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Marketing André Acioli Eduardo Neves Pereira IBMRnullCompartilhado ao curso de nullMarketing e Jornalismo - Prof. Eduardo Neves 2 O que significa o termo marketing? Muitas pessoas pensam em marketing apenas como vendas e promoção. A razão desta confusão é que todos os dias somos submetidos a uma avalanche de anúncios nos mais diversos canais de comunicação (televisão, jornais, internet, outdoor, backlights etc.), tentando nos vender algo. Parece que não podemos escapar da morte, dos impostos e das vendas. Isto não quer dizer que vendas e promoção sejam atividades sem importância, contudo são coisas bem distintas quando relacionadas com marketing. Conforme Levitt (1960) descreveu em seu clássico artigo chamado Marketing Myopia (Miopia de Marketing), existem muitas diferenças entre todos estes conceitos. As vendas se concentram nas necessidades do vendedor, enquanto o marketing volta-se para as necessidades do comprador. O foco das vendas reside na necessidade de o fabricante transformar seus produtos em dinheiro, enquanto o foco do marketing está na satisfação do consumidor. O verdadeiro marketing envolve menos a arte de vender o que se faz, do que a arte de saber o quê fazer. Uma organização consegue conquistar a liderança de um mercado quando compreende as necessidades do consumidor e encontra soluções que satisfaçam estas necessidades por meio da inovação e da qualidade dos produtos, serviços e atendimento prestados ao consumidor. Um processo que deriva do conhecimento profundo do mercado e que exige uma estratégia cuidadosamente pensada. Desse modo, produto, preço, promoção e distribuição – o “mix de marketing” – devem ser considerados para atender às necessidades dos clientes. Marketing é... • “... o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores.” Philip Kotler. • “... o processo pelo qual a economia é integrada à sociedade para servir às necessidades humanas.” Peter Drucker. • “... o processo de atrair e manter o cliente.” Theodore Levitt. Como se pode ver, o marketing é um fenômeno que pode ser abordado de muitas formas. Frequentemente, é considerado apenas um conjunto de ferramentas e técnicas. Desta forma, o marketing permanece, indesejadamente, como sendo responsabilidade apenas de um grupo de 1. O QUE É MARKETING – Conceitos Básicos O termo “mix de marketing” foi cunhado por James Culliton e popularizado por Neil Borden em 1964 por meio de um artigo escrito para o Journal of Advertising Research, intitulado “The Concept of the Marketing Mix”. Segundo Cullinton, cabe ao gerente de marketing misturar os ingredientes (produto, preço, promoção e ponto ou distribuição – os 4Ps), ou seja, este profissional e a empresa devem adaptar estrategicamente estes elementos na construção de um produto final. Eduardo Neves Pereira 3 especialistas familiarizados com tais ferramentas e know-how, eximindo o restante da organização da responsabilidade pelo interesse nos clientes, nas suas necessidades e nos seus desejos. Segundo Grönroos,(1990), para contemplar o envolvimento de toda a organização, o marketing é, em ordem de importância: • Um estado de espírito, ou uma filosofia, que orienta o pensamento geral da organização, tanto no processo de tomada de decisão, quanto na execução dos planos acordados; • Uma maneira de organizar as várias funções ou atividades da empresa (ou de qualquer outra organização); • Um conjunto de ferramentas, técnicas e atividades a que os clientes e o público da organização em geral estão expostos. O mesmo autor propõe ainda uma nova definição de marketing, alinhada com a abordagem de relacionamento: Marketing é estabelecer, manter e desenvolver relacionamentos de longo prazo com os consumidores e outros parceiros, com lucratividade, a fim de que os objetivos das partes sejam atendidos. Ele acrescenta, ainda que “isto é alcançado através de trocas mútuas e do cumprimento das promessas estabelecidas. Os recursos da empresa vendedora – pessoas, tecnologia e sistemas – têm que ser utilizados de forma que a confiança do cliente nos recursos envolvidos e, portanto, na própria organização, seja mantida e reforçada.” É necessário, antes de qualquer coisa, explicar alguns conceitos fundamentais de marketing, tais como necessidades, desejos, demandas, produtos, promessas, trocas, transações e mercados. NECESSIDADES O conceito mais básico e inerente ao marketing é o de necessidades humanas. Uma necessidade humana é um estado em que se percebe alguma privação. Os seres humanos têm, em muitas das vezes, necessidades complexas que incluem necessidades físicas básicas de alimento, vestuário, calor e segurança; necessidades sociais de inclusão e afeição e necessidades individuais de conhecimento e auto-realização. Estas necessidades não foram inventadas ao acaso, elas são uma parte básica da constituição do ser humano. Quando uma necessidade não é satisfeita, uma pessoa procurará um produto que a satisfaça ou tentará reduzi-la. Os indivíduos que pertencem às sociedades industriais podem tentar encontrar ou desenvolver produtos que satisfaçam os seus desejos. As pessoas das sociedades menos desenvolvidas possivelmente tentarão reduzir ou satisfazer os seus desejos com os recursos disponíveis. 4 DESEJOS Um segundo conceito básico em marketing é o de desejo humano, que nada mais é do que as necessidades humanas moldadas pela cultura e pelas características individuais. Alguém faminto nos Estados Unidos talvez deseje um hambúrguer, pizza, refrigerante, batatas fritas, enquanto no Brasil, feijão, arroz, bife e batatas fritas. Os desejos são descritos em termos de objetos que satisfaçam necessidades. À medida que uma sociedade evolui os desejos dos seus membros aumenta. Quanto mais as pessoas são expostas a objetos que despertam o seu interesse e atenção, mais as empresas tentarão produzir produtos que melhor realizam os desejos. DEMANDA As pessoas têm desejos quase infinitos, mas recursos limitados. Portanto, elas desejam escolher produtos que proporcionem o máximo de satisfação possível em troca do seu dinheiro. Quando viabilizados pelo poder de compra de cada um, os desejos tornam-se demandas. Os consumidores vêem os produtos como um conjunto de benefícios, e assim, escolhem os produtos que lhes ofereçam o melhor valor pelo seu dinheiro. Um Uno Mille significa transporte, preço baixo e economia de combustível. Um Mercedes Classe A significa luxo, conforto e status. As pessoas escolhem os produtos cujos benefícios proporcionam o máximo de satisfação, de acordo com os seus desejos e recursos financeiros. Em resumo, no caso de um adolescente brasileiro típico: Necessidade Fome Desejo Hambúrguer Demanda Big Mac. O marketing cria necessidades? Obriga as pessoas a comprar? Certamente que não, uma vez que as necessidades já existiam antes dos profissionais de marketing que, juntamente com outros formadores de opinião, influenciam os desejos, ou seja, sugerem aos consumidores que um determinado produto possa satisfazer as necessidades de status, ou prestígio de uma pessoa, por exemplo. Os profissionais de marketing tentam influenciar a demanda, tornando o produto mais acessível, mais atraente e fácil de ser encontrado. PRODUTO Necessidades e desejos humanos pressupõem a existência de produtos disponíveis para satisfazê-los. Um produto é qualquer coisa que pode ser oferecida a um mercado para satisfação de necessidades e desejos. Os produtos que se aproximarem dos desejos dos consumidores serão mais 5 bem sucedidos.Para isso, as empresas precisam saber o que os consumidores desejam, no sentido de disponibilizar esses produtos para os consumidores. Quando falamos a palavra “produto”, em um contexto empresarial, seu significado é muito mais amplo do que um simples produto físico que um consumidor pode adquirir. É um conjunto de características, tangíveis e/ou intangíveis, que constituem o composto do produto como: embalagem, design, preço, serviço, garantias etc. O produto que a organização oferece deve ser percebido a partir do que ele significa para o consumidor e não a partir do que ele é para a organização. Portanto, pode-se definir produto, na visão do marketing, como: qualquer coisa que possa ser objeto de troca entre indivíduos ou organizações. Consequentemente, pressupõe-se que, neste contexto, qualquer coisa quando percebida como tendo valor poderá ser um objeto transacional: bens físicos (automóvel, computador, livro), serviços (consertos, consultorias, transportes), pessoas (Pelé, Xuxa, Michael Jordan) e organizações (INCOR, INMETRO, Fundação Roberto Marinho). TROCA Marketing ocorre quando as pessoas decidem satisfazer as suas necessidades e desejos por meio de trocas. Troca é o processo pelo qual ocorre alguma transferência de valores entre um comprador e um vendedor. Troca é apenas uma das muitas maneiras pelas quais as pessoas podem obter um objeto que desejam. Por exemplo, pessoas famintas podem obter comida caçando, pescando ou colhendo frutas. Na verdade, a troca é um dos quatro processos pelos quais se obtém o que se quer: produção própria, coerção, súplica e troca. Troca é o conceito central do marketing. Para que uma troca ocorra, várias condições devem ser satisfeitas. Pelo menos duas partes devem participar, e cada uma deve ter algo de valor para a outra, cada parte deve querer negociar com a outra; cada uma deve ser livre para adotar ou rejeitar a oferta da outra. Finalmente, cada parte deve ser capaz de comunicar e fornecer o objetivo prometido. a) Trocas de natureza transacional Este tipo de troca exclui qualquer elemento relacional. É caracterizado por ter um começo distinto, curta duração e término na realização da troca, mínima comunicação, focalizada no objeto da troca, baixo enfoque estratégico e com clara divisão de fronteiras e benefícios. Como exemplo, podemos citar a utilização de tratamento médico de emergência durante uma viagem, com PRODUTO = BEM, SERVIÇO, PESSOA, LUGAR, IDEAL ETC. 6 pagamento em espécie, ou mais genérica e, aproximadamente, a compra de bens (produtos ou serviços) de conveniência, em que o consumidor adquire com frequência, de imediato e com mínimo esforço durante o processo de comparação e compra, na qual há vínculo reduzido entre o consumidor e o fornecedor dado sua indiferença de marca e/ou de fornecedor. Numa troca transacional pura não há marca, reconhecimento do cliente pelo vendedor, envolvimento creditício, preferência, lealdade, tampouco diferenciação entre os fornecedores. O preço, estabelecido pelo mercado competitivo, contém toda informação necessária para a conclusão da troca. Durante muito tempo houve uma clara tendência do desenvolvimento teórico e prático do marketing para a focalização na venda, o simples evento da transação. Esta tendência esteve em linha com o paradigma tradicional microeconômico de maximização de lucros, segundo o qual todas as atividades de troca são transações discretas baseadas no mercado e virtualmente toda informação necessária está contida no preço. A tarefa do marketing seria apenas de encontrar compradores pelo melhor preço possível, através da otimização da combinação de variáveis de decisão, popularizadas como os 4 P´s [Produto, Praça (distribuição), Promoção (comunicação) e Preço]. As transações frequentes e repetidas já contêm rudimentos de confiança e credibilidade, tornando-se, assim, precursoras do relacionamento. b) Trocas de natureza relacional A troca de natureza relacional tem seu início relacionado com interações e acordos prévios, é de longo prazo e contínua, com intensa comunicação, focalizada no processo de troca, com alto enfoque estratégico e compartilhamento de benefícios e fronteiras. A ênfase no processo de troca permitiria concluir que existe um planejamento do relacionamento, de forma a existir cooperação produtiva e a emergência e consolidação de confiança entre as partes, assim como a antecipação e prevenção de conflitos, e ajustes a mudanças. Decorrente dos contatos inerentes ao relacionamento e do forte processo de comunicação consequente, o grau de conhecimento entre as partes envolvidas é grande, favorecendo o desenvolvimento de esforços que contribuam para proporcionar benefícios mútuos. Numa troca relacional as partes envolvidas mantêm-se autônomas, perseguem seus interesses vigorosamente, e acreditam em grande parte em sanções econômicas e legais com o propósito de obter cumprimento das obrigações contratuais; em contrapartida, a troca relacional destaca explicitamente o contexto histórico e social no qual as transações ocorrem e considera o cumprimento das obrigações consequência da mutualidade de interesses existente entre as partes. 7 A partir deste aspecto, destaca-se nos relacionamentos comprador-vendedor que o preço é resultante de um processo de negociação baseado na dependência mútua, e não determinado somente por forças do mercado, e qualidade, entrega e suporte técnico se tornam mais importantes. Na relação empresa-consumidor, ou mercado consumidor, a lealdade à marca, refletindo-se em comportamento de compra repetido, já representa um passo além da troca transacional, apesar de não configurar seguramente um relacionamento contínuo significativo. O consumidor obtém vantagens de redução de tempo e complexidade de decisão de compra, assim como possibilidade de melhor negociação com a empresa interessada na perspectiva de futuras transações. O relacionamento torna as transações mais eficientes em custo. (Webster, 1992). Na relação entre empresas, ou mercado industrial e institucional, as trocas de natureza relacional, tais como nos sistemas japoneses “just-in-time” ou “kanban” destacam especialmente a confiança e interdependência entre os parceiros, resultando em mais altos níveis de qualidade e redução de custos de estoque e outros afins. TRANSAÇÕES Se a troca é o conceito central de marketing, uma transação é a unidade de medida do marketing. Uma transação é composta pela concretização da troca de valores entre duas partes. Numa transação, devemos ser capazes de dizer que A dá X a B e recebe Y em troca. No sentido mais amplo, o marketing tenta criar uma resposta a alguma oferta. A resposta pode ser mais do que simplesmente “comprar” ou “trocar” bens e serviços num sentido restrito. Um candidato político, por exemplo, deseja uma resposta chamada “votos”, uma igreja deseja “fiéis”, um grupo de ação social deseja “a aceitação de uma idéia”. Marketing consiste em ações para obter uma resposta desejada de um público-alvo acerca de algum produto, serviço, idéia ou outro objeto qualquer. Uma transação difere de uma transferência porque na segunda, A dá X a B, mas não recebe nada em troca. A expectativa de A tem natureza emocional, como por exemplo: reconhecimento, gratidão, “salvação” etc. Doações, presentes, contribuições de caridade são exemplos clássicos de transferências. 8 MERCADOS e CLIENTES O conceito de transações leva ao conceito de mercado. Um mercado é o grupo de compradores reais e potenciais de um produto. Para entender a natureza de um mercado, imaginemos uma economia primitiva composta de apenas quatro pessoas: um pescador, um caçador umoleiro e um agricultor. Podemos dizer que existem três formas diferentes dos comerciantes satisfazerem as suas necessidades. Na primeira forma, auto-suficiência, cada um deles reuniria por si próprio os bens necessários. O caçador passava a maior parte do tempo caçando, mas teria que ir também à pesca, fazer potes assim como cuidar de uma fazenda para obter os outros bens de que tem necessidade. A mesma lógica de raciocínio é aplicável aos outros comerciantes. Na segunda forma, troca descentralizada, cada pessoa vê os outros três como compradores em potencial que constituiriam um mercado. Assim, o caçador pode viajar para trocar carne pelos bens do pescador, do oleiro e do fazendeiro. Na terceira forma, troca centralizada, uma pessoa nova chamada de mercador entra em cena e localiza-se numa área central chamada mercado. Cada “produtor” traz os seus bens para o mercado e comercializa por outros bens de que necessita. À medida que o número de pessoas e transações numa sociedade aumenta, o número de comerciantes e mercados também aumenta. Nas sociedades avançadas os mercados não precisam ser locais físicos, onde compradores e vendedores interagem. Com as formas modernas de comunicação e transporte, um comerciante pode facilmente anunciar um produto no horário nobre da televisão, receber pedidos de centenas de clientes por telefone ou via internet, e enviar os bens pelo correio para os compradores no dia seguinte, sem ter tido contato físico com eles. Um mercado pode crescer em torno de um produto, um serviço ou qualquer outra coisa de valor. Por exemplo, um mercado de trabalho é composto de pessoas que estão dispostas a oferecer o seu trabalho em troca de salários ou produtos. O mercado financeiro é outro mercado importante que vem suprir as necessidades das pessoas para que elas possam obter dinheiro emprestado, emprestar, poupar ou protegê-lo. 9 Evolução em direção a um sistema de trocas centralizadas Cliente é qualquer pessoa ou organização que recebe um produto de valor no processo de troca, quer seja ou não (a pessoa ou organização) o usuário final do produto. Ou seja, no Brasil, as mulheres são as verdadeiras clientes dos varejistas de roupas íntimas masculinas, uma vez que são elas quem normalmente escolhem e compram estes tipos de produtos para seus maridos e filhos. No caso das crianças, por exemplo, estas escolhem seus brinquedos ou cartuchos de videogame, mas apenas influenciam fortemente os pais, que detêm o poder de compra. O mercado consiste de todos os clientes, atuais e potenciais (clientes dos concorrentes e não consumidores que poderão vir a se tornar clientes), que compartilham uma necessidade (ou desejo) que pode ser satisfeita por um produto específico, que têm recursos, desejam e têm autoridade para realizar a troca. MARKETING Os conceitos de mercado e de clientes leva-nos a completar o círculo, de volta ao conceito de marketing. Marketing significa trabalhar com mercados para conseguir trocas com o propósito de satisfazer necessidades e desejos humanos. Assim, retornemos à definição de marketing como “o processo pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que precisam através da troca de produtos e valores”. Processos de troca envolvem trabalho. Os vendedores devem procurar compradores, identificar as suas necessidades, planejar e/ou desenvolver novos e bons produtos, promovê-los, armazená-los entregá-los e definir os seus preços. Atividades como o desenvolvimento de produtos, pesquisa, comunicação, distribuição, preços e serviços são atividades centrais de marketing. Embora pensemos normalmente em marketing como algo desenvolvido somente por vendedores, os compradores também estão envolvidos com atividades de marketing. Os consumidores fazem “marketing” quando procuram os produtos de que necessitam (ou desejam) a preços que possam pagar. Compradores institucionais fazem “marketing” quando localizam vendedores e negociam por boas condições. Um mercado vendedor é aquele, em que os vendedores têm mais poder e os consumidores dependem mais do marketing. Num mercado comprador, os compradores têm mais força e os vendedores necessitam de se utilizar do marketing de uma forma mais ativa. 10 Finalmente, passamos então ao conceito de administração de marketing. Necessidades dos Clientes Mercados e Clientes Desejos Transações Demanda Produtos Trocas Conceitos Centrais de Marketing 11 A maioria das pessoas pensa em administração de marketing como sendo o trabalho de encontrar clientes em número suficiente para atender à produção da empresa. Porém esta é uma visão muito restrita. A organização tem um nível desejado de demanda ou procura para os seus produtos. Em determinados momentos pode haver demanda adequada, demanda irregular, demanda em excesso ou até mesmo não haver demanda e a administração de marketing deve encontrar formas de lidar com estes diferentes tipos de demanda. Os gestores de marketing das mais diversas organizações podem ter de enfrentar qualquer dos tipos de demanda ou procura já citados, assim como alguns que passamos a apresentar, mostrando algumas das soluções possíveis para o problema: • Demanda negativa: Uma grande parte do mercado não gosta do produto e muitos podem até pagar para evitá-lo. Como exemplo temos o tratamento dentário e os cintos de segurança. Os profissionais de marketing devem analisar por que o mercado não gosta do produto e se necessário adequar o produto, diminuir o preço ou fazer alguma campanha de promoção do produto. • Demanda inexistente: Os consumidores-alvo podem não estar interessados no produto. O profissional de marketing deve encontrar meios de conciliar os benefícios do produto e serviços que satisfaçam a demanda. • Demanda latente: Os consumidores têm um desejo que não é satisfeito por nenhum produto ou serviço existente. Existem fortes demandas latentes por embalagens biodegradáveis e carros mais econômicos. A função do marketing é avaliar o tamanho do mercado potencial e desenvolver produtos e serviços que satisfaçam a demanda. • Demanda declinante: Mais cedo ou mais tarde, toda a organização terá que encarar uma queda na demanda por algum de seus produtos. O profissional de marketing tem que encontrar as causas dos declínios da procura e reestimulá-la com novos mercados, alterações de características do produto, ou criando uma comunicação mais eficaz. • Demanda irregular: a demanda varia sazonalmente, causando problemas de sobrecarga. Como exemplo temos as visitas aos museus que nos dias úteis são pouco frequentes, enquanto que no fim de semana a procura aumenta originando situações de superlotação. O profissional de marketing deve encontrar o padrão temporal da procura por meio da flexibilidade de preços, promoções ou outros incentivos. 2. ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING = ADMINISTRAÇÃO DA DEMANDA 12 • Demanda plena: A demanda corresponde exatamente ao nível desejado pela empresa e ao qual ela está preparada para responder. O trabalho do profissional de marketing é manter o atual nível de procura existente face ao aumento da concorrência, e das mudanças de preferências dos consumidores. A organização deve manter o nível de qualidade e continuamente monitorar a satisfação do consumidor para se assegurar que está fazendo um bom trabalho. • Demanda excessiva: a demanda é maior do que a organização pode ou deseja ter. A tarefa do marketing, chamada “demarketing” é descobrir meios de reduzir a procura, temporária ou permanentemente. O “demarketing” envolve ações, tais como subida dos preços e redução das promoções. Não tem como objetivodestruir a procura, mas apenas reduzi-la. Assim, a administração de marketing preocupa-se não apenas em descobrir e ampliar a demanda, mas também em mudá-la e/ou em reduzi-la. De maneira mais simples, a administração de marketing é a administração da demanda. Definimos administração de marketing como a análise, planejamento, implementação e controle de programas destinados a criar, desenvolver e manter trocas com o mercado-alvo, com o propósito de atingir os objetivos da organização. Entre os gestores de marketing encontram-se gerentes de vendas e vendedores, executivos de publicidade, pessoal de promoção de vendas, pesquisadores de mercado, gerentes de produto, especialistas em preços e outros. 13 Existem cinco conceitos alternativos de acordo com os quais as organizações conduzem as suas atividades de marketing: os conceitos de produção, produto, venda, marketing e marketing social, abaixo apresentados. 3.1. CONCEITO DE PRODUÇÃO O conceito de produção sustenta que os consumidores preferem os produtos fáceis de encontrar e que sejam muito baratos. A administração deveria, portanto, concentrar-se em melhorar a produção e eficiência da distribuição. Este conceito é uma das mais antigas filosofias que orientam os vendedores. O conceito de produção é uma filosofia útil em dois tipos de situações. A primeira ocorre quando a procura por um produto excede a oferta. Neste caso, o gestor deveria procurar formas de aumentar a produção. A segunda situação ocorre quando o custo do produto é demasiado alto e é preciso que haja melhoria na produção para reduzi-lo. Como exemplo, temos a Texas Instruments que segue esta filosofia de aumentar a produção para reduzir os custos e baixar os preços. A empresa desta forma conseguiu conquistar uma grande fatia de mercado de calculadoras pessoais. 3.2. CONCEITO DE PRODUTO Outro conceito importante que orienta os vendedores é o conceito de produto. A idéia é a de que os consumidores preferem os produtos que oferecem maior qualidade, desempenho e benefícios. Uma organização deveria, então, dirigir esforços para melhorar os seus produtos. O conceito de produto também pode conduzir à “miopia de marketing”, conforme análise de Theodore Levitt em seu artigo Miopia de Marketing, na Harvard Business Review, de 1972. Por exemplo, nos Estados Unidos, os administradores de estradas de ferro pensavam que os clientes desejavam trens como meio de transporte e subestimaram o crescente desafio das companhias aéreas, transportes públicos etc. 3.3. CONCEITO DE VENDA Muitas organizações utilizam o conceito de venda, o qual sustenta que os consumidores não comprarão uma quantidade suficiente dos produtos de uma empresa a menos que esta despenda um grande esforço em vendas e promoção. Este conceito é bastante utilizado para produtos não procurados - aqueles que os consumidores não pensam em adquirir, tais como enciclopédias, jazigos, 3. FILOSOFIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING 14 etc. Essas organizações devem detectar as expectativas e vender os produtos com base nos seus benefícios. O conceito de venda também é praticado na área de organizações sem fins lucrativos. Um partido político, por exemplo, tentará “vender” o seu candidato como se fosse uma pessoa adequada para o cargo. As falhas do candidato são ocultadas, pois o objetivo é a “venda”, sem a preocupação de o candidato satisfazer ou não os consumidores (eleitores), como o nome do fabricante e sua localidade. 3.4. CONCEITO DE MARKETING O conceito de marketing postula que, para se alcançar os objetivos da organização, é necessário determinar as necessidades e desejos dos mercados-alvo e proporcionar as satisfações desejadas, da maneira mais eficaz do que os seus concorrentes. O conceito de marketing foi definido de forma bem clara por estes exemplos: “Voar e Servir” (British Airways); e “Não estamos satisfeitos até que você não o esteja” (GE). O lema de J.C. Penney também resume o conceito de marketing: “Fazer tudo ao nosso alcance para movimentar o dólar do consumidor em termos de valor, qualidade e satisfação”. O conceito de venda e o conceito de marketing são frequentemente confundidos. A figura abaixo mostra bem as diferenças entre estes dois conceitos. O conceito de venda assume uma perspectiva de dentro para fora, começando na fábrica centrado nos produtos existentes da empresa e enfatiza a venda e promoção para obter lucro. Ao contrário, o conceito de marketing assume uma perspectiva de fora para dentro. Ele começa com um mercado bem definido, centrado nas necessidades dos consumidores, coordenando todas as atividades de marketing que afetam os consumidores e obtendo lucro com a satisfação dos consumidores. 15 Por outro lado, muitas empresas afirmam praticar o conceito de marketing, mas não o fazem. Elas têm formas de marketing - tais como um vice-presidente de marketing, administradores de produto, planos de marketing, pesquisas de marketing – mas não a essência. Vários anos de trabalho são necessários para transformar uma empresa orientada para vendas (processo) numa empresa orientada para o marketing (mercado). McDonald's Aplica o Conceito de Marketing A McDonald’s Corporation, a cadeia de fast-food, é expert em marketing. Com 11.000 lojas espalhadas por 50 países, e mais de 17,5 bilhões de dólares em vendas anuais, o McDonald’s vende duas vezes mais do que o seu concorrente mais próximo, Burger King, e o triplo do concorrente que detém o terceiro lugar, Wendy’s. Dezenove milhões de consumidores passam pelos famosos arcos dourados todos os dias e um percentual fabuloso de 96% da população americana come no McDonald’s todo ano. O McDonald’s serve 145 hamburgers por segundo. A razão de todo esse sucesso é atribuída a uma forte orientação para o marketing: o McDonald's sabe como servir as pessoas e adaptar-se às mudanças de expectativa dos consumidores. Antes do aparecimento do McDonald’s, os americanos compravam hamburgers em restaurantes ou bares. Mas, com frequência, os consumidores encontravam hamburgers mal-feitos, um atendimento lento e desagradável, uma decoração pouco atraente, condições de higiene insatisfatórias e um ambiente barulhento. Em 1955, Ray Kroc, um vendedor de máquinas de milk-shake de 52 anos, ficou interessado numa cadeia de sete restaurantes cujos donos eram Richard e Maurice McDonald. Kroc gostou do conceito de um restaurante fast-food e comprou a pequena cadeia por 2,7 milhões de dólares. Ele decidiu expandi-la através de franquia, e o número de restaurantes cresceu rapidamente. À medida que os tempos mudavam, o McDonald’s também mudava. Ampliou as suas seções com mesas, melhorou a decoração, lançou um cardápio de desjejum, adicionou novos itens à sua linha de produtos e abriu novas filiais em áreas de grande tráfego de veículos. A filosofia de marketing de Kroc foi bem captada no lema do McDonald’s: “Q.S.L & V” que significam qualidade, serviço, limpeza e valor. Os consumidores entram num restaurante limpo, vão até um caixa atencioso, recebem com rapidez uma refeição saborosa e podem comê-la no local ou levá-la com eles. Não existem máquinas de diversão eletrônicas ou telefones para criar um ponto de encontro para adolescentes. Não existem máquinas de cigarros ou bancas de jornal. O McDonald’s é voltado para famílias, e tem um forte apelo em relação às crianças. O McDonald’s dominou a arte de servir os clientes e ensina cuidadosamente o básico desta arte às empresas para as quais concede suas franquias. Os seus empregados fazem cursos na “Universidade do Hambúrguer” do McDonald’s em Elk Grove Village, Illinois. Eles saem com um diploma em “Hamburgerologia” euma segunda especialização em batatas fritas. O McDonald’s monitora a qualidade dos seus produtos e serviços por meio de contínuas pesquisas entre os clientes e despende muito tempo melhorando os métodos de produção de hamburgers, de forma a simplificar as operações, reduzir os custos, acelerar o atendimento e oferecer maior valor aos clientes. Além destes esforços, cada restaurante McDonald’s trabalha para tornar-se parte da comunidade por meio de projetos nesse sentido. Em 2.700 restaurantes localizados fora dos Estados Unidos, o McDonald’s adapta cuidadosamente seu cardápio e o seu atendimento aos costumes e gostos locais. Serve sopa de milho e teriaki burgers no Japão, massas em Roma, e vinho e música de piano ao vivo com seus McNuggets em Paris. Quando a McDonald’s abriu seu excelente restaurante em Moscou, ganhou rapidamente a adesão de seus clientes russos. Contudo, a empresa teve de superar algumas barreiras para poder satisfazer seu elevado padrão de exigência. Teve que treinar fornecedores, empregados e educar os consumidores acerca da maneira do McDonald’s fazer as coisas, já testada e consagrada. Técnicos especializados na área de sementes foram levados do Canadá a fim de ensinar os agricultores russos a plantarem batatas vermelhas Burbank para fazer batatas fritas. A empresa teve que construir a sua própria fábrica de pasteurização para garantir um vasto suprimento de leite fresco. Treinou gerentes russos na Universidade do Hambúrguer e submeteu cada um dos 630 novos empregados (a maioria dos quais não sabia distinguir um Chicken McNugget de um Egg 16 McMuffin) a 16-20 horas de treinamento em itens essenciais, tais como pasteizinhos de carne e montagem de sanduíches McFish. Ensinou-os a atender as pessoas com um sorriso. O McDonald’s teve até que treinar os consumidores — a maioria dos moscovitas nunca tinha visto um restaurante de fast-food. Enquanto esperavam naquela fila, os clientes assistiam a vídeos mostrando-lhes desde como pedir e pagar no caixa até como comer um Big Mac. E, seguindo a sua política habitual, o McDonald’s começou imediatamente a envolver-se com a comunidade. No dia da inauguração, deu uma festa surpresa para 700 órfãos moscovitas e doou todo o lucro do dia da inauguração para o Fundo Para as Crianças de Moscou. Como resultado, o novo restaurante McDonald’s teve um começo muito bem sucedido. Cerca de 50.000 clientes encheram o restaurante durante o seu primeiro dia de funcionamento. A importância central que o McDonald’s atribui aos clientes fez com que se tornasse a maior organização de serviço alimentar do mundo. Atualmente, a empresa detém cerca de 20% do negócio de fast-food nos Estados Unidos. O imenso sucesso da empresa reflete-se também no crescimento das suas ações ao longo dos anos: 250 ações da McDonald’s, compradas por menos de 6.000 dólares em 1965, valeriam mais de 1 milhão de dólares hoje! 3.5. CONCEITO DE MARKETING SOCIAL O conceito de marketing social, o mais recente dentre as cinco filosofias de administração de marketing, questiona se o conceito tradicional de marketing é adequado a uma época de problemas ambientais, escassez de recursos naturais, rápido crescimento populacional, inflação mundial e negligência de serviços sociais. Preocupa-se em saber se a empresa que serve satisfaz desejos individuais, e faz o que é melhor para os consumidores e para a sociedade em longo prazo. De acordo com o conceito de marketing social, o conceito de marketing tradicional pode estabelecer alguns conflitos entre os desejos de curto prazo do consumidor e o seu bem estar em longo prazo. Considerando o caso da Coca-Cola, muitos consideram-na uma empresa altamente respeitável que produz refrigerantes que satisfazem os gostos dos consumidores. No entanto, certos consumidores e grupos ecológicos dizem que a Coca-Cola tem pouco valor nutritivo, pode prejudicar a dentição das pessoas, contém cafeína e aumenta o problema de lixo com as suas latas e garrafas descartáveis. Estas preocupações e conflitos conduziram ao conceito de marketing social. Podemos ver na figura abaixo que o conceito de marketing social exige que os profissionais de marketing equilibrem três fatores ao definirem a sua política de mercado: os lucros da empresa, os desejos do consumidor e os interesses da sociedade. A maioria das empresas tomava as suas decisões de marketing com base nos lucros que elas poderiam obter em curto prazo. Pouco a pouco essas empresas começaram a perceber a importância de satisfazer os desejos do consumidor em longo prazo; surgiu então o conceito de marketing social. Agora muitas empresas estão começando a pensar nos interesses da sociedade quando vão tomar as suas decisões de marketing. 17 Conceito de Marketing Social SOCIEDADE (Bem-estar do ser humano) CONSUMIDORES (Satisfação de desejos) EMPRESA (Lucros) 18 O sistema de marketing consiste nas atividades coletivas de marketing de milhares de organizações com fins lucrativos e não lucrativos. O sistema de marketing afeta todo o Mundo - compradores, vendedores e muitos grupos com características comuns. Porém, os objetivos desses grupos muitas vezes colidem. Os compradores querem produtos de boa qualidade a preços acessíveis e em locais convenientes. Eles querem uma grande variedade de marcas e características de produtos; vendedores atenciosos e honestos e fortes garantias apoiadas pela manutenção de bons serviços. O sistema de marketing pode afetar de uma forma significativa a satisfação do consumidor. Os vendedores têm de encarar muitas decisões importantes quando estão preparando uma oferta para o mercado. Quais os grupos de consumidores que devem ser o alvo? O que é que os consumidores-alvo necessitam? Como é que os produtos devem ser planejados e a que preço, de maneira a satisfazer as necessidades dos consumidores? Que tipos de publicidade e promoção devem ser utilizados? Os vendedores devem aplicar os conceitos de marketing para desenvolver uma oferta que atraia e satisfaça os consumidores. O sistema de marketing afeta muitas pessoas pertencentes a diversos contextos que inevitavelmente provoca controvérsia. Algumas pessoas sentem intensa aversão pelas atividades de marketing, acusando-as de arruinarem o meio ambiente, bombardearem o público com anúncios sem sentido, criar desejos desnecessários, promover o espírito de consumo entre os jovens etc. “Nos últimos 6000 anos considerou-se a área de marketing como sendo composta de artistas criados de uma hora para outra, vigaristas, políticos exibicionistas e distribuidores de produtos de baixa qualidade. Muitos de nós deixaram-se levar pelos vigaristas. Todos nós, algumas vezes, fomos estimulados a comprar todo o tipo de ‘coisas’ das quais não precisávamos e que descobrimos, mais tarde, que nem sequer desejávamos.” Outros defendem o marketing vigorosamente: “Políticas e práticas agressivas de marketing foram responsáveis, em grande parte, pelo elevado padrão de vida do povo americano. Hoje, devido ao marketing, usufruímos de produtos que antigamente teriam sido considerados artigos de luxo e que ainda são classificados como tal em muitos outros países”. Qual o sistema de marketing que uma sociedade deve adotar? Foram sugeridas quatro metas alternativas: maximizar o consumo, maximizar a satisfação do consumidor, maximizar a escolha e maximizar a qualidade de vida. A seguir são apresentados os diversos fundamentos de cada uma das alternativas já referidas. 4. OS OBJETIVOS DE SISTEMA MARKETING 19 4.1. MAXIMIZAR O CONSUMO Muitos executivos do ramo de negócios acreditam que a tarefa do marketing seria estimular o consumo máximo, o que, por sua vez,geraria uma produção máxima, empregos e riqueza. Este ponto de vista pode ser exemplificado pelos seguintes slogans: “Quem diz que você não pode ter tudo” (Michelob); “o perfume mais caro” (Joy); “Ganância é bom” (do filme Wall Street). A base disto é que quanto mais as pessoas gastam, compram e consomem, mais felizes elas se tornam. “Mais é melhor” é o grito de guerra. Contudo, algumas pessoas duvidam de que o aumento da quantidade de bens materiais signifique uma vida mais feliz. Elas vêem muitas pessoas opulentas levando vidas infelizes. A filosofia destas pessoas é “quanto menos, melhor” e “pequeno é belo”. 4.2. MAXIMIZAR A SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR O outro ponto de vista é que a meta do sistema de marketing é maximizar a satisfação do consumidor e não apenas o nível de consumo. Comprar um carro ou possuir mais roupas é importante, somente se estes objetos proporcionarem uma maior satisfação do consumidor. Infelizmente é difícil quantificar a satisfação do consumidor. Primeiro ninguém descobriu como medir a satisfação criada por um produto ou uma atividade de marketing em particular. Segundo, a satisfação de alguns consumidores individuais advêm dos aspectos “bons” de um produto ou serviço qualquer e que devem ser contrabalançados com os aspectos “maus”, tais como poluição e danos ao meio ambiente. Terceiro, a satisfação que algumas pessoas obtêm em consumir certos produtos que geram status, depende do fato de que poucas pessoas podem ter tais produtos. Assim, é difícil avaliar o sistema de marketing em termos da quantidade de satisfação que ele proporciona. 4.3. MAXIMIZAR A ESCOLHA Alguns profissionais de marketing acreditam que o objetivo do sistema de marketing deveria ser maximizar a variedade de produtos e a escolha do consumidor. O sistema deveria permitir aos consumidores encontrar os produtos que satisfizessem exatamente os seus gostos. Assim, os consumidores poderiam realizar-se plenamente e, portanto maximizar a satisfação como um todo. Infelizmente, maximizar a escolha tem um certo custo. Primeiro, o preço dos bens e serviços aumenta, uma vez que produzir uma grande variedade de produtos eleva os custos relacionados com a produção e com o estoque, e por sua vez preços mais altos reduzem o consumo. Segundo, o aumento da variedade de produtos exige um maior esforço de procura por parte do consumidor, estes gastam mais tempo conhecendo e avaliando os vários produtos à sua disposição. Terceiro, mais produtos não aumentam necessariamente a escolha real do consumidor. Por exemplo: nos Estados 20 Unidos são vendidas centenas de marcas de cerveja, mas a maioria delas tem o mesmo gosto. Assim quando uma categoria de produtos contém muitas marcas com poucas diferenças, os consumidores vêem-se diante de uma pseudo-escolha. Por fim, nem todos os consumidores aceitam uma grande variedade de produtos. Para alguns consumidores, muitas possibilidades de escolha levam à confusão e frustração. 4.4. MAXIMIZAR A QUALIDADE DE VIDA Muitas pessoas acreditam que o objetivo do sistema de marketing deveria ser o de melhorar a qualidade de vida, o que inclui não apenas a qualidade, quantidade, disponibilidade e custo dos bens, mas também a qualidade do meio físico e cultural. Os que defendem este ponto de vista julgam os sistemas de marketing não só pelo grau de satisfação, mas também pelo impacto do marketing na qualidade do meio ambiente. A maioria das pessoas concorda que a qualidade de vida é um importante objetivo para o marketing. Mas elas também devem observar que a “qualidade” é algo difícil de medir, e que ela pode ter um significado diferente de uma pessoa para outra. 21 O planejamento estratégico é a base do planejamento da empresa. Definimos planejamento estratégico como o processo de desenvolvimento por forma a manter um ajuste estratégico entre os objetivos e potenciais da empresa, e as mudanças das suas oportunidades de mercado. Conta com o desenvolvimento de uma missão clara para a empresa, definição dos objetivos, um bom “portfólio” de negócios e coordenação de estratégias funcionais. Os passos do planejamento estratégico são mostrados na figura abaixo. Ao nível da empresa, define-se primeiro o seu propósito geral e a missão. Esta missão é, então, detalhada em objetivos que direcionam toda a empresa. Em seguida, a administração decide qual “portfólio” de negócios e produtos é o melhor para a empresa, e o apoio que deve ser dado a cada um. Cada unidade de negócios e produtos deve, por sua vez, desenvolver um plano de marketing detalhado e outros planos de suporte ao plano geral da empresa. Assim, o planejamento de marketing ocorre ao nível das unidades de negócios, ao nível dos produtos e do mercado. Ele sustenta o planejamento estratégico da empresa com um planejamento mais detalhado para oportunidades específicas de mercado. 5.1. DEFINIÇÃO DA MISSÃO DA EMPRESA Uma organização existe para realizar alguma coisa. A princípio ela tem um propósito ou missão bem definida, mas ao longo do tempo essa missão pode tornar-se obscura, à medida que a organização cresce e então acrescenta novos produtos e mercados. A missão pode permanecer clara, mas alguns administradores podem não mais estar comprometidos com ela, ou a missão pode permanecer clara, mas pode não ser a melhor alternativa, dada às novas condições do ambiente. Quando a administração sente que a empresa está caminhando no sentido contrário aos seus objetivos, ela deve indagar-se: Qual é o nosso negócio? Quem é o nosso cliente? O que os clientes 5. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Definição da missão da empresa Definição dos objetivos e metas da empresa Planejamento do portfólio de negócios Planejamento das estratégias de marketing e outras estratégias funcionais Nível da empresa Nível da unidade de negócios, do produto e do mercado. Passos do Planejamento Estratégico 22 valorizam? Qual será o nosso negócio? Estas questões parecem simples, mas estão entre as mais difíceis para uma empresa. Empresas bem sucedidas frequentemente levantam estas questões respondendo de maneira cuidadosa e completa. Muitas organizações desenvolvem declarações formais das suas missões para responderem a estas questões. Uma declaração de missão é uma definição do propósito de uma organização: o que ela deseja alcançar num meio maior. Escrever uma definição formal da missão de uma empresa não é tarefa fácil. Algumas organizações gastam um ano ou mais tentando preparar uma boa definição do propósito da sua empresa. Uma definição clara da missão atua como uma mão invisível que guia as pessoas dentro da organização de forma a que elas possam trabalhar para a realização dos objetivos da empresa. As empresas definiam tradicionalmente os seus negócios em termos de produtos, tais como “fabricamos mobília”, ou em termos de tecnologia, como “somos uma empresa de processamento químico”. Mas, definições baseadas no mercado são melhores do que definições de produtos ou de tecnologias. Produtos e tecnologia podem, eventualmente, tornar-se obsoletos enquanto que as necessidades básicas do mercado podem durar para sempre. A administração deve evitar que a sua missão seja muito restrita ou muito ampla. Um fabricante de lápis que diz estar no negócio de equipamentos de comunicação está definindo a sua missão de uma maneira muito ampla. Muitas empresas esboçam declarações de missão muito detalhadas que definem os objetivos da empresa em relação ao seu mercado, consumidores, empregados, acionistas e outros públicos. Essas declarações de missão frequentemente estabelecem os padrões de responsabilidade social ede conduta ética da empresa num ambiente de marketing mais amplo. Para fazer sentido, tais declarações devem ser sustentadas por objetivos e estratégias específicos. 5.2. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA EMPRESA A missão da empresa precisa ser traduzida em objetivos detalhados para cada nível de gestão. Cada administrador deve ter objetivos e ser responsável por alcançá-los. Por exemplo, a International Minerals and Chemical Corporation está presente em muitos ramos, incluindo o negócio de fertilizantes. A divisão de fertilizantes não preconiza que a sua missão seja produzir fertilizantes. Em vez disso, ela postula que a sua missão é “aumentar a produtividade agrícola”. Esta missão leva a uma hierarquia de objetivos: objetivos de negócios, objetivo de marketing e por fim a uma estratégia de marketing. A missão de aumentar a produção agrícola conduz ao objetivo da empresa, que é o de conseguir novos tipos de fertilizantes que resultem em melhor rendimento. Mas uma pesquisa deste tipo requer aumento de lucros para que a empresa 23 possa investir em tecnologias de produção agrícola. Assim, outro objetivo importante é: “aumentar os lucros”. Pode-se aumentar os lucros aumentando as vendas ou reduzindo os custos. Pode-se aumentar as vendas aumentando a fatia de mercado que a empresa detém, expandindo-se para outros mercados, ou ambos. Estas metas tornam-se os objetivos de marketing da empresa. Estratégias de marketing devem ser desenvolvidas para apoiar os objetivos de marketing. Para aumentar a sua participação no mercado, a empresa deve intensificar a distribuição e a promoção dos seus produtos. Para se expandir em direção aos mercados externos, a empresa deve reduzir preços e ter como alvo grandes segmentos de consumidores no exterior. Estas são estratégias de marketing amplas. Cada estratégia de marketing deve ser proposta de maneira detalhada. Por exemplo, aumentar a promoção do produto pode requerer mais vendedores e um maior volume de propaganda, que por sua vez, deverão ser especificados minuciosamente. Desta forma, a missão da empresa é traduzida numa série de objetivos para o período corrente. Os objetivos devem ser tão específicos quanto possível. O objetivo “aumentar a nossa participação de mercado” não é tão útil quanto o objetivo “aumentar a nossa participação de mercado para 15% no final do segundo ano”. 5.3. PLANEJAMENTO DO “PORTFÓLIO” DE NEGÓCIOS Guiada pela definição da missão e pelos objetivos da empresa a administração deve agora planejar o portfólio de negócios. Um portfólio de negócios é o conjunto dos diversos negócios e produtos que constituem uma empresa. O melhor portfólio de negócios é aquele que se adapta às forças a fraquezas da empresa diante das oportunidades do ambiente. A empresa deve em primeiro lugar analisar o seu portfólio de negócios atual e decidir quais os negócios que devem receber maior ou menor volume de investimento e desenvolver estratégias de crescimento para adicionar novos produtos ou novos negócios ao portfólio. 5.3.1 Análise do atual portfólio de negócios A principal ferramenta do planejamento estratégico é a análise do portfólio de negócios. Por meio dela, a administração avalia os negócios que constituem a empresa. A empresa investirá maior volume de recursos nos seus negócios mais lucrativos e reduzirá os seus investimentos ou abandonará os negócios mais fracos. O primeiro passo da administração é identificar os negócios chave que constituem a empresa. Estes são chamados de unidades estratégicas de negócios. A Unidade Estratégica de Negócios (UEN) é uma unidade da empresa que tem uma missão separada e objetivos separados, e que pode ser planeada independentemente de outros negócios da empresa. 24 Identificar UEN’S pode ser difícil. Numa grande corporação, a UEN deverá ser definida ao nível das empresas, divisões, linhas de produtos ou marcas? Definir unidades estratégicas de negócios para uma análise de portfólio é, com frequência, uma tarefa complexa. O próximo passo na análise do portfólio de negócios exige que a administração descubra a atratividade das suas várias UEN’s e decida o montante de investimento a ser direcionado para cada unidade. Em algumas empresas, isto é feito de maneira informal. A administração observa o portfólio de negócios ou os produtos da empresa e usa o seu bom senso para decidir com quanto cada UEN deveria contribuir e quanto deveria receber. Outras empresas usam métodos formais de planejamento de portfólios. O propósito do planejamento estratégico é encontrar maneiras da empresa usar suas potencialidades a fim de aproveitar as oportunidades de ambiente. Desta forma, a maioria dos métodos-padrão de análise de portfólios avalia UEN’S em duas dimensões importantes: a atratividade do mercado ou indústria da UEN e a força da posição da UEN no mercado ou indústria. Os dois métodos mais conhecidos de planejamento desses portfólios são aqueles desenvolvidos pelo Boston Consulting Group, uma das principais firmas de consultoria em gestão, e pela General Electric. Usando o método do Boston Consulting Group (BCG), uma empresa classifica as suas UEN’s de acordo com a matriz de crescimento-participação mostrada na figura abaixo. No eixo vertical, a taxa de crescimento do mercado proporciona uma medida da atratividade do mercado. No eixo horizontal, a participação relativa do mercado serve como medida da 25 penetração da empresa no mercado. Dividindo a matriz participação-crescimento como indicado, pode-se distinguir quatro tipos de UEN´s: • Estrelas – Estrelas são negócios ou produtos de alto crescimento e alta participação. Estes necessitam, com frequência, de elevados investimentos para financiar o seu rápido crescimento. Eventualmente o seu crescimento vai desacelerar transformando-se em vacas leiteiras. • Vacas leiteiras – Vacas leiteiras são negócios ou produtos de crescimento lento e alta participação. Essas UEN’s já estabelecidas e bem sucedidas necessitam de menos investimentos para manterem a sua participação no mercado. Assim, geram bastante dinheiro, que a empresa usa para pagar as suas contas e para sustentar outras UEN’s que necessitam de investimentos. • Oportunidades – são unidades de negócios de pequenas parcelas de mercado e alto índice de crescimento. Elas necessitam de um alto volume de recursos para manter a parcela que detêm do mercado, e mais ainda para aumentá-la. A administração tem que pensar muito sobre quais oportunidades deverá transformar em estrelas e quais deveriam ser descartadas, ou seja, passarem a abacaxis. • Abacaxis – são negócios ou produtos de crescimento lento e pequena participação de mercado. Esses produtos podem gerar dinheiro suficiente para se manterem, mas não são promissores como grandes fontes de recursos. Os nove círculos na matriz de crescimento-participação representam as UEN´s correntes da empresa. A empresa tem duas estrelas, duas vacas leiteiras, três oportunidades e dois abacaxis. As áreas dos círculos são proporcionais às vendas das UEN´s. Essa empresa está numa situação regular. Felizmente, ela tem duas vacas leiteiras de bom tamanho, cujos lucros ajudam a financiar as suas oportunidades, estrelas e abacaxis. A empresa deverá empreender uma ação decisiva em relação aos abacaxis e às oportunidades. O quadro poderia ser pior, se a empresa não tivesse estrelas, ou tivesse abacaxis a mais, ou apenas uma vaca leiteira fraca. Uma vez feita a classificação das UEN´s, a empresa deve determinar que papel cada uma irá representar no futuro. Para cada UEN pode ser adotada uma das quatro estratégias que se seguem: • Crescimento A empresa pode investir mais na unidade de negócios, paraaumentar a participação no mercado. • Manutenção Pode investir apenas o suficiente para manter participação de mercado da UEN no nível atual. 26 • Desaceleração Pode aproveitar o máximo da UEN, distribuindo o fluxo de dinheiro no curto prazo, sem se preocupar com o efeito a longo prazo. • Eliminação Pode abandonar a UEN, mediante a sua venda ou eliminação e utilizar os recursos em outra UEN. Com o passar do tempo, as UEN´s mudam de posição na matriz de crescimento-participação, cada uma tem um ciclo de vida. Muitas UEN´s começam como oportunidades e mudam para a categoria de estrelas, se são bem sucedidas. Mais tarde tornam-se vacas leiteiras, à medida que o crescimento do mercado diminui. Por fim, morrem ou transformam-se em abacaxis, já no fim do seu ciclo de vida. A empresa precisa acrescentar continuamente produtos e unidades à sua estrutura para conseguir que alguns deles se tornem estrelas e, eventualmente, vacas leiteiras, para ajudar a financiar outras UEN´s. 5.3.2 Desenvolvimento de Estratégias de Crescimento Além de avaliar os negócios correntes, projetar o portfólio de negócios envolve o esforço de encontrar negócios e produtos que a empresa deverá levar em consideração para o futuro. Um recurso útil para identificar oportunidades de crescimento é a matriz de crescimento produto/mercado (Igor ANSOFF, Harvard Business Review, set./out. 1957). Esta matriz é mostrada na figura abaixo e detalhada em seguida: - Estratégia de Penetração de Mercado: em primeiro lugar a administração precisa considerar se as principais marcas da empresa podem alcançar uma maior penetração no mercado - obtendo maiores vendas para clientes atuais sem alterar os seus produtos. Por exemplo, para aumentar a venda de uma linha de produtos pode-se reduzir os preços, aumentar a 1 - Penetração de Mercado 2 - Desenvolvimento de Mercado 4 - Diversificação 3 - Desenvolvimento de Produto Produtos Existentes Novos Produtos Mercados Existentes Novos Mercados Oportunidade de mercado identificada através de uma matriz de crescimento produto/serviço 27 publicidade do produto ou colocá-lo á disposição num maior número de postos de venda. Basicamente a administração gostaria de aumentar o consumo dos seus clientes atuais e atrair novos clientes de outras marcas. - Estratégia de Desenvolvimento de Mercado: Em segundo lugar a administração pode considerar a possibilidade de desenvolvimento do mercado - identificando e desenvolvendo novos mercados de produtos já existentes. Por exemplo, os administradores podem rever os mercados demográficos – bebês, crianças em idade pré-escolar, adolescentes, jovens adultos, cidadãos mais idosos – para identificar se algum desses grupos pode ser alvo. Os administradores também observam os mercados institucionais - restaurantes, serviços alimentares, hospitais, etc - para identificarem se as vendas destes compradores podem ser aumentadas. A administração pode rever também os mercados geográficos – Europa Central, Ásia, Indonésia, etc - para ver se estes mercados podem ser desenvolvidos. Todas estas são estratégias de desenvolvimento do mercado. - Estratégia de Desenvolvimento do Produto: Em terceiro lugar, a administração pode considerar o desenvolvimento do produto - oferecendo produtos novos ou modificados para mercados já existentes. A empresa pode lançar novas marcas para diferentes consumidores, ou novos produtos para os atuais consumidores. Todas estas opções representam estágios de desenvolvimento do produto. - Estratégia de Diversificação: Em quarto lugar a administração pode considerar a diversificação. A empresa pode iniciar ou comprar negócios inteiramente estranhos aos seus produtos ou mercados atuais. 28 O plano estratégico define a missão e os objetivos gerados na empresa. Dentro de cada unidade comercial, o marketing deve realizar os objetivos gerais. Empresas inteligentes confiam no marketing como o sistema principal para munir e adaptar a empresa às mudanças do mercado. Marketing não é apenas vender e fazer propaganda, mas sim todo um processo de preparar a empresa para que esta esteja apta a aproveitar as melhores oportunidades que possam surgir. Definimos o processo de administração de marketing da seguinte forma: • Analisar as oportunidades de marketing. • Selecionar os mercados-alvo. • Desenvolver o “marketing-mix”. • Gerir o esforço de marketing. 6. O PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING ANALISAR AS OPORTUNIDADES DE MERCADO • Pesquisa de mercado e sistemas de informação • Mercados consumidores • Mercados institucionais SELEÇÃO DOS MERCADOS-ALVO • Medição e previsão da demanda (procura) • Segmentação do mercado, definição do alvo e posicionamento DESENVOLVIMENTO DO MARKETING MIX • Produto • Promoção (Comunicação) • Praça (Distribuição) • Preço GESTÃO DE ESFORÇOS DE MARKETING • Análise de concorrentes e estratégias competitivas em mkt: Pplanejamento, implementação, organização e controle dos pprogramas de marketing! 29 6.1 ANÁLISE DAS OPORTUNIDADES DE MERCADO Cada empresa deve ser capaz de identificar novas oportunidades de mercado. Nenhuma empresa pode depender dos seus produtos e mercados atuais e crer que irão durar para sempre. O ambiente, complexo e em constante mudança, sempre oferece novas oportunidades e ameaças. A empresa deve analisar cuidadosamente os seus consumidores e o ambiente, de forma a tirar vantagem das oportunidades. Para sobreviver, ela deve procurar, continuamente, novas maneiras de oferecer valor aos seus consumidores. As empresas podem pensar que têm sempre poucas oportunidades, mas esta crença é apenas resultado da incapacidade de pensar de uma forma estratégica em relação aos negócios com que lidam e quais as suas oportunidades. Muitas empresas têm idéias novas apenas mantendo os “olhos e ouvidos” abertos para as mudanças no mercado. Nem todas as oportunidades são adequadas para uma dada empresa. Uma oportunidade de marketing deve coadunar-se com os objetivos e recursos da empresa. Aparelhos de fax, televisores de alta definição, são mercados atrativos, mas não são para qualquer empresa. Por exemplo, estes mercados não são adequados para o McDonald´s, apesar de ter como objetivos elevados lucros e crescimento rápido. Mesmo detendo enormes recursos, o McDonald's não detém o chamado know- how, a experiência em marketing industrial e os canais especiais de distribuição necessários para vender com sucesso produtos eletrônicos de alta tecnologia. Durante todo o processo de administração de marketing, os profissionais precisam de um vasto suprimento de informações para analisarem as oportunidades de mercado. Eles precisam de informações sobre os consumidores e sobre o processo de decisão de compra. Os administradores precisam saber quais são os públicos importantes do ambiente de marketing - concorrentes, fornecedores e revendedores. Também precisam de informações sobre as maiores forças ambientais que afetam a empresa e os consumidores - fatores demográficos, econômicos, ecológicos, tecnológicos, políticos e culturais. 6.2 SELEÇÃO DO MERCADO ALVO Uma empresa sabe que não pode satisfazer todos os consumidores em dado mercado ou, pelo menos todos os consumidores da mesma maneira. Existem vários tipos de consumidores, com diferentes tipos de necessidades. Algumas empresas estão em melhor posição para servir certos segmentos do mercado. Cada empresa deve estudar o mercado e escolher os segmentos aos quaispode servir, com lucro, melhor do que os seus concorrentes. Isto envolve quatro passos: avaliação e 30 previsão da demanda, segmentação do mercado, definição do mercado e posicionamento do mercado. 6.2.1 Avaliação e previsão da demanda Suponhamos que uma empresa considere os mercados potenciais para um possível novo produto. Primeiro, a empresa necessita de uma cuidadosa estimativa ao atual e futuro tamanho do mercado e dos seus vários segmentos. Para estimar o tamanho atual do mercado, a empresa deve identificar todos os produtos concorrentes, estimar as vendas correntes e determinar se o tamanho do mercado é ou não suficiente. De igual importância é o futuro do crescimento de mercado. Uma empresa deseja entrar num mercado que mostre acentuada perspectiva de crescimento. O crescimento potencial pode depender da taxa de crescimento de uma certa faixa etária ou de grupos nacionais que preferem um dado produto. Por exemplo, o mercado para brinquedos de qualidade e roupas para crianças está intimamente ligado à atual taxa de natalidade, às tendências de afluência de consumidores e aos estilos de vida projetados pelas famílias. Prever os efeitos destas forças ambientais é difícil, mas tem de ser feito para que se tomem decisões sobre o mercado. 6.2.2 Segmentação do mercado Supondo que a previsão para a procura é boa, a empresa tem agora de decidir como entrar no mercado. O mercado consiste em muitos tipos de clientes, produtos e necessidades, e a tarefa do profissional de marketing é determinar quais os segmentos que oferecem as melhores chances para a empresa alcançar os objetivos. Os consumidores podem ser agrupados de várias maneiras: fatores geográficos (regiões, cidades), fatores demográficos (sexo, idade, educação), fatores psicográficos (classes sociais, estilos de vida) e fatores comportamentais (ocasiões de compra, benefícios procurados, taxas de uso). O processo de classificar os consumidores em grupos com diferentes necessidades, características ou comportamentos é chamado de segmentação de mercado. Um segmento de mercado é composto de consumidores que respondem de maneira similar a um dado grupo de estímulos de marketing. No mercado de carros, os consumidores que escolhem os carros maiores e mais confortáveis, sem se importarem com o preço, constituem um segmento do mercado. Outros segmentos incluem: consumidores que se preocupam principalmente com preço e economia; consumidores que procuram estilo e status; consumidores que desejam um excelente desempenho e modelos desportivos; ou consumidores que desejam segurança e durabilidade. Seria muito difícil fazer um modelo de carro que fosse a primeira opção dos compradores em cada um desses segmentos. Uma empresa que concentra os seus esforços em satisfazer as necessidades distintas de 31 um ou mais segmentos de mercado está agindo com sabedoria. Assim, ela estuda as características demográficas, geográficas, comportamentais e outras de cada segmento do mercado para avaliar a atratividade como uma oportunidade de mercado. 6.2.3 Definição de mercado Após ter avaliado os segmentos, a empresa pode entrar em um ou mais segmentos de um dado mercado. Uma empresa com habilidades ou recursos limitados pode decidir servir apenas um ou alguns poucos segmentos especiais. Esta estratégia limita as vendas, mas pode ser muito lucrativa. Ou então a empresa pode escolher servir vários segmentos relacionados entre si, talvez aqueles que tenham diversos tipos de consumidores, mas com os mesmos desejos básicos. Ou ainda uma grande empresa pode decidir oferecer uma variedade completa de produtos para servir a todos os segmentos do mercado. A maioria das empresas entra num novo mercado servindo apenas um único segmento. Se este procedimento mostrar resultados satisfatórios, a empresa adiciona novos segmentos. Como exemplos temos os casos da Toyota, Nissan e Honda que entraram pela primeira vez no mercado americano, oferecendo carros pequenos e econômicos e por sinal com sucesso, assim como o caso da Hyundai no mercado europeu. 6.2.4 Posicionamento de mercado A partir do momento em que a empresa decide em que segmentos entrar, deve agora decidir que posições deseja ocupar nesses segmentos. A posição de um produto é o lugar que ele ocupa na mente dos consumidores em relação aos seus concorrentes. Se o consumidor percebe que o produto é exatamente igual a outro produto existente no mercado, não vê razão para comprar. Posicionamento de mercado significa conseguir que um produto ocupe um lugar claro, distinto e desejável em relação aos produtos concorrentes na mente dos consumidores-alvo. Assim os profissionais de marketing planejam posições para os seus produtos de forma a distingui-los dos produtos concorrentes e para dar-lhes uma vantagem estratégica possível nos mercados-alvo. Por exemplo, o automóvel Hyundai está posicionado numa faixa de preços baixos como “o carro que faz sentido”. A Chrysler oferece os “carros mais bem construídos, mais bem estruturados dos Estados Unidos”; a Pontiac diz “nós produzimos emoções”; e na Ford “qualidade é a tarefa número um”. O Jaguar está posicionado como “uma mistura de arte e máquina”, enquanto o Saab é “o carro mais inteligente já construído”. O Mercedes tem uma “engenharia como nenhum carro no mundo”; o luxuoso Bentley é “o mais próximo do vôo que um carro pode chegar”. Tais declarações, aparentemente simples, formam a espinha dorsal da estratégia de marketing de um produto. 32 Ao definir o posicionamento do seu produto, a empresa deve, em primeiro lugar identificar possíveis vantagens competitivas sobre as quais construir a sua posição. Para conseguir tais vantagens, a empresa deve oferecer mais valor aos segmentos que escolher como alvo, seja cobrando preços mais baixos que os seus concorrentes, seja oferecendo mais benefícios para justificar preços mais altos. Mas se a empresa posiciona o produto como algo que oferece maior valor, ela deve também proporcionar este valor. Assim, diferenciar a oferta de marketing da empresa de forma a que ela ofereça aos consumidores mais valor do que os concorrentes oferecem, é o primeiro passo de um posicionamento eficaz. Porém, nem sempre compensa o esforço de diferenciar todos os fatores dos produtos. Os profissionais de marketing têm necessidade de escolher diferenças que sejam importantes para os consumidores e que façam a empresa sobressair face aos seus concorrentes. Eles devem também procurar diferenças que não possam ser facilmente copiadas pelos concorrentes, que sejam compatíveis com o poder de compra dos clientes e com as quais a empresa possa obter lucro. Contudo, posicionar um produto em inúmeros fatores pode resultar em confusão ou descrença para o consumidor. Uma vez que a empresa tenha escolhido a posição desejada, ela deve adotar medidas efetivas para comunicar essa posição aos consumidores-alvo. Todo o programa de marketing da empresa deve dar apoio à estratégia de posicionamento escolhida. 6.3 DEFINIÇÃO DO MARKETING MIX Uma vez que a empresa tenha decidido a sua estratégia de posicionamento de marketing, está pronta para começar a planejar os detalhes do marketing “Mix”. O marketing “Mix” é um dos conceitos principais do marketing moderno: Definimos marketing “Mix” como o grupo de variáveis controláveis de marketing que a empresa utiliza para produzir a resposta que deseja no mercado- alvo. O marketing “Mix” consiste em ações que a empresa pode desenvolver para direcionar a procura o seu produto. As diversas possibilidades podem ser reunidas em quatro grupos de variáveis conhecidos como os “quatro Ps”: Produto, Praça (distribuição), Promoção (comunicação) e Preço.6.3.1 A Política de Produto A definição de um produto é das tarefas mais difíceis, mas também mais importantes, de um profissional de marketing. E fácil descrever um produto através das suas características técnicas (composição química, componentes, materiais constituintes), no entanto, esta descrição pode não ser geralmente a mais útil. Os clientes usuários ou consumidores não adquirem normalmente os componentes ou os elementos constituintes de um produto, mas sim os benefícios que este oferece para satisfazer as 33 suas necessidades. Um produto é o conjunto dos atributos que proporcionam esses benefícios. As características técnicas, podendo ou não contribuir para que esse produto faça o que o cliente deseja, são, em última instância, a capacidade de satisfazer as necessidades que determina a sua aquisição e avaliação. Consoante a necessidade que é satisfeita, assim o cliente valoriza determinadas características tangíveis ou intangíveis dos produtos que adquire. O grau de satisfação do cliente e o nível de qualidade que atribui ao produto dependem diretamente da medida em que os seus atributos correspondem às expectativas em causa. Para além do conceito e definição, existem outros elementos que fazem parte da política do produto: a marca, a embalagem a extensão e profundidade das respectivas linhas e os produtos e serviços complementares. A marca de um produto é um elemento que pode desempenhar várias funções para além da sua mera identificação, estando associada a um nível de qualidade e satisfação pessoal. A utilização de marcas permite também ao produtor segmentar o mercado e procurar fidelizar os seus clientes. A embalagem é outro elemento importante. Para além das suas funções de transporte e preservação, ela desempenha outras funções significativas: é um meio de comunicação com o cliente através das variadas informações (obrigatórias ou não) que nela é possível incluir; pode também ser um meio de diferenciação quando os produtos são relativamente semelhantes. Os produtos e serviços complementares são cada vez mais frequentes, agregando-se ao produto central. A uma fotocopiadora pode acrescentar-se o papel, os consumíveis, o serviço de assistência técnica, a garantia, a substituição periódica por modelos recentes, o crédito na sua aquisição, etc. Muitas empresas baseiam as suas vantagens competitivas não no produto central que oferecem, muitas vezes idêntico ao da concorrência, mas no conjunto de produtos e serviços que lhe adicionam. A definição da política de produto deve ainda ter em consideração o desenvolvimento de novos artigos e a identificação da fase em que os já existentes se encontram no seu ciclo de vida. O ciclo de vida de um produto corresponde à evolução das suas vendas num mercado ao longo do tempo. Geralmente, identificam-se quatro fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio. 34 O conceito de ciclo de vida assim descrito pode ser aplicado a uma categoria de produtos (automóveis, por exemplo), a uma parte dessa categoria (automóveis populares), a uma marca (Fiat), a um modelo (Uno, por exemplo) ou a uma versão de um modelo (Uno Mille). A principal utilidade do conceito de ciclo de vida de um produto reside na identificação da fase em que ele se encontra e nas implicações de tal fato nas ações de marketing a desenvolver. A fase de introdução é caracterizada por um volume de vendas diminuto e por um crescimento lento — a esmagadora maioria do mercado potencial não é cliente do produto nem conhece a sua existência, por isso, não é de estranhar que as ações de marketing se concentrem no aumento do nível do conhecimento do artigo e dos seus atributos no mercado. As ações são dirigidas aos grupos que mais se beneficiam com o produto e àqueles que constituem a referência para os restantes — os líderes de opinião. Este esforço de marketing tem como objetivo principal captar pela primeira vez clientes, isto é, desenvolver a demanda primária. Na fase de crescimento, as vendas apresentam um forte aumento, atingindo, ao fim de relativamente pouco tempo, um volume elevado, sendo a difusão do produto conseguida pela entrada crescente de novos clientes no mercado. A difusão rápida do produto é facilitada por sua padronização, com existência de um reduzido número de variedades. Num estágio mais adiantado da fase de crescimento as empresas intensificam o esforço de segmentação do mercado, desenvolvendo novos modelos e variedades do produto para satisfazer com maior rigor as necessidades e características de cada um dos segmentos. Com a fase da maturidade atingem-se os volumes de vendas mais elevados, e o crescimento do mercado diminui, tornando-se praticamente nulo. Todos os potenciais clientes do produto ou serviço já são consumidores ou usuários e as suas preferências distribuem-se pelos diversos fabricantes e marcas. O crescimento de qualquer empresa nesta fase só se pode fazer à custa dos concorrentes atraindo os clientes destes — é o designado desenvolvimento da demanda secundária. A segmentação do mercado é ainda mais intensa, com os participantes concebendo novas variantes 35 do produto, adaptando-o a segmentos novos que identificam, procurando assim manter e captar novos clientes dos concorrentes. Na fase de declínio, como o próprio nome indica, as vendas decrescem. Os consumidores ou usuários encontram alternativas mais eficazes para satisfazerem as suas necessidades e abandonam gradualmente o produto, substituindo-o por outros que consideram melhores. As empresas podem entrar no mercado das fases do ciclo de vida do produto e serem bem sucedidas, o que é importante é que a sua estratégia de marketing se adapte às características próprias de cada uma das fases. 6.3.2 A Política de Promoção (Comunicação) A comunicação é o elemento do programa mais facilmente associado como uma atividade de marketing. Na mente de muita gente, marketing e publicidade (uma fonte de comunicação) confundem-se. É através da publicidade que os clientes atuais e potenciais conhecem os produtos e serviços que lhes são oferecidos, que os interessados contatam as organizações ou indivíduos que têm algo a oferecer, que as empresas diferenciam a sua oferta e segmentam os mercados, que se influencia o processo de compra, facilitando a tarefa dos clientes e diminuindo-lhes os riscos associados. As organizações e os indivíduos podem utilizar diferentes formas de comunicação, normalmente agrupadas no chamado mix de comunicação, constituído por publicidade, promoções, relações públicas e força de vendas. Seja qual for a constituição do mix, deve-se definir para cada um dos seus componentes os seguintes elementos: • Alvos a atingir com a comunicação: os clientes atuais ou potenciais, os dos concorrentes, os distribuidores varejistas ou atacadistas, a força de vendas ou outros colaboradores da organização que realiza a comunicação, etc; • Mensagem a transmitir com a comunicação: que atributos devem ser nela incluídos? Como utilizá-la para diferenciar o produto ou serviço? • Intensidade com que a comunicação deve ser realizada: quantos anúncios publicitários é preciso fazer e durante quanto tempo? Quantos vendedores é necessário utilizar? • Meios a utilizar para veicular a comunicação: deve ser utilizada a TV, rádio, imprensa ou todos? É necessário o contato pessoal? • Objetivos e avaliação da comunicação: os objetivos podem ser de curto ou longo prazo, resumir-se ao nível de notoriedade de um produto ou de uma marca, ou incluir o desencadear 36 de ações por parte dos alvos atingidos. A avaliação pretende analisar em que medida os objetivos foram atingidos e otimizar os investimentos realizados
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