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Comentario de Champlin Versiculo por versículo - AT V 4 - Sl a Ct

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0 ANTIGO TESTAMENTO
INTERPRETADO
O ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO
VERSÍCULO POR VERSÍCULO
por
Russell N orm an Cham plin, Ph. D.
V olum e 4
SA L M O S
PR O V É R B IO S
E C L ESIA STE S
C A N T A R E S
★★★ ★★★ ★★★
2a Edição - 2001 
Direitos Reservados
Digitalização: 
P resb íte ro e 
E sc rib a D ig ita l
UAGNOS
jocam
Retângulo
Bem-aventurado o 
homem que nâo anda no 
conselho dos ímpios, nâo 
se detém no caminho dos 
pecadoresnem se 
assenta na roda dos 
escamecedores. Antes o 
seu prazer está na lei do 
Senhor.
Salmo 1.1,2
Salmos 
150 Capítulos 
2.461 Versículos
SALMOS 2051
INTRODUÇÃO
Esboço:
I. O Titulo e Vários Nomes
II. Caracterização Geral
III. Idéias dos Críticos e Refutações
IV. Autoria e Datas
V. Várias Compilações e Fontes Informativas
VI. Conteúdo e Tipos
VII. A Esperança Messiânica
VIII. Usos dos Salmos
IX. A Poesia dos Hebreus
X. Pontos de Vista e Idéias Religiosas
XI. Canonicidade
XII. Os Salmos no Novo Testamento
XIII. Bibliografia
I. O Título e Vários Nomes
1. O moderno titu lo desse livro do Antigo Testamento vem do 
grego psalmós, que indica um cântico para ser cantado com o 
acompanhamento de algum instrum ento de cordas, como a har­
pa. O verbo grego psallein s ignifica «tanger». A Septuaginta diz 
Psalmoí como o titu lo do livro. E é da Septuaginta que se deriva 
nosso titu lo moderno do livro. A Vulgata Latina diz, como titu lo, 
Liber Psalmorum.
2. O titulo hebraico antigo do livro era Tehillim, «cânticos de 
louvor». Esse título refletia o principal conteúdo dessa coletânea em 
geral. Mas vários outros vocábulos hebraicos introduzem salmos es­
pecíficos, a saber:
Shír, «cântico» (29 salmos). Mizmor, «melodia», «salmo» (57 sal­
mos); essa palavra subentende o tanger de algum instrumento de 
cordas, pelo que é similar ao termo grego psalmós. Sir Hammolot, 
«cânticos dos degraus» (Sal. 120 a 134), que eram cânticos entoa­
dos por peregrinos que subiam a Jerusalém para celebrar as festivi­
dades religiosas. Miktam, cujo sentido exato se perdeu, embora haja 
nas composições envolvidas a idéia de lamentações e expiação (Sal. 
16, 56-40). Maskil, «instrução», que são salmos didáticos (Sal. 74, 78 
e 79). Siggayon, também de significado duvidoso, mas talvez uma 
palavra relacionada ao termo hebraico saga, «dar uma guinada», 
«girar», referindo-se a um tipo de música agitada (Sal. 7). Tepilía, 
«oração», referindo-se a alguma composição poética entoada como 
uma oração ou petição (Sal. 142). Toda, «agradecimento», Le annot, 
«aflição». Hazkir, «comemorar» ou «lembrança», como no caso de 
um pecado cometido (Sal. 38 e 70). Yedutum, «confissão» (Sal. 39, 
62 e 77). Lammed, «ensinar» (Sal. 60). Menasseah, «diretor musi­
cal» (55 salmos). Yonat elem rehoqim, que diz respeito a alguma 
«pomba» (deve estar em foco algum tipo de sacrifício). Ayyelet 
hassahar, «corça do alvorecer» (estando em foco algum sacrifício). 
Sosannim, «lírios» (Sal. 60, 65 e 69), talvez uma referência ao uso 
de flores em cortejos nos quais eram entoados salmos. Neginot, uma 
referência a instrumentos musicais que sem dúvida acompanhavam 
o cântico de salmos (Sal. 6, 54, 55 e 67). Sela, «elevar», talvez uma 
direção para que se elevasse a voz, em algum tipo de bênção ou 
vozes responsivas (39 salmos). Nehilot, «flautas», uma referência ao 
acompanhamento do cântico de salmos por meio desse instrumento 
de sopro.
A complexidade desses títulos reflete tanto a própria complexida­
de da coletânea quanto o seu variegado uso em conexão com a 
devoção privada e com a adoração pública, especialmente aquele 
tipo que era acompanhado por música.
II. Caracterização Geral
«O livro de Salmos, tradicionalmente atribuído a Davi, é uma 
antologia de cânticos e poemas sagrados dos hebreus. Aparece na 
terceira seção do Antigo Testamento, chamada os Escritos (no 
hebraico, Ketubim). A palavra salmos é de origem grega e denota o 
som de algum instrumento de cordas. Seu nome, em hebraico, é 
tehillim, louvores’. Os temas dos salmos envolvem não somente lou­
vores ao Senhor, mas também alegria e tristeza pessoais, redenção 
nacional, festividades e eventos históricos. O seu fervor religioso e 
poder literário têm conferido a essa coletânea uma profunda influên­
cia através dos séculos, e não menos no mundo cristão».
«Tem havido intensa disputa entre os eruditos acerca da antigüida­
de e autoria desses salmos, e acerca de sua conexão com o rei Davi. 
Provavelmente foram compostos durante um período bíblico de mil 
anos ou mesmo mais. Dentre os cento e cinqüenta salmos, setenta e 
três têm, no seu título, as palavras «de Davi»; e muitos deles foram 
compostos na primeira pessoa do singular. Alguns desses, ou porções 
dos mesmos, parecem ser de data posterior à do reinado de Davi. 
Entretanto, o cotejo com outras peças poéticas religiosas do Oriente 
Próximo e Médio da mesma época geral sugere que alguns dos poe­
mas atribuídos a Davi datam, realmente, do tempo dele. Sem importar 
o que os especialistas digam, é apenas natural que a crença popular 
tenha atribuído a obra inteira ao maior dos reis de Israel, um poeta e 
músico que se sentia em íntima comunhão com Deus» (WW).
Os salmos reverberam as mais profundas experiências e neces­
sidades do coração humano, e assim exercem uma atração perma­
nente sobre as pessoas de todas as religiões. Incorporaram o que 
havia de melhor nas formas poéticas dos hebreus, tendo-as desen­
volvido, e eram acompanhados por um surpreendente desenvolvi­
mento musical, com freqüência usado para acompanhar a recitação 
dos salmos na adoração formal de Israel.
Tem-se tornado comum aos eruditos liberais aludirem aos sal­
mos como «o hinário do segundo templo», o que serve de uma boa 
descrição. Contudo, não há nenhuma razão constrangedora que nos 
force a duvidar de que pelo menos muitos dos salmos, bem como a 
música que os acompanhava, já faziam parte da liturgia do primeiro 
templo de Jerusalém. Ver a terceira seção, intitulada Idéias dos Críti­
cos e Refutações, quanto aos argumentos pró e contra acerca da 
data e da compilação dessa coletânea de hinos e poemas. Esse 
hinário do segundo templo contém muitos elementos antigos que 
correspondem ao que se conhece sobre a poesia antiga de outras 
culturas, e não somente da cultura hebréia; e isso favorece a antigüi­
dade pelos menos de uma parcela razoável da coletânea.
Seja como for, a fé religiosa viva resplandece através desses hinos 
e poemas. O Saltério é o hinário do antigo povo de Israel; e, posterior­
mente, veio a ser o livro veterotestamentário mais constantemente 
citado no Novo Testamento. Os primeiros hinários cristãos, em vários 
idiomas, incorporaram muitos dos salmos, que então foram musicados. 
Sob o primeiro ponto, temos dado indicações sobre os muitos tipos de 
salmos que compõem a coletânea, e, nas seções quinta e sexta, ilus­
tramos essa questão um pouco mais. Os principais tipos de salmos 
são os de louvor, lamentação, confissão, júbilo, triunfo, agradecimento, 
salmos reais, imprecações contra os inimigos, história sagrada, sabe­
doria, liturgias, cânticos festivos. O livro de Salmos reflete muitos as­
pectos da vida religiosa e das aspirações do antigo povo de Israel, e é 
dotado de profunda beleza e percepção espiritual, o que tem feito do 
livro uma parte imortal da literatura religiosa.
III. Idéias dos Críticos e Refutações
Apesar de todos os homens louvarem os salmos, nem todos pen­
sam que eles foram autenticamente compostos por Davi e produzidos
2052 SALMOS
naquele antigo período da história. Talvez a maioria dos eruditos mo­
dernos veja os salmos como uma série de coletâneas que terminou 
unida em uma única grande coletânea, embora a totalidade tivesse 
sido composta e desenvolvida no processo de um longo tempo.
Alistamos os principais pontos de vista dos críticos, juntamente 
com as refutações às suas críticas:
1. O uso do termo hebraico le levanta uma questão de interpreta­
ção. Essa palavra pode significar «por», envolvendo assim a idéia de 
autoria. Porém, também pode tero sentido de «pertencente a», não 
requerendo assim a idéia de que determinados salmos foram compos­
tos pelo indivíduo que aparece no título. Onze salmos presumivelmente 
são atribuídos aos filhos de Coré, mas essa palavra hebraica aparece 
nos títulos introdutórios. No entanto, o trecho de II Crô. 20.19 mostra- 
nos que esses homens formavam uma guilda de cantores do templo, 
após o exílio. Não é provável que eles tenham, verdadeiramente, com­
posto os salmos que lhes são atribuídos; antes, esse grupo de salmos 
foi selecionado por eles (provavelmente procedentes de diferentes au­
tores), e os cantores os usavam em seu trabalho.
Resposta. Apesar de ser verdade que o vocábulo hebraico em 
questão pode envolver o sentido de «pertencente a», e que, de fato, 
em certos casos assim deve ser entendido, também é verdade que 
tal termo pode significar «por», indicando a autoria. E se havia uma 
guilda musical dos filhos de Coré, que existiu depois do exílio 
babilónico, é também provável que essa guilda já existisse desde 
tempos mais antigos, e que os seus descendentes é que foram men­
cionados em II Crônicas. Ver no Dicionário sobre Coré: Coate e 
Coatitas. A passagem de I Crô. 6.31 ss. fornece-nos os nomes da­
queles que Davi nomeou para ocuparem-se da música sacra, e os 
filhos de Coré estavam entre eles. Ver o vs. 38. «Quando da reorga­
nização instituída por Davi, os coatitas ocuparam certa variedade de 
ofícios, incluindo um papel na música executada no templo» (ND).
2. Os títulos dos salmos não eram originais, e sem dúvida contêm 
muitos desejos piedosos, não informações históricas autênticas.
Resposta. É verdade que as tradições tendem por adicionar toda 
espécie de material não histórico, mas também podemos estar tra­
tando com anotações e observações verdadeiramente antigas dota­
das de valor histórico, pelo menos no que se aplica à maioria dos 
salmos. A baixa crítica (estudo do texto dos manuscritos antigos) 
arma-nos de um constante testemunho em favor desses títulos. Toda­
via, este último argumento não é muito definitivo, visto que todos os 
manuscritos que temos dos Salmos são tão posteriores que se torna 
impossível fazer qualquer afirmação quanto ao valor histórico dos títu­
los, meramente por se encontrarem em todos os manuscritos conheci­
dos. Todos os manuscritos conhecidos do livro de Salmos são de data 
relativamente recente.
3. Setenta e quatro dos salmos são atribuídos a Davi, mas entre eles 
manifesta-se uma grande variedade de estilo, expressão e sintaxe, mos­
trando que dificilmente eles foram compostos por um único autor.
Resposta. Esse tipo de argumento só pode ter peso se também for 
exatamente detalhado quais problemas estão envolvidos. Argumenta-se 
que são achados aramaísmos nos salmos de Davi. Os eruditos conser­
vadores dizem que isso poderia ter ocorrido durante o processo de 
transmissão dos textos. Questões assim só podem ser tentativamente 
resolvidas por eruditos no hebraico. Entretanto, todos os autores são, 
parcialmente, compiladores, pelo que é possível que Davi, embora 
poeta de alto gabarito, algumas vezes tenha incorporado composições 
não de sua autoria, em seus poemas. Além disso, é possível que 
vários dos chamados salmos de Davi não fossem de sua autoria, 
embora esse reparo não caiba à grande massa deles. Salmos anôni­
mos provavelmente também foram atribuídos a Davi, visto que ele foi o 
principal para a coletânea. No Novo Testamento, certos salmos são
atribuídos a Davi, embora os títulos do Antigo Testamento não digam 
tais coisas. Isso pode ter sido instância do que acabamos de asseve­
rar. Não há necessidade de nos empenharmos pela autoria davídica 
desses salmos. Mas precisamos defender o conjunto dos salmos de 
Davi. Quanto a observações neotestamentárias, ver Atos 4.25 e Heb. 
4.7. O trecho de I Crô. 16.8-36 contém porções dos Salmos 96,105 e 
106, e parece atribuí-los a Davi, ao passo que, no próprio livro de 
Salmos, eles figuram como anônimos. E no tocante a Heb. 4.7, alguns 
estudiosos argumentam que esse versículo não precisa ser interpreta­
do com o sentido de que a autoria davídica está em pauta, pois estari­
am em foco apenas as questões do uso de idéias e o cuidado na 
prestação de ações de graças.
4. Muitas coletâneas, incorporadas naquilo que finalmente veio a 
ser o Saltério, provavelmente indicam um processo muito prolongado. 
Assim, apesar de alguns dos salmos terem sido de autoria davídica, a 
maior parte não o é, e a compilação final ocorreu após o exílio babilónico.
Resposta. Na primeira seção, acima, ficou demonstrado que, de 
fato, muitos dos títulos dos salmos sugerem fontes múltiplas, muito 
mais complexas do que se dizer que Davi e alguns outros, como 
Asafe, Salomão, os filhos de Coré etc., nos legaram os salmos. 
Todos os bons hinários são como antologias de hinos adicionados 
através dos séculos. Porém, o reconhecimento desse fato não anula 
a idéia de que Davi foi o principal e mais volumoso contribuinte, e 
que outros salmos, como os de Asafe, também pertencem, autentica­
mente, à época de Davi. Ver a quinta seção, abaixo, quanto à com­
plexidade de fontes que aparentemente estão por trás do livro de 
Salmos. Parece que precisamos admitir que o livro de Salmos rece­
beu contribuições da parte de muitos, ao longo de um prolongado 
tempo. Contudo, isso não anula o antigo âmago do livro, especial­
mente aquela porção que pertence autenticamente a Davi.
5. Os títulos davídicos relacionam os salmos a certos eventos da 
vida de Davi, mas a leitura desses salmos envolvidos revela-nos que o 
seu conteúdo nada tem que ver com o que aqueles títulos dizem.
Resposta. É admirável que as mesmas evidências possam ser 
interpretadas de modos diferentes, tudo dependendo de como os 
intérpretes aparentemente queiram distorcer a questão. Alguns erudi­
tos liberais admitem nada menos de dezoito salmos como de autoria 
autenticamente davídica; mas outros desses mesmos eruditos não 
podem achar um único salmo que seja tão antigo que possa ser 
atribuído a Davi. Na quarta seção, Autoria e Datas, apresentamos um 
estudo sobre esses salmos que parecem refletir circunstâncias ver­
dadeiras da vida de Davi. E consideramos isso adequado para de­
monstrar a presença de genuínos salmos davídicos no livro de Sal­
mos, mesmo que isso não possa ser aplicado a todos os setenta e 
quatro salmos a ele atribuídos.
6. Apesar de poder ser demonstrado que alguns dos salmos contêm 
elementos antiquíssimos, que mostram afinidade com a poesia norte- 
cananéia (como aquela que foi encontrada em Ras Shamra; ver no 
Dicionário a respeito) ou com os antigos textos babilónicos, pode-se 
interpretar melhor esse ponto supondo-se que antigos elementos tives­
sem sido incorporados, e não que todos os salmos fossem verdadeira­
mente antigos. Por outra parte, pode-se mostrar que material literário 
semelhante aos salmos era bastante comum em tempos pré-exílicos, 
segundo se vê em Osé. 6.1-3; Isa. 2.2-4; 38.10-20; Jer. 14.7-9; Hab. 3.1 
ss.; I Crô. 16.8-36.0 mesmo sucedeu em tempos pós-exílicos, conforme 
se vê em Esd. 9.5-15 e Nee. 9.6-39. Com base nas evidências, podemos 
afirmar que essa forma de composição escrita era encontrada em várias 
colunas antigas, e isso cobrindo um período de tempo muito longo.
7. O guerreiro Davi poderia ter sido o autor desses monumentos de 
espiritualidade? Infelizmente é verdade que, em muitas ocasiões, Davi 
agiu como um puro selvagem. Mas ele viveu em tempos extremamente
SALMOS 2053
violentos, e precisou usar da violência a fim de sobreviver. Ficamos 
desconsolados ao ler os relatos de matanças insensatas que ocorre­
ram em seus dias. Davi desejou construir o templo de Jerusalém; e o 
profeta Natã encorajou-o a fazê-lo. Mas, pouco depois, o Espirito de 
Deus mostrou a Natã que Davi não era a pessoa indicada para a obra, 
devido à sua trajetória sangüinária. E assim a tarefa foi transferida para 
Salomão, um dos filhos de Davi. O relato acha-se no sétimo capítulo 
de II Samuel. O trecho de I Sam. 27.8 ss registra oincrível incidente no 
qual Davi e seus homens executaram todos os homens, mulheres, 
crianças e até animais, meramente a fim de engodarem a Aquis, 
fazendo-o pensar que era contra Judá que Davi tinha agido. Isso Davi 
fez a fim de fortalecer a sua posição diante daquele monarca pagão, 
quando exilado no território dele. Davi queria que Aquis pensasse que 
a sua inimizade contra seu próprio povo israelita era tão grande que ele 
nunca mais seria uma ameaça para os vizinhos de Israel. Ora, um 
homem assim tão brutal poderia ter composto uma poesia tão subli­
me? Diante dessa indagação, relembramos o leitor de que os poemas 
homéricos, uma literatura de insuperável beleza e técnica, foram escri­
tos dentro do contexto de matanças e ameaças de morte. Tem havido 
grandes poemas de fundo belicoso, com também soberba prosa. De 
fato, as guerras têm inspirado muitas grandiosas peças de literatura, 
além de notáveis produções teatrais. Também devemos considerar 
que Davi, embora tivesse vivido em tempos selvagens, também tinha 
outro lado em sua personalidade, o lado de uma profunda devoção ao 
Senhor. Isso fica claro nos livros de I e II Samuel, I e II Reis, além de 
várias outras referências a Davi, espalhadas pela Bíblia. Outrossim, a 
habilidade de Davi como poeta e músico já era proverbial em seus 
próprios dias. Os trechos de I Crô. 6.31 ss. e 16.8-36 fornecem-nos 
indicações a esse respeito. Finalmente, cumpre-nos considerar a natu­
reza do próprio ser humano, um misto de nobreza e vileza, em uma 
mesma criatura. O sétimo capítulo da epístola aos Romanos elabora 
esse ponto. Até Adolfo Hitler gostava de cães! A passagem de Amós
6.5 mostra quão grande era a reputação de Davi como músico e poeta 
(ver também II Sam. 1.17 ss.; 3.33 ss.), a qual continuou a ser notória 
mesmo séculos depois de sua morte. A Bíblia chega a revelar que Davi 
inventou instrumentos musicais. O Cântico de Moisés (Êxo. 15) e o 
Cântico de Débora (Juí. 5) mostram que a poesia dos hebreus era 
muito antiga e muito bem desenvolvida. Não há nenhuma razão em 
supormos que o templo original de Jerusalém não contasse com músi­
ca e poesia dessa qualidade altamente desenvolvida. Não há nenhuma 
dúvida razoável acerca do papel desempenhado por Davi em tudo 
isso, a despeito de sua natureza belicosa, e, com freqüência, violenta.
8. Pode-se explicar melhor os salmos como composições que 
giraram em torno de tempos pós-exílicos e isso por várias razões, 
algumas das quais foram descritas acima. A música e a liturgia ela­
borada servem de outro fator de uma data posterior.
Porém, contra isso, além dos argumentos que já foram expos­
tos, deveríamos observar que os Manuscritos do Mar Morto (ver a 
respeito no Dicionário) já continham muito material proveniente dos 
Salmos, e isso evidencia que os Salmos já haviam sido escritos em 
um período histórico anterior ao daquele em que foram produzidos os 
rolos do mar Morto. Todavia, essa resposta não nos faria retroceder 
até os dias de Davi, mas somente até um tempo anterior ao tempo 
dos Macabeus. No entanto, o argumento é sugestivo, mesmo que 
não conclusivo.
9. A esperança messiânica é por demais pronunciada no livro de 
Salmos para que essas composições sejam consideradas saídas da 
pena de Davi. Historicamente, essa esperança ajusta-se melhor ao perí­
odo dos Macabeus, sendo similar ao material dos livros pseudepígrafos, 
no tocante aos anseios dos judeus pelo aparecimento de um Libertador. 
Uma posição mais radical é aquela que diz que nada semelhante ao
Messias cristão está em foco, mas tão-somente a figura de um Rei- 
Salvador, como aquela que foi concebida no tempo dos Macabeus.
Resposta. Contra essa idéia, deve-se observar que desde tem­
pos bem antigos na história de Israel esperava-se um Messias (ver 
Deu. 18.15). Isaías (750 A.C.) também reflete essa forte ênfase 
messiânica, conforme é claro para todos os que estudam a Bíblia, e 
isso certamente é anterior, e em muito, ao período pós-exílico. Ade­
mais, afirmar que os antigos hebreus não poderiam ter tido a espe­
rança messiânica é apenas uma opinião subjetiva. Podemos opinar 
subjetivamente que os hebreus poderiam ter tido tal esperança. Além 
disso, há indicações, extraídas da própria história da literatura bíbli­
ca, que mostram que o tipo de esperança messiânica davídica é 
mais antigo que a esperança refletida nos livros pseudepígrafos. O 
fato é que o livro de I Enoque contém uma esperança messiânica 
muito mais refinada e muito mais parecida com a do Novo Testamen­
to do que aquela que transparece no livro de Salmos, refletindo um 
estágio posterior desse ensino. O artigo sobre I Enoque no Dicionário 
certamente demonstra que, quanto a esse aspecto, I Enoque está 
mais próximo do Novo Testamento do que o livro de Salmos. Quanto 
a pormenores sobre a esperança messiânica no livro de Salmos, ver 
a seção VII abaixo, que se dedica a esse assunto. Finalmente, no 
tocante a essa questão, precisamos relembrar dois itens incomuns e 
místicos que sempre acompanham as culturas humanas, antigas e 
modernas; o poder de curar e o de prever o futuro. Visto que o 
Messias brotou dentre o povo de Israel, não há nenhuma razão em 
supormos que a sua vinda não pudesse ter sido percebida com muita 
antecedência. Mas o contra-argumento mais definitivo aqui é que o 
próprio Jesus Cristo ensinou a natureza messiânica dos Salmos; 
«...importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na lei de 
Moisés, nos Profetas e nos Salmos» (Luc. 24.44).
10. A música e a liturgia elaborada, refletida no livro de Salmos, 
falam sobre uma época posterior à de Davi, ou seja, a época do 
segundo templo, terminado o exílio babilónico.
Resposta. Não há razão para crer que uma elaborada situação 
músico-litúrgica não se caracterizava no primeiro templo. O trecho de I 
Crô. 6.31 ss. certamente ensina que, desde bem cedo, o aspecto 
musical de fé religiosa ocupava um largo espaço na religião dos hebreus. 
As observações musicais, existentes nos títulos dos salmos, referem- 
se a três elementos: instrumentos musicais, melodias utilizadas, vozes 
e efeitos musicais. Nada há nesses elementos que necessariamente 
pertença a tempos posteriores aos de Davi, embora, como é óbvio e 
como ninguém pretende negar, tudo isso tenha sido sujeitado a um 
progressivo desenvolvimento e elaboração. Nos tempos pós-exílicos 
havia guildas de músicos, como a dos filhos de Coré (ver II Crô. 20.19); 
mas esse trecho mostra que essa família formava uma antiga guilda 
musical, desde os tempos do primeiro templo de Jerusalém.
Obsen/ações Gerais sobre o Conflito: Críticos Versus Conserva­
dores. Temos dado um sumário bastante detalhado do debate que 
ruge entre estas duas facções de estudiosos. Opino que não há'como 
solucionar todos os problemas envolvidos, visto que cada teoria tem 
sua contrateoria. Parece-me que a solução desses problemas só pode­
ria partir de especialistas no idioma e na cultura dos hebreus, os quais, 
além disso, fossem técnicos no estudo dos próprios Salmos. E isso, 
como é óbvio, está acima da maioria dos eruditos do Antigo Testamen­
to, para nada dizer sobre os leitores comuns. Controvérsias dessa 
natureza têm alguns elementos positivos, especialmente se forçam 
pessoas interessadas a estudar os livros da Bíblia em profundidade. 
Quanto ao seu lado negativo, essas controvérsias podem ser prejudici­
ais ao espírito da fé religiosa, dando maior ênfase à contenda do que à 
espiritualidade. A fim de ilustrar essa declaração, o leitor pode meditar
2054 SALMOS
sobre o fato de que uma de minhas fontes informativas (uma respeitá­
vel enciclopédia) desperdiça espaço desproporcionalmente grande so­
bre estas questões controvertidas, ao mesmo tempo que dedica muito 
pouco espaço à mensagem e ao valor dos salmos, como uma colêtanea 
sagrada. Certas pessoas (em sentido positivo ou em sentido negativo) 
gostam de debate, e acima de todas as coisas, elas debatem. E óbvio 
que isso é um exagero, que só pode ser prejudicial para a espiritualidade. 
Assim sendo, quedebatamos, mas que o façamos sem hostilidade e 
exageros. Quando o amor transforma-se em ódio teológico, então eu 
me despeço e vou-me embora.
IV. Autoria e Datas
Quanto a esta particularidade, precisamos depender essencial­
mente dos informes dados nos títulos de introdução aos Salmos. Se 
dependermos somente desses títulos, obteremos o seguinte quadro:
Setenta e quatro salmos são atribuídos a Davi; dois a Salomão 
(Sal. 72 e 127); um a um sábio de nome Hemã (Sal. 88); um a um 
sábio chamado Etã (Sal. 89; quanto a esse, ver I Reis 4.31); um a 
Moisés (Sal. 90); vinte e três aos cantores leviticos de Asafe (Sal. 50; 
73-83); vários aos filhos de Coré (Sal. 42, 43, 44-49, 84, 85, 87). Os 
quarenta e nove salmos restantes são anônimos.
Os informes existentes nos salmos subentendem que várias guildas 
musicais ou escreveram ou utilizaram os salmos. Quanto a uma expo­
sição mais completa a respeito, ver a quinta seção da Introdução.
Várias Compilações e Fontes Informativas. Os eruditos conserva­
dores contentam-se em confiar no valor histórico desses informes. 
Os eruditos liberais, por outra parte, têm achado pouco ou nenhum 
valor nessas informações. R. H. Pfeiffer considera-os «totalmente 
irrelevantes». Mas, se os estudiosos conservadores estão com a 
razão, então a maior parte dos salmos foi composta nos dias do 
Davi. E, se os liberais estão certos, podemos pensar em um desen­
volvimento gradual da coletânea, a começar por Davi, com uma com­
pilação final nos tempos pós-exílicos. Na terceira seção, ventilamos 
os argumentos e os contra-argumentos que circundam a questão. 
Não se pode duvidar que desde antes de Davi havia uma literatura 
similar à dos salmos, que tem paralelo em várias culturas da época. 
Penso que nada de fatal pode ser dito acerca do possível valor dos 
pontos dos salmos, mesmo que não cheguemos a ponto de canoni­
zar esses títulos juntamente com o texto, dependendo estupidamente 
de qualquer coisa que esses títulos digam.
Os argumentos que cercam a palavra hebraica !e («por» ou 
«pertencente a»?) não podem anular a antiga autoria davídica, 
mas, em alguns casos, podem apontar para os processos de 
seleção e compilação, e não exatam ente autoria. Ver III.1. A bai­
xa crítica (que trata do texto dos m anuscritos) favorece uma data 
definitiva, pois todos os m anuscritos que chegaram até nós são 
de origem relativam ente recente, e não se sabe quando foram 
acrescentadas as composições poéticas. Podemos conjecturar com 
segurança, porém, que esses títu los são posteriores à época de 
Davi, embora possam estar a licerçados sobre sólidas tradições 
históricas. Em caso negativo, precisam os depender do conteúdo 
dos salmos que refletem situações diversas na vida de Davi, e 
não dos títulos propriamente ditos. Muitos eruditos conservadores 
têm preferido esse argumento, apresentando assim um caso que 
merece respeito.
Salmos que Parecem Redefinir Situações Genuínas na Vida de Davi: 
Catorze dos salmos refletem motivos específicos de sua composição. 
Dependo aqui das informações supridas por Z. A ordem de apresen­
tação é cronológica, e não numérica.
O Salmo 59 foi ocasionado pelo incidente registrado em I Sam. 
19.11, e projeta luz sobre o caráter de certos associados invejosos 
de Davi (59.12).
O Salmo 56 mostra como o temor que Davi sentiu em Gate (ver I 
Sam: 21.10), acabou transmutando-se em fé (56.12).
O Salmo 38 ilumina as demonstrações de bondade subseqüen­
tes, da parte do Senhor Deus (38.6-8, cf. I Sam. 21.13).
O Salmo 142, à luz da perseguição descrita em seu sexto 
versículo, sugere as experiências de Davi na caverna de Adulão (cf. I 
Sam. 22.1), e não em En-Gedi (ver sobre o Salmo 57, mais abaixo).
O Salmo 52 (cf. o vs. 3) enfatiza a iniqüidade de Saul, como 
superior de Doegue, que foi o carrasco executor dos sacerdotes (cf. I 
Sam. 22.9).
O Salmo 54 (cf. o vs. 3) impreca julgamento contra os zifeus (cf. I 
Sam. 23.13).
O Salmo 57 envolve a caverna de En-Gedi, quando Saul foi apa­
nhado na própria armadilha que havia armado (57.6; cf. I Sam. 24.1).
O Salmo 7 apresenta-nos Cuxe, o caluniador benjamita (7.3), ao 
mesmo tempo em que o oitavo versículo desse mesmo salmo 
corresponde a I Sam. 24.11,12.
O Salmo 18 é repetido na íntegra em II Sam. 22; cronologica­
mente, deveria ter sido posto em II Sam. 7.1.
O Salmo 60 (cf. o vs. 10) ilumina a perigosa campanha militar 
contra os idumeus (ver II Sam 3.13,14; I Crô. 18.12), também referi­
da em I Reis 11.15.
O Salmo 51 elabora o pecado de Davi com Bate-Seba e contra 
Urias (ver II Sam. 12.13,14).
O Salmo 3 retrata (cf. o vs. 5) a fé que Davi demonstrou ter, ao 
tempo da revolta de Absalão (cf. II Sam. 15.16).
O Salmo 63 lança luz sobre a fuga de Davi para o Oriente nessa 
ocasião (cf. II Sam. 16.2), pois, em suas fugas anteriores, ele ainda 
não subira ao trono de Israel (ver Sal. 63.11).
O Salmo 30 alude ao pecado de orgulho de Davi, devido ao 
poder do seu exército (ver os vss. 5, 6; cf. II Sam. 24.2), antes da 
perturbação que perdurou pouco tempo (cf. II Sam. 24.13-17; I Crô. 
21.11-17). A isso seguiu-se o seu arrependimento e a dedicação do 
altar e da casa (a área sagrada do templo; I Crô. 22:1) de Yahweh.
Entre os salmos restantes cujos títulos determinam a sua autoria, os 
vinte e três salmos compostos pelos cantores de Israel exibem panos de 
fundo inteiramente diferentes uns dos outros, visto que aqueles clãs 
leviticos continuaram em atividade durante e após os tempos do exílio 
babilónico (ver Esd. 2.41). A maior parte desses vinte e três salmos 
pertence aos dias de Davi ou de Salomão. Todavia, o Salmo 83 ajusta-se 
dentro do ministério do asafita Jaaziel, ou seja, em tomo do 852 A.C. (cf. 
os vss. 5-8 com II Crô. 20.1,2,14), ao passo que os Salmos 74, 79 e as 
estrofes finais dos Salmos 88 e 89 foram compostos por descendentes 
de Asafe e de Coré que, ao que tudo indica, sobreviveram à destruição 
de Jerusalém, em 586 A. C. (ver Sal. 74.3,8,9; 79.1; 89.44). Entre os 
salmos sem títulos ou anônimos, alguns poucos são oriundos do tempo 
do exílio babilónico (Sal, 137), do tempo do retomo dos judeus a Judá, 
em 537 A.C. (Sal. 107.2,3 e 126.1), ou da reconstrução das muralhas, 
sob a liderança de Neemias, em 444 A.C. (Sal. 147.13). Outros salmos, 
que refletem momentos trágicos, facilmente poderiam estar vinculados 
às desordens provocadas pela revolta de Absalão, ou então a certas 
calamidades que se abateram sobre Davi (cf. Sal. 102.13,22,106.41-47). 
R. Laird Harris recomenda que se use de grande cautela na crítica a 
respeito das datas de determinados salmos, escrevendo: «É de regular 
interesse que as alusões históricas dos salmos não ultrapassam os tem­
pos de Davi, excetuando o Salmo 137, um salmo anônimo que versa 
sobre o cativeiro. Vários salmos dizem respeito, em termos gerais, aos 
tempos do cativeiro e às dificuldades enfrentadas em períodos de deso­
SALMOS 2055
lação do templo (por exemplo, Sal. 80; 85 e 129). Entretanto, essas são 
descrições poéticas bastante gerais, e não deveríamos esquecer que 
Jerusalém foi saqueada por mais de uma vez. O próprio Davi enfrentou 
duas conspirações em seu palácio. Nenhum dos salmos acima referidos 
é atribuído a Davi, embora alguns deles pudessem ter sido compostos 
em seus dias, ou pouco mais tarde» (Cf. F. H. Henry, editor, The Biblical 
Expositor, II, pág. 49).
Após termos suprido tais informações, nem por isso temos de­
monstrado que todos os setenta e quatro salmos atribuídos a Davi 
foram, na realidade, escritos por ele. Porém, temos dado motivos 
para crer que a contribuição de Davi foi real e vital. A posição radical 
que diz que os Salmos, como uma coletânea, foram compostos em 
tempos pós-exílicos, pelo menos em sua maioria, não resiste à inves­
tigação. Podemos concluir, portanto, que a maior parte dos salmos 
foi composta mais ou menos na época do primeiro templo de Jerusa­
lém, ou seja, 1000 A.C., ou ligeiramente mais tarde.
V. Várias Compilações e Fontes Informativas
Já apresentamos o essencial desta questão, conforme aparecemdiversos informes nos títulos dos salmos, no segundo parágrafo da 
quarta seção da Introdução. Se esses títulos estão essencialmente 
corretos historicamente falando, então outras fontes informativas de­
vem ser rebuscadas entre os quarenta e nove salmos anônimos. 
Sempre que um título não for de caráter histórico, teremos o aumento 
no número de salmos anónimos.
Diversas coletâneas secundárias (envolvendo assim autores e 
datas diferentes) podem estar indicadas nos títulos hebraicos shir, 
miktam, maskil etc. Uma de minhas fontes informativas conjectura 
que pode ter havido um mínimo de dez coletâneas menores de sal­
mos, antes da compilação final do Saltério. Temos o Saltério Eloísta 
como exemplo de uma coletânea distinta. Esses são salmos onde o 
nome divino predominante é Elohim. Trata-se dos Salmos 42 a 83. 
Curiosamente, o Sal. 53 é uma recensão eloísta do Sal. 14; e o Sal. 
70, de Sal. 40.13-17. Além disso, temos os Cânticos dos Degraus, 
um grupo distinto de salmos (120 a 134) que, provavelmente, eram 
usados pelos peregrinos, quando subiam para celebrar festividades 
religiosas em Jerusalém. O trecho de Sal. 135.21 tem uma doxologia 
que pode ter assinalado o fim de uma dessas coletâneas secundári­
as. As doxologias finais do quarto livro podem ter encerrado original­
mente uma pequena coletânea, que acabou fazendo parte do todo. 
Ver Sal. 106.48. As coletâneas secundárias refletem crescimento e a 
idéia de crescimento implica diferentes datas para diferentes seg­
mentos do livro de Salmos.
VI, Conteúdo e Tipos
A. Quatro Tipos Principais:
1. Os Salmos de Davi. O livro I (Sal. 1 - 41) é essencialmente 
atribuído a Davi, exceto o Salmo 1, que é a introdução a esse livro I, 
e o Sal. 33, que não tem título. Parece que foi Davi quem primeiro 
coligiu o primeiro grande bloco de material que, finalmente, veio a 
fazer parte da coletânea total, no livro de Salmos. Um total de seten­
ta e quatro salmos lhe são atribuídos; e, como é óbvio, eles não 
ficam todos no livro I.
2. Os Salmos de Salomão. Os livros II e III exibem um maior 
interesse nacional que o livro I. Esses livros incluem os Sal. 42 a 89. 
O rei Salomão foi o responsável pela doxologia de 72.18-20, e pode 
ter sido o compilador (embora não o autor) do livro II. Porém, os Sal. 
42 a 49 são produção do clã cantante dos filhos de Coré. O Salmo 50 
é de autoria de Asafe.
3. Os Salmos Exilicos. O livro III contém os Salmos 32, 52, 74, 79, 
e 89, que aludem à história posterior de Israel, já distante do período
de Davi, mencionando a destruição de Jerusalém, em 586 A.C., e 
certas condições próprias do exílio. Porém, esse livro mostra certa 
variedade de composições, da parte de vários autores. De Davi (como 
o Sal. 86), de Asafe (Sal. 73 -83), dos filhos de Coré (Sal. 84, 85 e 87).
4. Os Salmos da Restauração, Pós-Exilicos e Macabeus. Nestes 
salmos predomina o interesse litúrgico. Os Salmos 107 e 127 devem 
ter provindo do tempo após o retorno dos exilados, em 537 A.C., e 
talvez existissem em uma coletânea separada, que foi então adiciona­
da. Um inspirado escriba pode ter trazido o livro V (Sal. 107 - 150) à 
existência, unindo-o aos livros I - IV, ao adicionar a sua própria compo­
sição (Sal. 146-150) como uma espécie de grande aleluia! relativo ao 
Saltério inteiro. E isso pode ter ocorrido em cerca de 444 A.C. (Sal. 
147.13), quando Esdras proclamou a renovação da adoração de Israel 
no segundo templo de Jerusalém. Alguns estudiosos pensam que o 
próprio Esdras pode ter sido o responsável pela compilação final (Esd. 
7.10). Outros eruditos têm pensado que o período dos Macabeus foi o 
tempo da produção de muitos salmos, a começar por 168 A.C. Porém, 
naquele período, o aramaico já havia sobrepujado quase inteiramente 
o hebraico, e os salmos não foram compostos em aramaico. Ademais, 
o material dos Manuscritos do Mar Morlo contém os salmos, fazendo.a 
data de sua composição retroceder para antes do período dos 
Macabeus. Por conseguinte, é improvável que um grande número de 
salmos se tenha originado no tempo dos Macabeus.
B. Os Cinco Livros:
O livro de Salmos divide-se em cinco livros, cada um dos quais 
termina com uma doxologia. São os seguintes: Livro I (Sal. 1-41); 
Livro II (Sal. 42-72); Livro III (Sal. 73-89); Livro IV (Sal. 90-106); Livro 
V (Sal. 107-150).
C. Temas Principais:
1. O tema messiânico. Preservei este assunto para ser ventilado 
na seção oitava, onde ele é descrito pormenorizadamente.
2. Louvor. Alguns exemplos são Sal. 47; 63; 104; 145 - 150.
3. Pedidos de bênção e proteção. Sal. 86; 91 e 102.
4. Pedidos de intervenção divina. Sal. 38 e 137.
5. Confissão de fé, especialmente no tocante aos poderes e ofíci­
os do Senhor. Sal. 33; 94; 97; 136 e 145.
6. Penitência pelo pecado. Sal. 6; 32; 38; 51; 102; 130 e 143. Em 
algum destes salmos, o perdão recebido é o assunto principal.
7. Intercessão em favor do rei, da nação, do povo etc. Sal. 21; 
67; 89 e 122.
8. Imprecações. Queixas contra os adversários e o pedido para 
que Deus proteja, faça justiça e vingue. Sal. 35; 59; 109.
9. Sabedoria, homilias espirituais, com o oferecimento de instru­
ções (salmos pedagógicos). Sal. 37; 45; 49; 78; 104; 105-107; 122.
10. O governo e a providência divina. Como Deus trata com 
todas as classes de homens, incluindo os ímpios. Sal. 16; 17; 49; 73 
e 94.
11. Exaltação â lei de Deus. Sal. 19 e 119.
12. O reino m ilenar do Messias. Sal. 72.
13. Apreciação pela natureza. Temos aqui um reflexo da bonda­
de, da glória e da beleza de Deus. Sal. 19; 29; 33; 50; 65; 74; 75; 
104; 147 e 148.
14. Salmos históricos e nacionais, onde é elogiada a condição de 
Israel. Sal. 14; 44; 46-48; 53; 66; 68; 74; 76; 78-81; 83; 85; 87; 105; 
108; 122; 124-129. São passados em revista muitos incidentes da 
história de Israel, e a providência divina é celebrada. O futuro de 
Israel é projetado de forma esperançosa.
15. A humilde natureza humana e sua grandeza. Sal. 8; 31; 41; 
78; 100; 103 e 104.
16. A existência da alma e sua sobrevivência. Sal. 16.10,11; 
17.15; 31.5; 41.12; 49.9,14,15. Historicamente, essa crença entrou
2056 SALMOS
no judaísmo mediante os Salmos e os livros dos profetas, e mostra-se 
ausente no Pentateuco.
17. Liturgia. Sal. 4; 5; 15; 24; 26; 30; 66; 92; 113-118; 120-134.
VII. A Esperança Messiânica
Ver a décima segunda seção quanto a uma lista completa de 
citações extraídas do livro de Salmos e contidas no Novo Testamen­
to. Muitas dessas citações são de natureza messiânica. O próprio 
Seahor Jesus referiu-se aos Salmos, que prediziam a seu respeito 
(ver Luc. 24.44). Billy Graham chegou a asseverar que todos os 
Salmos são messiânicos. Certamente isso é um exagero, mas o fato 
de que esse livro do Antigo Testamento foi o mais constantemente 
citado pelos autores do Novo Testamento mostra que ali o elemento 
messiânico certamente é fortíssimo. Por esse motivo, destaquei essa 
questão do restante do conteúdo deste verbete, para efeito de ênfa­
se.
1. Sal. 2.1-11. O poderoso Filho de Deus, exaltado pelo Pai con­
tra os seus adversários, triunfa sobre tudo e todos. Este trecho é 
citado em Atos 4.25-28; 13.33; Heb. 1.13 e 5.5; onde recebe uma 
interpretação messiânica.
2. Sal. 8.4-8. A exaltação do Filho de Deus. Todas as coisas 
foram postas debaixo de seus pés, o que sob hipótese nenhuma 
pode aplicar-se a um mero ser humano. Esta passagem é citada em 
Heb. 2.50-10 e I Cor. 15.27, dentro de contextos messiânicos.
3. Sal. 16.10. A incorrupção do Filho de Deus em sua morte; sua 
divina e miraculosa preservação; sua segurança no Pai. Este salmo é 
citado em Atos 2.24-31 e 13.35-37, sendo aplicado à ressurreição de 
Cristo, bem como à sua autoridade e exaltação gerais.
Há seis salmos da paixão: Sal. 16; 22; 40; 69; 102 e 109.
4. Sal. 22. Um dos salmos da paixão que fornecem detalhes sobre 
a crucificação e descrevem os sofrimentos do Messias. Este salmo é 
citado em Mat. 26.35-46; João 19.23-25 e Heb. 2.12. O Sal. 22.24 
prediz a glorificação de Cristo; o vs. 26 fala sobre a festa escatológica 
e o futurotrabalho de ensino do Messias (vss. 22, 23, 25; Heb. 2.12).
5. Sal. 40.6-8. A encarnação. A citação acha-se em Heb. 10.5-10.
6. Sal. 46.6,7. O trono eterno do Messias. Sua natureza divina 
(vs. 6), embora distinta do Pai (vs. 7). O trecho de Heb. 1.8,9 cita 
esta passagem.
7. Sal. 79.25. A maldição sobre Judas Iscariotes, citada em Atos 
1.16-20.
8. Sal. 72.6-17.0 governo do Messias. Seu reino será eterno (vs. 
7); seu território será vastíssimo (vs. 8); todos virão para adorá-lo 
(vss. 9-11).
9. Sal. 89.3,4,28,29,34-36. O Messias como o Filho de Davi; sua 
descêndencia será eterna (vss. 4, 29, 36, 37). Este salmo é citado 
em Atos 2.30.
10. Sal, 102.25-27. A eternidade do Filho-M essias. Uma invo­
cação a Yahweh (vss. 1-22) e a El (vs. 24) é aplicada a Jesus 
Cristo.
11. Sal 109.6-19. Judas Iscariotes é amaldiçoado. O Messias 
teria muitos adversários, mas havia um maior de todos. O plural 
aparece nos vss. 4,5 e muda para o singular no vs. 6, sendo reiniciado 
no vs. 20. Este salmo é citado em Atos 1.16-20.
12. Sal. 110.1-7. A ascensão e o sacerdócio do Messias. Ele é o 
Senhor de Davi (vs. 1), e é sacerdote eternamente (vs. 4). Este 
salmo é citado em Mat. 22.43-45; Atos 2.33-35; Heb. 1.11; 5.6-10; 
6.20; 7.24.
13. Sal. 132.11,12. Ele, o Filho de Davi, é a semente real e 
eterna. Este salmo é citado em Atos 2.30.
14. Ofício de Profeta, Sacerdote e Rei. Que o Messias pudesse 
ocupar esses três ofícios, foi profetizado antes mesmo do tempo de
Davi. O Messias é visto como profeta (Deu. 18.15), como sacerdote 
(Lev. 16.32) e como rei (Núm. 24.17). Ora, nos Salmos há indicações 
acerca de todos esses três ofícios. Ele é profeta em Sal. 22.22, 23, 
25; Sal. 23. Ele é sacerdote, divino e humano em Sal. 110.2. Ele é rei 
em Sal. 2; 6; 12; 24 e 72. Essas três idéias são combinadas em Sal.
22.12 e 110.2.
Quanto a completos detalhes sobre a questão dos ofícios de Cristo 
como profeta, sacerdote e rei, ver no Dicionário o artigo intitulado 
Ofícios de Cristo. Ver a tradição profética em geral sobre o Messias, 
com referências cruzadas com o Novo Testamento, no artigo chamado 
Profecias Messiânicas Cumpridas em Jesus.
VIII. Usos dos Salmos
1. Todos os estudiosos concordam que os Salmos eram o hinário 
do segundo templo de Israel. No entanto, essa restrição não é impe­
riosa. O trecho de I Cor. 6.31 ss. demonstra o uso de música elabo­
rada no culto divino, nos próprios dias de Davi. Portanto, o uso 
litúrgico dos salmos foi importante desde o começo. E isso teve 
prosseguimento na Igreja cristã, onde muitos salmos foram musicados 
e usados no culto de adoração. Além disso, muitos versículos, por­
ções de salmos ou idéias ali contidas foram incorporados nos hinos 
cristãos.
2. Os salmos prestam-se muito bem a devoções particulares, 
sendo extremamente ricos em conceitos espirituais, além de excelen­
tes como consolo e inspiração para o louvor ao Senhor. Muitos sal­
mos são obras-primas literárias em miniatura, conforme se vê nos 
Salmos 1; 2; 8; 19; 22; 23 e 91. Qualquer seleção será forçosamente 
defeituosa, mas essa seleção ilustra o ponto.
3. Os Salmos são uma Bíblia em miniatura dentro da Bíblia, confor­
me Lutero afirmou, repletos de idéias religiosas e de fervor. Não foi por 
acidente que os autores do Novo Testamento citaram mais dos Salmos 
do que de qualquer outro livro do Antigo Testamento. Ver a décima 
segunda seção quanto a uma demonstração desse fato. O próprio 
Senhor Jesus muito se utilizou dos salmos. Ele e os seus discípulos 
entoaram o Hallel (Sal. 113-118), por ocasião da Última Ceia.
4. Textos de prova acerca do messiado de Jesus são abundantes nos 
Salmos, conforme é demonstrado na sétima seção da Introdução.
5. Uso dos Salmos em Ocasiões Especiais. Os títulos dos salmos 
dizem-nos que muitos deles eram usados em certas ocasiões, como 
o sábado, as festividades religiosas etc. Para exemplificar, o Sal. 92 
era usado no sábado, e talvez igualmente o Sal. 136. Os Sal. 120 - 
134 são conhecidos como «Salmos dos Degraus», porquanto eram 
entoados pelos peregrinos quando subiam a Jerusalém, para cele­
brar as principais festas dos judeus.
Alguns eruditos pensam que vários salmos eram usados na festa 
anual da entronização de Yahweh, como Rei de Israel, um costume 
que tinha paralelos no paganismo. Os Sal. 47; 93; 95 - 99 são designa­
dos como tais. E alguns estudiosos supõem que essa prática se 
alicerçasse sobre a festa do Ano Novo na Babilônia, o akitu, quando o 
deus Marduque era carregado pelas ruas da cidade de Babilônia. De­
pois de um elaborado ritual, era-lhe conferido mais um ano de autorida­
de no país, como um rei divino. Presumivelmente, as palavras de Sal. 
24.7,8: «Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais 
eternos, para que entre o Rei da Glória... o Senhor poderoso nas 
batalhas», refletem aquele costume, que teria sido copiado pelos 
israelitas. Mas a maior parte dos eruditos conservadores assevera que 
salmos que supostamente aludem a essa festa podem ser explicados 
melhor de outras maneiras. Talvez aquelas assertivas do Sal. 24 rever- 
berem o transporte da arca da aliança para Jerusalém. Além disso, os 
salmos que exaltam ao Rei, de modo geral, fazem-no Rei sobre todas 
as coisas e sobre todos os povos, e não meramente sobre Israel. E
SALMOS 2057
isso pode ser um argumento contra a interpretação que fala em uma 
entronização especifica do Rei divino sobre a nação de Israel. Essa 
universalidade pode ser vista em Sal. 93; 95-100. Com base em racio­
cínios subjetivos, alguns eruditos opinam que Israel jamais haveria de 
emular uma festividade pagã, e argumentam que não há nenhuma 
evidência convincente e direta de que havia tal festividade em Israel. 
Outrossim, de que adiantaria ao homem entronizar a Deus? Em socie­
dades idólatras, idéias assim podem parecer razoáveis; mas não nas 
comunidades onde Deus aparece como todo-poderoso e transcendental.
6. Crítica de Forma: Formas Literárias. Hermann Gunkel, em sua 
obra Awrewahite Psalmen, 1905, procurou demonstrar, no livro de 
Salmos, cinco distintas formas literárias que, por sua vez, implicariam 
usos específicos dos Salmos. Essas formas literárias seriam: a. hinos 
para cultos de adoração pública; b. lamentações e intercessões cole­
tivas, em tempos de desastre nacional; c. salmos reais, cuja função 
prática era a de confirmar a autoridade do rei, como cabeça da 
teocracia em Israel; d. salmos de ação de graças; e. lamentações, 
intercessões e confissões individuais, além de pedidos para que fos­
sem supridas necessidades pessoais. Não parece haver nenhuma 
razão para duvidarmos da exatidão geral dessas observações. Pois 
podemos estar certos de que havia um uso coletivo e comunal dos 
salmos, embora também houvesse um uso individual e privado.
7. Magia e Contra-Encantamentos. Alguns estudiosos têm sugeri­
do que trechos do iivro de Salmos, como 6.6-8; 64.2-4; 69; 91; 93.3-7 
e 109 talvez fossem usados como fórmulas mágicas, para neutralizar 
as forças demoníacas. Isso poderia envolver uma prática coletiva e 
cúltica, ou então uma prática individual. Argumentos em favor e con­
tra essas práticas (mormente no caso do uso dos salmos) estão 
baseados em sentimentos e raciocínios subjetivos, porquanto é ex­
tremamente difícil determinar quanta verdade possa haver nesse pa­
recer. Seja como for, sabemos que tais práticas eram e continuam 
sendo comuns em muitas culturas. Sempre haverá muitas forças 
malignas ao nosso redor, que precisarão ser exorcizadas.
IX. A Poesia dos Hebreus
Como é evidente, os Salmos são a grande coletânea de composi­
ções poéticas da Bíblia. Quedamo-nos admirados diante da qualidade de 
muitas dessas antigas peças literárias, algumas das quais são 
obras-primas em miniatura. A poesia teve uma antiga e longa tradição na 
literatura dos hebreus. Ver no Dicionário sobre Pentateuco, primeira se­
ção, décimo ponto, quanto a ilustrações a respeito, extraídas da porção 
mais antiga do Antigo Testamento. Ver também sobre Poeta, Poesia, 
especialmente em sua segundaseção, Poesia no Antigo Testamento.
X. Pontos de Vista e Idéias Religiosas
1. Apesar de os Salmos serem composições líricas, expressões 
emocionais e de fervor religioso, também transmitem muitos pensa­
mentos, e, indiretamente, apresentam muitas doutrinas. A teologia 
hebréia geral faz-se presente, com algumas adições, como a crença 
na existência da alma e sua sobrevivência diante da morte biológica, 
e um fortíssimo tema messiânico. O estudo sobre os temas, na sexta 
seção, onde os principais temas são alistados, dá uma idéia sobre a 
multiplicidade de idéias apresentadas nesse livro da Bíblia.
2. A existência da alma e sua sobrevivência diante da morte 
física foi uma doutrina que só passou a ser expressa mais tarde, no 
judaísmo. No Pentateuco não há nenhuma referência clara e 
indisputável a esse fato. Muitas leis nunca são associadas a alguma 
recompensa ou punição após-túmulo. Não faltamos com a verdade 
ao afirmar que a maior parte dos ensinamentos do judaísmo sobre 
essa questão foi tomada por empréstimo. Tendo começado a ser 
expressa nos Salmos e nos livros dos profetas, foi nos livros apócrifos
e pseudepígrafos, porém, que esse assunto encontrou seu maior 
desenvolvimento, antes do começo do Novo Testamento. O relato 
sobre Saul e a feiticeira de En-Dor demonstra a crença na existência 
da alma ao tempo de Davi. Ver I Sam. 28.3 ss, quanto à interessante 
narração do encontro de Saul com o espírito de Samuel. Indicações 
existentes no livro de Salmos, acerca da crença na existência da 
alma são: 16.10,11; 17.15; 31.5; 41.12; 49.9,14,15.
3. Os salmos imprecatórios, de fervorosa invocação a Deus para 
que mate os inimigos, podem ser facilmente entendidos dentro do 
contexto histórico, quando o povo de Israel quase sempre via-se sob a 
ameaça de um punhado de inimigos mortais; e o próprio Davi, como 
indivíduo, sempre teve de enfrentar tais dificuldades. Naturalmente, a 
atitude desses salmos não é a mesma que a de Jesus, o qual exortou 
os homens para que amassem seus inimigos. As imprecações fazem 
parte da natureza humana, e não nos deveríamos surpreender em 
encontrá-las nas páginas da Bíblia. Porém, é ridículo defender a 
espiritualidade das imprecações propriamente ditas. Muitos estudiosos 
conservadores têm tentado fazer precisamente isso. Talvez o comen­
tário de C. I. Scofield, em sua introdução ao livro de Salmos, seja o 
mais sugestivo que podermos achar: «Os salmos imprecatórios são 
um grito dos oprimidos, em Israel, pedindo justiça, um clamor apropria­
do e correto da parte do povo terreno de Deus, e alicerçado sobre 
promessas distintas do pacto abraâmico (ver Gên. 15.18); porém, um 
clamor impróprio para a Igreja, um povo celeste que já tomou seu lugar 
junto com um rejeitado e crucificado Cristo (ver Luc. 9.52-55)». Exem­
plos de salmos imprecatórios são os de números 35, 59 e 109.
4. O ensino sobre o Messias, apesar de não tão avançado quan­
to no livro de I Enoque (se comparados aos conceitos que figuram no 
Novo Testamento), é surpreendentemente extenso. Dediquei a séti­
ma seção da Introdução ao assunto.
5. Apesar de que muitos dos salmos foram designados para um 
uso litúrgico, neles aparecem muitas indicações de uma apropriada 
atitude individual espiritual, bem como da correta espiritualidade pesso­
al. Quanto a esse aspecto, os salmos concordam, grosso modo, com 
os livros dos profetas. Ver Sal. 15.1 ss.; 19.14; 50.14,23; 51.16 ss.
6. Há uma exaltada doutrina de Deus nos salmos tão generaliza­
da que aparece praticamente em todos os salmos.
7. A importância da experiência religiosa pessoal é uma ênfase 
constante no livro de Salmos. Deus é retratado como quem está à 
disposição dos seres humanos, refletindo assim o ensino do teísmo, 
e não do deísmo (ver a respeito no Dicionário). O teísmo ensina que 
Deus não somente criou, mas também permanece interessado na 
sua criação, intervindo, recompensando e castigando. Mas o deísmo 
alega que Deus, ou alguma força divina criadora, após ter criado 
tudo, abandonou o mundo, deixando-o à mercê de forças naturais.
8. São ressaltados os deveres do homem para com Deus, como 
o arrependimento, a vida santificada, a adoração, o louvor, a obedi­
ência através do serviço e o amor ao próximo.
9. A adoração pública é uma questão obviamente frisada no livro 
de Salmos, visto que muitas dessas composições eram usadas exa­
tamente nesse contexto. Precisamos pesquisar pessoalmente as ques­
tões religiosas; mas também precisamos fazê-lo coletivamente. A 
participação na adoração pública é encarecida em trechos como Sal. 
6.5, 20.3, 51.19; 66.13-5.
10. A adoração não-ritual não é desprezada, devendo fazer parte 
integrante da busca espiritual dos homens. Ver Sal. 40.6 e 50.9.
XI. Canonicidade
Ver no Dicionário o artigo sobre Cânon, no que se aplica ao 
Antigo Testamento. Para os saduceus, somente o Pentateuco era con­
siderado digno de ser chamado de Escrituras santas e autoritárias.
2058 SALMOS
Para os judeus palestinos, como era o caso dos fariseus, as três 
grandes seções de livros sagrados aceitos eram: o Pentateuco, os 
Escritos (que incluíam os Salmos) e os Profetas. Na ordem da arruma­
ção judaica, os Escritos formavam a terceira seção. Entre os judeus da 
dispersão, vários livros apócrifos eram aceitos. E não é inexato falar 
sobre o Cânon Alexandrino. Além disso, havia as obras pseudepígrafas, 
revestidas de prestígio suficiente para que muitas idéias ali contidas 
fossem aproveitadas pelos escritores do Novo Testamento, embora, 
como uma coletânea, os livros pseudepígrafos nunca tivessem obtido 
condição canônica. É que a canonicidade origina-se, essencialmente, 
do valor interno de uma obra escrita, que se torna óbvio para todos 
quantos a lêem, além de originar-se da consagração da antigüidade, o 
que é uma espécie de processo histórico religioso, e, finalmente, de 
originar-se de pronunciamentos oficiais da parte de líderes religiosos, 
pronunciamentos esses que formam a base tradicional acerca dos 
livros sacros. Os estudiosos conservadores, ademais disso, pensam 
que o poder e a presença do Espírito Santo estão envolvidos nesses 
vários aspectos da questão. Mas os eruditos liberais mais radicais são 
da opinião de que o processo inteiro depende da mera seleção natural 
(uma espécie de seleção do leitor, aplicada às questões religiosas); 
mas, assim pensando, esses eruditos olvidam-se totalmente do ele­
mento sobrenatural e dos poderes divinos por trás desse processo. Ver 
no Dicionário sobre Inspiração.
Se a coletânea dos Salmos foi-se formando através de um longo 
período de tempo, chegando a ser compilada somente após o cati­
veiro, então nenhuma canonização final poderia ter ocorrido até estar 
completa a coletânea. Porém, coletâneas preliminares (como aque­
las de Davi, de outras antigas personagens e de clãs de músicos) 
tiveram suas próprias canonizações preliminares, o que explica a sua 
preocupação no decorrer de muitos séculos.
«No caso dos livros I, II e IV do Saltério, a canonização deve ter 
ocorrido com considerável presteza. O Sal. 18 foi incluído dentro do 
livro canônico de Samuel, dentro de meio século após a morte de 
Davi... Os Salmos 96 - 105 e 106 foram designados por Davi como 
um padrão para a adoração pública, bem no início de seu governo 
sobre todo o Israel (ver I Crô. 16.7-36). A designação de muitos 
outros salmos, para que os músicos os preparassem para a adora­
ção prestada por Israel, serve de evidência de uma similar canonização 
consciente dos poemas de Davi. E o fato de que Davi e Salomão 
compilaram intencionalmente os livros I, II e IV, quando ainda viviam, 
fornece-nos testemunho extra do reconhecimento da autoridade espi­
ritual pelo menos daqueles oitenta e nove salmos pelos contemporâ­
neos desses dois monarcas». (Z)
O livro III, portanto, que contém as porções pós-exílicas do livro de 
Salmos, foi acrescentado. Talvez muitos dos salmos ali envolvidos 
fossem pré-exílicos e já fizessem parte da coletânea. Há pouco ou 
mesmo nenhum testemunho externo quanto à aceitaçãocanónica do 
livro de Salmos, até o período intertestamentário. Somente então obte­
mos algumas declarações acerca do uso desses poemas. Por exem­
plo, o trecho de II Macabeus 2.13 refere-se aos livros de Davi, junta­
mente com os escritos de outros reis e de profetas. A passagem de 
Sal. 79.2 é citada como Escritura. Os Salmos já faziam parte da versão 
da Septuaginta do século III A.C., o que significa que o recolhimento e 
a autoridade desses poemas devem ter sido cristalizados antes do 
preparo daquela versão. O material das cavernas de Qumran, do sécu­
lo II A.C., também exibe os Salmos, o que serve de outro índice da 
aceitação da coletânea desde tempos mais remotos do que alguns 
estudiosos têm pensado. O rolo principal dos Salmos, encontrado na 
caverna II (além de cinco outros fragmentos), apresenta amplo material 
extraído dos livros IV e V dos Salmos. Esse material, porém, apresenta 
alguma variação na ordem sucessiva dos salmos, sugerindo que hou­
vesse certa fluidez no arranjo dos salmos, e que o livro de Salmos 
ainda não havia chegado à sua forma final, conforme o conhecemos 
atualmente. Entretanto, alguns especialistas pensam que os salmos 
achados na caverna II formavam uma espécie de lecionário, e não 
uma completa coletânea dos salmos, em sua ordem normal. Porém, é 
impossível determinar a verdade por trás dessa questão.
Seja como for, de acordo com o arranjo final dos escritos do 
Antigo Testamento, encontramos a Lei, os Profetas e os Escritos. E o 
livro de Salmos fazia parte dessa terceira porção, os Escritos. Josefo 
referiu-se ao Antigo Testamento como uma coletânea de vinte e dois 
livros: Pentateuco, cinco; Profetas, treze, e os Hinos de Deus e Con­
selhos dos Homens (Apion, 1.8), que incluíam os Salmos, Provérbi­
os, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos.
Outrossim, temos as próprias declarações canônicas do Senhor 
Jesus, em Mat. 23.35 e Luc. 24.44.
Os Salmos são o segundo livro mais volumoso da Bíblia, perdendo 
somente para as profecias de Jeremias, mas o livro de Salmos é o 
mais constantemente citado no Novo Testamento. É dificílimo pôr em 
dúvida sua posição no cânon da Bíblia e sua autoridade espiritual.
XII. Os Salmos no Novo Testamento
Os Salmos são citados no Novo Testamento por cerca de oitenta 
vezes, o que significa que, dentre todos os livros do Antigo Testa­
mento, esse foi o mais constantem ente utilizado pelos autores 
neotestamentários. A muitas dessas citações foi dada uma interpre­
tação messiânica, sobre o que comentei com pormenores na sétima 
seção e o artigo separado intitulado Profecias Messiânicas Cumpri­
das em Jesus.
Salmos Novo Testamento
2.1,2 Atos 4.25,26
2.7 Atos 13.33; Heb. 1.5 e 5.5
4.4 Efé. 4.26
5.9 Rom. 3.13
8.3 LXX Mat. 21.16
8.4-6 LXX Heb. 2.6-8
8.6 I Cor. 15.27
10.7 Rom. 3.14
14.1-3 Rom. 3.10-12
16.8-11 Atos 2.25-28
16.10 Atos 2.31
16.10 LXX Atos 13.35
18.49 Rom. 15.9
19.4 Rom. 10.18
22.1 Mat. 27.46; Mar. 15.34
22.18 João 19.24
22.22 Heb. 2.12
24.1 I Cor. 10.26
31.5 Luc. 23.46
32.1,2 Rom. 4.7,8
34.12-16 I Ped. 3.10-12
35.19 João 15.25
36.1 Rom. 3.18
40.6-8 Heb. 10.5-7
41.9 João 13.18
44.22 Rom. 8.36
45.6,7 Heb. 1.8,9
51.4 Rom. 3.4
53.1-3 Rom. 3.10-12
68.18 Efé. 4.8
SALMOS 2059
69.4 João 15.25
69.9 João 2.17; Rom. 15.3
69.22,23 Rom. 11.9,10
69.25 Atos 1.20
78.2 Mat. 13.35
78.24 João 6.31
82.6 João 10.34
89.20 Atos 13.22
91.11,12 Mat. 4.6; Luc. 4.10,11
94.11 I Cor. 3.20
95.7,8 Heb. 3.15; 4.7
95.7-11 Heb. 3.7-11
95.11 Heb. 4.3; 5
102.25-27 Heb. 1.10-12
104.4 Heb. 1.7
109.8 Atos 1.20
110.1 Mat. 22.44; 26.64 
Mar. 12.36; 14.62 
Luc. 20.42,43 e 22.69 
Atos 2.34,35 
Heb. 1.13
110.4 Heb. 5.6,10 e 7.17,21
112.9 II Cor. 9.9
116.10 II Cor. 4.13
117.1 Rom. 15.11
118.6 Heb. 13.6
118.22 Luc. 20,17 
Atos 4.11 
I Ped. 2.7
118.22,23 Mat. 21.42 
Mar. 12.10,11
118.25,26 Mat. 21.9 
Mar. 11.9,10
118.26 João 12.13 
Mat. 23.39 
Luc. 13.35; 19.38
132.11 Atos 2.30
140.3 Rom. 3.13 
Rom. 3.13
XIII. Bibliografia
AM NET BA E I IB IOT ND WBC WES YO Z 
Ao Leitor
1. Uma Introdução Elaborada
Provi uma introdução elaborada que apresenta ao leitor questões 
como: título e vários nomes; caracterização geral; idéias dos críticos 
e refutações; autoria e data; várias compilações e fontes informati­
vas; conteúdo e tipos; a esperança messiânica; usos dos salmos; a 
poesia dos hebreus; pontos de vista e idéias religiosas; canonicidade; 
e os salmos no Novo Testamento. O leitor deve familiarizar-se com 
esses itens, pois sem eles dificilmente poderá compreender o livro. 
Contudo, mesmo sem compreender essas coisas, o leitor poderá tirar 
vantagem de passagens inspiradoras em suas devoções pessoais e 
para ensinar lições e pregar sermões.
2. Os Livros Poéticos do Antigo Testamento
Os livros bíblicos que foram escritos em forma poética, e não em 
forma de prosa, são: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesíastes, Cantares 
de Salomão e Lamentações de Jeremias.
3. Literatura de Sabedoria
No Antigo Testamento, os livros geralmente classificados como 
parte da literatura de Sabedoria são: Jó, Salmos (especialmente os 
Salmos 19, 3 7 ,1 0 4 ,1 0 7 ,1 4 7 a 148), Provérbios, Eclesíastes e Sabe­
doria de Salomão. Nas páginas do Novo Testamento, a epístola de 
Tiago é a que mais se aproxima desse tipo de literatura religiosa. 
Quanto a um tratamento completo, ver as introduções àqueles livros, 
bem como, no Dicionário, o artigo que versa sobre Sabedoria.
4. Títulos do Livro
As traduções modernas seguem o títu lo da Septuaginta, que 
estampa a palavra salm os (psalmos), como tradução à palavra 
hebraica mizmor, a qual se refere à música executada mediante 
instrumentos de cordas em acompanhamento às recitações de 57 
dos 150 salmos; por causa desse uso freqüente, o livro todo 
finalmente veio a ser assim chamado na Septuaginta e, dali, nas 
traduções modernas. O títu lo hebraico do livro é Tehillim, “cânticos 
de louvor".
5. Salmos Messiânicos
Certo famoso pregador afirmou que “todos os salmos são 
messiânicos” ; mas isso por certo é um exagero. Entretanto, há diver­
sos salmos que são definidamente proféticos e messiânicos. Os sal­
mos usualmente considerados messiânicos são os de número 2, 8,
16, 22, 23, 24, 40, 41, 45, 68, 69, 72, 89, 102, 110 e 118. Outros 
salmos têm reflexos messiânicos.
6. Salmos Reais
Estão intimamente relacionados aos salmos messiânicos, e al­
guns deles realmente são também messiânicos, ao passo que outros 
apenas contêm alguns reflexos: salmos 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 93, 
96, 97, 98, 101, 110, 132 e 144.
7. A Fé e a Vida Religiosa
Dentre todos os livros do Antigo Testamento, Salmos é o que 
mais vividamente retrata a vida espiritual e a fé dos indivíduos em 
todas as circunstâncias, boas e más, jubilosas e trágicas. “A mais 
simples descrição dos Cinco Livros dos Salmos é que eles formam o 
livro das orações e dos louvores inspirados de Israel. São revelações 
da verdade, não de forma abstrata, mas em termos da experiência 
humana. As verdades assim reveladas estão carregadas de emo­
ções, desejos e sofrimentos do povo de Deus, pelas circunstâncias 
através das quais esse povo passará” (Scofield Reference Bible, In­
trodução).
“O espírito vivo de qualquer religião brilha mais esplendoroso por 
meio de seus hinos. O saltério é o hinário da antiga nação de Israel, 
compilado a partir de composições líricas mais antigas, para ser 
usado no templo de Zorobabel (Esd. 5.2; Ageu 1.14). A maioria dos 
salmos provavelmente foi composta para acompanhar atos de adora­
ção no templo de Jerusalém" (Oxford Annotated Bible, Introdução).
8. Classificações dos Salmos
1. Lamentação, o maior grupo, com mais de 60 dos 150 salmos.
2. Ações de graças e louvor, mais de 30.
3. Hinos, cerca de 18.
4. Salmos reais, cerca de 17.
5. Salmos messiânicos, cerca de 15.
6. Litúrgicos, cerca de 11.
7. De sabedoria, cerca de 11.
8. De história sagrada, cerca de 9.
9. De chamamento à adoração, cerca de 8.
10. De confiança, cerca de 5.
2060 SALMOS
11. Cânticos de Sião, cerca de 3.
12. De louvor à lei, cerca de 3.
13. De proteção, cerca de 91 (outros exprimemsentimentos similares). ■
14. De tipos mistos, nos quais nenhum tema é dominante, mas 
vários temas se fazem presentes.
15. De oração pela vitória na batalha, Salmo 20 e partes de 
muitos outros.
16. Didáticos, partes de muitos salmos, sendo o Salmo 15 um 
bom exemplo.
17. De doxologia, o Salmo 150, que encerra a coletânea.
Quanto a detalhes sobre essa classificação, ver o gráfico no
início do comentário do livro. Ali identifico os salmos pertencentes a 
cada classe.
Muitos salmos identificam-se com mais de uma classificação, e 
há salmos que contêm uma mistura de temas.
9. Cinco Livros
Em imitação ao Pentateuco, o saltério divide-se em cinco livros, 
cada quai com a sua própria doxologia.
10. Salmos de Davi
Cerca de metade dos salmos é atribuída a Davi, embora essa 
cifra não seja exata. Ver o ponto abaixo, intitulado Subtítulos. Davi foi 
o grande canforde Israel (II Sam. 23.1).
11. Subtítulos
Essas composições não pertenciam originalmente aos autores 
dos salmos, mas foram adicionadas por editores muito tempo após 
as composições terem sido originalmente redigidas. Tentam identifi­
car os autores envolvidos e ligam certos salmos a circunstâncias 
históricas do Antigo Testamento. Mas a maioria das identificações é 
mera conjectura. Ocasionalmente, contudo, alguma informação útil 
pode ser encontrada.
12. Um Monumento Literário
Reconhece-se universalmente que o livro de Salmos é uma das 
mais refinadas composições poéticas de todos os tempos. O fato de 
que o Novo Testamento cita o livro de Salmos mais do que qualquer 
outro livro do Antigo Testamento serve de confirmação espiritual des­
sa avaliação.
13. Salmos e Versículos
Há 150 salmos, num total de 2.461 versículos. Este livro, portan­
to, ocupa cerca da décima parte de todo o Antigo Testamento.
14. Citações no Novo Testamento
O saltério é o livro mais freqüentemente citado do Antigo Testa­
mento. Ver uma lista completa de citações na seção XII da Introdu­
ção ao livro.
CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS
1. Salmos de lamentação 3,4,5,6,7,9,10,12,13,14,17,22,25,26,28,30,31,35,36,38,39,41,42,43,44,51,53,54,55,56,57,58,59,60,61,64, 
69,70,71,74,77,79,80,83,85,86,88,90,94,102,109,120,120,123,125,126,129,130,137,139,140,141,142,143,144. 
A maioria destes salmos são imprecatórios. Subdivisões podem ser alistadas: contra acusa­
ções falsas (3,4,5,7,17,26); contra inimigos do corpo, isto é, doenças (6,22,28,30,31.9-12). A 
maioria termina com um gito de vitória, mas alguns em desespero (como 31.9-12; 38; 88; 123). 
A categoria de lamentação é, por muito, a maior.
2. Salmos de ação de graça e louvor 18,19,21,30,32,40,46,48,65,66,67,75,76,84,89,100,103,104,107,111,116,136,138,146,147,148,149
3. Hinos majestáticos 8,36,46,65,66,76,93,95,96,97,98,99,100,103,104,111,113,115,135,145,146,147,148,149,150. 
Alisto uma representação de salmos musicados de qualidade excepcional
4. Salmos reais 2,18,20,21,45,47,72,89,93,96,97,98,99,101,110,132,144
5. Salmos messiânicos 2,8,16,22,23,24,40,45,68,69,72,89,102,110,118
6. Salmos litúrgicos 24,50,68,81,82,95,108,115,121,132,134,135,136,145,146,147,148,149,150. Estes salmos e, 
sem dúvida, outros, foram musicados e utilizados nos ritos e cerimônias da adoração pública 
do templo.
7. Salmos de sabedoria 1,19,36,37,49,73,91,96,97,112,119,127,128,133. Porções de outros refletem esta categoria: 
34 e 36 servem de exemplo.
8. Salmos de história sagrada 78,105,106,124,126,135,136. Estes salmos provavelmente eram utilizados em festas de 
celebração
9. Chamada à adoração 29,33,46,89,97,98,113,135. Tais salmos são associados, intimamente, aos salmos intimamen­
te, aos salmos litúrgicos e podem ser assim classificados.
10. Salmos de confiança 4,11,16,23,27,62,131. Muitos outros salmos têm elementos de confiança, embora não perten­
çam a esta categoria como unidades.
11. Cânticos de Sião 48,76,84,87,122,125
12. Louvor à lei 1,19,119 e porções de muitos outros.
13. Salmos implorando proteção e 
dando louvor
31,39 e muitos versículos de outros salmos que não são especificamente desta classificação.
14. Tipos mistos Diversas classificações podem ser dadas a partes de salmos em que nenhuma única 
classificação domina.
15. Oração implorando vitórias em batalhas 20 e partes de muito outros. A guerra inspirava receio, e o receio inspirava gritos 
(orações), implorando ajuda.
16. Salmos didáticos 1,15,32,78,105,106,135,136. Estes salmos servem para ensinar lições importantes
17. Doxologia de louvor 117,150 e versículos individuais de outros salmos.
Salmos Penitencias Na liturgia da igreja cristã, vários salmos são utilizados para expressar remorso ou tristeza por 
causa de certos pecados cometidos. O cristão sincero se arrepende de tais atos e condições. 
Os sete salmos penitenciais são: a) ira: Salmo 6; b) orgulho: Salmo 32; c) glutonaria: Salmo 39; 
d) sensualidade; Salmo 51; avareza: Salmo 102; f) inveja: Salmo 130; g) preguiça: Salmo 143.
SALMOS 2063
EXPOSIÇÃO 
Salm o Um
“Este salmo serve de prólogo para o saltério inteiro. Ao term inar a obra 
completa de compilação que reuniu os diferentes com ponentes dos Salmos, uma 
feliz inspiração levou os editores a escolher o Salmo 1 como introdução ao livro 
inteiro. Apesar de ser um salmo breve, seu conteúdo retrata vividamente o tipo de 
homem que se alimentará das palavras dos salmistas: “Os teus decretos são 
motivo dos meus cânticos, na casa da minha peregrinação” (Sal. 119.54). Toda a 
variação de interesses religiosos está refletida nesse hino; as orações e as m edi­
tações do saltério estão relacionadas, direta ou indiretamente, às ordenanças da 
lei. Portanto, o saltério é um manual apropriado para os indivíduos piedosos. Mas 
a lealdade de todo o coração à lei e à fé em suas prom essas (ver Deu. 28.1-14) 
foi submetida a severos testes nos eventos da história. Os observadores da lei 
pareciam freqüentemente sofrer sob a má sorte, ao passo que os ímpios prospe­
ravam. Por conseguinte, entre as muitas vozes que se fazem ouvir no saltério, 
ouvimos expressões de dúvida e desespero da parte de homens cuja alma, per­
plexa diante dos cam inhos de Deus no mundo, estava “abatida” (ver Sal. 42.9-11 
e 73.2-14). O salmista sabia bem que os fatos da história e da experiência indivi­
dual com freqüência parecem falhar diante das expectativas dos fiéis. Mas ele 
afirmou que, a despeito de todas as aparências, é verdade permanente que Deus 
cuida de todos quantos O temem e, portanto, tudo vai bem com os que amam a 
Sua lei, e tudo vai mal com aqueles que a desprezam ” (W illiam R. Taylor, in loc).
Quanto a informações gerais que se aplicam a todos os salmos, ver a introdução 
ao Salmo 4, onde apresento sete comentários que elucidam a natureza deste livro.
Classificação dos Salmos. Ver o gráfico no início do comentário sobre o livro 
de Salmos, que funciona como uma espécie de introdução aos Salmos. Dou ali 
classificações e listo os salmos pertencentes a cada uma das classes.
Os Salmos de Davi. Os Salmos 1-41 são essencialmente atribuídos a Davi, com 
exceção do primeiro deles, que funciona como uma introdução ao primeiro livro 
de Salmos, e dos Salmos 2 e 33, que não têm título. Ver sobre Autoria e Datas, 
na seção IV da Introdução. Ver também a seção VI quanto a informações sobre 
os principais tipos de salmos e seus arranjos. A seção B enumera os cinco 
livros dos Salmos.
Este primeiro salmo é um salmo de sabedoria. Cf. Jer. 17.5-8.
Duas Seções no Salmo Primeiro:
1. Vss. 1-5: O homem justo é, inicialmente, descrito de forma negativa. Há 
certas coisas que ele não pratica: não tem comunhão com os ímpios e suas 
obras. Então o justo é descrito positivamente: ele se dedica, dia e noite, à 
meditação e à observância da lei, a qual lhe sen/e de código de ética e de 
manual para a vida diária. Tal homem, de acordo com o autor sagrado, terá 
uma vida estável e próspera.
2. Vss. 4-6: A sorte do ímpio é descrita. Podemos deduzir o caráter do ímpio a partir 
do vs. 1. Esse caráter mostra o que o justo deve evitar. Os ímpios não são como 
uma árvore saudável,plantada ao lado de águas abundantes, mas, antes, pare­
cem-se com a palha que é soprada pelo vento. Essas pessoas ímpias desapare­
cem através do julgamento de Deus contra todos os que negligenciam a lei e a 
ela desobedecem. É óbvio, pois, que todos os homens prestarão contas ao 
Senhor. O teísmo (ver a respeito na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia) 
ensina que Deus não é somente o Criador. Ele também se faz presente entre 
nós, intervém na história humana, recompensa e pune. Isso deve ser contrastado 
com o deísmo (ver também na Enciclopédia), que supõe que a força criadora 
(pessoal ou impessoal) abandonou a criação e deixou as leis naturais no controle 
das coisas. Os salmos e, de fato, a Bíblia inteira, são altamente teístas.
1.1
Bem -aventu rado . O hebraico diz aqui, literalmente, ‘'oh, felicidade de" ou, 
simplesmente, “feliz” . O justo tem tanto alegria interior como felicidade exterior. 
Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosoíia o artigo chamado Bem- 
aventuranças de Jesus. Compreendemos que a alegria aqui mencionada é dada 
por Deus, como recompensa aos piedosos que a merecem por terem observado a 
lei. Presume-se que o guardador da lei seja um homem espiritual, inspirado pelo 
Espírito a ser bom e a praticar o bem.
Anda. Ver no Dicionário o artigo sob o título Andar, Metáfora do.
A Trilogia Negativa. Há três coisas que o homem bom não faz:
1. Ele não participa dos conselhos dos ím pios nem aceita seus conselhos; ele 
não adota seus planos nem seu padrão de vida. Cf. Jó 10.3 e Jer. 7.24.
2. Ele não imita os caminhos dos ímpios nem age como eles. Ele não se detém 
no caminho dos pecadores nem é com panheiro deles.
3. Ele não se assenta junto aos zombadores. Em outras palavras, não acom pa­
nha os ímpios nos lugares onde eles se reúnem para planejar, promover e 
praticar atos pecaminosos e rebeldes. Ninguém encontra um homem bom em 
companhia de tais indivíduos. Cf. Sal. 26.4,5.
Notem-se as trilogias poéticas: andar, ficar de pé e assentar-se (para descre­
ver os caminhos dos pecadores). Além disso, fala-se em ímpios, pecadores e
escarnecedores, termos que descrevem a natureza dos ímpios.
Ver no Dicionário o detalhado artigo intitulado Vícios, quanto às diversas 
maneiras pelas quais os pecadores se expressam. O homem bom luta e ganha a 
vitória contra essas tendências viciosas, mas os ímpios se submetem voluntaria­
mente a elas,
Não me tenho assentado com homens falsos, e com os 
dissimuladores não me associo. Aborreço a súcia de 
m alfeitores e com os ímpios não me assento.
(Salmo 26.4,5)
1.2
A ntes o seu p raze r está na le i do S enhor. O vs. 1 deste salmo declara 
negativamente qual é o com portamento do homem bom: ele não imita os ímpios 
nem desfruta sua companhia. Quanto ao lado positivo, o piedoso deleita-se na lei 
do Senhor, o código mosaico, que é o seu manual de fé e conduta. O deleite de 
tal homem é a sua ocupação, conforme se lê no hebraico posterior. Ver Pro. 
31.13; Ecl. 3.1,17; 8.6. O princ ipa l interesse de estudo do homem piedoso é 
seguir a lei mosaica. O conteúdo dessa lei, conforme visto nos salmos, é indicado 
em Sal. 19.7-10. Cf. Pro. 3.1-3. Ver também Sal. 119.
M edita. Esta palavra traduz um term o hebraico que indica proferir sons bai­
xos, inarticulados, como aqueles que uma pessoa faz ao ler para si mesmo, mas 
não em voz alta. A palavra também é usada com o sentido de murmurar, como 
faz uma pomba (ver Isa. 27.14), ou como lamentam os homens (ver Isa. 16.7), ou 
como faz um leão ao rugir baixo (ver Isa. 31.4), ou como encantamentos sussurra­
dos (ver Isa. 8.19). Ver no Dicionário o verbete chamado Meditação.
“Não se trata de um estudo ocasional para o homem piedoso. Antes, trata-se 
de seu trabalho dia e noite. Seu coração dedica-se a esse mister. É o seu empre­
go. Seu estudo é freqüente e, de fato, perpétuo" (Adam Clarke, in loc.). “Tal 
meditação necessariamente envolve estudo e retenção da matéria estudada” (Allen 
P. Ross, in loc.).
Josué foi orientado a dar esse tipo de atenção à lei (ver Jos. 1.8). Ver também
Sal. 119.97. “ Isso deve ser compreendido com diligente leitura e consideração da
lei, com o emprego do raciocínio e um estudo profundo... diariamente” (John Gill, in 
loc.). O versículo, naturalmente, exalta o lado intelectual como uma ajuda ao cresci­
mento espiritual. As experiências místicas não representam tudo, nem são a única 
forma de desenvolvimento espiritual. Ver no Dicionário o artigo chamado Desenvol­
vimento Espiritual, Meios do. E ver também o verbete denominado Misticismo.
A Lei de Moisés - Idéias dos Hebreus:
1. A le i transmite vida. Originalmente, isso significava longa e próspera vida física 
(teologia patriarcal), mas nos Salmos e nos Profetas surge em cena a idéia de 
uma vida além-túmulo, visto que a doutrina da imortalidade da alma emergiu 
nessa época. Ver as notas em Deu. 4.1; 5.33; 6.2; 22.6,7; 25.15 e Eze. 20.1.
2. Israel tornou-se uma nação distintiva mediante a possessão e o uso da lei de 
Moisés. Ver Deu. 4.4-8. A lei era a m arca distintiva de Israel, o que fazia a 
nação ser o que era, em contraste com os povos destituídos da lei.
3. A le i compunha-se de estatutos eternos. Não havia no judaísmo a expectação
de que algum outro sjstema substituiria a lei mosaica como medida justificadora 
e santificadora. Ver Êxo. 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 16.29. .
4. A tríplice designação revela algo de seu caráter. Ver Deu. 6.1.
5. A possessão da le i era o âmago do pacto mosaico. Ver as notas introdutórias 
em Êxo. 19. A guarda do sábado era o sina l desse pacto.
6. A desobediência conduz ã morte. Na teologia patriarcal, isso significava a 
morte física, especialmente a morte física prematura. Porém, de acordo com 
o pensamento posterior dos hebreus, surgiu a noção de uma espécie de 
segunda morte, envolvendo a alma, embora não houvesse nenhuma doutrina 
acerca de recompensas para os bons e castigo para os maus. Essas doutri­
nas só se desenvolveram nos livros do período entre o Antigo e o Novo 
Testamento, ou seja, nos livros apócrifos e pseudepígrafos. As chamas do 
inferno foram acesas no livro de l_Enoque, e não no Antigo Testamento. Ver 
as muitas ameaças de morte em Êxo. 20, onde ameaças de sérias infrações 
foram lançadas. Ver também a morte pelos próprios pecados, em Deu. 25.16 
e Eze. 18.20. Ver a morte pelos pecados dos pais, em Êxo. 20.5.
7. Artigos a serem consultados no Dicionário, para um estudo mais detalhado: 
Lei no Antigo Testamento ; e Lei, Função da. E, na Enciclopédia de Bíblia, 
Teologia e Filosofia , ver os artigos: Lei e Jesus, A; Lei e o Evangelho, A; Lei 
no Novo Testamento, A: e Le i e a Graça, Conflito, A.
A ÁRVORE FRUTÍFERA
Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, 
e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto faz será bem sucedido.
O fruto do Espírito e: Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 
mansidão, domínio próprio.
Bendigo-te, Senhor, porque cresço entre as árvores, que em fileira devem a Ti fruto e 
ordem. Que força franca ou encantamento oculto pode destruir-me o fruto, ou fazer-me mal, 
enquanto a cerca protetora for Teu braço?
O clima diversificado da Palestina, devido aos desníveis totpográficos, naturalmente permite 
a produção de grande variedade de frutas. As mais comuns são: banana, laranja e outras 
frutas cítricas, tâmaras, rosáceas em geral, dióspiro, jujuba, uvas, figos, azeitonas, romãs, 
amoras pretas, vários tipos de melão, amêndoas e ameixas. Os frutos plantados em jardins 
podem ser colhidos durante quase todos os meses do ano.
Salm o 1.3
FRUTO DO ESPÍRITO
G ála tas 5.22
O PARAÍSO DE DEUS
SALMOS 2065
Caros leitores, o sistema hebreu de fé religiosa era o da justificação mediante a 
observância da lei, uma vez que a doutrina da alma começou a fazer parte da fé 
hebréia. Embora a fé fizesse parte do ensino veterotestamentário, e possamos ilustrar 
a graça divina a partir de certas passagens, é inútil e anacrônico forçar a justificação

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