Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 PMSUS - DOENÇA RENAL CRÔNICA A DRC é definida como uma lesão renal por tempo igual ou maior que 3 meses, caracterizada por anormalidades estruturais ou funcionais dos rins, com ou sem diminuição da FG, evidenciada por anormalidades histopatológicas ou de marcadores de lesão renal, incluindo alterações sanguíneas ou urinarias. Assim, a DRC é definida por 3 critérios: 1. Um componente anatômico ou estrutural (marcadores de dano renal ex: albuminúria >30mg/dl, hidronefrose, síndromes tubulares renais). 2. Um componente funcional (baseado na TFG <60ml/min); 3. Um componente temporal (igual ou maior que 3 meses) Na DRC não ocorre regeneração do parênquima renal, e por isso, a perda de nefrons é irreversível. Às vezes, no entanto, a doença renal crônica pode se instalar de forma aguda, como é o caso da glomerulonefrite rapidamente progressiva. Todas as nefropatias crônicas após um período, podem evoluir para a chamada Doença Renal em Fase Terminal (DRFT) em que se observa níveis residuais de TFG (<15% do normal). E nesse momento, a histopatologia renal perde as características da nefropatia inicial, apresentando: fibrose glomerular e intersticial, aliada à atrofia dos túbulos, ou seja, perda total dos néfrons. GRUPOS DE RISCO PARA DRC Alguns pacientes apresentam suscetibilidade aumentada para DRC e são considerados grupos de risco: Hipertensos: a hipertensão é comum na DRC, podendo acometer mais de 75% dos pacientes. Diabéticos: esses pacientes apresentam risco aumentado para DRC e devem ser monitorados frequentemente para doença renal. Idosos: a diminuição fisiológica da FG, as lesões renais que ocorrem com a idade, secundarias às doenças crônicas comuns tornam esses idosos mais susceptíveis. Paciente com doença cardiovascular: essa doença vai se associar independentemente com diminuição de FG e com ocorrência de DRC. Familiares de pacientes portadores de DRC: os familiares dos portadores de DRC apresentam prevalência aumentada de hipertensão, diabetes, proteinuria e doença renal. Pacientes em uso de medicações nefrotóxicas: o uso de medicações nefrotóxicas deve ser evitado em pacientes com FG menor que 60ml/min. ETIOLOGIA DA DRC No Brasil, a primeira causa de DRC é a hipertensão arterial sistêmica, a segunda é o diabetes, seguido pela glomerulonefrite crônica. Nos EUA observa-se o diabetes como principal etiologia da DRC (45%), seguido pela HAS e glomerulopatias. À medida em que a perda de néfrons progride, os néfrons remanescentes vão sendo “sobrecarregados”, isto é, eles tentam excretar – além de sua carga básica de solutos – os solutos que os néfrons perdidos excretariam, um processo conhecido como hiperfiltração adaptativa... Entretanto, a própria hiperfiltração adaptativa acaba induzindo lesão glomerular, inicialmente pelo processo de glomeruloesclerose segmentar focal (justificando a proteinúria crescente), que com o tempo evolui para glomeruloesclerose global difusa, acompanhada de fibrose e atrofia de todo o néfron. As drogas bloqueadoras do sistema renina-angiotensina- aldosterona, por bloquearem a ação da angiotensina II e evitarem a constrição da arteríola eferente, reduzem a hipertensão intraglomerular e a hiperfiltração, sendo capazes de retardar este processo. 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 1. ENTENDER A EPIDEMIOLOGIA DA DRC NO BRASIL E NO MUNDO. Estudos populacionais em diferentes países têm demonstrado prevalência de doença renal crônica de 7,2% para pessoas acima de 30 anos e 28% a 46% em indivíduos acima de 64 anos. Mesmo em estágios iniciais, a chance de morrer por doença cardiovascular é 46% maior em portadores de doença renal, sendo de 136% no estágio moderado da doença. Já nos pacientes em diálise, a mortalidade eleva-se de forma assustadora: uma pessoa de 30 anos tem a mesma chance de morrer que uma de 80 anos. No Brasil, cerca de dez milhões de pessoas têm alguma disfunção renal. A prevalência de doença renal crônica é de 50/100.000 habitantes, inferior ao que é visto nos Estados Unidos (110/100.000) e no Japão (205/100.000), o que sugere que seja uma doença subdiagnosticada no nosso meio. De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia existem em torno de 100 mil brasileiros em diálise, com uma taxa de internação hospitalar de 4,6% ao mês e uma taxa de mortalidade 17% ao ano. A grande maioria dos pacientes falece sem sequer ter acesso a essa terapia, por falta de diagnostico. O custo anual somente com a terapia renal substitutiva é mais de dois bilhões ao ano. As principais causas de perda da função renal no nosso meio são a hipertensão arterial (35% das causas), diabetes mellitus (28,5%) seguidas das glomerulonefrites (11,5%). Em um estudo realizado por AGUIAR et al.(2020), a DRC se mostrou mais prevalente em idosos, pessoas com baixa escolaridade, fumantes, hipertensos, pessoas com hipercolesterolomia e com estado de saúde em estado regular ou ruim DIAGNÓSTICO DA DRC 1. AVALIAÇÃO DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR: CLEARENCE DE CREATININA A filtração glomerular é a melhor medida do funcionamento renal em indivíduos normais ou que tenha a doença renal. É importante lembrar que a TFG diminui com a idade. A TFG <60ml/min já representa uma diminuição da função renal e quanto menor, maior a prevalência das complicações por DRC. Na prática clínica, a FG pode ser determinada pela dosagem da creatinina sérica e/ou pela depuração desta pelo rim. Mais recentemente, as diretrizes preconizam que a FG pode ser estimada a partir da dosagem sérica da creatinina (Crs), Equação de Cockcroft-Gault: 2. AVALIAÇÃO DA LESÃO DO PARÊNQUIMA RENAL A DRC pode ser diagnosticada sem o conhecimento da sua causa. Geralmente, o comprometimento do parênquima renal é confirmado por marcadores de lesão, em vez da biópsia renal. A proteinuria (albuminúria) >30mg/dia, persistente é o principal marcador da lesão. Pacientes com FG normal, mas com marcador (es) de lesão renal (particularmente albuminúria) apresentam risco aumentado para evolução da DRC CLASSIFICAÇÃO 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 1. ANEMIA A anemia é uma das primeiras manifestações da síndrome urêmica. Em geral, se instala quando a TFG cai abaixo de 30-40ml/min. Na doença renal em fase terminal, a anemia é um achado universal. A anemia urêmica é normocítica e normocrômica. É responsável por uma série de sintomas atribuídos à síndrome uremica, tais como astenia, indisposição física e mental, depressão, déficit cognitivo, insônia, cefaleia, diminuição da libido, anorexia e tendência ao sangramento. O principal fator implicado na gênese da anemia urêmica é a deficiência relativa de Eritropoetina, um hormônio produzido pelos rins e que em situações de hipóxia ou de anemia, age na medula óssea estimulando a diferenciação de células tronco em células progenitoras da série eritroide. Além desses fatores, possíveis agravantes da anemia em renais crônicos são a carência de ferro, carência de vitaminas (ácido fólico e B12) e intoxicação pelo alumínio. 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 TRATAMENTO: O tratamento da anemia urêmica baseia-se na reposição de Eritropoietina Recombinante por via subcutânea, devendo ser iniciado quando os níveis de hemoglobina caírem abaixo de 10g/ml. Essa reposição visa atingir uma hemoglobina média de 11g/ml (entre 10-12) e um hematócrito de 33% (entre 30-36). Antes de começar a eritropoietina recombinante é fundamental avaliar os estoques de ferro, caso contrário, a anemia não responderá adequadamente ao tratamento. Quando a saturação de transferrina for <20% ou a ferritina for <100ng/mg, é obrigatória a reposição de ferro por cinco semanas antes da primeira dose de eritropoietina. Um esquema comumente utilizado é: ferro parenteral (IV) 50-100 mg2 x/semana por cinco semanas. 2. OSTEODISTROFIA RENAL A osteodistrofia renal é um distúrbio da síndrome uremica que leva a alteração da matriz do osso e sua desmineralização, predispondo o paciente a dor óssea, fraturas patológicas e deformidades esqueléticas. Existem 2 tipos principais de doença óssea crônica: a) Osteopatia de alto metabolismo (alto turn over) decorrente do hiperparatireodismo secundário, também chamado de OSTEÍTE FIBROSA CÍSTICA. - Reabsorção subperiosteal das falanges; - Crânio em sal e pimenta; - Coluna em Rugger-Jersey; - Tumor marrom; TRATAMENTO: (1) Restringir fósforo na dieta (800-1000mg/dia); A restrição de proteínas é a principal maneira de se restringir a ingestão de fosfato. (2) Quelante orais de fósforo: sevelamer (Renagel); carbonato de Ca; (3) Vitamina D; calcitriol/paracalcitriol; (4) Calcimimético: cinacalcete. b) Osteopatia de baixo metabolismo (baixo turn over) também chamada de DOENÇA ÓSSEA ADINÂMICA. Diagnóstico: PTH reduzido e Ca elevado; Conduta: reduzir a intensidade do tratamento da osteíte fibrosa. Uma terceira forma, menos comum, é a osteomalácia, também de baixo turn over. TRATAMENTO FASE PRECOCE - ESTÁGIO G1, G2 e G3a A hipertensão arterial e a proteinúria são os principais problemas dessa fase. 5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 A hipertensão é causada ou agravada pela nefropatia. E é decorrente principalmente da retenção de sódio e do aumento relativo do SRAA. O controle da pressão arterial com um alvo <140x90mmHg ou <130x80mmHg (nos portadores de DRC proteinúrica) é a medida mais eficaz. As drogas de escolha são os Inibidores da ECA (IECA) ou Antagonistas da angio II. Os inibidores da ECA e os bloqueadores de receptores da angiotensina II (BRAs) inibem a vasoconstrição das arteríolas eferentes da microcirculação glomerular, que é induzida pela angiotensina. Essa inibição possibilita a redução da pressão de filtração intraglomerular e da proteinúria. Evidentemente, qualquer outro fator de risco cardiovascular presente também deve ser combatido nesta fase – obesidade, sedentarismo, tabagismo, dislipidemia, diabetes mellitus. A hiperuricemia deve ser tratada com drogas redutoras da produção endógena de ácido úrico (ex.: alopurinol, em doses corrigidas), evitando-se os uricosúricos (drogas que aumentam a excreção urinária de urato) por serem estes últimos menos eficientes na DRC. Restrição de proteínas na dieta: Os objetivos dessa restrição são a diminuição da produção de escórias nitrogenadas e a redução da “sobrecarga” de filtração glomerular FASE INICIAL DA SÍNDROME URÊMICA - ESTÁGIO G3B, G4. A hipertensão arterial exige diureticoterapia com diuréticos de alça (furosemida) em altas doses. Os casos refratários indicam associar outro anti-hipertensivo. Os inibidores da ECA ou antagonistas Da angio II devem ser feitos com muito cuidado, pelo risco de hipercalemia e retenção aguda de escórias nitrogenadas. Tratamento das manifestações: anemia e osteodistrofia renal. FASE TERMINAL - ESTÁGIO G5 Nesse momento, a indicação de algum método de substituição renal é inquestionável! O melhor é o Transplante Renal, mas a maioria dos pacientes acaba entrando no Programa de diálise. Como vimos, a diálise não melhora vários sinais e sintomas da síndrome urêmica. A dieta, neste momento, deve ter restrição proteica menos acentuada (1,2 – 1,3 g/kg/dia); Em relação aos distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos, o paciente deve fazer restrição dos seguintes elementos: sódio – 100 mEq/dia (reduzir a retenção volêmica), potássio – 40 mEq/dia (evitar hipercalemia) e água – 1.000-1.500 ml/dia. Quando o bicarbonato sérico estiver persistentemente abaixo de 20 mEq/L, está indicada a reposição oral de bicarbonato de sódio. A reposição de ferro e ácido fólico está indicada em todos os pacientes em programa de hemodiálise. 3. DESCREVER A ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL AO PACIENTE COM DRC. Nos últimos anos, alguns estudos têm avaliado a importância do trabalho em equipe interdisciplinar no tratamento de pacientes com DRC, com base em intervenções psicoeducacionais. Os benefícios desse tipo de intervenção foram observados em um estudo no qual os pacientes que receberam cuidado interdisciplinar na pré-diálise tiveram sobrevida de oito meses a mais após entrarem 6 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 em terapia dialítica, quando comparados aos pacientes que receberam apenas o cuidado médico tradicional (DEVINS et al., 2005). O papel da Enfermagem A atuação do enfermeiro na prevenção e diminuição da progressão da DRC se dá de uma forma ampla, a partir da necessidade do usuário. É necessário que se conheça os fatores de risco, bem como o diagnóstico e a categorização da doença, pois uma vez instalada há que se conhecer as formas de retardo da progressão, além do preparo para terapia renal substitutiva. Isto mostra que o enfermeiro possui importante papel de cuidador e educador, além do compromisso ético e profissional, que o torna um dos grandes responsáveis. O papel do nutricionista Para o paciente com DRC, a dieta é uma parte importante no plano de tratamento. A dieta recomendada pode ser modificada com o tempo se a DRC piorar. Devem ser feitos diversos exames para manter “sob controle” a saúde alimentar geral. Se a doença renal progredir e a TFG continuar a diminuir, a quantidade de proteínas, calorias e outros nutrientes devem ser ajustados para as novas necessidades (como diálise ou transplante, se for o caso). Papel do Serviço Social na Nefrologia Dentro da intervenção do Serviço Social na saúde, encontramos um novo campo de atuação que é o da Nefrologia, uma atuação que, nos centros de terapia renal substitutiva (TRS), possui um respaldo legal, sendo um reconhecimento da importância dos assistentes sociais na composição das equipes mínimas de atenção ao usuário com doença renal crônica (DRC) em TRS. Cabe ao assistente social orientar e encaminhar os usuários que atendam aos critérios estabelecidos em lei, bem como programas e projetos da Assistência Social, além de orientação e encaminhamento à rede socioassistencial pública e privada O papel da Psicologia Quando o paciente recebe o diagnóstico de DRC, ocorre uma série de mudanças na sua vida, como na dinâmica familiar – não raro com mudança de papéis -, aposentadoria precoce por mudanças na sua vida profissional e problemas financeiros. O papel do educador físico e do fisioterapeuta Os pacientes com DRC apresentam redução da qualidade de vida, na cognição, diminui-ção da capacidade física, perda da massa muscular e alta prevalência de sintomas como fadiga, náuseas e anorexia (WIGGINS; PATEL, 2010; BASTOS et al, 2011). A este estado clínico denominamos “fragilidade”. De acordo com Reboredo et al (2011), a realização de atividades físicas supervisionadas por fisioterapeutas nesta população vem sendo avaliada, principalmente em populações em diálise, com bons resultados. O papel do farmacêutico O processo de atenção farmacêutica obedece a uma sequência de passos conhecida como método clínico, seguido, de um modo geral, por todas as profissões de saúde, e inclui coleta de dados, identificação de problemas, implantação de um plano de cuidado e seguimento do paciente. Os farmacêuticos são especialistas em medicamentos e, portanto, são aptos a resolver problemas relacionados à farmacoterapia, com objetivo de promover seu uso racional e assim garantir sua máxima efetividade e segurança. O papel do dentista 7 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Qual o diferencial do atendimento do dentista em relação ao paciente com doença renal crônica? Para ilustrar este dado é interessante mostrar o conhecimento, em nosso meio, sobre uma das doenças bucais mais relacionadas à perda dentária e de alta prevalência em pacientes com DRC: a Doençaperiodontal (DP). 4. ESTUDAR A LINHA DE CUIDADO DA DRC NA ATENÇÃO BÁSICA. UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA SINAIS DE ALERTA DE AGUDIZAÇÃO/COMPLICAÇÃO O encaminhamento deve ser EMERGENCIAL se o paciente apresentar: Sinais e sintomas de lesão renal aguda (perda de função renal dentro de horas a dias - redução da taxa de filtração glomerular (TFG) e/ou do débito urinário (< 400 mL/dia no adulto) o Sintomas de uremia Gastrointestinais: Anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, sangramento digestivo Cardiovasculares: Arritmia supraventricular, pericardite, hipervolemia, edema pulmonar ou cerebral, tamponamento pericárdico, hipertensão arterial sistêmica. Se crise hipertensiva, consulte a Linha de cuidado da HAS Neurológicos: Letargia, confusão mental, convulsão, coma, agitação, tremor Urogenitais: Anúria, oligúria, hematúria, dor lombar Sinais e sintomas de infecção em pacientes em terapia renal substitutiva (TRS) Sangramento na fístula arteriovenosa Manejo Inicial Acomodar o paciente em local calmo e tranquilo Avaliar sinais vitais Questionar sobre potenciais fatores desencadeantes de lesão renal aguda Se sangramento na fístula arteriovenosa: Realizar compressão local seguida de curativo compressivo quando cessar o sangramento Atenção: Avaliar a repercussão do quadro no paciente. Realize contato com a Regulação Médica / Serviço de atendimento móvel/SAMU, para discutir a situação clínica e orientações do encaminhamento para unidade de emergência de referência, de acordo com a Rede de Atenção à Saúde local. https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/hipertensao-arterial-sistemica-(HAS)-no-adulto/ 8 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 ESTÁGIO 4 E 5 Pacientes em terapia renal substitutiva devem ser acompanhados em unidades de atenção especializadas em DRC com TRS. A Atenção Especializada, é composta por unidades hospitalares e ambulatoriais e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. Devem disponibilizar pelo menos uma modalidade de TRS para o tratamento da DRC: Diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC) Diálise peritoneal automática (DPA) Diálise peritoneal intermitente (DPI) Hemodiálise (HD) As unidades de atenção especializada em DRC com TRS devem: Realizar o manejo inicial do paciente se intercorrência durante o processo de diálise Oferecer sala para atendimento aos pacientes HbsAg+ 5. PONTUAR A EDUCAÇÃO A HEMODIÁLISE E SUA DIFICULDADE DE ACESSO. Indicação da hemodiálise: 1. Falência ou insuficiência renal (aguda ou crônica) com qualquer um dos seguintes que não possa ser controlado de outra maneira: 1.1 Sobrecarga de líquidos (incluindo insuficiência cardíaca refratária) 1.2 Hiperpotassemia 1.3 Hipercalcemia 1.4 Acidose metabólica 1.5 Pericardite 1.6 Sintomas urêmicos 1.7 TFG* < 10 mL/min/1,73 m2 área de superfície corporal (doença renal crônica, sem diabetes) 1.8 TFG* < 15 mL/min/1,73 m2 área de superfície corporal (doença renal crônica, diabetes) 1.9 Algumas intoxicações. Contraindicações da hemodiálise: 1. Paciente não cooperativo ou hemodinamicamente instável. DIFICULDADE DE ACESSO: As maiores dificuldades dos pacientes entrevistados na clínica de hemodiálise ao iniciar o tratamento foi com: 50% tem muita dificuldade profissional; 22% perde o interesse sexual; 7% dificuldade em aceitar a alteração corporal; 22% na adaptação em seus hábitos alimentares. DIFERENÇA ENTRE HEMODIÁLISE E DIÁLISE PERITONEAL: Hemodiálise: dialise pelo sangue. Dialise peritoneal: dialise realizada por trocas pela membrana do peritônio. 9 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Indicações da diálise: Mesmas da hemodiálise (exceto para intoxicações) em pacientes que tem acesso vascular inadequado ou preferem autoterapia. Contraindicações da diálise: Absoluto: 1. Perda da função peritoneal. 2. Aderências que limitam o fluxo do dialisado. 3. Feridas abdominais recentes. 4. Fístulas abdominais. 5. Defeitos da parede abdominal que evitam diálise eficaz ou aumentam o risco de infecção (p. ex., hérnia diafragmática ou inguinal irreparável, extrofia da bexiga). 6. Condição do paciente não passível de diálise. 7. CONHECER A ANÁLISE E A ORIENTAÇÃO DA DIETA DO PACIENTE COM DRC. Para o paciente com DRC, a dieta é uma parte importante no plano de tratamento. A dieta recomendada pode ser modificada com o tempo se a DRC piorar. Devem ser feitos diversos exames para manter “sob controle” a saúde alimentar geral. A dieta de um paciente com DRC depende do nível de funcionamento renal. A forma de medir este nível é através da medida ou estimativa da taxa de filtração glomerular (TFG). Se a doença renal progredir e a TFG continuar a diminuir, a quantidade de proteínas, calorias e outros nutrientes devem ser ajustados para as novas necessidades (como diálise ou transplante, se for o caso). É importante salientar que, como a dieta recomendada a pacientes com DRC limita a quantidade de proteínas, ele pode necessitar de calorias extras para não evoluir com desnutrição. Um nutricionista pode recomendar a utilização de carboidratos simples nesta situação. Porém, como um grande percentual destes pacientes é também diabético, orientações sem o embasamento adequado podem trazer consequências desfavoráveis ao controle glicêmico. A manutenção de um peso saudável também é importante. Pessoas com DRC frequentemente necessitam ganhar ou permanecer no seu peso atual. Uso da quantidade correta de proteínas A ingestão da quantidade correta de proteínas é importante para a saúde geral e para o bem-estar do paciente. O corpo necessita da quantidade correta de proteínas para formar músculos, restaurar tecidos e combater infecções. O médico pode recomendar ao paciente que siga uma dieta com quantidades controladas de proteínas. Isso pode ajudar a reduzir a quantidade de resíduos no sangue e auxiliar os rins a trabalhar por mais tempo. Sódio Existe uma relação entre DRC, pressão arterial alta e sódio. É necessário limitar a quantidade de sódio na dieta do paciente. O paciente deve aprender a ler os rótulos dos alimentos para comprar aqueles com menor teor de sódio. Fósforo Os rins podem não conseguir remover suficientemente o fósforo do sangue, fazendo com que o seu nível no sangue fique alto. Um alto nível de fósforo pode provocar irritação na pele e perda de cálcio pelos ossos. Os ossos do paciente podem tornar-se “fracos” e isto pode favorecer a ocorrência de fraturas. 10 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 O médico também pode prescrever um tipo de medicação chamado quelante de fosfato que, quando ingerido junto com alimentos, é capaz de se unir ao fósforo do alimento e fazer com que parte deste fósforo não seja absorvido pelo trato intestinal e seja eliminado nas fezes. Líquidos De uma forma geral, não há necessidade de limitar a quantidade de líquidos nas categorias iniciais da DRC e mesmo em categorias mais tardias, caso o paciente não apresente edema ou problemas cardíacos. Se a TFG piorar, o médico deve informar sobre a necessidade de diminuir a ingesta de líquidos e qual a quantidade a ser ingerida; ATENÇÃO! É importante saber que a fruta carambola não pode ser consumida por pacientes em diálise porque contém uma substância tóxica que normalmente é eliminada pelos rins, mas em pacientes em diálise essa substância se acumula e pode levar à morte.
Compartilhar