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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2º REGIÃO. EDITORA BONS ESTUDOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº (...), situada na (endereço completo com CEP e cidade), endereço eletrônico (...), por seu advogado que esta subscreve, vem a presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, LXIX, da Constituição Federal, c/c a Lei 12. 016/2009, impetrar tempestivamente o presente: MANDADO DE SEGURANÇA C/C PEDIDO DE LIMINAR em face do ato emanado do M.M. JUIZ DA 10º VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO – SP e ARNALDO VALENTE, na qualidade de Litisconsorte, já qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista do processo nº (...). I - HISTÓRICO PROCESSUAL O Litisconsorte propôs reclamação trabalhista contra a Impetrante, pleiteando liminar em tutela antecipada. O Litisconsorte requereu sua reintegração à Impetrante em razão de ter sido eleito representante dos empregados na CIPA, pleito este admitido pela autoridade coatora que reintegrou o empregado liminarmente. Todavia, a Impetrante não poderá aguardar o julgamento final do processo, pois o Litisconsorte agrediu fisicamente o empregador na empresa na presença de várias testemunhas e foi dispensado por justo motivo. II - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA No processo laboral, ante o que dispõe o artigo 893, parágrafo 1º, da CLT, subsiste o princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias. Caberá mandado de segurança quando tratar-se de violação a direito líquido e certo não amparado por habeas corpus nem habeas data provocada ilegalmente e com abuso de poder por autoridade, qual seja, o juiz do trabalho da 10ª Vara do Trabalho de São Paulo – SP, bem como por não se tratar das hipóteses previstas nos incisos do artigo 5º, Lei 12.016/09, é cabível o presente mandado de segurança, visto que impetrado tempestivamente nos termos do artigo 23, Lei 12.016/09. Assim, como o processo do trabalho não dispõe de nenhum outro remédio para manifestar o inconformismo imediato de decisões interlocutórias, sendo este o fato em questão, não resta alternativa a Impetrante senão a impetração do presente mandado de segurança. III - DA CASSAÇÃO DA LIMINAR O empregado membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) perde direito a estabilidade em caso de cometer falta grave junto a empresa que resulte em demissão por justa causa, ou se a empresa for extinta. O parágrafo único, do artigo 165 da CLT, dispõe que por motivo disciplinar, técnico, econômico e financeiro, pode haver a despedida arbitrária, desde que seja comprovado a existência da justa causa, fato incontroverso, haja vista que o Litisconsorte agrediu fisicamente o empregador na presença de várias testemunhas. Artigo 165 da CLT, transcreve: Art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA(s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo- se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Isto posto, a dispensa do Litisconsorte não foi arbitrária, mas sim decorreu da insustentabilidade do contrato de trabalho, motivo provocado pelo próprio empregado, tendo sido sua demissão, portanto, fundada em motivo disciplinar. Seguindo o mesmo entendimento o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) no artigo 10º, inciso II, alínea “a”, expressa: Art. 10 (...) “II - Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: a)do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato; Portanto, a agressão física é considerada um motivo para um desligamento justificado, ou seja, sem a garantia de uma série de direitos. Ademais, a justa causa é fundamentada pelo artigo 482, alínea “K”, da CLT, pede vênia para transcrever: k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem Logo, não há como permitir o retorno do Litisconsorte ao emprego, pois a responsabilidade que sempre deve reger a relação de emprego não mais subsiste, sendo assim não deve se admitir a integração. Destarte, uma vez configurado o motivo disciplinar, mesmo que tenha ocorrido a dispensa sem justa causa, não há o direito à reintegração, visto que é excepcionado a estabilidade do membro da CIPA nos casos de despedida por motivo socialmente justificável, não exigindo a imposição das consequências da dispensa motivada. IV - DA LIMINAR DE SEGURANÇA Para a concessão da medida liminar, devem concorrer dois requisitos legais, ou seja, a relevância dos motivos em que se assenta o pedido na inicial e a possibilidade de ocorrência de lesão irreparável ao direito da Impetrante se vier a ser reconhecido na decisão de mérito – fumus boni juris e periculum in mora. Nesse sentido, o artigo 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009, que disciplina o mandado de segurança, dispõe que a liminar será concedida, suspendendo-se o ato que deu motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento do pedido e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida. Em uma análise de cognição sumária, no caso ora apresentado, é imperativo de Justiça a concessão da medida liminar a Impetrante. Conforme restou demonstrado o Litisconsorte teve sua demissão por justa causa devido uma infração disciplinar, logo ausentes os requisitos autorizadores da concessão de liminar. Neste aspecto, destaca Celso Riberio Bastos: O direito líquido e certo é conceito de ordem processual, que exige a comprovação dos pressupostos fáticos da situação jurídica a preservar. Consequentemente, direito líquido e certo é conditio sine qua non do conhecimento do mandado de segurança, mas não é conditio per quam para a concessão da providencia judicial O “fumus boni juris” encontra respaldo no postulado constitucional da presunção de inocência, que impede suposições e juízos prematuros de culpabilidade sobre a Impetrante até que sobrevenha, conforme dispõe o artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, transcreve: Art. 5º (...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória Oportuno ressaltar que a ineficácia da medida, caso não seja deferida de imediato, o “periculum in mora”, pode trazer prejuízos de difícil reparação, haja vista que o representante legal da Impetrante teme por sua integridade física. Desse modo, presentes todos os requisitos autorizadores da medida liminar, espera-se que a mesma seja concedida, de modo a evitar maiores prejuízos a Impetrante. V - DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) Seja recebido e autuado o presente Mandado de Segurança, processando-o na forma da lei; b) Seja concedida a liminar para concessão definitiva da segurança com a revogação da liminar deferida ao Litisconsorte, assegurando-se o direito líquido e certo a Impetrante; c) Ausentes os requisitos autorizadores da concessão de liminar ao Litisconsorte, requer seja o pedido de liminar revogado, respeitando-se o trâmite normal do processo, com o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa; d) Requer, a condenação do Litisconsorte no pagamento das despesas processuais na forma da lei; e) Requer, a intimação da autoridade coatora, bem como do litisconsorte, para se manifestar acerca dos fatos narrados, bem como a manifestação do ilustre representante do Ministério Público do Trabalho. Diante do exposto, requer a PROCEDÊNCIA do presente Mandado de Segurança, seja concedida a medida liminar pretendida, com a consequente revogação do ato impugnado até decisão final da causa. Provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, em especial prova documental. Dá-se acausa o valor de R$ (Valor certo e determinado). Nestes termos, pede deferimento. São Paulo. data Advogado OAB nº (...)
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