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PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
CONCEITO
Nosso Código Penal vigente trata da Periclitação da Vida e da Saúde no Capítulo III do Título I da Parte Especial, entre os Crimes Contra a Pessoa
Os objetos da proteção jurídica nesses dispositivos são a saúde e a vida do homem, sujeitas, vez por outra, a sofrer ameaças por pessoas menos precavidas ou audaciosas
O Estado, em sua ação de proteção e respeito à integridade corporal e à vida, não se preocupa apenas com os ilícitos seguidos de resultados. Assegura essa proteção mesmo nos momentos de simples ameaça
O delito não é de resultado, mas de perigo
Assim, por exemplo, um médico que experimenta um novo medicamento, ainda não provado, em seu cliente, apenas para especular e quando os meios tradicionais não foram deliberadamente esgotados, expõe o paciente a risco de vida até certo ponto desnecessário. Um dos deveres de conduta do médico é o dever de abstenção de abuso
A medicina moderna, por exemplo, nada mais representa senão uma sucessão de riscos.
O que se deve punir, no entanto, é a falta de cuidados necessários à segurança e a intenção anômala de expor alguém a risco dispensável
Mesmo que a noção de risco à vida e à saúde seja indeterminada, o fato não deixa de constituir uma tentativa de lesão corporal, merecendo a incriminação especial
O perigo pode ser considerado igualmente um resultado, pois configura-se em um instante de insegurança e ameaça para o objeto tutelado
Para caracterizar o ilícito penal, é bastante que o agente exponha a vítima a uma situação em que a vida ou a saúde tenha se aproximado de um perigo direto e iminente - Basta a vontade ou a consciência do sentido real do perigo
Não é necessário que ele queira o dano efetivo, pois aí estaria caracterizada a tentativa de homicídio ou de ofensa física
O perigo deve ser individual e não coletivo, pois dessa maneira passaria a configurar o delito de perigo “contra a incolumidade pública”
Deve ainda ser distinto dos crimes de omissão de socorro, de maus-tratos e da forma culposa de lesão corporal por imprudência 
Não deve prevalecer o motivo ou a natureza do ato gerador do perigo - Basta apenas que ele deixe o periclitante sob risco atual e direto
Omissão de Socorro
É um crime eminentemente doloso:
“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.”
Nas sociedades modernas não se admite mais insensibilidade e indiferença a ponto de alguém deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo e sem risco próprio, diante do sofrimento insuportável e do iminente perigo de vida, mesmo que não tenha o dever jurídico de prestar tratamento. Constitui-se em uma obrigação que se sedimenta nos costumes e na cultura dos povos civilizados, pela necessidade imperiosa de evitar um mal, cujo perigo é real, inadiável e grave, mesmo que a situação tenha sido criada pelo próprio periclitante
É claro que essa assistência imposta pelo nosso diploma penal deve ser prestada não apenas quando as circunstâncias exigirem, mas também quando for possível realizá-la sem risco pessoal e sem violar interesses maiores. Por outro lado, é necessário que a alegação da não prestação de socorro não se preste a pretextos fúteis ou a pequenos danos. O risco moral ou profissional não exime o omitente.
Para o profissional da medicina, configura-se o delito desde que, avisado de um perigo cuja gravidade seria ele a única pessoa capaz de avaliar, mesmo assim recusa seu atendimento, sem assegurar-se de que esse perigo era ou não de intervenção imediata.
“Comete o crime de omissão de socorro o facultativo que, embora não tenha constatado pessoalmente o quadro clínico do paciente, foi solicitado sobre a necessidade de sua presença para conjurar perigo de vida. O socorro finca-se no dever de solidariedade humana e como tal não pode ser recusado, máxime em se tratando de médico”
Em tese, na relação contratual jurídica e na relação moral com o paciente, o médico tem a obrigação de atendê-lo em suas necessidades, sempre em favor da vida e da saúde de seu assistido
Isso faz parte também dos direitos do paciente entre os quais o de ser atendido com a atenção e diligência possíveis
Todavia, há casos excepcionais em que esta obrigação não é absoluta nem ilimitada, principalmente quando o ato a praticar entra em conflito com os valores morais do médico.
Entre os chamados direitos do médico, existe o de recusar a realização de atos profissionais contrários à sua consciência, mesmo que eles estejam autorizados ou consentidos pela nossa legislação - São atos médicos permitidos em determinadas ocasiões, porém sem o caráter obrigatório e imperativo 
O Código de Ética Médica no inciso IX, do Capítulo II diz ser direito do médico:
 “Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência”

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