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apostila 3 de direitos humanos

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82
 	 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
Unidade Universitária de Naviraí
Curso de Direito
DIREITOS HUMANOS
Prof. Me. Ricardo Guilherme S. Corrêa Silva
E-mail: prof.ricardoguilherme@gmail.com/ ricardoguilherme@uems.br
APOSTILA Nº 3
SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
1. Introdução (recapitulando)
A universalização dos Direitos Humanos tem a seguinte premissa: "os direitos individuais básicos não são do domínio exclusivo do Estado, mas constituem uma legítima preocupação da comunidade internacional".
As transformações decorrentes do movimento de internacionalização dos direitos humanos também contribuíram para o processo de democratização do próprio cenário internacional, já que, além do Estado, novos sujeitos de direito passam a participar da arena internacional, como os indivíduos e as organizações não-governamentais. Os indivíduos convertem-se em sujeitos de direito internacional — tradicionalmente, uma arena em que só os Estados podiam participar. Na condição de sujeitos de direito internacional, cabe aos indivíduos o acionamento direto de mecanismos internacionais, como é o caso da petição ou comunicação individual, mediante a qual um indivíduo, grupos de indivíduos ou, por vezes, entidades não-governamentais, podem submeter aos órgãos internacionais competentes denúncia de violação de direito enunciado em tratados internacionais. 
Obs.: Em sentido contrário, José Francisco Rezek afirma: "A proposição, hoje frequente, do indivíduo como sujeito de direito das gentes pretende fundar-se na assertiva de que certas normas internacionais criam direitos para as pessoas comuns, ou lhes impõem deveres. É preciso lembrar, porém, que os indivíduos - diversamente dos Estados e das organizações - não se envolvem, a título próprio, na produção do acervo normativo internacional, nem guardam qualquer relação direta e imediata com esse corpo de normas. Muitos são os textos internacionais voltados à proteção do indivíduo. Entretanto, a flora e a fauna também constituem objeto de proteção por normas de direito das gentes, sem que se lhes tenha pretendido, por isso, atribuir personalidade jurídica. É certo que indivíduos e empresas já gozam de personalidade em direito interno, e que essa virtude poderia repercutir no plano internacional na medida em que o direito das gentes não se teria limitado a protegê-los, mas teria chegado a atribuir-lhes a titularidade de direitos e deveres - o que é impensável no caso de coisas juridicamente protegidas, porém despersonalizadas, como as florestas e os cabos submarinos." (Direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 1989. p. 158-159). Para Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra Martins: "A regra ainda continua sendo a de negar ao indivíduo a condição de sujeito internacional. Faz-se necessária ainda a mediação do Estado para que o pleito do indivíduo possa ressoar internacionalmente. Ora, é bem de ver que como no mais das vezes é o próprio Estado que é o agente perpetrador destas lesões, as possíveis queixas daí decorrentes não encontram um canal natural para desaguar. Elas morrem no próprio Estado." (Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, p. 453. v.1). Este estudo defende, todavia, que o indivíduo é efetivo sujeito de direito internacional. O ingresso do indivíduo, como novo ator no cenário internacional, pode ser evidenciado especialmente quando do encaminhamento de petições e comunicações às instâncias internacionais.
No entanto, ainda se faz necessário democratizar determinados instrumentos e instituições internacionais, de modo a que possam prover um espaço participativo mais eficaz, que permita maior atuação de indivíduos e de entidades não-governamentais, mediante legitimação ampliada nos procedimentos e instâncias internacionais.
Com a universalização também se tornou necessária a implementação desses direitos mediante a criação de um sistema internacional de monitoramento e controle (implementar significa execução, levar à prática por meio de providências concretas).
Esse processo de internacionalização permitiu a formação de um sistema normativo internacional de proteção de direitos humanos, de âmbito global e regional, como também de âmbito geral e específico.
Adotando o valor da primazia da pessoa humana, esses sistemas se complementam, interagindo com o sistema nacional de proteção, a fim de proporcionar a maior efetividade possível na tutela e promoção de direitos fundamentais. A sistemática internacional, como garantia adicional de proteção, institui mecanismos de responsabilização e controle internacional, acionáveis quando o Estado se mostra falho ou omisso na tarefa de implementar direitos e liberdades fundamentais.
O Estado passa, assim, a consentir no controle e na fiscalização da comunidade internacional quando, em casos de violação a direitos fundamentais, a resposta das instituições nacionais se mostra insuficiente e falha, ou, por vezes, inexistente. Enfatize-se, contudo, que a ação internacional é sempre uma ação suplementar, constituindo uma garantia adicional de proteção dos direitos humanos.
A Carta da ONU em seu artigo 55 determina que os Estados-partes devem promover a proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais. No entanto, a Carta da ONU não descreve o que são os “direitos humanos e liberdades fundamentais”, mas contribui para o início da formação do sistema internacional de proteção dos direitos humanos.
A Declaração Universal de Direitos Humanos veio a definir e fixar o elenco dos direitos e liberdades fundamentais a serem protegidos. Formalmente é uma resolução, mas materialmente, para grande parte da doutrina, é uma norma internacional cogente, ou seja, é uma norma imperativa, obrigatória e vinculante, pela qual os Estados têm o compromisso de assegurar tais direitos às pessoas (tem natureza de costume internacional, que é fonte do Direito Internacional).
No texto da Declaração relacionam-se os direitos civis e políticos (direitos de primeira geração), os direitos sociais, econômicos e culturais (direitos de segunda geração), e há, ainda, a fraternidade como valor universal (denominados direitos de terceira geração).
A Declaração Universal de 1948 não estabelece os mecanismos para fazer valer os direitos nela previstos, por isso existem diversos documentos internacionais que versam sobre a garantia dos Direitos Humanos nos âmbitos regionais e globais.
A Declaração Universal foi o ponto de partida para a construção do sistema de direitos humanos das Nações Unidas e é o ponto de referência para todos os outros tratados internacionais, mas foi necessária a elaboração de um tratado internacional, que legalizaria o seu conteúdo.
2. Sistema global ou Sistema ONU de proteção dos Direitos Humanos
O processo de universalização dos Direitos Humanos tornou necessária a adoção de providências concretas para a execução desses direitos mediante a criação de um sistema internacional de monitoramento e controle. 
A Carta da ONU determina que os Estados-partes devem promover a proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais (artigo 55). A Declaração Universal de Direitos Humanos, por sua vez, veio a definir e fixar o elenco dos direitos e liberdades fundamentais a serem protegidos.
A Declaração Universal define e fixa os direitos e liberdades fundamentais a, mas, em si mesma, não apresenta força jurídica obrigatória e vinculante. Por isso teve que ser “juridicizada” sob a forma de tratado internacional, que fosse juridicamente obrigatório e vinculante no âmbito do Direito Internacional.
O sistema global é composto por inúmeros documentos internacionais que foram criados no âmbito das Nações Unidas. Tratam de instrumentos de alcance geral (pactos) e de alcance especial (convenções específicas).
Os Estados têm liberdade para aderir ou não ao documento. O Direito Internacional Público surge de acordos voluntários. Por isso, os Estados os aplicam voluntariamente. Legalmente, eles são comprometidos ao princípio de que acordosdevem ser obedecidos (pacta sunt servanda) (art. 2º, 1, Carta da ONU).
Obs.: a Carta da ONU e a Declaração Universal de Direitos Humanos também fazem parte do sistema global.
Os principais instrumentos deste sistema são o Pacto internacional dos Direitos Civis e Políticos (Pacto Civil) e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Pacto Social), ambos de 1966.
O primeiro ponto a ser destacado é que a Comissão de Direitos Humanos começou com essa intenção de elaborar um documento já em 1949, mas isso se mostrou impossível. Não somente os conflitos ocidente-oriente e a Guerra Fria foram culpados. Era muito complicado falar sobre esse tema ideológico aquecido nesse clima.
O segundo ponto a ser destacado é a realização de dois pactos distintos. Isto se deve ao fato de que há diversidade jurídica dos direitos humanos políticos, civis, econômicos, sociais e culturais. Juntos, eles formam uma unidade, mas, no que diz respeito à aplicação, seguem diferentes princípios. Assim, a proibição da tortura, consolidada no art. 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pode ser executada diretamente por um ato legislativo. Essa metodologia é a mesma em todos os países. Mas o direito à educação, consagrado no art. 26, não é alcançado por um único ato. Em vez disso, é requisito para que aconteça e a aplicação concreta em países desenvolvidos difere dos países pobres em desenvolvimento. 
Apesar da elaboração de duas convenções distintas, a adoção simultânea de ambos os pactos em 19/12/1966 deixa claro que eles apresentam uma unidade. O Brasil adotou ambos os pactos em 24/01/1992.
A diferença crucial entre os pactos está nas respectivas cláusulas gerais:
Art. 2º do Pacto Civil
§1. Os Estados-partes no presente Pacto comprometem-se a garantir a todos os indivíduos que se encontrem em seu território e que estejam sujeitos à sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, situação.
§2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, os Estados-partes comprometem-se a tomar as providências necessárias, com sitas a adotá-las, levando em consideração seus respectivos procedimentos constitucionais e as disposições do presente Pacto.
Art. 2º do Pacto Social
§1. Cada Estado Membro no presente Pacto compromete-se a adotar medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas.
§2. Os Estados Membros no presente Pacto comprometem-se a garantir que os direitos nele enunciados se exercerão sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação.
§3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração os direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar em que medida garantirão os direitos econômicos reconhecidos no presente Pacto àqueles que não sejam seus nacionais.
A distinção mais importante entre os direitos econômicos, sociais e culturais e os direitos civis e políticos está na sua aplicabilidade. Enquanto os direitos políticos individuais se caracterizam pelo exercício imediato e a efetividade de instrumentos que assegurem a sua plena realização, os direitos sociais, econômicos e culturais caracterizam-se pela ausência de efetividade material, ou seja, são dependentes de regulamentação pelos Estados, também conhecida por eficácia programática ou diferida.
2.1. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
Os direitos previstos neste tratado têm aplicação imediata, ou seja, são autoaplicáveis.
O tratado prevê responsabilidade aos Estados em respeitar e garantir seus direitos e condena qualquer discriminação ou preconceito.
Para sua aplicação os povos devem ser livres e descolonizados (o país não pode estar subjugado, não pode ter ditadura).
O tratado prevê o princípio da isonomia entre homens e mulheres em relação ao tratado.
Também prevê expressamente o instituto da suspensão de direitos (situações excepcionais) e os motivos ensejadores de sua aplicação devem ser comunicados ao Secretário Geral da ONU que, por sua vez, informará aos demais Estados signatários (esta comunicação visa evitar que ocorra uma sanção horizontal ou denúncia estatal).
O tratado possui regra de interpretação extensiva (que extrapola seus limites), pela qual havendo conflito entre dois tratados, entre tratado e lei, regulamento ou costumes de um país, não se aplica o princípio da especialidade em matéria de direitos humanos, pois sempre será aplicado o mecanismo de maior garantia à vítima de violações ou para a solução de um caso concreto.
Esta regra vale para todos os tratados de direitos humanos. Em matéria de direitos humanos não vigora o princípio da especialidade porque a hierarquia dos tratados e dos Estados é a mesma, um não se sobrepõe ao outro (os tratados são temáticos, mas não especiais em relação a outro).
O tratado prevê direito à vida, mas abre exceções:
Os países que não aboliram a pena de morte somente podem aplicá-la a delitos graves mediante sentença penal condenatória com trânsito em julgado emanada de Tribunal competente e imparcial;
A pena capital não pode ser imposta no caso de crime praticado por menor de 18 anos de idade, nem aplicada à mulher grávida (espera-se o nascimento da criança e seu período de sobrevida e depois executa a sentença);
A todo apenado cabe pedidos de anistia, indulto ou comutação de pena.
O tratado prevê direito de:
Tratamento jurídico isonômico;
Preservação dos direitos dos presos;
Proibição de escravidão e tráfico de escravos;
Proibição de submissão a experiências médicas sem autorização;
Proteção à família e ao casamento;
Garantia de liberdade de pensamento, consciência, religião, opiniões;
Proibição de prisões arbitrárias, de prisões decorrentes do não cumprimento de obrigação contratual (não prisão do depositário infiel);
Vedação de ingerências na vida privada;
Garantia do direito de circulação (direito de ir e vir) estendido aos estrangeiros;
Garantia de direitos da criança (ex.: direito de receber nome);
Garantia de todos os direitos políticos e de associações.
São mecanismos de proteção deste tratado:
Comitê de Direitos Humanos: composto por 18 membros (pessoas com idoneidade moral e conhecimento da matéria relacionada ao tratado) com mandato de 04 anos, com a possibilidade de uma única reeleição.
Cada Estado participante do tratado pode indicar duas pessoas, formando-se lista da qual serão extraídos os eleitos. O quórum para eleger os membros será de 2/3 dos Estados por votação de maioria absoluta (este quórum vale para todos os tratados de direitos humanos).
Relatórios: são informações prestadas pelo próprio Estado ao órgão internacional, que neste tratado é enviado à análise do Comitê de Direitos Humanos, que poderá ficar satisfeito com o relatório ou fazer recomendações para que o Estado tome providências. O estado relata voluntariamente a situação dos direitos humanos no seu território.
Denúncia estatal ou denúncia interestatal: é a possibilidade de um Estado denunciou outro Estado que cometeu violações (ambos participam do mesmo tratado). Um Estado comunica o descumprimento de direitos humanos realizado por outro Estado.
Comissão de Conciliação ad hoc: é uma comissão com fins conciliadores formada para um conflito específico para tentar solucionar amigavelmente uma lide entre duas pessoas ou dois Estados.
Denúncia individual: é a denúncia feita individualmente por aquelapessoa que teve seu direito violado diretamente no mecanismo internacional. A própria vítima das violações dos direitos humanos peticiona para as cortes internacional reclamando a salvaguarda de seus direitos. Possui os seguintes requisitos:
Deve ser de forma escrita
Não pode ser anônima
Não pode ser abusiva (além dos limites do que realmente acontecer)
Deve esgotar toda legislação do Estado 
Relatório estatal (art. 40)
A regra geral de que o Direito Internacional Público surge de acordos voluntários, pelo qual os Estados obrigam-se voluntariamente e comprometem-se a obedecer aos tratados, aplica-se apenas condicionalmente aos tratados de direitos humanos. Essa especificidade resulta do fato de que os Estados fazem os acordos, mas os beneficiários são os indivíduos.
Os países ocidentais foram a favor da criação de um tribunal internacional de direitos humanos, ao qual vítimas de violações dos direitos humanos poderiam dirigir-se. Essa proposta foi estritamente rejeitada pelos socialistas, porque eles viam os direitos humanos em princípio como um direito de participação das pessoas na sociedade e não como um direito de defesa individual contra abuso de poder por parte do Estado. Consequentemente, uma solução de compromisso precisou ser encontrada. Ela consiste na criação de um procedimento de relatório estatal. Assim, os Estados-Partes relatam regularmente, de acordo com o art. 40 do Pacto Civil, a implementação dos direitos civis e políticos em sua jurisdição.
Os Estados-Partes comprometem-se a submeter relatórios sobre as medidas por eles adotadas para tomar efetivos os direitos reconhecidos no Pacto e sobre o progresso alcançado no gozo desses direitos. Os relatórios serão submetidos ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, que os encaminhará, para exame, ao Comitê.
O Comitê estudará os relatórios apresentados pelos Estados-Partes no presente Pacto e transmitirá a eles seu próprio relatório, bem como os comentários gerais que julgar oportunos. O Comitê poderá, igualmente, transmitir ao Conselho Econômico e Social os referidos comentários, bem como cópias dos relatórios que houver recebido dos Estados-Partes no Pacto.
Comitê de Direitos Humanos (art. 28)
O Comitê será composto de dezoito membros e desempenhará as funções descritas no art. 28, tendo, em especial, três tarefas importantes:
• O recebimento e a avaliação dos relatórios dos Estados (art. 40 do Pacto Civil)
• A decisão sobre comunicações individuais (art. 1 do Protocolo Facultativo 1 para o Pacto Civil)
• A interpretação das obrigações de uma parte do acordo.
Os relatórios devem incluir, para cada artigo do Pacto Civil, medidas administrativas, legislativas e executivas dos Estados-Partes. Os membros do Comitê analisam o relatório e convidam um representante do Estado relatado para discutir assuntos de interesse. Como fonte de informação, o Comitê pode utilizar-se do relatório do Estado e de outros relatórios sérios. Nos últimos tempos, são usadas também informações de organizações não governamentais, que majoritariamente relatam, de forma crítica, determinados problemas em relação aos direitos humanos. Ao final do procedimento, a comissão avalia o relatório como satisfatório ou não satisfatório.
De maneira geral, os aspectos positivos e negativos do relatório do Estado são resumidos ao final. Todo o procedimento visa promover a cooperação entre Estados em relação aos direitos humanos, no qual as best practices são identificadas e as vulnerabilidades, criticadas. Com isso deseja-se ter efeitos preventivos, no qual sugere-se seguir bons exemplos de proteção dos direitos humanos. Se, por outro lado, a violação dos direitos humanos é comprovada, os Estados devem ser responsabilizados por meio de um public blame (censura ou repreensão pública), para reprimir essa violação e assegurar a compensação às vítimas. Esses objetivos só podem ser alcançados por meio de publicidade. Isso significa, portanto, que todas as atividades do Comitê de Direitos Humanos estão à disposição para a leitura de todos.
Nota: Os relatórios estatais, discussões no Comitê e avaliações estão disponíveis em: <http://www2.ohchr.org/english/bodies/hrc/index.htm>. O Brasil faz parte do Pacto Civil desde 1992 . Em 1995, apresentou seu primeiro relatório de Estado e em 2005, o segundo. 
Queixa estatal
Segundo o art. 41, os Estados-Partes podem, a qualquer momento, declarar que reconhecem a competência do Comitê para receber e examinar as comunicações em que um Estado-Parte alegue que outro não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe o Pacto.
Esse procedimento denomina-se comunicação estatal. No entanto, ela somente pode ser apresentada por um Estado que também aceita esse recurso. É notório que esse procedimento é fortemente político. É semelhante ao julgamento de violações dos direitos humanos pela ONU (Charter-based bodies, veja a seguir).
Isso parece ser pouco adequado para um corpo de especialistas como o Comitê de Direitos Humanos. Por isso, não é de se estranhar que as comunicações estatais não tenham sido aplicadas pelo Comitê.
Comunicação individual
Na elaboração do Pacto Civil havia, desde o início, a questão de como as pessoas podem defender-se de violações dos direitos humanos. O acesso a um tribunal de direitos humanos, requisitado por países ocidentais, foi categoricamente rejeitado pelos países orientais. Esse problema ameaçou de fracassar toda a codificação do pacto de direitos humanos.
Consequentemente, foi necessária a criação de um recurso individual, que não é parte do Pacto Civil. Decidiu-se criar um protocolo facultativo independente, que deve ser ratificado separadamente.
Dos 163 Estados-Partes do Pacto Civil, 111 ratificaram o protocolo facultativo no início de 2009. Entre eles encontram-se países latino-americanos, como Argentina (1986), Chile (1992) e Uruguai (1970). Particularmente os crimes cometidos no Uruguai durante a ditadura militar (prática de desaparecimento forçado) por diversas vezes ocuparam o Comitê. A maioria das 48 decisões do Comitê em relação ao Uruguai refere-se aos crimes dos militares. O Brasil não faz parte do Protocolo Facultativo.
Países que fazem parte do Pacto e ratificaram o protocolo permitem que o Comitê de Direitos Humanos receba e analise comunicações de indivíduos sob sua jurisdição que afirmam ser vítimas de violação de um dos direitos reconhecidos nesse Pacto. Isso significa que uma pessoa pode queixar-se de uma violação de direitos humanos para o Comitê. O Comitê comprova então, com base na documentação apresentada, se o reclamante foi violado em seus direitos. Em caso afirmativo, o Comitê pede ao Estado-Membro para reprimir as violações dos direitos humanos e a concessão de indenização ou restituição à vítima. O Comitê não tem, entretanto, a possibilidade de apurar os fatos no local e não pode forçar que sua decisão seja aplicada. Essa é a principal diferença de um processo judicial, que termina com uma decisão executória. Requisito para a apresentação de uma comunicação individual ao Comitê é o esgotamento dos recursos jurídicos internos 
Nota: Em nível universal, não existe um recurso individual compulsório para vítimas de violações dos direitos civis. Apenas os Estados que ratificaram o protocolo facultativo permitem que moradores que tenham seus direitos civis violados dirijam-se ao Comitê de Direitos Humanos.
A elaboração de um protocolo facultativo provou ser uma boa jogada diplomática, porque a ratificação do Pacto Civil fracassou devido aos recursos individuais e, por outro lado, por meio da existência de tal recurso é exercida uma certa pressão moral nos Estados para permitir o recurso. Como muitos países desejam ter uma imagem “simpática aos direitos humanos”, essa pressão surtiu efeito.
Num sentido jurídico rígido, as decisões do Comitê de Direitos Humanos não podem ser impostas às comunicações individuais. Por isso, são descritas frequentemente na literatura como não muito contundentes. Acontece também, especialmente em países que confortavelmente assumiramum papel de infrator, que essas decisões não são consideradas. No entanto, elas não devem ser subestimadas, pois os países preocupam-se com sua reputação. Todas as decisões do Comitê são publicadas. Ao mesmo tempo, as decisões são ferramentas essenciais que podem auxiliar nas interpretações das disposições do Pacto.
Em 1989, foi aprovado um segundo Protocolo Facultativo ao Pacto Civil que incluía a abolição da pena de morte. O protocolo, que entrou em vigor em 1991, foi ratificado por setenta países. Os Estados-Partes comprometeram-se a eliminar a pena de morte de seu código penal. O Brasil não faz parte do protocolo.
2.2. Direitos econômicos, sociais e culturais
O Pacto Social foi elaborado paralelamente ao Pacto Civil, concomitantemente com a assembleia geral aprovada em 1966, e entrou em vigor em 1976. É a codificação mais significativa dos direitos humanos da “segunda geração”.
O referido Pacto visa à proteção das condições sociais, econômicas e culturais, destacando-se: o direito ao trabalho, o direito a condições justas e favoráveis de trabalho; o direito a formar sindicatos e participar deles; o direito de greve, exercido em conformidade com as leis de cada país; o direito à segurança social, inclusive aos seguros sociais; o direito a proteção e assistência familiar, especialmente às mães e às crianças; o direito a educação e o direito a participar da vida cultural e dos benefícios da ciência.
Juntamente com o direito ao trabalho, às condições justas de trabalho e à liberdade sindical, foram listados direitos sociais, como a proteção da família, segurança social, saúde e moradia, bem como direitos culturais, como a educação.
O Pacto obriga os países a uma implementação progressiva, de maneira que os direitos sejam estabelecidos “pouco a pouco”. Essa é também uma fraqueza como o mecanismo de execução. 
O Pacto Social também dispõe de um Comitê, que apenas analisa os relatórios dos Estados (art. 16). Significativas são as “observações gerais”, que contribuíram essencialmente à interpretação das obrigações estatais em relação aos muitos direitos sociais negligenciados.
Por muito tempo, discutiu-se na ONU a respeito das comunicações individuais com o objetivo de promover o reconhecimento da equivalência dos direitos civis e sociais. Nesse contexto, pode ser visto como uma grande vitória que a Assembleia Geral tenha compreendido, em 10/12/2008, com a resolução A/RES/63/117, um Protocolo Facultativo ao Pacto Social, que dá poder ao Comitê de receber e decidir comunicações individuais sobre violações de direitos econômicos, sociais e culturais. Os Estados podem assiná-lo e ratificá-lo a partir de 2009. 
Para monitorar e implementar tais direitos, o tratado prevê que o Estado deve encaminhar relatórios que serão analisados pelo Conselho Econômico e Social, contendo medidas adotadas e obstáculos enfrentados (artigos 16 e 17). Em que pesem tais medidas, a implementação de tais direitos dependerá da vontade dos governantes dos Estados.
É importante destacar que o mecanismo de proteção dos direitos sociais, econômicos e culturais continua a se restringir à sistemática dos relatórios, não obstante a declaração de Viena tenha recomendado a incorporação do direito de petição ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Culturais, mediante a adoção de protocolo adicional. Para fortalecer a efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais, a Conferência de Viena de 1993 recomendou ainda o exame de outros critérios, como a aplicação de um sistema de indicadores, para medir o progresso alcançado na realização dos direitos previstos no referido Pacto.
2.3. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
Aprovada em 21/12/1965 pela Assembleia Geral da ONU.
Ela deixa claro que a luta contra qualquer forma de discriminação racial era e é uma tarefa principal da ONU no âmbito dos direitos humanos, depois das experiências de uma ideologia racial do nacional-socialismo. Isso se reflete também no fato de que os países veem a proibição da discriminação como uma norma jus cogens do direito internacional.
O acordo não somente proíbe a discriminação racial, mas qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência fundada na raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por fim ou efeito anular ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em igualdade de condições, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos domínios político, social, cultural, ou em qualquer outro domínio da vida pública.
Essa definição é ampla; são aceitas somente distinções entre nacionais e estrangeiros, bem como medidas de discriminação positivas para superar discriminação prévia.
É também interessante que o acordo entre os Estados-Partes requisite a condenação de toda propaganda e de toda organização que procure justificar ou promover alguma forma de ódio ou discriminação racial baseada em ideias ou teorias da superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de determinada cor de pele ou etnia. Eles se comprometem a adotar medidas positivas e imediatas para eliminar qualquer incitação à discriminação racial e a todos os atos de discriminação racial.
Para isso, observados os princípios da liberdade de expressão, entre outros, assumem as seguintes obrigações (art. 4º):
a) a declarar como delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias baseadas na superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim como quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem étnica, como também qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento;
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações, assim como as atividades de propaganda organizada e qualquer outro tipo de atividade de propaganda que incitarem à discriminação racial e que a encorajarem e a declarar delito punível por lei a participação nestas organizações ou nestas atividades;
c) a não permitir às autoridades públicas nem às instituições públicas, nacionais ou locais, o incitamento ou encorajamento à discriminação racial.
Naturalmente, os países não são obrigados somente a proibir, mas têm de adotar medidas imediatas e eficazes, especialmente no domínio de ensino, educação, cultura e informação, para lutar contra o preconceito que leva à discriminação racial e promover a compreensão, indulgência e amizade entre os povos e raças – ou nacionalidades.
O acordo prevê um organismo de fiscalização: o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial, devendo os países relatar suas medidas adotadas contra o racismo.
Também há a previsão de queixa estatal facultativa (art. 11), ou seja, os Estados-Partes podem dirigir-se ao Comitê se observarem manifestações de discriminação racial em outro Estado-Parte. Apesar de existirem tais manifestações, esse recurso nunca foi utilizado. Esse fato surpreende diante de tais surtos de racismo como aqueles que, por exemplo, aconteceram em Ruanda em 1994. Conclui-se, portanto, que os Estados atribuem pouca importância ao Comitê. 
Isso também se aplica a comunicações individuais. Segundo o art. 14, os Estados-Partes podem declarar que dão aos seus cidadãos o direito de reclamar sobre violações dos seus direitos ao Comitê. Até o momento (início de 2009), 53 países o declararam, inclusive o Brasil, já em 200327. No entanto, houve, até o momento, em média, apenas uma comunicação individual por ano, principalmente em relação a países europeus. A maioria delas foi julgada injustificada.
3. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
Aprovada em 21/12/1965 pela Assembleia Geral da ONU. Ratificada pelo Brasil em 27.03.1968, estando em vigor desde 08 de dezembro de 1969 (promulgada pelo Decreto 65.810/69).
A Convenção tem por objetivos eliminar a discriminação racial em todas as suas formas e manifestações e prevenir e combater doutrinas e práticas racistas.A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial tem por fundamento o direito a igualdade, inspirada nos princípios da DUDH (DUDH, art. 1º e 2º).
A primeira preocupação deste texto é definir juridicamente o conceito de discriminação racial (art. I, item 1):
1. Na presente Convenção, a expressão "discriminação racial" significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência fundadas na raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por fim ou efeito anular ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em igualdade de condições, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos domínios político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública.
Para a Convenção, a discriminação racial é uma distinção, baseada na raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que implica na restrição ou exclusão do exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, nas mais diversas áreas. Logo, a discriminação racial sempre tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o exercício, em igualdade de condições, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.
Para tornar efetivo o direito à igualdade real ou material, a Convenção, no artigo I, item 4, descreveu a discriminação positiva, também conhecida por “ação afirmativa”, ao estabelecer que:
4. Medidas especiais tomadas com o objetivo precípuo de assegurar, de forma conveniente, o progresso de certos grupos sociais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem de proteção para poderem gozar e exercitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais em igualdade de condições, não serão consideradas medidas de discriminação racial, desde que não conduzam à manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sido atingidos os seus objetivos.
Assim, as medidas especiais e temporárias voltadas a acelerar o processo de construção da igualdade não são consideradas discriminação racial. É o caso das chamadas ações afirmativas, que são medidas positivas adotadas para aliviar e remediar as condições resultantes de um passado discriminatório.
Os Estados-partes da Convenção, ao condenar a discriminação racial, comprometem-se a adotar, por todos os meios apropriados, uma política de eliminação da discriminação racial e promoção da igualdade.
A Convenção é enfática ao condenar a segregação racial e o apartheid, determinando aos Estados-partes que eliminem em seus territórios todas as práticas dessa natureza. Toda propaganda e todas as organizações que se inspirem em teorias racistas são também condenadas pelos Estados-partes da Convenção, que devem proibir qualquer incitamento ao ódio e discriminação raciais, punindo a difusão de idéias baseadas na superioridade racial.
Os Estados-partes da Convenção também comprometem-se a garantir a todos, sem distinção de raça, cor ou origem nacional, e em igualdade de condições, o exercício de direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais.
Na hipótese da prática de discriminação racial, os Estados-partes deverão assegurar a todas as pessoas, que estiverem sob a sua jurisdição, proteção e recursos eficazes perante os Tribunais nacionais, assim como o direito à indenização justa e adequada por qualquer dano decorrente do ato discriminatório.
O mecanismo de controle e supervisão do combate às discriminações nos países é feito pelo Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial, semelhante ao Comitê de Direitos Humanos instituído pelo Pacto dos Direitos Civis e Políticos. Cabe ao Comitê examinar as petições individuais (denunciando violação de direito previsto na Convenção contra a Discriminação Racial), os relatórios encaminhados pelos Estados-membros e as comunicações interestatais. Saliente-se que, no tocante às petições individuais, o Comitê apenas as analisará caso os Estados apontados como violadores tenham firmado declarações habilitando o Comitê a recebê-las e examiná-las (cláusula facultativa).
O Brasil promulgou a declaração facultativa, reconhecendo a competência do Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de violação dos direitos humanos cobertos na mencionada Convenção em 12 de junho de 2003 (decreto nº 4.738/03).
A decisão do Comitê é similar à decisão do Comitê de Direitos Humanos, ou seja, não tem força jurídica obrigatória, vinculante. No entanto, o Comitê emite recomendações, após análise do caso, cabendo ao Estado informar as medidas adotadas. Além disso, essa decisão é publicada no relatório anual elaborado pelo Comitê, que é encaminhado à Assembleia Geral das Nações Unidas.
Embora as decisões dos Comitês não sejam legalmente vinculantes e obrigatórias, têm efetivamente auxiliado o exercício dos direitos humanos reconhecidos no plano internacional, em face do chamado power of shame (vergonha, humilhação) ou power of embarrassment. (embaraço). Há um constrangimento político e moral do Estado violador 
A Constituição Federal prevê no artigo 3º, inciso I, prevê como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, enfatizando, no inciso III, a necessidade de erradicar a pobreza e a marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais. No inciso IV, em seguida, estabeleceu como objetivo “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
No artigo 5º, caput, há o direito à igualdade relacionado como direito fundamental. Nesse sentido, a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam.
No tocante ao combate à discriminação, a Constituição vigente, no artigo 5º, inciso XLI, estabelece que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”, portanto, qualquer discriminação que caracterize atentado ou lesão ao princípio da igualdade. No inciso XLII, em seguida, dispõe que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.
No plano infraconstitucional, foi editada a Lei nº 7.716, de 5.1.1989, na qual foram definidos os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor, alterada pela Lei nº 9.459, de 13.5.1997, que ampliou o campo de tutela, estabelecendo a punição dos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Destaque-se a existência do delito de “injúria racial” previsto no § 3º, do art. 140, do Código Penal.
Além desta legislação específica, concernente ao combate à discriminação racial, verifica-se ainda no Direito Brasileiro a existência de leis esparsas com relevantes dispositivos normativos voltados à punição da discriminação racial. Neste sentido, destacam-se: a) a Lei n. 2.889/56 (que define e pune o crime de genocídio); b) a Lei n. 4.117/62 (que pune os meios de comunicação que promovem práticas discriminatórias); c) a Lei n. 5.250/67 (que regula a liberdade de pensamento e informação, vedando a difusão de preconceito de raça); d) a Lei n. 6.620/78 (que define os crimes contra a segurança nacional, como incitação ao ódio ou à discriminação racial); e) a Lei n. 8.072/90 (que define os crime hediondos, dentre eles o genocídio, tornando-os insuscetíveis de anistia, graça, indulto, fiança e liberdade provisória); f) a Lei n. 8.078/90 (que trata da proteção ao consumidor e proíbe toda publicidade discriminatória); g) a Lei n. 8.081/90 (que estabelece crimes discriminatórios praticados por meios de comunicação ou por publicidade de qualquer natureza) e h) a Lei n. 8.069/90 (que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, afirmando que estes não podem sofrer qualquer forma de discriminação).
4. Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher
Adotada pela ONU em 18.12.1979. Promulgada pelo Decreto 4.377/2002 (foi promulgada em março de 84 com reservas, retiradas em 1994).
Foidentre as Convenções da ONU, a que mais recebeu reservas por parte dos países que a ratificaram. Foi a convenção que recebeu o maior número de reservas ou objeções. Estas reservas concentram-se na cláusula de igualdade entre homens e mulheres na família por argumentos religiosos, culturais ou legais, havendo um espaço maior para o exercício de direitos em âmbito público. Estas ressalvas acontecem basicamente em países de origem oriental, principalmente nos países que professam o Islamismo.
A discriminação contra a mulher significa toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo, exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e das liberdade fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo.
Artigo 1º: Para os fins da presente Convenção, a expressão "discriminação contra a mulher" significará toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo.
A Convenção determina, portanto, a erradicação de toda discriminação contra as mulheres, para garantir-lhes o pleno exercício de seus direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais.
Ao ratificar a Convenção, os Estados-membros assumiram o compromisso de, progressivamente, eliminar todas as formas de discriminação, no que tange ao sexo, assegurando a efetiva igualdade entre eles.
No plano infraconstitucional brasileiro, deve-se destacar a vigência da Lei nº 11.340/2006 (Combate à Violência Doméstica – Lei Maria da Penha).
Além da abrangente proibição, a convenção contém uma série de obrigações positivas para garantir a eliminação da discriminação na vida política e pública (parte II), nas questões econômicas, sociais e culturais (parte III) e em termos do direito civil (parte IV). Disposições especiais referem-se à eliminação do tráfico de mulheres e da prostituição.
A convenção dispõe de um mecanismo de fiscalização sob forma de um Comitê de especialistas que recebe os relatórios dos Estados-Partes. Em dezembro de 2000, entrou em vigor um Protocolo Facultativo, de modo que o Comitê pode agora lidar com comunicações individuais. 
Ao ratificar o Protocolo Opcional o Estado reconhece a competência do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Contra a Mulher – órgão que monitora o cumprimento da Convenção por parte dos Estados signatários – para receber e analisar queixas de indivíduos ou grupos dentro de sua jurisdição. O Brasil promulgou o protocolo facultativo em 30/07/2002.
5. Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes
A Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos e Punições Cruéis, Desumanos e Degradantes foi adotada pela ONU em 1984, ratificada pelo Brasil em 1989 (Aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 4, de 23/05/1989, e promulgado pelo Decreto nº 40, de 15/02/1991).
A tortura é definida no artigo 1º da Convenção:
Para fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de Ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
A Convenção, em suas disposições, assegura, entre outros, os seguintes direitos a que os Estados-partes se obrigam: proibição total da tortura e a proteção contra atos de tortura e outras formas de tratamento cruel, desumano ou degradante, conclamando os Estados a adotarem as medidas necessárias para impedir essas práticas; consagra, ainda, a regra da impossibilidade de derrogação da proibição da tortura, ao estabelecer que em nenhum caso poderão ser invocadas circunstâncias excepcionais, tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para tortura, além de que a obediência hierárquica (ordem de um funcionário público ou de uma autoridade pública) não poderá ser adotada como justificativa para tanto; proibição de expulsão, devolução ou extradição de pessoas para Estados quando houver risco efetivo de virem a ser torturadas; criminalização, na legislação penal de cada Estado-parte, das condutas que configurem tortura (nas formas consumada e tentada e em coautoria); cooperação com outros Estados para a prisão, detenção e extradição de torturadores; investigar prontamente alegações de tortura, examinando toda denúncia de maneira imparcial; direito de que a declaração obtida mediante tortura não seja invocada como prova em qualquer processo; direito às vítimas de tortura à reparação e indenização justa e adequada, inclusive à completa reabilitação.
O sistema de controle, da mesma maneira que ocorre com a Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial, há três mecanismos de controle e de monitoramento, que são: as petições individuais, os relatórios e as comunicações interestatais. O órgão de controle é o Comitê contra a Tortura (Parte II – artigos 17 ao 24).
Destaque-se que da mesma forma estabelecida na Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial, exige-se que o Estado-parte faça uma declaração autorizando (habilitando) o Comitê contra a Tortura a receber as comunicações individuais e as interestatais.
A comunicação individual deve ter por base a violação a direito previsto na Convenção contra a Tortura e os critérios de admissão da petição, os métodos de apreciação e a natureza da decisão são semelhantes aos adotados pelos Comitês de Direitos Humanos e sobre a Eliminação da Discriminação Racial.
O Comitê contra a Tortura apresenta uma peculiaridade em relação aos demais Comitês estabelecidos pelas diversas Convenções. No caso de denúncia fidedigna de prática sistemática de tortura em um Estado-parte, detém o Comitê competência, caso haja concordância do Estado-parte envolvido, de realizar uma visita para investigação no próprio território desse Estado-parte (tal previsão encontra-se no artigo 20, 3, da Convenção).
Caso o Comitê chegue a conclusão de que houve violação a direito previsto na Convenção, solicitará ao Estado-parte informações sobre as ações adotadas para satisfazer cumprimento à decisão do Comitê.
Para realmente se conseguir uma prevenção eficaz, foi necessária a criação de um organismo que pode visitar, nos Estados-Partes, delegacias de polícia, prisões e estabelecimentos similares rapidamente e sem convite prévio. Isso foi formado com o Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura em 18/12/2002. Em 22/6/2006, entrou em vigor um Subcomitê da Convenção que tem esse poder. Ele age pelo sério compromisso de superar a tortura que, no início de 2009, 46 países já haviam ratificado. Entre eles encontra-se o Brasil desde 2007.
O Decreto nº 6.085, de 19 de Abril de 2007. Promulga o Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotado em 18 de dezembro de 2002.
Artigo 1º: O objetivo do presente Protocolo é estabelecer um sistema de visitas regulares efetuadas por órgãos nacionais e internacionais independentes a lugares onde pessoas são privadasde sua liberdade, com a intenção de prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
No Brasil, A Constituição Federal vigente, no artigo 1º, inciso III, estabelece que a República Federativa do Brasil tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. Desse modo, rechaça a hipótese de conivência com a tortura.
Além disso, o artigo 5º, inciso III, estabelece que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”, bem como o inciso XLIII reza: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.
Para viabilizar a proteção constitucional, o legislador ordinário regulamentou o assunto pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997, que define os crimes de tortura. Tal providência atendeu ao artigo 4º da Convenção contra a Tortura, no qual está estabelecido que cada Estado-parte assegurará que todos os atos de tortura sejam considerados crimes segundo a sua legislação penal.
6. Convenção sobre os direitos da criança
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi admitida pela Assembleia Geral da ONU em 20.11.1989. Adotada pela Assembleia Geral, a Convenção começou a ser assinada em 26.1.1990. No Brasil, o Decreto nº 99.710 de 21 de novembro de 1990, promulgou a Convenção sobre os Direitos da Criança.
A Convenção estabelece vários direitos importantes tais como: o direito à vida, à habitação, acesso a serviços médicos preventivos e de saúde, saneamento básico e o direito à convivência familiar (sobrevivência), o acesso à educação, divertimento e lazer, atividades culturais, acesso à informação e o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião (desenvolvimento), a defesa de todas as formas de exploração, crueldade, separação arbitrária da família e abusos do sistema da Justiça (proteção), a liberdade de expressão, opinião e também o direito de ter um papel ativo na sociedade (participação).
A Convenção, no seu artigo 1º, declara expressamente quais são os destinatários da proteção integral: “Todo ser humano com menos de 18 anos, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes”.
Regras foram estabelecidas para que a criança seja ouvida quanto aos assuntos a ela pertinentes, estando aí o princípio da igualdade estabelecido pela Carta das Nações Unidas, equiparando os direitos da criança aos dos adultos, colocando-a como um membro da sociedade humana. Nesse sentido, é o posicionamento do artigo 12 da Convenção, onde se lê: 
Artigo 12. 1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formular seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança. 2. Com tal propósito, se proporcionará à criança, em particular, a oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional.
No ordenamento jurídico brasileiro pode ser destacado: o artigo 227 da Constituição Federal de 1988, que estabelece: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com prioridade absoluta, o direito à vida, à alimentação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
No plano infraconstitucional, a proteção das crianças e adolescentes é regida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/90), que no seu artigo 4º prevê: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
7. Convenção sobre o direito das pessoas com deficiência
A Convenção foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 2006 e entrou em vigor em 2008. Promulgada no Brasil em 25 de agosto de 2009, pelo Decreto nº 6949/09, que também promulgou o protocolo facultativo assinado em 30 de março de 2007.
O objetivo da Convenção sobre os Direitos de Pessoas com Deficiência é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, bem como promover o respeito pela sua dignidade. “Pessoas com deficiência” são pessoas com deficiências físicas, psíquicas, mentais ou sensoriais, que, em conjunto com diversas barreiras, podem impedir a participação plena e igualitária com outros na sociedade.
Artigo 1º: O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. 
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
No artigo 3 da Convenção são formulados oito princípios fundamentais:
a) o respeito pela dignidade inerente, independência da pessoa, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e autonomia individual;
b) a não-discriminação;
c) a plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
d) o respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;
e) a igualdade de oportunidades;
f) a acessibilidade;
g) a igualdade entre o homem e a mulher; e
h) o respeito pelas capacidades em desenvolvimento de crianças com deficiência e respeito pelo seu direito a preservar sua identidade.
A convenção prevê a criação de um Comitê para analisar relatório dos Estados-partes sobre as medidas adotadas em cumprimento de suas obrigações (art. 35)
O artigo 1º do Protocolo Facultativo estabelece que:
1. Qualquer Estado Parte do presente Protocolo (“Estado Parte”) reconhece a competência do Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (“Comitê”) para receber e considerar comunicações submetidas por pessoas ou grupos de pessoas, ou em nome deles, sujeitos à sua jurisdição, alegando serem vítimas de violação das disposições da Convenção pelo referido Estado Parte.
2. O Comitê não receberá comunicação referente a qualquer Estado Parte que não seja signatário do presente Protocolo.
PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS POR ÓRGÃOS DA ONU
Além da proteção dos direitos humanos por órgãos dos tratados, a ONU é obrigada a defender os Direitos Humanos por força da Carta, o que acontece por meio de órgãos da ONU.
1. Conselho de Direitos Humanos
É o órgão central para a proteção dos Direitos Humanos dentro do sistema da ONU. Criado pela Resolução 60/251, de abril de 2006, da Assembleia Geral da ONU.
Tem sede em Genebra (Suíça) e substituiu a Comissão de Direitos Humanos.
É composto por 47 Estados eleitos pela Assembleia Geral da ONU para um período de 03 anos. 
Com relação à eleição dos Estados membros, consta da Resolução que quando da eleição dos Estados devem considerar a contribuição dos candidatos à promoção e proteção dos Direitos Humanos (os candidatos devem ter um bom histórico com relação a Direitos Humanos).
Alguns países membros: China (denúncias de perseguição aos opositores e dissidentes, prisioneiros políticos seriam torturados e julgados sem defesa), Cuba (mesma acusação) e Arábia Saudita (desculpade combate ao terrorismo).
O Conselho é responsável por promover o respeito universal pela proteção aos Direitos Humanos e às liberdades fundamentais, sem distinção de espécie alguma e de maneira justa e igualitária.
Ocupa-se principalmente com violações graves e sistemáticas dos Direitos Humanos e pode fazer recomendações a esse respeito.
Deve ainda promover a coordenação eficaz e a integração de questões de Direitos Humanos em todos os âmbitos do sistema das Nações Unidas.
Atua como um fórum para o diálogo sobre questões temáticas de todos os Direitos Humanos e apresenta à Assembleia da ONU recomendações para o desenvolvimento internacional nessa área.
Através do mecanismo denominado Revisão Periódica Universal o Conselho avalia a situação dos direitos humanos nos estados membros da ONU (a cada 04 anos). 
2. Comitê Consultivo e outras Comissões
O Comitê Consultivo do Conselho de Direitos Humanos presta assistência ao Conselho de Direitos Humanos.
Também há uma Comissão para o Status da Mulher, que se ocupa exclusivamente da igualdade entre os sexos e do desenvolvimento das mulheres no mundo.
Também há a Comissão para a Prevenção do Crime e Justiça Penal e o Fórum Permanente para Assuntos Indígenas.
O Alto-Comissariado da ONU para Direitos Humanos tem a tarefa de promover e proteger os Direitos Humanos no mundo. Para tanto, realiza suas próprias pesquisas; organiza seminários sobre questões atuais; engaja-se na intermediação dos direitos humanos pelo mundo; procura o diálogo com os governos. Este órgão atribui grande valor à cooperação e participação de organizações não governamentais e de grupos da sociedade civil e apoia a criação de instituições nacionais de Direitos Humanos.
3. Assembleia Geral da ONU
Tem responsabilidade geral por todas as questões no âmbito das finalidades da Carta da ONU, com exceção ao disposto no art. 12, que dá prioridade ao Conselho de Segurança. Portanto, os Direitos Humanos entram no âmbito de sua competência.
ARTIGO 10 - A Assembleia Geral poderá discutir quaisquer questões ou assuntos que estiverem dentro das finalidades da presente Carta ou que se relacionarem com as atribuições e funções de qualquer dos órgãos nela previstos e, com exceção do estipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações aos Membros das Nações Unidas ou ao Conselho de Segurança ou a este e àqueles, conjuntamente, com referência a qualquer daquelas questões ou assuntos.
ARTIGO 12 - 1. Enquanto o Conselho de Segurança estiver exercendo, em relação a qualquer controvérsia ou situação, as funções que lhe são atribuídas na presente Carta, a Assembleia Geral não fará nenhuma recomendação a respeito dessa controvérsia ou situação, a menos que o Conselho de Segurança a solicite.
ARTIGO 24 - 1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por parte das Nações Unidas, seus Membros conferem ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais e concordam em que no cumprimento dos deveres impostos por essa responsabilidade o Conselho de Segurança aja em nome deles.
A Assembleia Geral dedica-se extensivamente aos Direitos Humanos, tendo aprovado todos os tratados de Direitos Humanos elaborados pela ONU.
Também realiza conferencias mundiais, como, p. ex., a Cúpula do Milênio, realizada em 2000, na qual foram discutidos os objetivos mais importantes do desenvolvimento humano no início do terceiro milênio.
O resultado são os Millenium Development Goals, no centro do qual estão direitos humanos fundamentais (educação, saúde, superação da pobreza). Segundo ele, em 2015, todos os Estados-Membros devem ter alcançado os seguintes objetivos:
• Redução pela metade do número de pessoas vivendo em pobreza absoluta
• Garantia de educação básica para todas as crianças
• Eliminação da discriminação contra mulheres na educação escolar
• Redução da mortalidade infantil em 2/3
• Redução da mortalidade materna em 3/4
• Fim da propagação da malária e da AIDS
• Desenvolvimento sustentável
• Proteção dos recursos naturais
• Redução pela metade de pessoas sem acesso a água potável
• Melhoria das condições de vida de 100 milhões de favelados até 2020
• Parceria para o desenvolvimento
• Sistemas financeiro e de comércio abertos
• Boa governança
• Luta contra a pobreza
• Ajuda financeira aos países mais pobres e àqueles sem acesso ao mar
• Supressão da dívida
• Programas de ocupação para jovens
• Acesso a medicamentos e comunicação
A Assembleia Geral também condena as violações dos direitos humanos. Assim, ela se voltou, por exemplo, à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte em 18/12/2007 com a Resolução n. 62/167. Foi salientado que a Coreia do Norte é obrigada a observar os direitos humanos, em razão de sua vinculação à ONU e aos Pactos dos Direitos Humanos da ONU. A Assembleia Geral mostra sua preocupação devido a violações sistemáticas e generalizadas dos direitos humanos e condena especialmente a tortura e as execuções públicas, detenções arbitrárias e condições desumanas de detenção, assim como as restrições severas das liberdades civis. Foi requisitado à Coreia do Norte que cessasse imediatamente essas violações. Essa resolução foi aceita com 101 votos em favor, 22 abstenções e 59 votos contra. O Brasil, assim como os países ocidentais, votou a favor da resolução, enquanto, por exemplo, Argentina, China, Irã, Cuba, Rússia, Síria, Zimbábue e Sudão votaram contra.
Juridicamente, a resolução é facultativa. Ela é um documento político de grande compromisso moral, reflete a opinião de pelo menos 2/3 da comunidade internacional. Naturalmente ela não pode ser imposta por meios coercitivos.
4. Conselho de Segurança
Segundo o art. 24 tem a responsabilidade principal pela paz mundial e deve agir rapidamente em caso de ameaça a essa paz.
ARTIGO 24 - 1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por parte das Nações Unidas, seus Membros conferem ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais e concordam em que no cumprimento dos deveres impostos por essa responsabilidade o Conselho de Segurança aja em nome deles.
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
1. Constitucionalização dos Direitos Humanos
Como visto a distinção entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais é apenas topográfica: quando inseridos em pactos internacionais chamam-se Direitos Humanos e quando positivados na Constituição de um Estado denominam-se Direitos Fundamentais.
Portanto, os Direitos Humanos, uma vez positivados nas Constituições, ganham status de Direitos Fundamentais.
A inserção desses direitos na Constituição, topo da escala normativa (Kelsen) confere-lhes caráter de supremacia e rigidez, não podendo ser modificados pelo processo legislativo ordinário.
Somente a partir do processo de democratização dos Brasil, deflagrado em 1985, é que o Estado brasileiro passou a ratificar relevantes tratados internacionais de direitos humanos. 
Assim, é clara a relação entre o processo de democratização no Brasil e o processo de incorporação de relevantes instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos, pois o processo de democratização permitiu a ratificação de relevantes tratados de direitos humanos e essa ratificação permitiu o fortalecimento do processo democrático através da ampliação e do reforço do universo dos direitos fundamentais por ele assegurado.
O legislador constituinte de 1988, atendo à história constitucional brasileira marcada por vários períodos antidemocráticos e pela supressão sistemática dos direitos e garantias fundamentais, não se limitou a prever regras mais rígidas para a alteração da Constituição, mas também limitou a competência do legislador constituinte reformador naquelas cláusulas reconhecidas como fundamentais à preservação da nova ordem constitucional instaurada.
Houve um aumento da rigidez constitucional com a inserção de matérias que não podem ser objeto de reforma constitucional, as denominadas cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, CF).[1: § 4º - Não será objetode deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.]
Daí falar-se que a Constituição brasileira é super-rígida porque há um núcleo imodificável, determinadas normas que não podem ser objeto de emenda porque formam o cerne da Constituição (núcleo intangível da Constituição – Carl Schmitt).
Há autores que sustentam a tese de superconstitucionalidade das cláusulas pétreas, ou seja, conjunto de princípios e normas constitucionais hierarquicamente superiores aos demais dispositivos da Constituição (não se fala em supraconstitucionalidade, pois embora superiores esses dispositivos ainda se encontra dentro da Constituição).
O § 4º do art. 60 da CF prevê que não será objeto de deliberação proposta de emenda tendente a abolir cláusulas pétreas.
Para o STF isto significa que emenda não poderá suprimir, nem introduzir modificação que enfraqueça cláusula pétrea, que altere seus elementos conceituais, substanciais. Portanto, não é vedada apenas a emenda que elimina uma cláusula pétrea, também é vedada aquela que acaba por consequência enfraquecendo a cláusula pétrea (o STF reconhece que as limitações materiais não determinam a intangibilidade literal das cláusulas pétreas, pois são admitidas modificações que não as enfraqueça ou mesmo que as fortaleçam).
Nada impede que emenda introduza modificação que não enfraqueça ou mesmo que fortaleça cláusula pétrea. Assim, a matéria considerada cláusula pétrea não é intocável, ela pode sofrer modificações, mas modificações que não atinjam seus elementos estruturais de modo a enfraquecê-la.
A preocupação com a proteção dos direitos humanos é observada desde o preâmbulo da Constituição ao consagrar a instituição de um Estado Democrático destinado a “assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais (...)”.
A dignidade da pessoa humana foi elevada ao status de fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, III).
O legislador constituinte demonstra sua preocupação com a dignidade e o bem estar da pessoa humana também no art. 3º ao instituir os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.
A Constituição também elenca como princípio que rege o Estado brasileiro nas relações internacionais a prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II).
Por fim, a Constituição prevê extenso rol de direitos, que se apresentam expressos e dispersos por todo o texto constitucional.
Expressos e dispersos por todo o texto constitucional: eles não se limitam ao Título II da CF.
Ex.: o art. 196 (da ordem social) apresenta o direito à saúde (direito fundamental que não está no Título II); a imunidade tributária já reconhecida como direito fundamental pelo STF (está prevista na ordem tributária, mas é direito fundamental).
Implícitos no texto: decorrem do regime e dos princípios adotados pela CF.
Ex.: princípio da proporcionalidade, que está implícito no devido processo legal; direito à incolumidade física que decorre da proibição do tratamento desumano e da tortura; direito ao segredo ou sigilo, que decorre do direito à privacidade e à intimidade e é base do direito ao sigilo da fonte de informações.
Decorrentes dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte
Ex.: a impossibilidade de prisão civil do depositário infiel, conforme Pacto de São José da Costa Rica.
O art. 5º, §2º, da CF, que apresenta estas perspectivas, corrobora que o rol de direitos fundamentais não é exaustivo.
2. Incorporação dos Tratados de Direitos Humanos
Existem quatro correntes em relação à hierarquia dos tratados internacionais de proteções dos direitos humanos na legislação brasileira:
Hierarquia supraconstitucional
Hierarquia constitucional
Hierarquia de lei ordinária
Hierarquia infraconstitucional, mas supralegal
2.1. Hierarquia supraconstitucional (Celso Albuquerque de Mello)
As normas constitucionais não têm poderes revogatórios em relação às normas internacionais.
A crítica a esta posição rege-se pelo fato de que o Brasil rege-se pelo princípio da supremacia formal e material da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico. Entendimento diverso anularia a possibilidade de controle de constitucionalidade de diplomas internacionais. 
2.2. Hierarquia constitucional (Flávia Piovesan, Antônio Augusto Cançado Trindade, Valério Mazzuoli)
É adotada pela maioria da doutrina, apesar de minoritária no STF.
Seus defensores afirmam que basta o Estado brasileiro ratificar um tratado de direitos humanos, excetuados os demais, este ingressa diretamente em nossa legislação com força de norma constitucional (Teoria Monista).
Os tratados internacionais protetivos de direitos humanos têm caráter de norma constitucional, por força do disposto no art. 5º, § 2º, da CF.
Para este corrente os tratador internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil têm aplicabilidade direta (art. 5º, § 1º, CF) e hierarquia constitucional (art. 5º, § 2º, da CF).
Afirma-se que se a CF estabelece que os direitos e garantias nela elencados não excluem outros provenientes de tratados internacionais em que o Brasil seja parte, é porque ela própria autoriza que os direitos e garantias internacionais constantes dos tratados de proteção aos direitos humanos ratificados pelo Brasil se incluem no nosso ordenamento jurídico interno, passando a ser considerados como se escritos na Constituição estivessem.
Se os direitos e garantias expressos no texto constitucional não excluem outros provenientes dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte, significa que, quando esses tratados passam a asseguram outros direitos e garantias, a Constituição aos inclui no seu catálogo de direitos protegidos, ampliando o bloco de constitucionalidade.
E na hipótese de conflito entre a norma internacional e o direito interno deve prevalecer a norma de melhor proteja os direitos humanos.
Também se afirma que, à luz do art. 5º, § 2º, da CF os direitos fundamentais podem ser classificados em três distintos grupos: a) o dos direitos expressos na Constituição; b) o dos direitos implícitos, decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Carta constitucional; e c) o dos direitos expressos nos tratados internacionais subscritos pelo Brasil.
A Constituição de 1988 inova, assim, ao incluir, dentre os direitos constitucionalmente protegidos, os direitos enunciados nos tratados internacionais de que o Brasil seja signatário. Ao efetuar tal incorporação, a Carta está a atribuir aos direitos internacionais uma natureza especial e diferenciada, qual seja, a de norma constitucional.
Esse tratamento jurídico diferenciado aos tratados de direitos humanos se justifica, na medida em que apresentam um caráter especial, distinguindo-se dos tratados internacionais comuns. Enquanto estes buscam o equilíbrio e a reciprocidade de relações entre Estados-partes, aqueles transcendem os meros compromissos recíprocos entre os Estados pactuantes, tendo em vista que objetivam a salvaguarda dos direitos do ser humano e não das prerrogativas dos Estados.
Logo, por força do art. 5º, §§ 1º e 2º, a CF atribui aos direitos enunciados em tratados internacionais a natureza de norma constitucional, incluindo-os no elenco dos direitos constitucionalmente garantidos, que apresentam aplicabilidade imediata.
Conclui-se, portanto, que o Direito brasileiro faz opção por um sistema misto, que combina regimes jurídicos diferenciados: um regime aplicável aos tratados de direitos humanos e um outro aplicável aos tratados tradicionais.
Enquanto os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos — por força do art. 5º, § 2º — apresentam natureza de norma constitucional, os demais tratados internacionais apresentam natureza infraconstitucional.
Ao admitir-se a natureza constitucional de todos os tratados de direitos humanos, há que se ressaltar que os direitos constantes nos tratados internacionais, como os demais direitos e garantias individuais consagrados pelaConstituição, constituem cláusula pétrea e não podem ser abolidos por meio de emenda à Constituição.
No entanto, estabelece o § 3º do artigo 5º que os tratados internacionais de direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos votos, serão equivalentes às emendas à Constituição.
Desde logo, há que se afastar o entendimento de que, em face do § 3º do art. 5º, todos os tratados de direitos humanos já ratificados seriam recepcionados como lei federal, pois não teriam obtido o quórum qualificado de 3/5. Reitere-se que, por força do artigo 5º, § 2º, todos os tratados de direitos humanos, independentemente do quórum de sua aprovação, são materialmente constitucionais. O quórum qualificado está tão somente a reforçar tal natureza constitucional, ao adicionar um lastro formalmente constitucional. Isto porque não seria razoável sustentar que os tratados de direitos humanos já ratificados fossem recepcionados como lei federal, enquanto que os demais adquirissem hierarquia constitucional exclusivamente em virtude de seu quórum de aprovação. 
Acredita-se que o novo dispositivo vem a reconhecer de modo expresso a natureza materialmente constitucional dos tratados de direitos humanos. Contudo, para que os tratados de direitos humanos obtenham assento formal na Constituição, requer-se a observância de quórum qualificado de 3/5 dos votos dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos – que é justamente o quórum exigido para a aprovação de emendas à Constituição.
Nesta hipótese, os tratados de direitos humanos formalmente constitucionais são equiparados às emendas à Constituição, isto é, passam a integrar formalmente o texto constitucional.
Vale dizer, com o advento do § 3º do artigo 5º surgem duas categorias de tratados de direitos humanos: a) os materialmente constitucionais; e b) os material e formalmente constitucionais. Frise-se: todos os tratados internacionais de direitos humanos são materialmente constitucionais, por força do § 2º do artigo 5º. Para além de serem materialmente constitucionais, poderão, a partir do parágrafo 3o do mesmo dispositivo, acrescer a qualidade de formalmente constitucionais, equiparando-se às emendas à Constituição, no âmbito formal.
Ainda que todos os tratados de direitos humanos sejam recepcionados em grau constitucional, por veicularem matéria e substância essencialmente constitucional, importa realçar a diversidade de regimes jurídicos que se aplica aos tratados apenas materialmente constitucionais e aos tratados que, além de materialmente constitucionais, também são formalmente constitucionais. 
E a diversidade de regimes jurídicos atém-se à denúncia, que é o ato unilateral pelo qual um Estado se retira de um tratado. Enquanto os tratados materialmente constitucionais podem ser suscetíveis de denúncia, os tratados material e formalmente constitucionais, por sua vez, não podem ser denunciados.
Várias são as hipóteses consagradas pela Convenção de Viena em relação à extinção dos tratados, destacando-se as seguintes:
Mútuo consentimento
Expiração do prazo
Denúncia
Execução integral do objeto
Impossibilidade física de execução do objeto
A denúncia representa meio unilateral através do qual um sujeito vinculado ao tratado expressa a sua vontade de em relação a ele não mais se obrigar (é o contrário da ratificação e da adesão).
Para alguns autores a denúncia não seria ato unilateral, pois quando o tratado prever a possibilidade da denúncia, ela teria sido previstas por vários dos sujeitos.
Como regra, o rompimento de relações diplomáticas entre dois Estados não acarreta a extinção dos tratados que vigorem entre eles (dependendo do objeto do tratado pode ser que a ruptura faça com que seja inviabilizado o cumprimento de seu objeto).
Os tratados internacionais de direitos humanos materialmente constitucionais são suscetíveis a denúncia por parte do Estado signatário. Com efeito, os tratados internacionais de direitos humanos estabelecem regras específicas concernentes à possibilidade de denúncia por parte do Estado signatário. Os direitos internacionais poderão ser subtraídos pelo mesmo Estado que os incorporou, em face das peculiaridades do regime de direito internacional público. Vale dizer, cabe ao Estado-parte tanto o ato de ratificação do tratado, como o ato de denúncia, ou seja, o ato de retirada do mesmo tratado. Os direitos internacionais apresentam, assim, uma natureza constitucional diferenciada.
Nenhuma das Constituições brasileiras tratou especificamente do tema relativo à denúncia de tratados internacionais e que os artigos 49, I e 84, VIII, da CF/88, embora não admitissem a participação do Congresso Nacional na denúncia dos tratados, também não seriam expressos ao vedar essa participação. Tendo isso em conta, reputou necessário analisar o papel que o Congresso Nacional possuiria historicamente na processualística dos tratados internacionais. No ponto, ressaltou que o papel do Legislativo na história constitucional brasileira não se limitaria a uma postura meramente passiva de aprovação ou reprovação de tratados, e citou ocasiões em que o Poder Legislativo aprovou tratado com ressalvas, ou até mesmo o emendou. Em seguida, afirmou que a Constituição de 1988 fortaleceu extremamente o papel do Poder Legislativo em várias áreas, e que, por isso, seria inviável levar adiante um argumento de natureza constitucional que pretendesse dele retirar uma função relevante na denúncia de tratados, ante a ausência total de normas a respeito. Aduziu, também, que o atual texto constitucional — ao estabelecer de maneira sistemática, pela primeira vez na história constitucional, princípios que regem as relações exteriores do Brasil (art. 4º) —, teria reforçado o papel do Parlamento em matéria de política exterior (INFORMATIVO DO STF N° 549, 2009).
Já os tratados material e formalmente constitucionais não podem ser objeto de denúncia. Isto porque os direitos neles enunciados receberam assento no texto constitucional, não apenas pela matéria que veiculam, mas pelo grau de legitimidade popular contemplado pelo especial e dificultoso processo de sua aprovação, concernente à maioria de 3/5 dos votos dos membros, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação. Ora, se tais direitos internacionais passaram a compor o quadro constitucional, não só no campo material, mas também formal, não há como admitir que um ato isolado e solitário do Poder Executivo subtraia tais direitos do patrimônio popular – ainda que a possibilidade de denúncia esteja prevista nos próprios tratados de direitos humanos ratificados, como já apontado. É como se o Estado houvesse renunciado a esta prerrogativa de denúncia, em virtude da “constitucionalização formal” do tratado no âmbito jurídico interno.
Em suma: os tratados de direitos humanos materialmente constitucionais são suscetíveis de denúncia, em virtude das peculiaridades do regime de direito internacional público, sendo de rigor a democratização do processo de denúncia, com a necessária participação do Legislativo. Já os tratados de direitos humanos material e formalmente constitucionais são insuscetíveis de denúncia.
Em 2007 por votação não unânime (05 a 04) o Min. Celso Mello com voto decisivo conferiu força de norma constitucional aos tratados de direitos humanos, aprovados antes ou depois de 2004, abraçando em tese a teoria monista (MI 772 AGR e HC 91361).
2.3. Hierarquia de lei ordinária
Para a Teoria Dualista o Estado brasileiro ao ratificar um tratado nasce ao país o compromisso de cumpri-lo perante a comunidade internacional, pois num segundo momento deve ser criada uma lei ordinária para recepcionar o tratado. Desta feita, os tratados de direitos humanos ou não têm força de lei ordinária.
O fundamento desta teria está no art. 102, III, ‘b’, da CF (cabe ao STF apontar a inconstitucionalidade de lei ou tratado, o que significa que o tratado tem a mesma hierarquia de lei ordinária, seja ele de direitos humanos ou não).
Esta era a posição majoritária o STF até

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