Buscar

Regime da participação final nos aquestos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAS MATER CHRISTI 
AMANDA REBOUÇAS DE OLIVEIRA 
JÚLIA RUAMA P. DA SILVA 
LAURA LAIRONNY SILVA NUNES 
THAMIRES CARMINDA GARCIA ARRUDA 
THAMIRIS DA SILVA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS (ARTS. 1.672 ao 
1.686, CC/02) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ/ RN 
2015 
Introdução 
 
O presente trabalho tem o condão de realizar uma abordagem, ainda 
que breve, acerca do conceito de regime de participação final dos aquestos. A 
previsão legal a respeito desse regime de bens é encontrada no capítulo que 
trata do Direito de Família no Código Civil vigente, mais especificamente nos 
artigos 1.672 ao 1.686. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regime da participação final nos aquestos 
 
A participação final nos aquestos, como regime matrimonial de bens, 
repercute sobre as relações econômicas e patrimoniais do casal, notadamente 
sobre os modos de participação de cada um, comunicação ou não de bens 
entre ambos, administração e titularidade dos bens que sejam comuns e 
particulares e as consequências jurídicas dos atos dos consortes em relação a 
terceiros até a dissolução da sociedade conjugal. 
O referido regime, também denominado regime contábil, não era 
previsto na codificação anterior, tendo sido criado para substituir o antigo 
regime dotal. Sobre este último regime, Eduardo de Oliveira Leite, citado por 
Flávio Tartuce, comenta que: 
 
“Tudo indica, pois, como já demonstrado pela doutrina e jurisprudência 
francesas (onde o regime se revelou um enorme fracasso) que, além dos 
aspectos negativos do regime, ‘que lhe são inerentes’, o regime tem sido 
empregado de maneira muito limitada, só ‘satisfazendo futuros cônjuges 
aos quais pode-se prever a manutenção da igualdade de fortuna, em 
capitais e rendas, durante toda a união’”. 
 
 Superado o modelo dotal, cuidou o codificador de 2002 de substituí-lo, 
consagrando o regime de participação final nos aquestos. De qualquer modo, 
conforme a doutrina majoritária, ele pouco será adotado no Brasil devido à sua 
difícil aplicação prática. Tanto isso se concretizou nos mais de dez anos do 
Código Civil de 2002, que o Projeto de Lei conhecido como Estatuto das 
Famílias do IBDFAM pretende suprimir o regime, por tratar-se de um 
estrangeirismo desnecessário, não adotado na prática familiarista nacional. 
Nas palavras de Maria Berenice Dias: 
 
“O regramento é exaustivo (arts. 1.672 a 1.686) e tem normas de difícil 
entendimento, gerando insegurança e incerteza. Além disso, é também de 
execução complicada, sendo necessária a mantença de uma minuciosa 
contabilidade, mesmo durante o casamento, para possibilitar a divisão do 
patrimônio na eventualidade de sua dissolução, havendo, em determinados 
casos, a necessidade de realização de perícia. Ao certo, será raramente 
usado, até porque se destina a casais que possuem patrimônio próprio e 
desempenhem ambos atividades econômicas, realidades de poucas 
famílias brasileiras, infelizmente”. 
 
 De fato, o regime de participação final, além de ser dotado de intrínseca 
complexidade, acarreta, ainda, a inconveniência manifesta da vulnerabilidade à 
fraude patrimonial, o que, por si só, já serviria como desincentivo à sua adoção. 
 
ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CONCEITO 
A legislação de Costa Rica é antiga referência histórica deste regime, 
como anota ROLF MADALENO: 
“O Código Civil da Costa Rica entrou em vigor em 1º de janeiro de 1888, teria 
sido um dos primeiros diplomas civis a adotar o regime matrimonial 
denominado de participação diferida dos bens gananciais, equivalente ao 
regime do Direito de Família brasileiro de participação final nos aquestos”. 
 
Outros estados, como a Alemanha, a França e a Espanha, guardadas as 
suas peculiaridades locais. 
Podemos reconhecer a participação final nos aquestos, em nosso 
sistema, como um regime híbrido, com características de separação e de 
comunhão parcial de bens. 
Esse regime assemelha-se ao regime da comunhão parcial, todavia 
garante aos cônjuges mais liberdade e autonomia na administração de seus 
bens, assim como, individualmente quanto à responsabilidade pelas obrigações 
contraídas durante o casamento. Isso explica a própria denominação do 
regime, uma vez que, partilham-se, ao final, os bens adquiridos com a 
participação onerosa de ambos os cônjuges. 
Nesse diapasão, o art. 1.672 do Código Civil: 
“Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui 
patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época 
da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos 
pelo casal, a titulo oneroso, na constância do casamento”. 
 
REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS X REGIME DE 
COMUNHÃO PARCIAL 
 
 Embora haja certa semelhança entre o regime de participação final nos 
aquestos e o da comunhão parcial – tendo com este o traço comum de não se 
comunicarem bens anteriores ao casamento e haver comunicação de certos 
bens adquiridos depois –, não se pode confundi-los. Na comunhão parcial, 
comunicam-se, em regra, os bens que sobrevierem ao casamento, adquiridos 
por um ou ambos os cônjuges, a título oneroso. Já na participação final, a 
comunicabilidade refere-se apenas ao patrimônio adquirido em comum esforço 
econômico pelo próprio casal, conforme dispõe o art. 1.672 do CC/02. 
O art. 1.673 reforça esta dessemelhança ao determinar que “integram o 
patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele 
adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento”. Ou seja, mesmo 
durante a vigência do casamento, aquilo que um dos cônjuges adquirir sozinho, 
sem ajuda financeira do outro, integrará o seu patrimônio próprio. 
Outra diferença entre os regimes diz respeito à esfera sucessória, pois 
conforme o art. 1.829 do Código Civil, o cônjuge sobrevivente concorrerá com o 
descendente do autor da herança se foi casado no regime de participação final 
nos aquestos. 
O mesmo direito concorrencial só existirá, no caso da comunhão parcial, 
se o falecido houver deixado bens particulares. O legislador consagrou, então, 
uma explícita delimitação ao direito da(o) viúva(o), não prevista para aqueles 
que foram casados em participação final. 
 
A MATEMÁTICA DO REGIME 
 
A compreensão matemática do regime de participação final não é 
simples, portanto cabe aqui, realizarmos uma breve explicação a respeito dos 
dispositivos que vigem sobre o tema. 
 O juiz, na condução da partilha, determinará os referenciais jurídicos a 
serem seguidos. Todavia, é necessário o auxílio de um contador para que o 
resultado da meação seja justo. 
 A complexidade deriva da quantidade de massas patrimoniais que 
devem ser consideradas na partilha, correspondentes ao patrimônio que cada 
cônjuge possuía ao casar; as massas amealhadas por cada um no curso do 
matrimonio e a porção de bens adquirida a título oneroso. 
O Código Civil, no art. 1.674, dispõe a respeito dos bens que não 
comporão os aquestos, não integrando, assim, o cálculo da partilha. São estes: 
(I) os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; (II) 
os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade e (III) as 
dívidas relativas a esses bens. 
Ademais, o art. 1.675 determina que sejam computados no montante 
dos aquestos, as doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária 
autorização do outro. Nesse caso, faculta-se ao cônjuge prejudicado ou ao 
herdeiro a reivindicação do bem, em virtudeda vedação ao locupletamento 
ilícito. Nessa mesma linha, incorpora-se também ao monte partível, segundo o 
art. 1.676, o valor dos bens alienados em detrimento da meação, se não 
houver preferência do cônjuge lesado ou de seus herdeiros de os reivindicar. 
Vale salientar que, não sendo possível a divisão de todos os bens em 
natureza, deverá o juiz calcular a sua expressão econômica para permitir a 
reposição em dinheiro ao cônjuge não proprietário (aquele que não possui o 
registro ou título do bem) ou, afigurando-se inviável essa solução, tais bens 
serão judicialmente alienados, para posterior compensação em dinheiro, nos 
termos do art. 1.684/CC. 
 
AS DÍVIDAS NO REGIME DE PARTICIPAÇÃO NOS AQUESTOS 
É interessante para melhor entendimento acerca desse assunto, 
falarmos sobre a questão das dívidas neste regime. 
Neste regime, as dívidas contraídas por um dos cônjuges após o 
casamento, não se comunicam, salvo se reverterem em favor do outro. 
Conforme estabelece o art. 1.677 do CC: 
“Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos 
cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou 
totalmente, em benefício do outro.” 
 Importante ressaltar, que não integraram os aquestos, os bens 
anteriores ao casamento, assim, imaginemos que um dos cônjuges trouxe para 
o casamento um imóvel exclusivamente seu, este, estará excluído de eventual 
meação como também possível dívida incidente sobre ele não se comunicará.
 Entretanto, se um dos cônjuges pagar a dívida do outro com patrimônio 
próprio, terá direito à restituição do valor atualizado, a ser descontada da 
meação que couber ao outro na dissolução do casamento. 
“Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu 
patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da 
dissolução, à meação do outro cônjuge.” 
O cônjuge endividado vai pagar as suas dívidas com os seus bens 
próprios, não confundindo com os bens do outro. E, mesmo assim, se o credor 
(a quem se deve pagar a dívida) pretender tomar um bem de uso do casal, mas 
em nome do devedor, este bem estará protegido por ser de utilidade do 
cônjuge não devedor. 
Conclui-se, então, que, no casamento por esse regime, cada cônjuge 
mantém patrimônio distinto, administrando-o com maior liberdade e 
respondendo individualmente pelas dívidas que contrair. 
 
A DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E O REGIME DE 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS 
 
 Em havendo dissolução do regime da participação final nos aquestos, 
seja na antiga separação judicial, seja por divórcio, verificar-se-á o montante 
dos aquestos à data em que cessou a convivência, o que visa a evitar fraudes 
por aquele que detêm a titularidade ou a posse do bem partível (art. 1.683 do 
CC). 
 É importante ressaltar que o termo final a ser considerado para efeito de 
se aferir o patrimônio amealhado em conjunto não é o da obtenção de 
sentença que haja dissolvido o vínculo conjugal, mas, sim, a data em que a 
convivência entre os cônjuges se encerrou. Não se levará em conta o conjunto 
de bens adquiridos após a ruptura fática para efeito de meação. 
 Se o casamento for dissolvido por morte, verificar-se-á a meação do 
cônjuge sobrevivente, com a ressalva de que a herança deve ser deferida na 
forma estabelecida no art. 1.685 do CC/02. 
 Em caso de nulidade ou anulação do casamento, se reconhecida a 
putatividade do matrimônio, deverão ser aplicadas as normas acima referidas 
(arts. 1.683 e 1.685) em favor do(s) cônjuge(s) de boa-fé. 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 Vimos que, o regime de bens aludido no presente trabalho é pouco 
aplicado no sistema jurídico brasileiro, dada a sua complexidade de execução. 
Conclui-se que, ao convencionar tal regime, o casamento não repercute na 
esfera patrimonial dos cônjuges, tendo em vista a incomunicabilidade que 
envolve os bens. E isso garante aos consortes uma certa autonomia na 
administração dos bens que lhe são individualizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 9ª Edição. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de 
Direito Civil, vol. 6: Direito de Família: As famílias em perspectiva 
constitucional. 4ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil, vol. 5: Direito de Família. 9ª edição. São 
Paulo: Método, 2014. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume 6: direito 
de família, 10ª edição. São Paulo: Saraiva, 2013.

Outros materiais