. Bom prognóstico Início tardio Fatores precipitantes óbvios Início agudo Bom funcionamento pré-mórbido Sintomas de transtornos do humor Casado Sistema de apoio forte Sintomas positivos Fatores de MAU prognóstico: Início precoce, sem fatores precipitantes, história familiar, muitas recaídas, solteiro ou viúvo, s. negat. - Farmacológicas Os antipsicóticos representam as medicações de escolha para o tratamento farmacológico da esquizofrenia e devem ser usados tanto na fase aguda, para o controle dos sintomas durante crises, quanto na de manutenção, com o objetivo de prevenir recaídas. Antipsicóticos de primeira geração: - têm em comum uma alta afinidade por receptores D2 e, em relação aos de segunda geração, apresentam maior potencial para induzir SEPs (p. ex., tremores, rigidez e bradicinesia), como resultado do bloqueio dopaminérgico em via nigroestriatal. - Clorpromazina, Haloperidol. Antipsicóticos de segunda geração: - têm perfis de ligação muito heterogêneos, envolvendo, também, antagonismo serotonérgico (5-HT2A, principalmente), entre outros mecanismos, e se associam mais frequentemente com maior ganho de peso e alterações metabólicas. - Quetiapina, Risperidona, Clozapina, Olanzapina, Aripiprazol… - Não farmacológicas Principais abordagens psicossociais usadas na esquizofrenia: Intervenção familiar (psicoeducação, resolução de problemas): Quando há sintomas proeminentes ou risco de recaída. Programa de suporte ao trabalho: Quando há estabilidade clínica e desejo de conseguir emprego. Terapia ocupacional: Para pessoas que têm rotina empobrecida e precisam de suporte para organização e execução de tarefas, como atividades educacionais e retorno ao mercado de trabalho. Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Associada ao tratamento farmacológico, quando há sintomas psicóticos, ansiosos ou depressivos.Pode ser utilizada em qualquer fase da doença. Remediação e treinamento cognitivo: Para pessoas com dificuldades relacionadas ao funcionamento cognitivo e/ou cognição social.
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