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@brunapvilla Cefaleias ➥ É um sintoma, não é diagnóstico Introdução ➥ Prevalência estimada de cefaleia ao longo da vida: 93% em homens e 99% em mulheres ➥ Entre 5 e 10% da população buscam assistência médica, intermitentemente, por cefaleia ➥ Cerca de 76% das mulheres e 56% dos homens tem ao menos um episódio mensal de cefaleia ➥ Aproximadamente 40% da população americana apresenta ao longo da vida ao menos um episódio de cefaleia com intensidade para determinar assistência médica Classificação internacional de cefaleias ➥ Hierarquização ➥ Dois ou mais diagnósticos ➥ Primária (sem alterações em exames, onde a própria dor já é a doença) versus secundária (causa anatômica) – As causas mais comuns são primárias Migrânea (enxaqueca) Critérios diagnósticos ➥ Duração de 4 a 72 horas (desconsidera uso de remédio) -> obrigatório + 2 dos 4 sintomas abaixo – Cefaleia latejante ou pulsátil – Intensidade moderada ou grave (incapacitante) – Unilateral (hemicraniana) – Agravamento por atividade física de rotina (subir escadas, caminhar) + 1 dos 2 critérios abaixo – Náuseas ou vômitos – Fotofobia e fonofobia Precisa ter 5 episódios em 3-6 meses para diagnóstica a doença. Aura ➥ Duração 5-60 minutos ➥ Precede a cefaleia em até 60 minutos ➥ É um sintoma é unilateral ➥ Visual: – Escotomas cintilantes – Espectro de fortificação (zigue-zague) – Macro ou micropsias – Hemianopsia ➥ Sensitiva: parestesias (“formigamentos”) ➥ Linguagem: afasias ➥ Motora: hemiplégica (fraqueza motora) à especifica, tem uma mutação genética familiar rara, que leva a ter uma enxaqueca hemiplégica motora Fisiopatologia ➥ Há uma vasodilatação ➥ Processo inflamatório ➥ Alterações vasculares e do córtex cerebral à onda alastrante que segue para o córtex occipital Tratamento Mudanças dos hábitos de vida ➥ Alimentação ➥ Atividade física ➥ Qualidade do sono Tratamento medicamentoso ➥ Abortivo: "crise" - ADMINISTRAR NOS PRIMEIROS MINUTOS DE INÍCIO DA CEFALÉIA!!I – Analgésicos comuns: dipirona, paracetamol – AINEs: naproxeno, ibuprofeno, tenoxicam – Triptanos (vasoconstrição, pode dar sensação de quase morte): sumatriptano, naratriptano, rizatriptano. Evitar em pacientes idosos – Ergotamínicos – Antieméticos @brunapvilla ➥ Profilaxia: Redução na intensidade e na frequência da cefaléia – 3 episódios/mês ou 8 dias ao mês – Crises recorrentes incapacitantes – Específica: migránea hemiplégica, com aura de tronco cerebral, aura desconfortável, infarto migranoso – Drogas: Ø antidepressivos tricíclicos 25mg a noite, antes de dormir (amitriptilina, nortriptilina). Efeitos colaterais são: sonolência excessiva (por isso pode começar com metade da dose), boca seca, ganho de peso e glaucoma Ø betabloqueadores: propranolol 40 mg 12/12h (↓ FC), contraindicado para pacientes com asma e insuficiência venosa Ø anticonvulsivantes: topiramato 25mg 1x ao dia. Contraindicação: piora de litíase renal. Efeitos colaterais: sonolência excessiva, perda de peso e lentificação de raciocínio. Ø Botox: no couro cabeludo, região cervical e trapézio. – Fazer uso todos os dias com no mínimo de 6 meses de tratamento, independente se há dor ou não. – Não deve ser tomado na crise – Retorno do paciente em 2 meses ➥ Bloqueios de nervos periféricos cefálicos e de pontos miofasciais – Considerações – ➥ Cafeína ➥ Ciclo menstrual – Miniprofilaxia catamenial: triptanos - início 2 dias antes até o término ➥ História familiar – Hemiplégica: mutações CACNA1, ATPIA2, SCNIA ➥ Uso abusivo de analgésicos à enxaqueca por abuso de analgésicos ➥ Cronicidade: 2-15 dias/mês (28 dias com padrão migraneoso), por mais de 3 meses consecutivos Cefaleia tipo tensão Duração: 30 minutos a 7 dias ➥ Cefaléia em pressão ou aperto ➥ Intensidade leve a moderada ➥ Bilateral ➥ Não é agravada por atividade física de rotina ➥ Ausência de náuseas e/ou vômitos ➥ Apenas um: fotofobia ou fonofobia Tratamento ➥ Abortivo - "crise" – Analgésicos comuns – AINES ➥ Profilaxia – Cefaléia tipo tensão frequente (1 a 14 dias ao mês) – Cefaléia tipo tensão crônica (2-15 dias ao mês, por mais de 3 meses) – Drogas: antidepressivo tricíclico (amitriptilina ou nortriptilina) ➥ Avaliar sempre sensibilidade pericraniana e presença de pontos miofasciais Cefaléia trigêmino- autonômicas ➥ Cefaléia em Salvas ➥ Hemicrânia Paroxística ➥ Cefaléia de curta duração, unilateral, nevralgiforme – SUNA – SUNCT ➥ Hemicrânia Contínua Cefaléia em salvas ➥ Dor orbitária, supraorbitária e/ou temporal unilateral grave ou muito grave com duração de 15-180 minutos (quando não tratada). ➥ Uma ou ambas as seguintes: ➥ Ao menos um dos seguintes sintomas e sinais ipsilaterais à cefaléia – Infiltração conjuntival e/ou lacrimejamento – Rinorréia e/ou congestão nasal – Edema palpebral – Sudorese facial e fronte – Rubor facial e fronte – Sensação de plenitude na orelha – Miose e/ou ptose ➥ Sensação de inquietude e/ou agitação ➥ Crises com frequência de uma em dias alternados a oito por dia na fase ativa da cefaléia. @brunapvilla Pode ser: – Episódica – Crônica – Salva-Tic – Tratamento – ➥ Agudo – Crises de cefaleia ➥ Transição. – Cefaléia em salvas episódicas de alta frequência – Duração: 1-3 semanas Exceção: Bloqueio de nervo occipital ➥ Profilático – Episódica: com duração:1-2 meses após tornar-se assintomático – Crônica: Indefinitivamente Na unidade hospitalar: ➥ Agudo – Sumatriptano subcutâneo (6mg) – Zolmitriptano intranasal (5mg) – O2 a 100% sob máscara não reinalante, 12L/min por 15 minutos ➥ Transição – Corticosteróides oral: 60mg por 3 dias, após desmame de 10mg a cada 3 dias – Bloqueio de nervo occipital com corticosteroides ➥ Profilático – Verapamil: aumento de 80mg em cada dose a cada 1 semana, acima de 480mg: | 80mg em cada dose a cada 2 semanas – Lítio: 300mg 2x/dia, 1 300mg 3x/dia após 1 semana (dosagem sérica, TSH e função renal). Neuralgia do Trigêmeo Distribuição de um ou mais ramos do nervo trigêmeo ➥ Normalmente de causa primária ➥ Dor tipo choque elétrico, fisgada ou facada ➥ Recorrente em acessos paroxísticos (súbitos) com duração de fração de segundos a 2 minutos ➥ Intensidade grave ➥ Desencadeada por estímulos inócuos (falar, mastigar, sorrir) no lado afetado da face ➥ De causa secundária: herpes zoster, esclerose múltipla – Tratamento – ➥ Medicamentoso: Carbamazepina 200mg (12/12h), Lamotrigina ➥ Cirúrgico: Descompressão microvascular, Rizotomia por radiofrequência ➥ Bloqueio do gânglio de Gasset ➥ Toxina botulínica Outras Cefaleias Primárias ➥ Cefaleia Primária da Tosse ➥ Cefaleia Primária do Exercício ➥ Cefaleia Primária associada à atividade sexual ➥ Cefaleia por estímulos frios ➥ Cefaleia por pressão externa ➥ Cefaleia primária em guinada (dor súbita de curta duração como se fosse uma pontada) ➥ Cefaleia Numular ➥ Cefaleia Hípnica Cefaléias Secundárias ➥ Cefaléia por hipotensão liquórica ➥ Cefaléiapós-Traumática ➥ Cefaléia pós-AVC ➥ Cefaléia pós-crise convulsiva ➥ HSA ➥ Cefaléia cardiogênica Fatores de cronificação da cefaleia Não modificáveis – Idade – Sexo feminino – Caucasianos – Baixo nível educacional – Baixo nível socioeconômico – Fatores genéticos Modificáveis – Hipo ou hipertireoidismo – Abuso medicamentoso @brunapvilla – AINEs › 10 dias/mès – Triptanos (10-14 dias/més) –Barbitúricos, opidides – Abuso de cafeína – Obesidade – Apnéia do sono – Comorbidades psiquiátricas – Ansiedade e depressão – Anemia e policitemia Cefaleia na mulher ➥ Mais comum do que em homens ➥ Variação de níveis hormonais ➥ No período perimenstrual são desencadeadas pela diminuição dos níveis de estrogênio ➥ Menarca/menstruação/climatério ➥ Gestação/amamentação/pósmenopausa à melhora a dor em mulheres predispostas Migrânea sem aura menstrual pura Migrânea sem aura menstrual pura ➥ Crises numa mulher que menstrua, preenchendo critérios para Migrânea sem aura. ➥ Evidência registrada prospectivamente e documentada de pelo menos três ciclos consecutivos confirmaram que as crises ocorrem exclusivamente nos dias 1+2 (isto é, dias 2 a +3) da menstruação em pelo menos dois de três ciclos menstruais e em nenhuma outra época do ciclo. Migrânea sem aura relacionada com a menstruação ➥ Crises numa mulher que menstrua, preenchendo critérios para Migrânea sem aura. ➥ Evidência registrada prospectivamente e documentada de pelo menos três ciclos consecutivos confirmaram que as crises ocorrem nos dias 1+2 (isto é, dias-2 a +3) da menstruação, em pelo menos dois de três ciclos menstruais, e adicionalmente em outras épocas do ciclo. Migrânea sem aura não menstrual ➥ Crises numa mulher que menstrua, preenchendo critérios para Migrânea sem aura. ➥ As crises não preenchem o critério B para migrânea menstrual pura verdadeira ou para migrânea relacionada com a menstruação. Tratamento da cefaleia perimenstrual ➥ MEV ➥ Miniprofilaxia 2-3 dias antes da menstruação, por 5-7 dias ➥ AINEs, ergotamínicos ou triptanos ➥ Tratamento preventivo Cefaleia na gravidez ➥ Sempre verificar padrão de uma cefaleia pré-existente modificou durante a gravidez ➥ Crises novas durante a gravidez (5-10% dos casos), geralmente migrânea com aura ➥ Migrânea melhora em até 55-90% doa casos, não se modifica em 5-30% e há piora em 3-7% ➥ Migrânea aumento em risco de pré-eclampsia em 4x, e de náuseas e vômitos ➥ Uso de fármacos deve ser evitado no primeiro trimestre de gravidez ➥ Ergotamínicos são contraindicados, assim como dipirona – Triptanos são indicados e podem ser usados ➥ AINEs, tricíclicos e anticonvulsionantes no geral são contraindicados também Cefaleia na amamentação ➥ Recorrência da dor no primeiro mês após o parto ➥ Pode ser adiada pela amamentação ➥ Preferência pelas modalidades não-farmacológicas @brunapvilla Cefaleia no climatério ➥ Menopausa fisiológica X menopausa cirúrgica ➥ Cefaleia nova no climatério justifica investigação de causas secundárias ➥ Terapia de reposição hormonal ➥ Tratamento habitual, agudo ou preventivo ➥ Flunarizina (usado só em pacientes abaixo de 30 anos, acima de 50 jamais deve ser feito pois pode levar a um parkinsonismo iatrogênico). Cefaleia em idosos Cefaleia hípnica ➥ Dor holocranina, cabeça em peso, não há outros sintomas ➥ Ocorre principalmente em mulheres ➥ Durante o sono e causa o despertar do paciente ➥ Fase REM do sono ➥ 10 ou mais dias por mês, por mais de 3 meses ➥ Duração entre 15 min e 4 horas ➥ Sem sintomas autonômicos ou inquietação ➥ Cafeína, AAS são eficazes. Mas os triptofanos não são eficazes ➥ Profilaxia com lítio, cafeína ou indometacina Arterite de células gigantes ➥ Padrão ouro para diagnóstico: biópsia ➥ Critérios diagnósticos da arterite de células gigantes, segundo o Colégio Americano de Reumatologia (1990) – Início após os 50 anos – Cefaleia de início recente – Anormalidade da artéria temporal, tais como, dor/edema à palpação ou diminuição da pulsação – VHS igual ou maior que 50 mm/hora – Biópsia anormal da artéria mostrando vasculite com células mononucleares ou inflamação granulomatosa, geralmente com células gigantes. – Diagnóstico – ➥ VHS / Proteína C Reativa ➥ USG duplex-scan colorida de artéria temporal ➥ RNM de alta resolução das artérias temporais – Tratamento – ➥ Corticoterapia (Prednisona 40-60mg/dia ou se risco de perda visual iniciar Metilprednisolona 250mg EV 6/6h - 5 dias). ➥ 6 a 12 meses de tratamento com prednisona. ➥ Monitorar com VHS ➥ Metotrexato, azatioprina, tocilizumabe. Cefaleia na unidade de emergência Introdução ➥ 10% dos atendimentos em unidades primárias de saúde ➥ 1-3% em unidades de emergência Abordagem inicial ➥ Caracterizar a dor ➥ Sempre fazer exame neurológico ➥ Aferir pressão arterial e temperatura ➥ Palpação do crânio e da face Sinais de alarme – SNOOP ➥ Sintomas sistêmicos: febre, calafrios, perda ponderal, HIV, neoplasias. ➥ Sintomas e sinais neurológicos: confusão, alteração de consciência, reflexos assimétricos. ➥ Instalação (Onset): aguda, súbita ou frações de segundos - "cefaléia em trovoada" ➥ Idade ≥ 50 anos (Older): cefaléia nova ou em piora progressiva @brunapvilla ➥ História prévia de cefaléia: primeiro evento ou diferente (mudança na frequência, na intensidade ou nas características clínicas) ➥ Cefaléia em crianças <5 anos de idade ➥ Cefaléia piorando durante a observação Diagnóstico ➥ Cefaléias primárias: – Estado de mal migraneoso, migrânea crônica, Abuso de medicação ➥ Trauma cranioencefálico ou cervical – Em chicote, concussão, hematoma subdural/epidural ➥ Dissecção vascular ➥ Hemorragia subaracnóide ➥ Cefaléia em trovoada ➥ Cefaléia com hipertensão ou hipotensão liquórica ➥ Meningite e encefalite ➥ Arterite de células gigantes Lembrar de fazer uma fundoscopia para ver papiledema! Tratamento – Cefaleia em salvas – ➥ Agudo – Sumatriptano subcutâneo (6mg) – Zolmitriptano intranasal (5mg) – O2 100% sob máscara não reinalante, 12L/min por 15 minutos – Migrânea – ➥ Dipirona 1g-3g EV OU ➥ Dipirona 1g-3g EV + Metoclopramida 10mg EV (ou ondansetrona 4-8mg EV) OU/E ➥ AINES: – Diclofenaco sódico 75mg VO ou IM – Tenaxicam 20 a 40mg IM ou EV – Cetorolaco 30 a 90mg IM – Possível associar prometazina 50mg IM OU ➥ Haloperidol – EV2,5-5mg em 250ml SF0,9%, em 30 a 60 minutos – Cuidado: hipotensão postural – O haloperidol não deve ser feito de primeira, deve ser uma alternativa e também serve apenas para os casos de migranea. OU @brunapvilla ➥ Sumatriptano 6mg SC. Pode ser repetido em 1 hora, é feito 10-20mg intranasal. Pode ser repetido em 4 horas. ➥ Valproato de sódio EV 500 a 1000mg (15mg/Kg) em 50mL de SF0,9% ou SG5%, em 30-60 minutos ➥ Dexametasona 4mg-10mg IM ou EV em 5 minutos: diminuição de recorrência Opióides: EVITAR O USO! – Morfina, meperidina ou tramadol – Baixa eficácia, altas taxas de efeitos adversos, alta taxa de recorrência a curto prazo e revisitas ao PS. – Uso abusivo: 7-19%
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