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AULA 4 SOBRECARGAS CAVITÁRIAS Bittencourt Quando átrio e ventrículo crescem, eles se hipertrofiam. Mas não podemos falar em hipertrofia ao ECG e sim SOBRECARGA. SOBRECARGAS ATRIAIS Nas sobrecargas atriais, analisa-se a onda P. O nó sinusal despolariza o átrio direito primeiro, seguido pelo átrio esquerdo, com vetores nos sentidos abaixo e que formam o seguinte vetor resultante. Lembrando que a 1ª parte da onda P é referente ao átrio direito e a 2ª parte ao átrio esquerdo. Além disso, deve ter, fisiologicamente, amplitude e duração máximas de 2,5mm e 0,11s e é melhor analisada em V1 e DII. Sobrecarga de átrio direito Se tiver uma estenose da válvula tricúspide, temos uma obstrução do esvaziamento do AD, então isso é uma causa de sobrecarga, mas não é a mais frequente. As causas mais frequentes são pulmonares: · Hipertensão pulmonar primária · Hipertensão pulmonar secundária · Fibrose pulmonar · Embolia de repetição · DPOC Se o AD estiver sobrecarregado, a amplitude da onda P vai aumentar (>2,5mm), pois vai precisar de uma força maior para despolarizar. Outra possível característica importante é a presença de onda P difásica em V1, com parte inicial positiva > parte terminal negativa. Outro sinal é a presença de onda “P pulmonale”, quando a onda P em DIII é < que em DI, o que indica desvio do eixo da onda P para a direita As melhores derivações para analisar a onda P são as da parede inferior (DII, DIII, AVF) Nome devido às principais causas. Onda P pontiaguda em DII, DII e AVF (amplitude > 2,5mm) com duração normal. Sobrecarga de átrio esquerdo O átrio esquerdo se esvazia pela válvula mitral, sendo assim, uma estenose pode causar sobrecarga de AE. No nosso meio, a principal causa de estenose de válvula mitral é a febre reumática, mas existem outras causas congênitas e adquiridas. No caso de sobrecarga de AE, que já se despolariza depois do AD, o estímulo vai demorar ainda mais para se propagar pela câmara. Dessa forma, a onda P (“P mitrale) vai se alargar (duração maior que 3 quadradinhos) e, por vezes, ter dois ventres (dicroica, parece uma corcova), mas sem aumento de amplitude (diferente da “p pulmonale”), pois os dois componentes ocorrem quase separadamente. O índice de Morris é a presença de fase negativa >1mm² em V1 (ocupa mais de um quadradinho de duração e amplitude). SOBRECARGAS VENTRICULARES Podemos ter sobrecarga de VE e VD. Lembrando que a relação de músculo entre VE/VD é praticamente 3:1, então a sobrecarga de VE irá gerar uma intensificação daquilo que já é natural (“ganhar a briga de vetores”). Se o eixo estiver desviado para a esquerda (em azul, entre - 30º e -90º), provavelmente há uma sobrecarga de VE. Já quando temos uma sobrecarga de VD temos uma mudança do vetor e como sua massa é menor, o sinal de ECG é de difícil visualização e gera dúvida. Além de que a ausência de sinal eletrocardiográfico não descarta uma sobrecarga de VD. Se o eixo estiver desviado para a direita (em vermelho, entre 90º e -90º, nos quadrantes da direita), provavelmente há uma sobrecarga de VD. O ECG é pouco sensível e pouco específico para sobrecargas ventriculares, sendo o ecocardiograma o padrão-ouro para essas patologias. Nessas sobrecargas, o que irá mudar é o complexo QRS. Sobrecarga de Ventrículo Esquerdo As principais causas são: · HAS · Cardiomiopatia hipertrófica · Cardimiopatia dilatada · Doenças da aorta · Doenças da valva aórtica (reumático ou degenerativo) · Estenose · Insuficiência Ao analisar V1 e V6 conseguimos perceber se há dilatação do VE. A despolarização do VE ocorre em: septo parede livre bases de ventrículo. Como a parede é mais espessa, o vetor segue nessa direção. Portanto, em V6 o QRS é muito positivo. Por outro lado, V1 enxerga QRS negativo. Sendo assim, as alterações geradas são: · Aumento da onda S nas derivações orientadas para direita (V1 e V2) · Aumento das ondas R nas derivações orientadas para esquerda (V4 e V5) · Desvio da onda T se afastando das regiões esquerdas · Sobrecarga do átrio esquerdo (sinal indireto) Os índices mais utilizados na prática para o estudo de sobrecargas de VE são: · Sokolow-Lyon (1949): S de V1 + maior R de V5 ou V6 ≥ 35mm – S=57%; E=86%. · Cornell (1987): R de Avl + S de V3 ≥ 28mm se masculino ou ≥ 20mm se feminino – S=42%; E=96%. · R de Avl ≥ 11mm – S=13%; E=99%. · Escore de Romhit-Estes >/=5 pontos (1968): · Maiores (3 pts): índice de Morris, Padrão Strain, onda S + onda R >/=30cm · Intermediário (2pts): desvio para esquerda · Menores (1 pto): TAV > 40ms e QRS >/= 90ms · Padrão strain: infradesnivelamento e inversão de onda T em V5 e V6 com assimetria da onda T (se é simétrica, tem maior chance de ser isquêmica) > 35mm > 20mm (H) e > 28mm (M) Strain Sobrecarga de ventrículo direito Por apresentar menor massa, o VD aparece pouco no ECG. Portanto, em condições normais, as derivações direitas (V1, V2) enxergam os estímulos elétricos predominantemente indo em direção oposta a elas, o que faz com que o QRS nessas situações seja predominantemente negativo. Mas se houver sobrecarga de VD, teremos QRS predominantemente positivo (puxa o vetor). No caso da sobrecarga de VD as alterações são: · presença de padrão Rsr’ ou Rs em V1 e V2 = V1 positivo · presença de padrão Rs em V5 e V6. · Desvio do eixo para a direita
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