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Desordem funcional caracterizada por dor abdominal ou desconforto e alteração dos hábitos intestinais na ausência de anormalidades estruturais detectáveis; Ausência de marcadores diagnósticos; O diagnóstico é clínico, com excelente anamnese e exame clínico. 10-20% de adultos e adolescentes; Predomínio em mulheres e adultos jovens; Padrão intermitente; Superposto com outros distúrbios funcionais: fibromialgia, cefaleia, dor lombar, sintomas genitourinários; A severidade dos sintomas varia e pode impactar na qualidade de vida, resultando em altos custos à saúde. Consenso Roma IV – para diagnóstico; Dor abdominal recorrente, pelo menos 1 dia por semana nos últimos 3 meses, com início há pelo menos 6 meses. Associada a 2 ou mais dos critérios: Relacionada à defecação; Mudança na frequência evacuatória; Alteração no formato das fezes. Distensão é um sintoma frequentemente associado. Paciente com sintomas + Ausência de sinais de alarme = Diagnóstico confirmado Sinais de alarme: Massas palpáveis; Hematoquezia sem hemorroidas ou fissuras; Toque retal (dissinergia do músculo puboretalis) – anismus; Anemia e emagrecimento não voluntário; Despertar noturno para evacuar e sintomas noturnos; Febre recorrente e pesquisa de sangue oculto nas fezes positiva; > 50 anos sem rastreio prévio para CCR ou história familiar positiva. Anamnese: Dor abdominal, distensão e alteração do hábito intestinal; Dor – qualidade, localização, irradiação, fator de piora e melhora, timing / momento, relação com alimentação, entre outros; Diarreia ou constipação; Duração dos sintomas; Mudanças dos sintomas com o tempo; Estado nutricional; Diagnósticos anteriores; História familiar de malignidade do TGI; Grau de disfunção psicossocial. À favor de síndrome do intestino irritável: Dor abdominal recorrente com alteração do hábito intestinal durante um período sem deterioração clínica; Início dos sintomas durante o período de stress emocional; Ausência de outros sintomas como febre, perda de peso; Eliminação de fezes em pequeno volume sem evidência de sangue. Contra a síndrome do intestino irritável: Aparecimento da doença pela 1° vez em idade avançada; Curso progressivo; Diarreia persistente após 48h de jejum; Presença de diarreia noturna; Esteatorreia. Investigação laboratorial: Hemograma; Proteína C reativa; Perfil tireoideu; Testes sorológicos para doença celíaca; Calprotectina fecal (doenças inflamatórias intestinais); Exame parasitológico de fezes, leucócitos fecais e coprocultura. Quando solicitar colonoscopia ou outro método de imagem? Risco de câncer familiar; Idade (>45 anos) para início dos sintomas; Falha na resposta terapêutica; Diarreia líquida e frequente, associada a desnutrição ou perda de peso. Teste respiratório do hidrogênio expirado: avaliar supercrescimento bacteriano do intestino delgado. Parasitoses; Alergia ao leite; Doença celíaca; Intolerância à lactose / frutose; Uso de laxativos; Disfunção tireoidiana; Colite microscópica; Endometriose; Doenças inflamatórias intestinais; Pós cirúrgico; Pancreatite crônica. Motilidade gastrointestinal alterada; Hipersensibilidade visceral; Distúrbio da interação cérebro- intestino (brain-gut); Eventos autonômicos e hormonais; Fatores genéticos e ambientais; Distúrbios psicológicos; Má absorção de ácidos biliares e disbiose intestinal; Alterações motoras do TGI: aumento da atividade motora; Hipersensibilidade visceral: Respostas sensitivas exacerbadas ao estímulo visceral; A percepção de intolerância alimentar é 2x mais comum em pacientes com SII; Dor pós-prandial é comum e o jejum prolongado é associado com melhora dos sintomas; Disfunção aferente visceral; Condição similar à hipersensibilidade gástrica e esofágica em pacientes com dispepsia não-ulcerosa e dor torácica não-cardíaca. Desregulação neural central: Sugerida pela associação clínica entre desordens emocionais e stress com exacerbação dos sintomas e resposta terapêutica; Estudos funcionais de imagem cerebral (RNM) mostram ativação cerebral aumentada em resposta à estimulação intestinal; Pacientes com SII mostram ativação preferencial do lobo pré-frontal, que contém uma rede de vigilância dentro do cérebro que aumenta a atenção; Isso pode representar uma forma de disfunção cerebral levando ao aumento da percepção da dor visceral. Características psicológicas anormais: Observado em até 80% dos pacientes; Não há predomínio de nenhuma doença psiquiátrica; A maioria demonstra sintomas exagerados em resposta à distensão visceral, que pode persistir mesmo após a exclusão dos fatores psicológicos; Fatores psicológicos influenciam o limiar de dor e o stress altera o limiar sensitivo; Frequentemente demonstram aumento da reatividade motora no cólon e no intestino delgado à uma variedade de estímulos e sensações viscerais alteradas; Isso pode resultar de uma desregulação do SNC-sistema nervoso entérico. SII pós-infecciosa: Pode ser induzida por infecção do TGI, após uma gastroenterite bacteriana, 1/4 de pacientes podem desenvolver SII. Inclusive, é comum na COVID-19; Inversamente, 1/3 de pacientes com SII podem ter uma doença similar a uma gastroenterite aguda no início do seu quadro de SII. Alteração da microbiota intestinal: Diminuição proporcional de Bifidobacterium; Aumento da relação Firmicutes: Bacteroidetes; Alterações relacionadas ao stress e à dieta. Inflamação da mucosa e imunoativação: Sinais persistentes de inflamação leve da mucosa com ativação de linfócitos, mastócitos e expressão aumentada de citocinas pró- inflamatórias; Liberação alterada de citocinas podem contribuir para secreção epitelial anormal e hipersensibilidade visceral; Em pacientes com predomínio de diarreia, estudos clínicos mostraram aumento da permeabilidade intestinal. Via anormal da serotonina: Serotonina – papel importante na regulação da motilidade do TGI e percepção visceral; Há aumento de células enterocromoafins que contém serotonina (5-HT), em pacientes com predomínio de diarreia; Uso racional de antagonistas da serotonina no tratamento do subtipo – diarreia. Doença prolongada e tabagismo; Toxicidade da cepa bacteriana infectante; Presença de marcador de inflamação da mucosa; Sexo feminino, jovens; Depressão e eventos desagradáveis nos 3 meses precedentes; Hipocondria; Tratamento com antibióticos; Infecção inicial por Campylobacter, Salmonella, Shigella. Afeta todas as idades, a maioria antes dos 45 anos de idade; Predominância maior entre as mulheres; Sempre avaliar 25% das evacuações para classificação dos sintomas; Dor – sintoma chave; OBS: Diarreia ou constipação sem dor, não preenche critérios diagnósticos! Outros sintomas: esforço evacuatório, urgência evacuatória, sensação de evacuação incompleta, eliminação de muco e distensão abdominal; Dor abdominal – características: Pré-requisito para o diagnóstico; Altamente variável na intensidade (leve a severa) e localização; Episódica e em cólica, mas pode ser constante; Limita as atividades de vida diária; Piora com a alimentação e alterações emocionais; Melhora com eliminação de fezes e gases; Nas mulheres, relato de piora da dor no período pré- menstrual e menstrual; Não há despertar noturno pela dor. Hábitos intestinais: Misto: constipação alternando com diarreia,padrão mais comum, um dos sintomas predomina; Subtipo constipação (Bistrol 1 e 2): episódica ou contínua e sensação de evacuação incompleta (tenesmo); Subtipo diarreia (bistrol 6 ou 7): diarreia de pequeno volume com grande quantidade de muco e não acontece diarreia noturna. Sintomas de exclusão da doença: Sangramento – exceto na presença de doença hemorroidária; Disabsorção e perda de peso. Distensão abdominal: Frequentemente apresentam distensão abdominal, eructação e flatulência; Baixa tolerância ao excesso de gases; Pode haver distensão abdominal visível com aumento da circunferência abdominal, principalmente após as refeições. Sintomas gástricos altos: 25 a 50% dos pacientes se queixam de dispepsia, pirose, náuseas e vômitos; Acometimento de outras áreas do TGI, além do cólon; Os sintomas abdominais funcionais podem mudar ao longo do tempo; Sintomas de SII são prevalentes em pacientes com dor torácica não-cardíaca, sugerindo uma superdisposição com outras doenças funcionais. Assegurar a natureza funcional da doença; Evitar os alimentos desencadeadores de sintomas; Mudança alimentar – reforçar anamnese – café, dissacarídeos (lactose, frutose), adoçantes artificiais, entre outros; Dieta baixa em FODMAPS (fermentable oligosaccharides, dissaccharides, and polyols) – é fundamental o acompanhamento de um nutricionista; SII – diarréica: Dieta rica em fibras (ação hidrofílica, aumentando o bolo fecal); Agentes formadores do boo fecal – probióticos, após a modulação intestinal; Antibióticos (rifaximina); Sequestradores de sair biliares (colestiramina); Antagonistas 5-HT3 (ondansetrona, alosetron); Loperamida; Antidepressivos tricíclicos e antiespasmódicos para dor abdominal, entre outros. Dieta é a parte mais importante do tratamento, e de difícil adesão do paciente; SII – constipante: Laxativos (6 tipos): psyllium (hidrofílico – 1° linha de tratamento) e polietilenoglicol (PEG – osmótico); Manejo do stress, atividade física e dieta; Não liberados no Brasil: plecanatide, lubiprostona e linaclotide. Sempre individual; À depender de uma boa anamnese e exame físico; Valorize a queixa do paciente.
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