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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA LABORATÓRIO DE MATERIAIS E METALOGRAFIA PROF. GILMAR TONIETTO ANDREI VERLINDO DRUM GABRIEL PISTORELLO ROGER ANTÔNIO MISTURINI PROPRIEDADES AÇO SAE 8620 CAXIAS DO SUL 2015 2 ÍNDICE 1 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 3 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 5 4 NORMAS ADOTADAS ............................................................................... 9 5 MATERIAL UTILIZADO ........................................................................... 10 6 PROCEDIMENTOS E RESULTADOS ..................................................... 11 6.1 TRATAMENTOS TÉRMICOS E ENSAIOS MECÂNICOS.........................11 6.2 ANÁLISE METALOGRAFICA...................................................................14 7 ANEXOS .................................................................................................... 16 8 CONCLUSÃO ............................................................................................ 19 9 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 21 3 1 OBJETIVO GERAL Verificar e analisar as propriedades mecânicas e estruturais do material SAE 8620, quando exposto a diferentes tratamentos térmicos, e comparar os resultados do Ensaio de impacto Charpy, do Ensaio de Tração, dos Ensaios de Dureza Rockwell B, Rockwell C e da Análise Metalográfica com as especificações teóricas. 4 2 INTRODUÇÃO No trabalho que segue, serão apresentadas as diferentes propriedades do material SAE 8620. Foram utilizadas quatro amostras no procedimento, sendo uma normalizada, uma cementada a 930°C, uma cementada e temperada a 840°C e uma cementada, temperada e revenida a 300°C. Após os tratamentos térmicos citados acima, as amostras foram devidamente preparadas e expostas aos ensaios de impacto Charpy, de Tração, de Dureza Rockwell B, de Dureza Rockwell C. Por fim foram feitas análises metalográficas. Todos estes procedimentos foram realizados conforme as normas exigidas. Pretende-se, a partir destes procedimentos, comparar resultados teóricos e práticos, e verificar se o material atende as exigências especificadas pelas normas. 5 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O aço 8620 é um aço para cementação e beneficiamento ligado ao níquel, cromo e molibdênio, o que lhe possibilita melhor temperabilidade. A cementação é usada para aumentar a resistência ao desgaste em um núcleo de boa resistência, tanto mecânica quanto a fraturas. Após o processo de cementação, a dureza pode alcançar até 62 HRC. Aplicação: Muito utilizado em componentes como: pinos guia, cruzetas, capas, eixos, coroas, engrenagens em geral. Tratamento Térmico: Recozimento: O tratamento deve ser feito na temperatura entre 820 – 840ºC por no mínimo 1 hora para cada 25 mm. Resfriar no forno. Normalização: O tratamento deve ser feito na temperatura próxima de 910 – 930ºC por no mínimo 1 hora para cada 25 mm. Resfriar ao ar. Em casos especiais pode se utilizar ar forçado. Cementação: Podem ser utilizados os processos de cementação em caixa, a gás ou em banho de sal. A temperatura deve estar entre 900 – 925ºC. O tempo de cementação deve ser controlado em função do potencial de carbono e da profundidade de endurecimento especificados. A cementação deve ser seguida pelo beneficiamento. Têmpera: A têmpera quando realizada diretamente após a cementação, diminuir a temperatura até 840 – 860ºC, manter pelo tempo necessário para homogeneizar a temperatura na seção transversal e resfriar em óleo ou água dependendo da seção e geometria. Para têmpera convencional utilizar a temperatura de 840 – 870ºC com o mesmo procedimento descrito. Revenimento: Deve ser realizado imediatamente após a têmpera quando a temperatura atingir cerca de 70ºC. O revenimento é realizado em temperaturas entre 150 – 200ºC. No revenimento não há queda significativa da dureza, mas se garante uma melhor resistência à fratura e a formação de trincas superficiais na retífica. As informações contidas neste catálogo são orientativas, 6 Dependendo da característica da matéria prima e das condições de teste. Têmpera Superficial: Este aço não responde satisfatoriamente, pois possui teor de carbono muito baixo. PROPRIEDADES DO MATERIAL NORMALIZADO: Physical Properties Metric Density 7.85 g/cc Mechanical Properties Metric Hardness, Brinell 183 Hardness, Knoop 204 Hardness, Rockwell B 89 Hardness, Vickers 192 Tensile Strength, Ultimate 635 MPa Tensile Strength, Yield 360 MPa Elongation at Break 26% Reduction of Area 60% Modulus of Elasticity 205 GPa Bulk Modulus 160 GPa Poissons Ratio 0.29 Machinability 65% Shear Modulus 80.0 GPa Izod Impact 98.0 J Electrical Properties Metric Electrical Resistivity 0.0000234 ohm-cm Thermal Properties Metric Specific Heat Capacity 0.475 J/g-°C Thermal Conductivity 46.6 W/m-K Component Elements Properties Metric 7 Carbon, C 0.18 - 0.23 % Chromium, Cr 0.40 - 0.60 % Iron, Fe 96.895 - 98.02 % Manganese, Mn 0.70 - 0.90 % Molybdenum, Mo 0.15 - 0.25 % Nickel, Ni 0.40 - 0.70 % Phosphorous, P <= 0.035 % Silicon, Si 0.15 - 0.35 % Sulfur, S <= 0.040 % PROPRIEDADES DO MATERIAL CEMENTADO, TEMPERADO A 845º E REVENIDO A 230º: Density 7.85 g/cc Mechanical Properties Metric Hardness, Brinell 341 Hardness, Knoop 369 Hardness, Rockwell B 89 Hardness, Rockwell C 61 Hardness, Vickers 361 Tensile Strength, Ultimate 1157 MPa Tensile Strength, Yield 833 MPa Elongation at Break 14.3 % Reduction of Area 53.2 % Modulus of Elasticity 205 GPa Bulk Modulus 160 GPa Poissons Ratio 0.29 Machinability 65% Shear Modulus 80.0 GPa Electrical Properties Metric 8 Electrical Resistivity 0.0000234 ohm-cm Thermal Properties Metric Specific Heat Capacity 0.475 J/g-°C Thermal Conductivity 46.6 W/m-K Component Elements Properties Metric Carbon, C 0.18 - 0.23 % Chromium, Cr 0.40 - 0.60 % Iron, Fe 96.895 - 98.02 % Manganese, Mn 0.70 - 0.90 % Molybdenum, Mo 0.15 - 0.25 % Nickel, Ni 0.40 - 0.70 % Phosphorous, P <= 0.035 % Silicon, Si 0.15 - 0.35 % Sulfur, S <= 0.040 % 9 4 NORMAS ADOTADAS Ensaio de Dureza Rockwell: Norma NBR ISO 6508/09 Ensaio de Tração: Norma NBR ISO 6892/13 Ensaio de Impacto: Norma ASTM E-23 Preparação das Amostras: Norma ASTM E-112 Micro Inclusões: Norma NBR 9208 Análise de Inclusões: Norma ASTM E-45-87 Ataque químico: Norma NBR 8108 Análise de Metalografia e Foto micrografia: Norma ASTM E-112 10 5 MATERIAL UTILIZADO Tratamento Térmico: Forno para tratamento térmico; Composto para cementação; Ensaio de DurezaRockwell: Durômetro Rockwell; Ensaio de Tração: Máquina Universal de Ensaio - Extensômetro (capacidade 20 T); Paquímetro digital (200 mm e precisão de 0,01 mm); Riscador mecânico – escala 5 mm; Tinta para marcação – Metal Traço; Ensaio de Impacto: Máquina de Ensaio de Impacto – capacidade: 30 kgf x m; Paquímetro digital (200 mm e precisão de 0,01 mm); Dispositivo centralizador; Preparação das Amostras: Cortadeira Elétrica (com disco de corte abrasivo); Prensa Metalográfica Embutidora; Esmeril; Lixas 150, 240, 320, 400 e 600; Lixadeira Elétrica Circular (com feltro); Álcool e algodão; Análise Metalográfica: Microscópio óptico de luz refletida e transmitida; 11 6 PROCEDIMENTOS E RESULTADOS 6.1 TRATAMENTO TÉRMICOS E ENSAIOS MECÂNICOS Os corpos de prova foram usinados de acordo com a norma para os ensaios, quatro para tração (cilíndricos) e quatro para impacto (retangulares). As amostras foram separadas em quatro pares de tratamentos superficiais distintos. As amostras de número 1 foram mantidas normalizadas, as de número 2 foram cementadas a 930ºC por 3 horas e resfriadas em água, as de número 3, além de cementadas, foram temperadas a 840ºC por 1 hora e resfriadas em água, e, por fim, as de número 4, além de cementadas, temperadas e resfriadas em óleo, foram revenidas a 300ºC por 2 horas. Após o tratamento, as amostras foram lixadas, para que não houvesse interferência nos testes posteriores. As inspeções de durezas foram realizadas no durômetro Rockwell. As medidas estão tabeladas abaixo, com a letra T referindo corpos de prova de tração e I referindo corpos de prova de impacto. Identificação nº Leituras obtidas Unidades de Dureza 01 02 03 04 05 01T 83 85 82 81 80 HRB 02T 37,5 38 34 40 42 HRC 03T 65 64 63 70 65 HRC 04T 60 59 56 54 60 HRC Identificação nº Leituras obtidas Unidades de Dureza 01 02 03 04 05 01I 82 79,5 81 83 84 HRB 02I 37,5 38 44,5 43,5 46 HRC 03I 58 57 55,5 57 59 HRC 04I 58,5 56 61 58 57 HRC 12 Observações: Incerteza dos resultados: ± 0,5%. Medidas corrigidas devido a cilindricidade dos corpos de prova de tração. Após verificada a dureza, os corpos cilíndricos foram preparados para o ensaio de tração, segundo a norma NBR ISO 6892/13. Segue os resultados na tabela abaixo: Resultados: Dimensões Ø (mm) Força de escoamento (kgf) Força Máxima (kgf) Comprimento Final: l0= 40 mm Diâmetro Final (mm) 01T 8,03 1733 2649 52,85 4,11 02T 7,96 2305 4005 44,8 7,28 03T 8,01 - 6809 - - 04T 8,04 - 5642 - - Resultados calculados: Área (mm²) Limite de escoamento (MPa) Limite de resistência à tração (MPa) Alongamento (%) Redução de Área (%) 01T 50,64 335,72 513,17 32% 74% 02T 49,76 454,42 789,57 12% 16% 03T 50,39 - 1325,59 - - 04T 50,77 - 1090,17 - - Incerteza dos resultados: ± 0,5% Médias Obtidas Identificação n º Média Unidade 01T 82,2 HRB 02T 38,3 HRC 03T 65,4 HRC 04T 57,8 HRC Médias Obtidas Identificação n º Média Unidade 01I 81,9 HRB 02I 41,9 HRC 03I 57,3 HRC 04I 58,1 HRC 13 Observa-se que as amostras 01 e 02 são dúcteis por apresentar escoamento do material e já as amostras 03 e 04 não apresentam escoamento, portanto são frágeis. Isso também é constatado pela análise do gráfico abaixo: Gráfico obtido através do ensaio de tração. Para os ensaios de impacto, após verificada a dureza, as amostras foram lixadas e o ensaio transcorreu segundo a norma ASTM E-23. Segue os resultados na tabela abaixo. Resultados Identificação n º Dimensões (mm x mm) Energia Absorvida (kgf x m) 01I 8,06x10,00 23,1 02I 8,06x9,97 2,4 03I 8,03x9,99 0,8 04I 8,00x10,04 0,7 Resultados Calculados Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Amostra04 14 Identificação n° Área (cm²) Energia Absorvida (J) Resistência ao Impacto (J/cm²) 01I 0,806 226,6 281,14 02I 0,803 23,54 29,32 03I 0,802 7,85 9,80 04I 0,803 6,87 8,56 Observações: 1kgf.m = 9,80665 J Incerteza: ± 0,5% Energia máxima do pêndulo utilizado: 294 J Perda máxima de energia do pêndulo por atrito: 1,4 J. Entalhe: V2 x 10. 6.2 ANÁLISE METALOGRÁFICA As amostras cilíndricas foram cortadas com disco abrasivo em seções transversais e longitudinais a fim de embuti-las no baquelite. O processo exige atenção para evitar queimas no material, prejudicando, dessa forma, a análise estrutural do corpo de prova. As seções transversais servem para a análise das microestruturas; e as seções longitudinais, para a verificação das inclusões. Depois de embutidas em baquelite na prensa metalográfica embutidora, onde a pressão deve ficar em no mínimo 150 kgf./cm² , as amostras foram resfriadas em água corrente, identificadas, rebarbadas, lixadas, polidas, secadas, e protegidas com algodão. O processo seguinte foi a realização da análise de Inclusões (com ampliação em 100x), nas amostras de secção longitudinal. Amostra n º Inclusões 1 Tipo sulfeto, série fina e nível ½ 2 Tipo sulfeto, série fina e nível ½ 3 Tipo globular de óxido, série fina e nível 1 4 Tipo globular de óxido, série fina e nível 1 15 Posteriormente, para possibilitar a análise microestrutural, as amostras sofreram um ataque químico com a substância Nital (2% de ácido nítrico e 98% de álcool), onde observamos que: Amostra n º Composição da microestrutura 1 Ferrita, perlita e cementita 2 Ferrita, perlita e pouca cementita. (0,9 de camada cementada) 3 Martensita, perlita fina e traços de ferrita 4 CAMADA: Martensita revenida e austenita retida NÚCLEO: Martensita revenida e ferrita Por fim, as amostras foram atacadas com Teepol, e com o aumento de 100x no microscópio, conforme ASTM E-112, possibilitando a análise dos tamanhos de grão onde: Amostra n º Tamanho de Grão (ASTM E-112) 1 8 2 6 3 7 4 7 As fotos dessas análises estão apresentadas no tópico ANEXOS. 16 7 ANEXOS Normalizado- Ferrita, perlita e cementita. Normalizado- Ferrita, perlita e cementita. Normalizado- Ferrita, Perlita e Cementita 17 Cementado e normalizado-Ferrita, perlita e pouca cementita. Cementado e normalizado- Camada cementada de 0,9mm Cementado e temperado- Martensita, perlita fina e traços de ferrita 18 Cementado e temperado- Pequena camada de descarbonetação Cementado, temperado e revenido- Martensita revenida e ferrita Cementado, temperado e revenido- Martensita revenida e austenita retida 19 8 CONCLUSÃO O material SAE 8620 é muito utilizado em diversas industrias justamente por esse material ter boa usinabilidade, boa soldabilidade, média resistência mecânica e média temperabilidade. É empregado na fabricação de engrenagens, pinos e eixos, entre outros que exigem uma boa dureza superficial com um núcleo dúctil e tenaz. A primeira análise trata-se do material normalizado. Nos testes foram encontrados valores um pouco divergentes com a bibliografia, como a dureza que deveria apresentar 89HRB, após o teste foi encontrado uma média de 82,2HRB. Devido a essa diferença, com a dureza menor, o alongamento foi um pouco maior, o valor encontrado sendo 32%, e constando na bibliografia 26%.O mesmo ocorreu com a redução de área, tendo uma diferença percentual de 14 pontos. As divergências nos limites de escoamento e força máxima foi de 335 Mpa e 513,17 Mpa na prática contra 360 Mpa e 635 Mpa da teoria. Na análise da amostra 02, que foi cementada, notamos que houve um aumento considerável de dureza chegando a mudar da escala HRB para HRC. Já a camada atingiu um bom nível por atender os parâmetros esperados, ficando em 0,9mm de camada. Devido ao fato de não haver referências a um material apenas cementado, não há comparação de propriedades mecânicas. A amostra 03 também não pode ser comparada a nenhuma fonte bibliográfica, mas as diferenças entre o material apenas cementado e o mesmo também temperado, tiveram expressivos resultados. A dureza praticamente dobrou, indo de 38,3HRC para 65,4HRC. Como visto na comparação entre as amostras 01 e 02, o aumento de dureza ocasionou significativas mudanças no alongamento e na redução de área, e quando somado com a dureza superficial proporcionada pela têmpera, eles tenderam a 0, o que significa que o material se tornou extremamente frágil. A amostra 04 apresenta uma pequena diferença de 57,8 prático contra 61 da teoria. Quando comparada com a amostra 03, ela possui elevada deformação elástica, apresentando um limite de resistência a tração de 1090MPa, enquanto na bibliografia encontra-se 1157Mpa. O material revenido ficou com as tensões aliviadas, aumentando a sua tenacidade. Ao fim dos testes, podemos concluir que os materiais e os tratamentos térmicos a serem aplicados devem ser escolhidos com cautela pois alteram radicalmente as 20 propriedades, sendo que um mesmo material pode ser útil para diversas aplicações, apenas dependendo de sofrer um tratamento térmico diferente. 21 8 BIBLIOGRAFIA MATWEB. Disponível em: <http://www.matweb.com/search/datasheet.aspx?matguid=fd4eba76fdeb4 a0a9fcbbc0129250761&ckck=1>. Último acesso em 05 de julho 2015; AÇO CONSTRUÇÃO MECÂNICA. Disponível em: <http://www.ggdmetals.com.br/aco-construcao-mecanica/sae-8620/>. Último acesso em 22 de junho 2015; CALLISTER JR, Willian D. Ciência e engenharia de materiais uma introdução, 7ª ed., LTC, 2007; SOUZA, Sérgio Augusto. Ensaios mecânicos de materiais metálicos. 5ª ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1982.
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